Sevilha

*** Sevilha ***
10, 11 e 12° dia da viagem

Sevilha, ou em espanhol Sevilla, é a capital da encantadora região da Andaluzia, além de ser a 4ª maior cidade da Espanha. Sevilha é ainda uma das cidades mais visitadas da Espanha, onde podemos encontrar 3 construções consideradas Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO: a Catedral de Santa Maria, o Real Alcazár de Sevilha e o Arquivo Geral das Índias.

Já deu para perceber que vão ser no mínimo 3 dias na cidade, pois existem inúmeras atrações em Sevilha e é considerada por muitos como uma das cidades mais bonitas da Espanha, e a que representa com maestria a essência da cultura espanhola. 

A cidade recebeu influência de vários povos ao longo dos séculos, por isso, tem um rico legado histórico e arquitetônico, com um centro histórico riquíssimo do qual faz parte a terceira maior catedral no mundo. 

Visão Panorâmica da Catedral de Sevilha

Sevilha é a capital não-oficial daquela Espanha que você tem na cabeça. A Espanha do flamenco, das touradas, das tapas… a terra do barbeiro Fígaro, do conquistador Don Juan, da cigana Carmen de Bizet... e por que não, das terras imaginárias de Dorne, do reino dos Martells do seriado Game of Thrones.

A Sevilha real também é maravilhosa, com suas lendas e histórias, de suas origens romanas e mouras, e por que não dizer com influências ciganas. A Sevilha que foi porto de partida para algumas das Grandes Navegações, hoje lugar do repouso final de Cristóvão Colombo.

Visão Aérea
Rio Guadalquivir

História de Sevilha

A origem de Sevilha ainda hoje é um pouco desconhecida. No entanto, como tantas outras cidades, tem as suas próprias lendas: a mais difundida diz que foi fundada pelo próprio Hércules. Segundo a versão mais histórica, a cidade foi fundada pela tribo ibérica dos turdetanos que habitavam no vale do Guadalquivir. Posteriormente, foi povoada pelos fenícios, pelos gregos e pelos cartagineses. 

Em 43 a.C. foi conquistada por Júlio César, que mudaria o seu nome para Romula, chegando a ser a cidade mais importante da Hispania Bética, uma das três províncias romanas na península espanhola. 

 Ruínas romanas em Itálica, Sevilha

Depois do declínio romano, a cidade foi ocupada por vândalos e pelos visigodos, que se mantiveram nela e a tornaram em capital. Durante esse período, Sevilha sofreu assaltos, rebeliões, foi usurpada e palco de assassinatos, como o do “jantar das velas”, no qual os insatisfeitos arquitetaram um plano de “apagar” as velas e  aproveitar a escuridão para assassinar o rei godo Teudiselo.

No ano 712, o muçulmano Abd al-Aziz ibn Mussa tomou Sevilha, mudando o seu nome de Hispalis pelo nome árabe Isbiliyya, de onde deriva Sevilha. E em 715, a cidade passou a depender do poder de Córdoba. 

Em 1091, a cidade foi invadida pelos Almorávidas e algumas décadas depois, pelos Almóadas. Durante o domínio Almóada, Sevilha alcançou o seu máximo esplendor e converteu-se na cidade mais importante de Espanha. Nesta época, foram construídas a Torre del Oro e a Mesquita Maior, da qual ainda se conserva um minarete, a Giralda.

Gravura de Sevilha antiga

Em 23 de novembro de 1248, após um longo cerco de 15 meses, Sevilha foi conquistada pelo Rei castelhano-leonês Fernando III, o Santo, que obteve a rendição dos muçulmanos da cidade de Sevilha e em pouco tempo expulsou a população muçulmana, distribuindo partes do território entre os conquistadores.

O Rei Fernando III, o Santo, se instalou na cidade até sua morte e foi sucedido pelo seu filho Afonso X, o Sábio, que inspirou uma das mais populares e difundidas lendas, passada de geração em geração entre os sevilhanos, a respeito do surgimento do pictograma NO8DO como lema da cidade. 

Pouco antes de sua morte em 1284 e como agradecimento à cidade de Sevilha, Afonso X concedeu à cidade este emblema, uma expressão fonética para "Ele não me deixou", em que o desenho de uma espécie de novelo de lã completa o hieróglifo, que em espanhol seria "No-Hadeja-Do". O NO8DO está presente em todas as impressões institucionais de Sevilha. 

Emblema No&Do de Sevilha

Foi do porto de Sevilha que Cristóvão Colombo partiu para descobrir a América, no célebre ano de 1492, e este acontecimento foi muito significativo para a cidade, que se converteria no primeiro porto de saída europeu para a América.

Após a descoberta da América, Colombo chega às docas de Sevilha, onde anuncia sua grande façanha. Nestes cais serão organizadas as diferentes frotas que continuarão com a exploração das novas terras. Em finais do século XVI, Sevilha era um dos principais portos castelhanos no comércio com a Inglaterra, Flandres e Genova.


Porto de Sevilha

Os reis fundaram a "Casa de Contratación", em português Casa da Contratação, atualmente o Arquivo das Índias. Era em Sevilha que se dirigiam e contratavam as viagens, se controlavam as riquezas que chegavam da América e este era o principal porto de ligação. Além disso, como Sevilha era porto de partida para a América, foi residência de geógrafos e cartógrafos, como Américo Vespucio, que faleceu nesta cidade a 22 de fevereiro de 1512.

No século XVI, construíram-se os edifícios mais importantes do centro de Sevilha, a Catedral, o Arquivo das Índias, a Prefeitura, a Audiência e a Casa da Moeda, assim como a Universidade, e se instalou em Sevilha a primeira imprensa do reino de Castela. Neste momento, a população alcançou os 150.000 habitantes. Contudo, o seu esplendor não chegou ao seu máximo potencial, já que não conseguiu resistir à competição econômica de certas localidades como Florença, Génova, Lisboa ou os Países Baixos.


Casa de Contratación

O ano de 1649 foi trágico com a catástrofe ocasionada pela epidemia de peste bubônica, também chamada de Grande Peste de Sevilha, e que significou um grande colapso de sua população, na qual morreram pelo menos 60.000 pessoas, 46% da população do cidade.

A sorte de Sevilha começou a mudar, quando toda a opulência provocada pelo descobrimento da América terminou com a crise econômica e política que afetou toda a Europa, entre elas a causada pela Guerra de Sucessão Espanhola, que aconteceu entre os anos de 1701 e 1714, e que foi o maior conflito entre as casas aristocráticas europeias. Além disso, outro motivo que contribuiu para o declínio de Sevilha foi a transferência, em 1717, da Casa de Contratación para Cádiz, o que levou ao desvio do comércio para esta cidade.

Porém, para contrabalançar o momento crítico, em 1728, se instalou em Sevilha a Real Fábrica de Tabacos, que tanta importância teria para o futuro da cidade. Os espanhóis encontraram a planta do tabaco quase imediatamente após sua primeira chegada às Américas em 1492 e isso fez com que a cidade detivesse o monopólio do comércio e a concentração de toda a produção de tabaco.

Outro acontecimento importante nesta época em Sevilha foi a construção da Real Maestranza, em português Real Mestrança de Sevilha, uma praça de touros originalmente de madeira, cujas obras começaram em 1761. É considerada a praça de touros mais antiga e de maior tradição de Espanha, sendo apelidada popularmente como Catedral do Toureiro.

A Grande Peste de Sevilha
em 1649, obra anônima
Real Fabrica de Tabacos

Real Maestranza de Sevilha, ano 1895

Já no século XIX, o rumo histórico da Espanha passa por novos momentos de guerras e invasão, dessa vez por conta da Invasão Francesa. Sevilha foi invadida em fevereiro de 1810 pelo marechal Víctor com as suas tropas, acompanhado do Rei José I, que ocupou a cidade sem disparar um único tiro. 

A pilhagem artística sofrida pela cidade foi algo terrível, sendo que os franceses realizaram saques de obras de arte e de inúmeros tesouros locais e nacionais. A cidade sofreu com a invasão até 27 de agosto de 1812, quando os franceses foram vencidos pelos espanhóis com ajuda britânica na Batalha da Ponte de Triana.

Batalha da Ponte de Triana

Em 1833 é criada a Província Administrativa de Sevilha, sob o reinado de Isabel II. São construídas fábricas, desenvolvem-se indústrias, e a burguesia começa a construção de casas, de zonas residenciais, o que implica a destruição de parte das milenares muralhas. Foi nesse período em que a cidade se expandiu e que Sevilha recebeu também a sua primeira ferrovia.

O século XX em Sevilha foi marcado por vários acontecimentos importantes que moldaram a cidade como ela é hoje. Logo no começo do século, em 1904, um dos acontecimentos mais importantes foi a construção da fábrica da Cruzcampo, uma marca de cerveja local que se tornou uma das mais consumidas não só na região, como por toda a Espanha e em alguns países da Europa.

A fábrica estava localizada a leste da cidade, perto de um templo com uma cruz conhecida como Cruz del Campo, por ser muito distante. Este templo foi o que inspirou o nome da empresa. A parte mais antiga da fábrica original, hoje cercada por favelas, foi preservada como exemplo da arquitetura industrial do início do século XX. A antiga fábrica abriga a sede do atual grupo proprietário da marca, a Heineken España SA, a Gambrinus Catering School e a Fundação Cruzcampo.

Antiga fábrica da CruzCampo

Cervezas CruzCampo

Fábrica da CruzCampo
nos dias de hoje

Outro grande acontecimento histórico que marcou o início do século XX em Sevilha aconteceu a partir de 1910, quando começou a ser organizada a Exposição Ibero-Americana, que ocorreu somente dezenove anos depois, em 1929, e que modificaria notavelmente o aspecto da cidade. A ideia nascida em 1909 além de uma reforma urbanística, visava fomentar o turismo, ressuscitar a fama da cidade, diminuir o desemprego da época e melhorar a economia. Talvez um dos mais nobres motivos da Exposição Ibero-Americana de Sevilla fosse de melhorar as relações com os países das Américas, dos quais muitos foram colônias da Espanha por séculos.

A exposição foi uma contraparte da Exposição Internacional de Barcelona de 1929, que aconteceu de 20 de maio de 1929 a 30 de janeiro de 1930, quase concomitantemente com a de Sevilha, sendo que a exposição de Sevilha abrigou os países latino-americanos além de Portugal e Estados Unidos enquanto que a exposição de Barcelona ficou com os países europeus. A exposição foi menor do que a de Barcelona, mas não com menos estilo, já que Sevilha se preparou para a feira durante 19 anos.

Poster publicitário da Exposição Ibero-Americana de Sevilha

A Exposição Ibero-Americana de Sevilha iniciou-se em 9 de maio de 1929 e acabou em 21 de junho de 1930, promovendo exibições de países ibero-americanos em diversos espaços chamados de “Pabellón”, que em português seria traduzido como "pavilhão". Também haviam exibições das regiões espanholas e das províncias da Andaluzia. 

Entre os participantes estrangeiros que se destacaram estavam Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, Marrocos, México, Peru, Portugal, Uruguai, Bolívia, Panamá, El Salvador, Costa Rica e Equador. Cada país das Américas mostrava em seu pavilhão exposições de suas mais fortes indústrias, ou de sua arqueologia e história, ou de produtos típicos e agricultura.

Pabellón de Perú
Pabellón de Colombia
Pabellón de Brasil

Tudo na Exposição Ibero-americana de Sevilla foi grandioso. Começando pela área ocupada pelo evento: 1.343.200 m² 😲  

Esta incrível área, equivalente à 124 campos de futebol, teve seu projeto elaborado em 19 anos, devido ao contexto econômico e histórico da época. As obras tiveram o custo de 80.218.599 pesetas. Porém o faturamento com os ingressos foi um “pouco” superior, ficando em 85.147.360 pesetas.

Das construções herdadas deste evento histórico, nenhuma é tão monumental quanto a Plaza de España e seu prédio em forma de arco. Nas paredes da praça encontra-se uma série de bancos que delimitam o espaço das cinquenta províncias espanholas. Em cada alcova há o escudo e alguns feitos históricos da província. 

Além da Plaza de España este evento propiciou a construção do Parque de María Luisa. A partir daqui a cidade inicia uma remodelação da sua infra-estrutura para modernizar e melhorar a comunicação: rede de eléctricos, canalização do rio e construção do aeroporto. 


Construção da Plaza de España

Outro acontecimento marcante que novamente travou o desenvolvimento de Sevilha foi a Guerra Civil Espanhola, um conflito armado ocorrido na Espanha entre 1936 e 1939. A guerra foi travada de um lado pelos republicanos, leais à Segunda República Espanhola, urbana e progressista, numa aliança de conveniência com os anarquistas e os comunistas, e de outro lado pelos nacionalistas, uma aliança de falangistas, monarquistas, carlistas e católicos liderada pelo general Francisco Franco. 

Uma vez terminada a guerra, Sevilha sofreu dois acontecimentos fatídicos: a explosão do armazém de pólvora de Santa Bárbara, ocorrida a 13 de março de 1941, e também a grande cheia de 1º de novembro de 1961, deixando em seu rastro uma imagem única de tragédia, desolação, destruição e ruína.

Mas foi em 1992 que aconteceu a Exposição Universal de Sevilha, conhecida como Expo de Sevilha, uma data que Sevilha jamais esquecerá pois foi um evento que colocou Sevilha na vanguarda e no topo dos destinos turísticos a nível mundial. Não confundir com a Exposição Ibero-Americana de Sevilha de 1929, coisa que percebi que aconteceu em vários blogs sobre a história da cidade. 

Teve uma duração de seis meses, começando no dia 20 de abril e finalizando em 12 de outubro de 1992, coincidindo com o encerramento do V Centenário do Descobrimento da América, devido a este fato o tema do evento foi "A Era dos Descobrimentos".

A Exposição Universal de Sevilha

A celebração do acontecimento transformou a cidade urbanisticamente. Foi construída uma nova rede viária, novas vias rápidas e um anel de estradas. Também construiu-se uma nova estação central de ônibus e ampliou-se o aeroporto. Destaca-se a construção de uma infraestrutura que significaria um antes e um depois para os transportes de Espanha, o AVE (comboio de alta velocidade espanhol), cuja primeira linha na Espanha foi criada no âmbito da exposição, ligando Madrid a Sevilha. Todos estes investimentos constituíram um grande impulso para Sevilha.

Ao longo do chamado Camino del Descubrimiento, da Avenida das Acácias, da Avenida das Palmeiras ou da Avenida da Europa, aconteciam diferentes pavilhões e exposições temáticas, bem como uma exposição de invenções como um motor a vapor, um acelerador de partículas e o telescópio do Hubble.

A participação de países, empresas e organismos internacionais foi significativa: no total participaram 112 países, 23 organismos internacionais, 6 empresas e as 17 comunidades autônomas espanholas.

Caminho e Canal dos Descobrimentos
Avenida das Palmeiras e a Bioesfera
Lago de Espanha e o Monotrilho

Além do parque tecnológico Cartuja 93, o mais importante da Andaluzia, e do parque temático Isla Mágica, a Expo'92 beneficiou a cidade de Sevilha com a construção da monumental Ponte do Alamillo sobre o rio Guadalquivir e outras 6 novas pontes espalhadas pela cidade. E também a ampliação e construção de avenidas e a ligação entre Madrid e Sevilha com o primeiro trem de alta velocidade na Espanha. 

Hoje, a Capital da Andaluzia é o centro cultural e financeiro do sul da Espanha. E, dessa forma, Sevilha se transformou em cidade marcada por um incrível legado arquitetônico e histórico admirável. 

Quando estava começando a escrever sobre Sevilha, me empolguei e fiz um texto muito longo sobre a fascinante história da cidade. Mas como ficou muito, mas muito longo mesmo, resolvi fazer um resumão sobre o assunto e deixar a página mais livre para falar sobre as atrações e pontos turísticos. Porém, salvei o texto completo em um link à parte, para os mais curiosos: https://sol-viagem-espanha.blogspot.com/p/historia-de-sevilha-completa.html


Décimo Dia - A Catedral e La Giralda, Real Maestranza, Torre del Oro, Guadalquivir e Bairro de Triana

O primeiro dia em Sevilha vai começar bem cedinho, porque tem muita coisa para ver e apesar de serem bem próximas umas das outras, o tempo vai ficar apertado... Abaixo vou deixar um mapa com o percurso deste dia, que será feito basicamente à pé.

Mapa do Roteiro Catedral - La Giralda - Maestranza
Torre del Oro - Rio Guadalquivir

Uma das mais famosas atrações de Sevilha é sem sombra de dúvida a Catedral de Santa María de la Sede de Sevilla e a sua Torre La Giralda... e é por aqui que vamos começar nosso passeio pela cidade.

A Catedral de Santa María de La Sede é a maior da Espanha. E algumas fontes dizem que é a terceira maior do mundo depois da Basílica de São Pedro no Vaticano e da Catedral St. Paul's em Londres. Outras fontes dizem que é a segunda maior do mundo, atrás apenas da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil, visto que São Pedro no Vaticano, não é uma catedral e sim uma basílica.

No entanto, é a maior catedral gótica do mundo, com 126 m de comprimento, 76 m de largura, 42 m de altura e 11.520 metros quadrados de área total. Porém, sua planta não tem a forma de cruz latina própria deste tipo de templo, ela é retangular. O motivo é que foi construída sobre os restos da antiga mesquita que era a maior da cidade, adaptando-se à estrutura que existia.

Sua estrutura se compõe de cinco naves altas, a central tem 36 metros de altura, o transepto tem 40 metros, já as laterais têm 26 metros. Para contrariar esta assimetria, nas naves exteriores existem capelas funerárias fechadas com grades, situadas entre os contrafortes, que servem para equilibrar em profundidade a nave do transepto. As 68 abóbadas pontiagudas repousam sobre 28 pilares fixos e 32 independentes.

A Catedral de Santa Maria de la Sede

A fachada da Catedral

Entre 1184 e 1198, foi construída a maior mesquita de Sevilha e seu minarete. Ela foi feita principalmente com tijolos e, hoje, só há algumas partes dessa construção original conservadas na Catedral, no Pátio das Laranjeiras e nos terços inferiores da Torre Giralda.

Em 1248, após a reconquista do Rei Santo Fernando III, a mesquita deixa de ser mesquita e passa a ser uma catedral católica. A ideia de construí-la em um tamanho gigante surgiu porque era uma época em que Sevilha estava muito bem economicamente e havia se tornado um centro comercial precisando assim demonstrar seu poder por meio de algo grandioso, quase megalomaníaco. A ideia dos cónegos sevilhanos da época era “fazer uma Igreja que quem a vir esculpida nos considere loucos”, segundo ficou registrado na tradição oral popular sevilhana.

O projeto era ambicioso e o clero da paróquia até renunciou metade do salário para financiar os custos da construção, que demorou 82 anos para terminar. Durante sua construção aconteceram alguns imprevistos que exigiram reformas como o terremoto de Lisboa, em novembro de 1755, que causou estragos e o colapso de uma parte da catedral.

Várias obras se seguiram por vários anos, sendo as últimas entre 1825 e 1928, para a finalização de três portadas maiores e o ângulo sudoeste do edifício.

O Interior da Catedral

Como a Catedral de Sevilha foi construída sobre as ruínas de uma mesquita moura, a influência dessa cultura é visível na arquitetura e no resto da cidade. No entanto, apesar dessa mistura, o estilo que prevalece é o gótico, sendo que cada lado da catedral é diferente e possuem portas enormes!

Atualmente, há mais de 600 obras de arte na Catedral, formando um diversificado catálogo de estilos, indo do islâmico ao barroco e ao renascentista.

Detalhe da Catedral

Um passeio pela Catedral é uma atividade que mexe com os sentidos e acaba por ser complicado centrar a atenção num ponto específico devido às suas impressionantes dimensões e pelo fato de se encontrar repleta de brilho e esplendor. O templo conta com um patrimônio artístico muito rico e variado e, entre as suas paredes, podem ver-se algumas obras-primas da história da artes em geral. 

A Catedral de Sevilha é tão grande que possui 80 capelas nas quais são rezadas diariamente 500 missas segundo registado desde 1896.

Faz-se necessário um mapa para conseguir localizar todas as atrações da Catedral, por isso deixo abaixo uma das melhores plantas que achei na internet, bem detalhada para você encontrar tudo.

Planta da Catedral de Sevilha

Um dos pontos mais destacados da catedral é o Retábulo Principal, um dos maiores do mundo cristão e uma das mais espetaculares estruturas de madeira policromada de seu tempo. Um retábulo é uma estrutura de madeira, mármore ou de outro material, com enfeites em relevo, que fica por trás ou acima do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados.

É uma obra realizada em fases sucessivas ao longo de quase um século, de autoria e projeto inicial do escultor flamengo Pieter Dancart e tendo sido terminada ao longo dos anos por outros mestres escultores.

O Retábulo Principal domina toda visão da Capela-Mor, ou Capilla Mayor em espanhol, que se situa no final da nave central, a mais longa da Espanha e que se eleva até uma altura de 42m, ricamente decorada com uma evidente grande quantidade de ouro. É uma obra de arte, com 44 painéis sobre a vida de Cristo e mais de 200 figuras de vários santos e que ocupa 400 metros quadrados.


Retábulo Principal


Detalhe do Retábulo Principal

Outra atração imperdível da Catedral é a Tumba de Cristóvão Colombo, que está localizado atrás da Porta do Príncipe, ao lado da capela da Virgen de la Antigua. Ao lado há uma enorme pintura mural renascentista de San Cristóbal. A tumba se encontra suspensa por quatro figuras humanas que representam os quatro reinos que Espanha antiga Leão, Castela, Aragão e Navarra.

Os restos mortais de Colombo estiveram sempre ligados a polêmicas. Morto em 1506, Colombo foi sepultado em Valladolid, Espanha. Em 1537, os espanhóis transferiram os restos mortais para a ilha Hispaniola (hoje dividida entre o Haiti e a República Dominicana). Quase duzentos anos depois, quando a Espanha perdeu parte desse território para a França, os restos mortais foram para Cuba. Então, em 1898, o destino foi Sevilha. Porém a República Dominicana alega que os restos mortais nunca deixaram seu território. No entanto, um teste de DNA relatou que os restos presentes em Sevilha pertencem a Colombo.


Tumba de Cristóvão Colombo

Atrás do Capela-Mor está a ricamente decorada Capela Real, ou Capilla Real em espalhol. Esta magnífica capela renascentista foi construída entre 1551 e 1575 para abrigar os túmulos reais. Uma grade do século XVIII envolve a capela, que tem um ambiente exaltado digno dos túmulos reverenciados encontrados aqui. Consiste em um plano quadrado com uma abside e duas capelas laterais, com uma cúpula hemisférica e uma cobertura de lanterna feita entre 1567 e 1569 por Hernán Ruiz, o Jovem. Em um altar nesta cripta está a imagem da Virgen de las Batallas, uma escultura de marfim do século XIII. No retábulo principal da Capela Real, do século XVII, é colocada a imagem gótica da Virgem dos Reis, padroeira da cidade e da arquidiocese de Sevilha.

Nesta capela está localizado o panteão com a urna de prata do Rei Fernando III de Castela (1199-1252), canonizado em 1671 como São Fernando, feita por Juan Laureano de Pina em estilo barroco. Uma curiosidade diz que o Santo Rei foi sepultado a seu pedido, não com os ricos trajes reais, mas com o hábito da Ordem Terceira de São Francisco.

Os visitantes podem também admirar os monumentos de outros membros da realeza como o Rei Alfonso X de Castilla, o Sábio, sua mãe Beatriz da Suábia. 

Capela Real

O Coro ocupa um trecho da nave central do templo, logo em frente à Capela-Mor, na área do Transepto. É decorado com paredes de pedra, exceto na frente, onde está decorado com uma grade renascentista excepcional, obra de Fray Francisco de Salamanca, feita entre 1518 e 1523.

No interior do coro existem cadeiras compostas por dois corpos, nas quais estão dispostas 117 cadeiras esculpidas em madeira. São feitas em estilo gótico mudéjar e representam esculturas de santos e relevos com cenas do Antigo e do Novo Testamento. 

Junto ao Coro, localiza-se também O Grande Órgão da Catedral, colocado sob os arcos principais que ladeiam as cadeiras do coro e constituem desde o início do século XX um único instrumento. Na verdade são dois módulos com cem tubos divididos em quatro teclados manuais e uma pedaleira, e é operado a partir de um único console, graças à ligação eléctrica entre ambos os móveis, que foi aplicada pela primeira vez na Espanha em 1901, pelo organeiro basco D. Aquilino Amezua, construtor deste instrumento.

O Coro

O Grande Órgão

As capelas laterais da Catedral de Sevilha contêm uma abundância de tesouros de arte, túmulos opulentos e retábulos deslumbrantes. São áreas funerárias, fechadas por grades e criadas para o enterro não só dos Cardeais, Arcebispos ou Clérigos da Sé e dos Reis, mas também de particulares que financiaram os custos da sua construção. Trabalhos notáveis ​​incluem o Anjo da Guarda por Bartolomé Esteban Murillo, exibido à direita da Puerta Mayor, e outra pintura de Murillo na Capela de San Antonio, na segunda capela do corredor norte. A capela de Santo Antônio também exibe Batismo de Cristo e O Cristo Infantil aparecendo a Santo Antônio de Pádua.

Uma das mais belas capelas laterais é a Capilla de la Virgen de Antigua que possui um magnífico retábulo de mármore do século XVIII onde o destaque fica por conta de uma pintura mural bizantina do século XIV. Esta Virgem é de grande devoção dos marinheiros e do povo sevilhano. 

De cada lado da capela temos os túmulos do Cardeal Diego Hurtado de Mendoza, falecido no século XV, à esquerda, e o do Arcebispo Luis de Salcedo y Azcona, falecido no século XVIII, este último um grande devoto desta Virgem, para o qual financiou o retábulo. Sob o altar repousa o arcebispo Gaspar de Zúñiga y Avellaneda, do século XVI.

Já na Capilla de San Hermenegildo, encontramos um dos mais belos sarcófagos da Catedral de Sevilha, feito para o Cardeal Juan de Cervantes, obra-prima do escultor flamengo Lorenzo Mercadante da Bretanha.

Tumba de Juan de Cervantes
na Capela de San Hermenegildo
Capilla de la Virgen de Antigua


Outra grande atração que encanta na Catedral de Sevilha são as suas portas e fachadas, que apresentam uma diversidade enorme de elementos religiosos, representações relacionadas com textos de origem desconhecida, textos judaicos, fábulas de todo o tipo e relacionadas com a maçonaria e a alquimia, e também a representação de símbolos pagãos, da cruz invertida, do bordão, das mitras, dos seis planetas ou das estrelas brilhantes do Deus Sol do antigo Egito.

A catedral conta com 10 portas, mas só vou apresentar as três mais importantes para não ficar muito longo. A Porta Principal ou da Assunção, em espanhol Puerta de la Asunción, é a mais importante e ampla por estar localizada no lado oeste da nave central alta, foi concluída no final século XIX e início do século XX. Sob a rosácea desta nave encontra-se o grande portal, o tímpano é presidido pelo relevo da Assunção da Virgem. É decorado com inúmeras imagens tanto na frente como nas pilastras, obras de Ricardo Bellvert.

A Porta do Perdão, ou Puerta del Perdón, dá acesso ao Patio de los Naranjos pela Calle de los Alemanes. É a mais antiga e a única original da antiga mesquita, datando do século XII e ainda apresenta um arco pontiagudo de ferradura dessa época. É toda decorada com estuques do século XVI, coroada por um campanário com dois sinos sob os quais o escudo da arquidiocese e o relevo da Expulsão dos mercadores do templo, obra de Miguel Perrin, do século XVI. Em ambos os lados da porta estão as imagens de São Pedro e São Paulo, acima delas o Arcanjo Gabriel e a Virgem Anunciada, que carrega um livro na mão, também de Miguel Perrin. As folhas das portas mantêm os revestimentos originais de chapa de bronze esculpida. As grandes aldravas são cópias dos originais almóadas, também em bronze esculpido, que se conservam no museu da catedral.

A Porta do Príncipe ou Puerta del Príncipe, é separada da rua por uma cerca, em frente à entrada existe uma réplica do Giraldillo, cujo original se encontra no topo da La Giralda e é uma escultura de bronze que serviu como cata-vento, girando dependendo da direção do vento, daí seu nome. Servia para simbolizar o triunfo do cristianismo sobre a fé muçulmana. Foi terminada no século XIX, ao mesmo tempo que a porta da Concepción del Patio de los Naranjos, ambas caracterizadas por não estarem totalmente acabadas e pela sua cor branca. Situa-se entre os edifícios das Sacristias e a Sala de Exposições e Serviços, e o acesso principal se dá por uma porta lateral já que esta porta costuma estar fechada, pois dentro fica o monumento a Colombo e o mural de San Cristóbal.

Puerta de la Asunción
Puerta del Perdón
Puerta del Príncipe

Outro elemento que chama a atenção do visitante são os vitrais da Catedral de Sevilha... eles iluminam todo o interior. São cento e trinta e oito, estando bem conservados, a maioria foi feita entre o século XV e o século XX.

Os mais antigos são os dezessete que fecham as aberturas localizadas nas capelas laterais e na nave principal poente. Já os do altar-mor, transepto, naves orientais, capelas, entradas e aberturas das capelas perimetrais são caracterizadas por serem de marcante estilo renascentista.

Vitrais do Imperador Carlos V


Outras atrações imperdíveis da Catedral de Sevilha são a Sacristia Maior, a Sala Capitular e o Museu do Tesouro.

O interior da Sacristia Maior é um espaço solene concebido no plano central que forma uma cruz grega e é coberta por uma cúpula adornada com relevos dispostos em três anéis, que representam o Juízo Final e uma encenação do Tribunal Celestial. Em estilo plateresco, estilo arquitetônico do Renascimento espanhol, é um verdadeiro museu de arte sacra histórica. A sala contém um famoso crucifixo de Montañés, bem como pinturas célebres dos mestres espanhóis Francisco de Goya, Luís de Morales, Bartolomé Esteban Murillo e Francisco de Zurbarán. Dentro da sacristia fica o Tesouro, uma pequena câmara cheia de requintados objetos de arte religiosa, incluindo um grande candelabro e um crucifixo por Pieter de Kempeneer. O tesouro também exibe uma coroa preciosa adornada com pedras preciosas da Virgen de los Reyes.

A Sala Capitular é um dos recintos mais admiráveis da arquitetura renascentista espanhola, cuja construção durou de meados do século XVI até sua conclusão. O espaço deste recinto foi concebido em planta elíptica, o que oferece uma perfeita visibilidade de todos os membros nas reuniões do cabido catedralício, nas quais se expressavam e discutiam os problemas de governo espiritual e material do templo. A disposição oval e sua abóbada uniforme também facilitam a perfeita expansão da voz, sendo sua acústica excepcional.

A Sala do Museu da Catedral de Sevilha apresenta exposições de diferentes pinturas e imagens dos séculos XVII e XVIII, de grande qualidade artística, onde se destaca a imagem de San José com o Menino Jesus de Pedro Roldán, a cabeça de San Juan Bautista de Juan de Mesa e as pinturas de San Fernando de Murillo.

A Sacristia

A Sala Capitular


Imagem "San Jose con el Niño" no Museu da Catedral

Curiosidades sobre a Catedral:

A Espanha é o país homenageado em Origem, romance policial de Dan Brown publicado em outubro de 2017 no Brasil. Em mais uma trama que opõe religião e ciência, o autor escolheu várias cidades espanholas como cenário das investigações do simbologista Robert Langdon, entre elas Sevilha, tendo como palco de uma cena emblemática a Catedral de Sevilha.

A catedral “respira”... isso mesmo... todos os dias, as abóbadas do edifício se dilatam vários centímetros por causa das mudanças de temperatura. De manhã elas sobem devido ao calor, e ao finalizar o dia elas baixam, realizando um movimento semelhante à respiração. Isso foi descoberto em 2006, devido aos sensores que foram colocados durante um processo de restauração. Esta “flexibilidade”, longe do que possa parecer, é uma vantagem que faz com que a catedral seja mais segura, já que sua arquitetura conta com uma margem de movimento diante de qualquer desastre. 

As abóbadas que respiram

Existe um crocodilo na catedral!! Calma, ele não morde.😂 Você vai vê-lo pendurado no teto, junto a uma presa de elefante e uma brida (freio) de cavalo, se entrar do Pátio das Laranjeiras pela Porta do Lagarto. Dizem que foram presentes que o sultão do Egito enviou ao rei Alfonso X, “o sábio”, para pedir a mão de sua filha. O rei rejeitou o oferecimento, mas ficou com os presentes, que incluíam um crocodilo vivo, um canino de elefante e uma girafa domesticada, que veio com a brida. Provavelmente também despertem sua curiosidade as ânforas que você verá expostas nos telhados da catedral: são as que foram utilizadas pelos construtores do século XV para preencher o interior das abóbadas.

Mas os objetos expostos na Catedral não são realmente os presentes originais. "El lagarto", nome pelo qual é conhecido o atual crocodilo, é esculpido em madeira e data do século XVI. Talvez sua estrutura correspondesse ao original. Embora tudo o que é dito seja pura especulação.

O crocodilo e a presa de elefante

A Catedral de Sevilha foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1987, junto do Real Alcázar e do Arquivo de Índias, e também pela UNESCO foi declarada Bem de Valor Universal Excepcional em 2010. 

Abaixo, alguns dados de localização, horários e valores das entradas:


A Catedral e La Giralda à noite

Depois de percorrer a maior parte das belas atrações da Catedral, é hora de conhecer La Giralda, a torre do campanário da catedral que é um dos pontos mais atrativos para os visitantes, já que oferece excelentes vistas, tanto do próprio templo como do resto da cidade.

La Giralda foi construída durante o período islâmico em Sevilha, na dinastia Almohade, considerada mais austera na arquitetura. E, ainda assim, manteve o posto de um dos maiores arranha-céus de todo o continente durante séculos.

La Giralda é mais um curioso caso de um minarete sem mesquita. Depois da reconquista católica, foi transformado em campanário para a Catedral Gótica, construída logo ao lado, no lugar do templo muçulmano. Subir até a altura dos sinos vale a pena e é menos extenuante do que se imagina. O interior da torre é todo de rampas e há várias oportunidades de parar, apreciar a vista e retomar o fôlego.

La Giralda

Destaca-se por sua altura de 104 metros, o que a torna visível de qualquer parte da cidade. Foi construída à semelhança do minarete da mesquita Koutoubia em Marrakech, no Marrocos, embora o topo e a bela torre sineira que eleva e estiliza sua estrutura seja renascentista.

As obras começaram no ano de 1184 sob a direção do arquiteto Ahmad Ben Baso. A torre tinha uma altura de 82 m e as obras foram concluídas em 10 de março de 1198, com a colocação de quatro bolas de bronze dourado no topo da torre. Estas esferas de bronze eram usadas eventualmente para coroar as mesquitas. Com o terremoto de 1356, houve o colapso das quatro bolas que nunca mais foram encontradas. 

Conta a lenda que, quando os muçulmanos foram derrotados, pediram que fosse derrubada para que não caísse em mãos cristãs. Isto fez com que Afonso X a conservasse para passar a fazer parte da história da cidade. Abaixo uma gravura de Alejandro Guichot que mostra 3 fases da torre durante os séculos: à esquerda a primitiva torre almóada no século XII, à direita uma fase intermédia após a queda do yamur que coroava a torre depois do terremoto de 1356, e ao centro a atual torre, com o topo renascentista da torre sineira e o Giraldillo.

As 3 fases da La Giralda

Entre o corpo da torre e a abóboda celeste, em uma situação que poderia ser tomada simbolicamente como intermediária entre as instâncias terrena e celeste, a torre ganhou, em 1568, o Giraldillo, um cata-vento de quase três metros e meio de altura, que pesa mais de uma tonelada.

Embora o nome seja masculino, em uma referência ao cata-vento e a sua propriedade giratória, a estátua oca que lhe dá forma é de uma mulher, que alguns identificam com Santa Joana D’Arc. Talvez pela beleza, aliada ao fascínio naturalmente exercido pelos cata-ventos, o Giraldillo ganhou fama e acabou dando nome à torre, que havia sido batizada pelo rei Fernando III como "Triunfo de La Fé Victoriosa", em alusão à retomada de Sevilha pelos Cristãos.

O Giraldillo tornou-se um símbolo da torre, da catedral e até da cidade. Para se ter uma ideia da importância desse símbolo para o sevilhanos, basta dizer que, no final da década de 1980, o Instituto Adaluz de Patrimônio Historico (IAPH) mandou fazer uma cópia em bronze de toda a sua estrutura para substitui-la temporariamente enquanto a escultura original era restaurada.

O processo durou cerca de oito anos e, segundo foi informado na época, custou o equivalente a 700 mil euros. Depois que o Giraldillo original voltou ao seu lugar, a cópia foi colocada em frente a uma das portas da catedral, a chamada Puerta del Príncipe, para que se possa admirar sua imagem, o que antes só era possível fazer por meio de fotos.

Foto do Giraldillo

Além do Giraldillo, outra peça importantíssima da La Giralda é o seu campanário que conta com um total de 24 sinos, e cada um deles tem um nome. Entre eles se destaca o de Santa Maria la Mayor que é o maior sino e o mais pesado, possuindo mais de 5 toneladas.

Torre dos Sinos
Os sinos de La Giralda

Planta dos sinos de La Giralda

Para subir na torre é preciso vencer 35 rampas, construídas na época dos Almohades, e eram usadas para que o sultão pudesse chegar ao topo da torre montado a cavalo e de lá admirar do alto toda a cidade, inclusive o Pátio de los Naranjos e o Alcázar. As rampas atuais são as mesmas desde a época de sua construção.


As rampas no interior de La Giralda

Uma vez na parte superior, a cidade estende-se aos pés dos visitantes para que tenham uma visão panorâmica, podendo admirar os seus monumentos e ruelas até onde a vista alcançar.

Vista da cidade do topo de La Giralda
Vista da cidade do topo de La Giralda

Curiosidades sobre La Giralda:

Acredita-se que o projeto de La Giralda seja inspirado em um ou mais minaretes marroquinos, entre os quais o da Mesquita Koutoubia, em Marrakech, e que tenha servido de modelo a outros monumentos pelo mundo afora. É o caso da Torre do Relógio no terminal de barcos de São Francisco, na Califórnia, e da torre da Universidade de Porto Rico. Nova Iorque também já teve sua Giralda, desenhada por Standford White para o segundo Madison Square Garden, mas foi demolida em 1925. E não podemos esquecer o Giraldillo cubano, inaugurado em 1632, na torre do Castelo da Força Real, que representa Isabel de Bobadilla, a única governadora mulher da história da ilha.

Mesmo nos tempos atuais, com inúmeros arranha-céus espalhados pelo mundo, La Giralda ainda tem seu lugar quando se fala de altura. Com o acréscimo cristão, incluindo o Giraldillo, a torre ultrapassa os 100 metros e, por muito tempo, foi a mais alta de Sevilha, mas hoje está ultrapassada pela torre Pelli, com quase 80 metros a mais.

Desde 1987, o edifício está tombado pela Unesco, como Patrimônio Mundial da Humanidade, sob dois argumentos: “é uma obra-prima da arquitetura Almohad’ e transformou-se em um “exemplo importante do sincretismo cultural”. É que ao contrário da catedral, erguida sobre os escombros da mesquita Almohade, da qual só se aproveitou o Pátio de Los Naranjos, o minarete foi quase integralmente poupado pelos Cristãos. 

As obras de restauro da sua face poente comprovaram a existência da cor vermelha que se encontrava coberta por sujeira e argamassa acumulada ao longo dos anos.

Existe uma farta documentação de gravuras, desenhos e algumas pinturas que atestam o fato La Giralda era vermelha há cinco séculos, desde o ano de 1568 e foi assim desde a época almóada e renascentista do monumento. Em tempos mais recentes, durante os séculos XVIII e XIX, existiam vestígios de vermelho nas paredes que as diferentes intervenções foram eliminando, visto que davam a impressão de ser simples manchas do que a cor original.


Restaurações na La Giralda

Saindo da La Giralda vamos visitar o Pátios de los Naranjos, ou Pátio das Laranjeiras em português. Herança direta do seu passado como mesquita, o Pátio das Laranjeiras é um retiro de paz repleto de luz e cor, ideal para se relaxar à sombra das árvores enquanto observa o templo desde o exterior.

O Pátio de los Naranjos era originalmente o pátio de abluções da mesquita almóada, um lugar onde é feito o ritual de purificação, com a lavagem de partes do corpo, típico da religião. Sua forma é retangular, medindo 43 por 81 metros. Os lados menores eram originalmente compostos por sete arcos gêmeos e os maiores tinham treze arcos, formando dois conjuntos de seis com um grande arco central.

Das três galerias que originalmente faziam parte do pátio, apenas duas sobreviveram, já que a do lado oeste desapareceu porque foi demolida para construir a Igreja de El Sagrario. Estas galerias ou naves perderam seus telhados originais, conservando hoje o que resta após reformas e modificações. O setor descoberto do pátio define-se hoje em um arranjo rígido de laranjeiras, cujos poços de árvores são conectados por meio de uma rede de canais que desenham figuras geométricas e que ainda são utilizados para o escoamento da água. O pátio tem duas portas que se abrem para o exterior e outras duas que dão acesso ao recinto contíguo da Sé Catedral.

Patio de los Naranjos

Desde a rua, acede-se ao seu interior através da Puerta del Perdón, decorada com estuques renascentistas executados por Bartolomé López em 1522. As folhas das portas são de madeira revestida em bronze e decoradas com rendilhados. No centro do pátio ergue-se uma fonte cuja bacia superior é visigótica.

No exterior, o portal é decorado com estuques do século XVI, ladeado por duas grandes esculturas de São Pedro e São Paulo, e coroado por um magnífico relevo representando a "Expulsão dos Mercadores do Templo", todas obras de Miguel Florentín, do século XVI. No interior do pátio, destaca-se na porta um grande terraço de cobertura em madeira, obra moderna do arquiteto Félix Hernández Giménez que imita o estilo almóada.

Entrada pela Puerta del Perdón

As obras de construção decorreram entre 1172 e 1186. Após a conquista de Sevilha pelos cristãos em 1248, foi utilizado para várias atividades. Inicialmente se transformou em claustro e posteriormente em cemitério da Igreja Cristã. Foi também local de celebração das feiras anuais da cidade e espaço para pregação. 

Atualmente, o Patio de los Naranjos é um dos anexos mais importantes da Catedral de Sevilha e está totalmente integrado a ela. Ao longo dos séculos sofreu várias modificações significativas como a de 1618, quando a ala oeste foi demolida para a construção da Igreja do Sacrário. A partir do século XV, foi perdendo sua conotação cultural, sendo hoje uma área sem atividades religiosas. As obras do século XX devolveram-lhe a sua aparência original.

A fonte visigoda, o sistema de irrigação no chão
e ao fundo os arcos nas galerias

A Catedral constitui uma visita imprescindível ao visitar a cidade e sempre surpreende os seus visitantes com as suas enormes proporções e a riqueza dos seus elementos decorativos.

Você pode optar por visitar a Catedral por conta própria, ou se programar para fazer a VISITA GUIADA OFICIAL, que inclui a Catedral e a La Giralda. Veja no link abaixo os valores por pessoa, horários e maiores informações: https://www.catedraldesevilla.es/visita-cultural/visita-guiada-a-catedral-y-giralda/

Outra opção é fazer o PASSEIO PELAS TELHADOS, um percurso que é uma viagem no tempo, uma experiência única para saber como foi construída a Sé Catedral entre os séculos XV e XVI, passeando pelos seus telhados, percorrendo passagens, apreciando as vistas panorâmicas que a arquitetura da catedral e o seu ambiente urbano oferecem.

Ao longo do percurso você conhecerá uma série de personagens que participaram da construção como o mestre mestre, pedreiros, carpinteiros, ferreiros, etc... cada um colaborando com seu trabalho para que o projeto de construção de uma catedral gótica e renascentista. Veja no link abaixo os valores por pessoa, horários e maiores informações: https://www.catedraldesevilla.es/visita-cultural/visita-a-las-cubiertas/


Passeio pelos telhados da Catedral de Sevilha

Terminado o passeio pela Catedral, La Giralda e Patio de los Naranjos, é hora de fazer uma pausa para almoçar e dar uma descansada bem merecida... porque depois disso vamos continuar nosso roteiro para conhecer a Real Maestranza de Sevilha, construída no século XVIII, e que é a praça de touros mais antiga e de maior tradição da Espanha, sendo apelidada popularmente como Catedral do Toureio. É propriedade da Real Maestranza de Caballería de Sevilla, uma corporação nobiliárquica que integra cavaleiros provenientes das antigas famílias nobres de Sevilha.

Denominada oficialmente Praça de Toiros da Real Maestranza de Caballería de Sevilla, acolhe anualmente diversos espetáculos tauromáquicos, destacando-se os organizados durante a Feira de Abril. Embora por efeito ótico ela pareça circular, na verdade a praça é ovalada, sendo atualmente uma das poucas praças no mundo que ainda conservam esta forma atípica.

Entrada da Real Maestranza
Panorâmica da Real Maestranza

A construção da praça começou em 1733, no Monte Baratillo, e com um formato circular, substituindo a antiga praça retangular de madeira situada no mesmo local. Mais tarde, em 1761, inicia-se a construção por ochavas (sendo cada ochava equivalente a quatro arcos), sendo a obra liderada por Francisco Sanchez de Aragão e Vicente de San Martin. 

A fachada interior da Praça, o chamado Camarote do Príncipe, é concluída em 1765. Este camarote consiste de dois corpos: a porta principal de entrada para a Praça, chamada de Porta do Príncipe, por onde saem carregados nos ombros os toureiros triunfantes e o camarote propriamente dito, de uso exclusivo da Família Real. É constituído no topo por quatro arcos sobre os quais repousa uma meia abóbada que no seu interior é coberta por azulejos azuis e brancos, sendo da autoria do escultor português Caetano de Acosta o grupo escultórico que remata a obra. O Camarote foi denominado oficialmente de Camarote do Príncipe em honra de Felipe de Borbón, Infante de Espanha, filho de do rei Filipe V e Isabel Farnésio.

Camarote do Príncipe

Com a proibição das corridas de touros decretada por Carlos III em 1786 as obras foram suspensas. Deste tempo data a construção do Camarote da Deputação, posteriormente chamado de Camarote dos Ganaderos, situado sobre a porta dos curros e em frente ao Camarote do Príncipe.

A cobertura de metade das galerias da Praça termina após 34 anos de obras, à esquerda e direita do Camarote do Príncipe, com vista sobre a Catedral e a Giralda como ficou retratado em variadas pinturas da época. Mas foi somente em 1881 que a cobertura total das galerias foi concluída.

Em 1868 o Camarote da Deputação estava em mau estado de conservação, sendo iniciadas obras de restauro, com colocação de novo soalho e uma balaustrada de mármore e, também, do escudo da Real Maestranza de Cavalaria, obra o escultor italiano Augusto Franchy. São concluídos também mais cinco camarotes de cada lado do Camarote da Deputação, onde atualmente se encontra o relógio da Praça. A capacidade da Praça é atualmente de 12.538 lugares.

Visão Aérea da Real Maestranza de Sevilha

Nas imediações da Praça encontram-se estátuas dedicadas aos toureiros sevilhanos que mais triunfaram em Sevilha, destacando-se a dedicada em ao toureio Curro Romero.

O Museu Taurino da Real Maestranza de Cavalaria foi inaugurado em 1989. O visitante pode aí percorrer a história da tauromaquia através de uma coleção de pinturas, cartéis taurinos, trajes de toureio, bem como esculturas, destacando-se as obras de Mariano Benlliure, e bustos de toureiros lendários como Curro Cúchares, Pepe-Hillo ou El Espartero.

Abaixo, alguns dados de localização, horários e valores das entradas: 

Museu Taurino
Detalhe dos arcos

A grande avenida onde está localizada a Real Maestranza que acabamos de visitar é chamada Paseo de Cristóbal Colón, também conhecida como Paseo Colón e é paralela ao rio Guadalquivir. Nesta avenida concentram-se monumentos importantes da cidade, além da praça de touros, como o Teatro Maestranza e a Torre del Oro.

Saindo da Real Maestranza, uma breve caminhada de uns 5 minutos e já se encontra o Teatro Maestranza, uma das mais prestigiadas casas de ópera da Espanha. Foi concebido para ser um dos principais espaços culturais da Expo Sevilha 1992 e a primeira apresentação ocorreu em 1991, pouco antes da inauguração da Exposição Universal. O curioso da idealização do teatro é que apesar das 153 óperas com enredo ambientadas em Sevilha, até aquele momento a cidade não dispunha de instalações adequadas para receber esse tipo de espetáculo.

Foi um projeto idealizado pelos arquitetos Aurelio del Pozo e Luis Marín, e com sua localização privilegiada, suas excepcionais características técnicas, bem como a qualidade e variedade de sua programação, tornou-se um dos espaços cênicos mais marcantes da Europa.

Embora o Teatro de la Maestranza seja dedicado principalmente à ópera, também há apresentações de Zarzuela, a opereta espanhola, e outras apresentações musicais. A orquestra residente é a Royal Seville Symphony Orchestra e o diretor artístico é Pedro Halffter. A grande sala do Teatro de la Maestranza tem capacidade para 1.800 lugares e conta com excelentes condições técnicas, acústicas e de visibilidade para a realização e fruição de qualquer tipo de espetáculo e produção musical. Além disso, na sala de câmara, com capacidade para 200 espectadores, são oferecidos espetáculos de pequeno formato mas com a mesma qualidade interpretativa.

Em 16 de julho de 1992, durante um ensaio no Teatro de la Maestranza para uma apresentação da Ópera Nacional de Paris de Otello de Verdi, uma plataforma suspensa que fazia parte do cenário desabou no palco, matando uma integrante do coro e ferindo outras 41 pessoas, várias delas gravemente.

Teatro de la Maestranza
Interior do teatro

Quase em frente ao Teatro de la Maestranza você já consegue avistar a Torre del Oro, uma construção defensiva localizada junto ao rio, datada do ano de 1220, e que tem 36 metros de altura. A Torre del Oro é uma das construções mais emblemáticas da cidade e constitui uma visita imprescindível, tanto para conhecer a história da cidade e a sua relação com o rio, como para desfrutar das excelentes vistas que se obtêm da sua parte superior.

A Torre del Oro possui três seções: a primeira foi construída pelos Almóadas, enquanto a segunda foi erguida por Pedro I, “o Cruel”. A terceira seção é cilíndrica e coberta com uma grande cúpula.

A Torre del Oro

A torre foi construída com a função de vigilância pelo Califado Almóada e para proteger a entrada de embarcações inimigas no porto, visando evitar possíveis invasões pelo rio Guadalquivir. Se encontrava conectada à Torre da Fortaleza do outro lado do rio, por meio de uma forte corrente que cruzava o rio e era erguida para impedir a passagem de barcos indesejados. Fazia parte das muralhas que protegiam a cidade das invasões árabes. Quando a cidade foi tomada pelos católicos, o monumento começou a ter outras funções.

Conta a lenda que a torre não só contava com uma função defensiva mas também que era o lugar no qual aconteciam os encontros furtivos entre o rei e as damas que cortejava. Anos depois, a torre também funcionou como capela e prisão para diferentes membros da nobreza.

A cúpula e os azulejos dourados

Existem duas versões diferentes que explicam porque ela recebeu este nome. A primeira versão conta que a torre tinha suas paredes cobertas com azulejos de ouro e por isso recebeu esse nome. A segunda versão diz que o "ouro" do nome era porque ela abrigava as riquezas chegadas nas frotas que vinham das Índias Orientais e Ocidentais.

Atualmente, a torre abriga um museu que narra a história naval de Sevilha, deixando patente a importância do seu rio para o desenvolvimento da cidade. As exposições se encontram divididas em dois andares que permitem ao visitante conhecer a história da torre e do porto, além de conhecer instrumentos de navegação antigos, maquetes e documentos históricos.


O Museu Naval

E sem dúvida alguma, a parte mais interessante da torre é o terraço superior de onde se têm as melhores vistas panorâmicas do rio e de grande parte da cidade. Foi classificado como monumento histórico-artístico em 1931 e é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade.

Abaixo, alguns dados de localização, horários e valores das entradas: 
  • Endereço: Paseo de Cristóbal Colón, s/n
  • Horário: 
    • de segunda a sexta: das 9h30 às 18h45; 
    • sábados e domingos: das 10h30 às 18h45 
  • Preço: 
    • inteira: 3€; 
    • reduzida: 1,50€ (estudantes e aposentados); 
    • gratuita: menores de 6 anos e às segundas
Vamos terminar o dia passeando pela orla do rio Guadalquivir, o único rio navegável da Espanha. Por causa desse rio, que desemboca no Oceano Atlântico, Sevilha pôde ser um dos principais portos da Espanha durante a exploração da América e ponto estratégico de importância vital para o Novo Mundo. Era no porto localizado no rio Guadalquivir de onde os conquistadores partiam em busca de novos mundos e também onde atracavam os navios mercantes, carregados de ouro, prata, tabaco e outros bens valiosos em alta demanda. 

Só que vamos passear pelo Paseo Alcalde Marqués del Contadero, que é paralelo ao Paseo Colón e que é uma grande avenida pedonal que tem vista para Triana e a famosa Torre del Oro. É nesta avenida, que ficam localizados os pontos dos ônibus turísticos de dois andares e os barcos que fazem a rota turística ao longo o rio Güadalquivir até Sánlucar de Barrameda. Vi comentários na internet que os passeios são de uma hora, mas que são tours dispensáveis. O mais indicado pelos turistas é explorar a pé toda a avenida e a região à beira do rio.

O ideal é caminhar até a Ponte Triana, também conhecida como Ponte Isabel II, e que dá início ao Paseo de Colón. Essa ponte atravessa o rio Guadalquivir e liga o centro da cidade ao bairro de Triana, o bairro onde nasceu o flamenco. A sua construção terminou em 1852 e substituiu uma ponte para barcos que existia no seu lugar. Em frente à ponte situava-se a Puerta de Triana, que era uma das portas que dava acesso ao recinto amuralhado da cidade e que foi demolida em 1868. Da Ponte Triana tem-se uma espetacular vista do rio e das margens do bairro de Triana.


Puente de Triana


Rio Guadalquivir visto da Puente Triana

No final do dia ou já à noitinha, a pedida é ir curtir o Bairro Triana, um dos principais eixos da cultura sevilhana. Um bairro tão cheio de vida que para sentir o seu encanto, basta passear pelas suas ruas e desfrutar do seu ambiente especial. Triana pode ser conhecida tanto de dia como de noite. Vou destacar aqui as duas possibilidades. Eu provavelmente vou dar um jeito de conhecer o bairro hoje à noite e tentar dar uma passadinha por ele de manhã, em algum outro momento nos próximos dias.

Com uma longa tradição marinheira, já que foi daqui que surgiram os primeiros marinheiros que navegaram rumo às Américas, o bairro de Triana sempre viveu voltado para o rio, fonte de riqueza e base do seu crescimento, mas também de alguns episódios muito tristes como as grandes cheias que provocaram numerosas inundações na zona.


Detalhe do Bairro Triana

Se for conhecer durante o dia, vale a pena conhecer as ruínas e o museu do Castelo de São Jorge, bem na saída da Puente Triana, uma antiga fortificação de origem visigótica, que atualmente abriga exposições sobre a história do castelo, a repressão religiosa e o seu passado obscuro relacionado com a Inquisição Espanhola. 

Em 1992, algumas obras de restauração foram realizadas por conta da Exposição Universal de Sevilha e este foi um dos prédios que recebeu melhorias. Durante as obras, as ruínas do antigo castelo trouxeram à tona surpresas como uma área com material arqueológico que foi inaugurada em 2009 e é aberta à visitação. Fica no subsolo do prédio vizinho ao mercado.

O Castelo de San Jorge
Museu do Castelo

O primeiro prédio construído no local, do qual só sobraram as ruínas, é do tempo do domínio árabe por volta do século XV, mas depois da Inquisição sofreu grande devastação por conta das várias inundações do Rio Guadalquivir, fazendo com que o prédio ficasse desocupado por bastante tempo e só a partir de 1823 começaram os registros da existência do comércio feito por agricultores e ambulantes. 

Assim começou o Mercado de Triana, que hoje funciona praticamente sobre as ruínas do Castelo de San Jorge. São quase 80 estabelecimentos comerciais distribuídos em 5 ruas paralelas e tem de tudo: desde pastelarias, padarias, peixarias, charcutarias, frutarias, restaurantes, lojas de roupa, sapatarias, cabeleireiros e até mesmo um teatro.

Fachada do Mercado de Triana
Interior do Mercado de Triana

Abaixo, alguns dados de localização, horários e valores das entradas: 

Castelo de San Jorge:
  • Endereço: Plaza del Altozano, s/n
  • Horário: Segunda a Sexta das 10h às 14h e das 17h às 19h e Sábados e Domingos das 10h às 15h horas.
  • A entrada é gratuita.
Mercado de Triana:
  • Endereço: Calle San Jorge, 6
  • Horário: Segunda a Sábado: 9h às 15h  
  • Existe uma aula de culinária espanhola de 4 horas com excursão ao mercado de Triana, que acontece em uma escola de culinária nas barracas 75-77, onde você vai aprender a cozinhar os pratos clássicos da culinária espanhola. Valor: 65€ - Maiores informações no link "Aula de Culinária"
Mas o mais incrível mesmo é passear pelas ruas do bairro, que são uma graça, repletas de bares e restaurantes, lojinhas de artesanato, ou ainda as lojas da famosa cerâmica de Triana. Abaixo, um mapa com uma sugestão de roteiro pelas ruas mais charmosas de Triana.

Mapa das Ruas de Triana

Comece pela Calle Betis, que você encontra logo na saída da Puente Triana e pode acessar descendo umas escadas. Ela fica à margem do rio com as suas alegres e caraterísticas fachadas coloridas, uma das mais emblemáticas de Sevilha. Suas origens remontam ao século XVIII, quando uma grande muralha foi construída para conter as cheias do Guadalquivir. O que hoje é um destino movimentado de canas e tapas, no passado era movimentado com marinheiros, comerciantes e almirantes. Vale lembrar que percorrer a Calle Betis pode ser feito tanto durante o dia como durante a noite.

Pôr-do-sol na Calle Betis

Vá até o final da Calle Betis e vire à direita, voltando pela paralela Calle Pureza, verdadeira artéria espiritual do bairro. Nela além de igrejas, encontrará a Casa de las Columnas, construída no século XVI para albergar a Universidad de Mareantes, local onde se formavam os pilotos e navegantes que iam para as Indias. Atualmente é o Centro Cívico de Triana.

Quando chegar na Plaza del Antozano, você vai encontrar a Calle Jacinto, uma rua parcialmente pedonal e com muita personalidade, cheia de bares, restaurantes e lojas. Nela se encontram outros dois monumentos religiosos, a Capela de la Virgen de la Estrella e a Parróquia de San Jacinto. 

Calle Jacinto

Volte pela mesma Calle Jacinto até a Calle Alfareria, onde convivem numerosos ateliês de cerâmica, nos quais sobrevive grande parte da tradição artesã do bairro. Dois edifícios se destacam: no número 23 fica a Fábrica de Cerámica Montalván e ao lado, no número 21, outra casa que vale a pena apreciar seu exterior. 

Vire na Calle Antillano Campos e você já vai estar no centro do circuito das fábricas de cerâmica e vá até a Calle San Jorge, onde você vai encontrar a bonita fachada da Cerâmica Santa Ana. É nesse espaço que hoje está localizado o Centro Cerâmico de Triana, criado em 2014 pela Câmara Municipal de Sevilha, com seu interior moderno e estilizado. No térreo encontram-se vários fornos do final do século XIX e início do século XX. Você também aprende sobre o processo de fabricação de cerâmica a partir de matérias-primas, incluindo a coleta de depósitos de argila da margem do rio e como eram os recipientes para armazenar os pigmentos preparados. 

As Cerâmicas de Triana

O primeiro andar tem um exemplar da cerâmica da época mourisca até à década de 1950, incluindo peças cerâmicas da autoria de Aníbal González, que decoraram a Plaza de España. Também no primeiro andar há uma seção sobre o próprio bairro de Triana, famoso por seus artistas e festivais de flamenco, além de fábricas de azulejos. O museu faz também apresentações audiovisuais desde antigas filmagens em preto e branco de lama sendo escavada e carregada por mulas; oleiros fazendo peças em suas rodas; pigmento colorido em frascos; cerâmica sendo pintada por artesãos.

Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
  • Endereço: Calle Callao, 16
  • Horários: 
    • De terça a sábado das 11h00 às 18h00 e aos domingos, feriados das 10h00 às 15h00, fechado às segundas-feiras.
    • Fechado nos dias 1 e 6 de janeiro, 25 de dezembro e na Quinta-feira e Sexta-feira Santa.
  • Ingresso:
    • Gratuito para crianças até 16 anos, inteira €2,10 e reduzido €1,60 (estudantes dos 18 aos 25 anos e maiores de 65 anos)
Fábrica de Cerâmicas Santa Ana e entrada do Centro de la Ceramica de Triana
Interior do Centro de la Ceramica de Triana


Outra atração diurna de Triana é a visitação aos “corrales de vecinos”, em uma tradução literal "currais do bairro". Os currais do bairro eram um tipo de habitação antiga, usadas pelos trabalhadores no final do século XIX e início do século XX em Sevilha. 

Eram edifícios de construção geralmente antiga, alguns construídos expressamente para serem utilizados como currais e outros eram antigos palácios, casas-pátio ou antigos conventos adaptados para serem utilizados como currais.

São edifícios multifamiliares que se caracterizam por terem um grande pátio no interior com uma fonte ou poço no centro que funcionava como ponto de abastecimento de água a todo o curral. À volta do pátio existiam vários corredores e cada corredor com múltiplas portas para os quartos ou salões que compunham as habitações, podendo cada um deles ter um ou dois quartos.

Estes currais são muito bonitos com o típico encanto andaluz, e Triana tem uma grande concentração deles. Eles lançam sombra e são pontilhados com plantas e vasos trepadores. Periodicamente a prefeitura organiza visitas a oito pátios: Cerca Hermosa, Corral de Los Corchos, Casa Quemada, Hotel Triana, Corral Largo, Patio de las Flores, Corral San Jorge e Corral de la Encarnación. Este evento geralmente ocorre durante o outono.

Corrales de Vecinos hoje
Corrales de Vecinos antigamente

Bom, agora vamos conhecer Triana à noite... o bairro transborda agitação e a vida noturna aqui é intensa... Berço de cantores e dançarinos de flamenco, artistas e artesãos, você vai encontrar várias opções entre os inúmeros bares e restaurantes de tapas e as casas de shows de flamenco.

Um dos mais tradicionais costumes da noite espanhola é "ir de tapas"... que é sair para beber e petiscar... antigamente nos bares, os garçons tinham o costume de tampar o copo com um pires ou uma tampa, chamada em espanhol de "tapa", para afastar as moscas. Nessas tampas improvisadas eram colocados pedaços de pão ou presunto cru para acompanhar a bebida alcoólica. Aí a expressão se tornou uma marca registrada para sair e comer bem, sem gastar absurdos...

Alguns dos tapas mais populares da Espanha são as "croquetas", semelhante aos nossos croquetes, "patatas bravas", que são batatas apimentadas, "pan con tomate", uma espécie de bruschetta, "tortillas espanholas", pequenas tortas parecendo omeletes, "montaditos", que são pequenos sanduíches e "pintcho ou pintxo" semelhantes a canapés só que sobre pão normal, segurados com um palito. No final da página, vou colocar uma lista com os mais famosos restaurantes e bares de tapas de Triana.


Os tapas

Mas se a pedida for assistir um show de flamenco, Triana também vai te surpreender. A dança flamenca é uma arte capaz de transmitir todo o tipo de sentimentos através de movimentos suaves mas firmes e marcados, a intensidade das vozes dos seus cantores e o simples tocar de um violão. No seu início, o flamenco era desfrutado em pequenas reuniões familiares, mas à medida que foi ganhando popularidade, começou a ser representado em teatros e cafeterias com pequenos palcos que foram a antecâmara dos atuais palcos de flamenco.

Em meados do século XVIII, juntamente com Cadiz e Jerez de la Fronteira, Triana foi berço do flamenco e localidade essencial no desenvolvimento da sua história, o bairro viu nascer e crescer alguns dos dançarinos e cantores mais importantes do mundo do flamenco. Conta com numerosos palcos flamencos para desfrutar de um espetáculo cheio de magia e espírito. 

Os shows em Triana fogem ao estilo de espetáculo para turista ver no esquema caríssimo de jantar + show. Em quase todas as casas você chega só para assistir o espetáculo, se quiser comer e beber é opção sua. Esses palcos exalam um respeito ao flamenco tradicional que torna a noitada emocionante e o ambiente é uma mistura de turistas e moradores apaixonados pela dança. No final da página vou deixar um resumo das mais famosas casas de flamenco de Triana e seus dados de localização.

Os shows de flamenco

Outra particularidade de Triana são seus terraços. Por estar localizada nas margens do Rio Guadalquivir, alguns de seus edifícios mais altos têm vista para a cidade velha. E graças à esta posição privilegiada, desfruta de vistas incomparáveis sobre Sevilha. Se você viajar para Sevilha no verão, poderá escapar do calor dos terraços do bairro.

Alguns dos mais famosos terraços da região oferecem um espaço deslumbrante para relaxar, saborear um petisco ou um drink, desfrutando da deslumbrante vista... são quase como um clube e muitos tem até piscina para refrescar nos dias quentes do verão. No final da página uma relação com os mais incríveis terraços de Triana.

Os terraços de Triana

Pra finalizar, Triana é um dos bairros sevilhanos com mais histórias e narrativas. Você pode reservar um tour e descobrir tudo sobre o lugar, suas lendas e mistérios. Já citei o próprio Castelo de San Jorge, com suas paredes que escondem uma teia de contos onde confissões eram extorquidas por métodos muito pouco ortodoxos e muitas pessoas foram mortas após sangrentas torturas. Mas além dele, existem visitas guiadas que o levarão a outras partes do bairro, como o Patio de Monipodio, a Calle Pagés del Corro (a antiga Cava) ou a Capela da Virgen del Carmen. E também vai conhecer várias histórias sobre a origem do flamenco no bairro e seu passado naval. 

O passeio dura 1 hora e 30 minutos, custa certa de 10 euros e você pode reservar diretamento no link: https://www.civitatis.com/br/sevilha/tour-misterios-lendas-triana/

Décimo Primeiro Dia - Real Alcazár e Juderia 

O Real Alcázar de Sevilha, em espanhol Real Alcázar de Sevilla ou Reales Alcázares de Sevilla, é um complexo palaciano composto por vários edifícios de diferentes épocas. A diversidade e singularidade dos seus aposentos, muitas vezes espalhados como se fosse um labirinto, têm um valor incalculável.

A construção do Real Alcázar de Sevilha se dá em dois períodos: o islâmico e o cristão. A história do Real Alcázar originalmente islâmico se confunde com a história da própria cidade, desenvolvendo-se dinamicamente e em um crescente, tanto em dimensões quanto em influência política e riqueza arquitetônica. Ainda hoje, grande parte das suas muralhas e palácios permanecem de pé, embora tenham sido mascarados ou retocados pelos diferentes poderes instalados em suas dependências desde a conquista espanhola. 

Visão Aérea do Real Alcázar de Sevilha (foto Miguel Angel Tabales)

No período islâmico, a construção dos palácios foi iniciada quando os árabes conquistaram Sevilha em 713 e, posteriormente, em 720, passaram a usar o local como residência de seus líderes. A construção foi erguida a partir das ruínas de um palácio da dinastia almóada. Em 884, criaram a muralha, com o objetivo de evitar uma invasão viking.

Foi ampliado com a construção da residência dos emires no século XI. No mesmo século continuaram as obras de fortificação e ampliação, fazendo parte desse período as paredes que cercam o Patio de Banderas, seu portal original, bem como o Patio de Yeso, em português Pátio de Gesso, e grande parte do Patio do Crucero, em português Pátio do Cruzeiro, além de outros edifícios que vão desde o que atualmente é a Praça do Triunfo até o Bairro da Santa Cruz. No século XII, os almóadas adicionaram mais pátios e palácios.
 
Detalhe do Patio de Yeso ou Pátio do Gesso

Já em 1248, Sevilha foi tomada pelo Rei Fernando III, quando se inicia o período cristão e a adaptação dos espanhóis à vida palaciana do Alcázar, transformando o significado e o uso dos seus diferentes espaços. Inicialmente optou-se por sobrepor um edifício emblemático pela sua qualidade e simbologia àqueles que foram os principais palácios almóadas. O palácio gótico encenou a transição drástica da nova ordem cristã, mas no restante dos edifícios da cidadela islâmica, cada propriedade continuou a ser habitada quase sem alterar sua fisionomia durante o século após a conquista.

Desde quando o Rei Fernando III tomou os palácios, o local foi transformado em residência real e, posteriormente, Afonso X (o mesmo do emblema NO&DO) iniciou as primeiras reformas, adicionando diversas salas, capelas e jardins, o que fez com que o Alcázar passasse por grandes mudanças arquitetônicas, adotando um elemento mais gótico e românico.

Detalhe da beleza estonteante dos jardins do Real Alcázar de Sevilha

Mas a mudança mais proeminente foi em 1364 durante o reinado do Rei D. Pedro I, que decidiu construir o que se converteu no primeiro palácio de um rei espanhol que não estava protegido atrás das muralhas e defesas de um castelo, atingindo, assim, o seu definitivo aspecto mudéjar que conserva até os dias de hoje e que assombra pela sua riqueza e elegância. Neste período, ergueu-se a Capela Gótica, o Apeadero (lugar de passagem) e o Pátio da Montaria. O Palácio de Pedro I é considerado o mais completo exemplo da arquitetura mudéjar na Espanha.

Escavações arqueológicas revelaram ambos os processos destacando, no entanto, a mudança espetacular provocada por D. Pedro I que significou o desaparecimento definitivo da organização interior almóada no setor central do complexo arquitetônico. Seu palácio mudéjar é o coração do Alcázar atual, sua joia mais preciosa, testemunho fiel de um tempo de esplendor, misturas e personalidade como poucos em nossa história.

O século XVI trouxe mais influência renascentista, resultando no que vemos hoje: uma amálgama impressionante de várias influências culturais.

Palácio de D. Pedro I

Desde a sua inauguração e como residência real, o palácio já foi palco de diversos acontecimentos importantes para a história tanto do país quanto das Américas.  

Foi no Real Alcázar de Sevilha que Carlos I celebrou seu matrimônio com Isabel de Portugal. Foi em um de seus quartos que nasceu, em 1848, a infanta Isabel, neta de Fernando VII. E foi aqui também que Cristóvão Colombo realizava suas reuniões ao término de suas navegações.

Na atualidade, além de poder desfrutar da sua beleza arquitetônica, o Real Alcázar é utilizado para realizar exposições de objetos da época árabe nos seus salões. No verão os seus jardins servem como cenário de concertos noturnos.

Detalhe

Embora aberto ao público, o conjunto continua a ser a residência dos membros da família real espanhola quando estes visitam Sevilha. O conjunto foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO no ano de 1987, integrado no sítio "Catedral, Alcázar e Arquivo das Índias de Sevilha".

Agora, vou descrever os edifícios e seus aposentos mais importantes que fazem parte do complexo do Real Alcázar de Sevilha e para poder percorrer o roteiro da melhor forma possível, inclui abaixo um mapa completo com a localização de todos os palácios, pátios e jardins.

Mapa de todo o complexo do Real Alcázar de Sevilha

O Real Alcázar de Sevilha fica localizado no Centro Histórico, bem pertinho da Catedral e do Arquivos das Índias. Logo à entrada temos a Puerta del Leon, em estilo almóada. A partir daqui tudo o que se vê é um conjunto extraordinariamente mesclado de arte árabe e cristã. 

Passamos ao Patio de Leon, onde se podem contemplar as magníficas filigranas do Palácio de Dom Pedro I. Aqui temos a oportunidade de cruzar a muralha árabe do século XII, construída no período islâmico do Alcázar.

Puerta de Leon
Patio de Leon

À esquerda do Patio de Leon encontra-se a Sala de la Justicia e o Patio del Yeso, ou em português Pátio de Gesso. A Sala de la Justicia é a primeira obra mudéjar do Alcázar, e foi construída por Alfonso XI no início do século XIV. É toda decorada com gesso onde a natureza é reproduzida esquematicamente. Combinam-se elementos da tradição muçulmana e emblemas espanhóis e ao centro existe um chafariz com um canal de água ligado ao charco, coroado por uma moldura octogonal em madeira rendilhado. Este local foi posteriormente utilizado para administrar a justiça no reinado de seu filho Pedro I.

O Patio del Yeso foi construído no final do século XII e redescoberto no final do século XIX. Da época almóada, tem uma planta quase quadrada, com uma piscina ao centro e arcos em pórtico em cada um dos lados o pátio, sobre o qual surge uma rica decoração, e à sua volta distribuem-se os quartos. No período almóada existiam dois pórticos que davam para este pátio, mas hoje sobrou apenas o pórtico sul, uma pequena joia almóada. É formado por um arco central maior, alinhado com a porta da sala posterior, ladeado por três arcos menores sobre colunas de cada lado. A decoração dos painéis é feita com trabalho de "sebka", tipicamente almóada e sevilhano. 

Como em outros locais do Alcázar, várias reformas foram realizadas neste pátio ao longo de sua história. Toda a parede onde o arco sebka estava localizado foi encontrada coberta. Quando foi descoberto no final do século XIX, o Marquês de Vega-Inclán, então curador do Alcázar, encarregou o arquiteto José Gómez Millán de recuperá-lo e restaurá-lo em 1912.

Do período islâmico restam as muralhas, que circundam o Pátio das Banderas, a sua fachada assim como o Palácio de Gesso e parte do Pátio do Cruzeiro.

Sala de la Justicia
Patio del Yeso

Atravessando a muralha do Patio de Leon, chegamos ao Patio de la Montería que é o pátio principal do Alcázar e funciona como um distribuidor para os edifícios palacianos: o Palácio Mudéjar, o Palácio Gótico e a Casa de la Contratación. Recebe esse nome porque os caçadores reais se reuniam ali para caçar. 

A configuração atual como espaço arquitetônico e prelúdio da área palatina, vem do período em que foi construído o Palácio de D. Pedro I, em 1364. Sob o piso deste pátio estão as fundações dos palácios almóadas do século XII. 

Patio de la Monteria, com o Patio del Crucero à esquerda,
o Palácio Mudejár de Dom Pedro I ao centro
e la Casa de la Contratación à direita.

À direita de quem entra no Patio de la Monteria fica a Casa de la Contratación. Quando Sevilha se tornou porto e porta de entrada para as Índias, algumas das salas do Alcázar foram destinadas a várias finalidades para a execução das tarefas necessárias à gestão das diferentes viagens e das várias atividades que surgiam. Estas salas eram divididas em: a Cuarto del Almirante, a Sala de Audiencias e a Sala de los Abanicos também chamada de Casa del Océano, esta última, em grande parte demolida. 

O Cuarto del Almirante é uma sala polivalente e majestosa utilizada hoje para conferências e eventos sociais. Retratos importantes como os de Luis Felipe de Orléans ou Maria Cristina de Borbón-Dos Sicilias, esposa e sobrinha de Fernando VII, estão pendurados em suas paredes. 

Ligado ao Cuarto do Almirante ficava a Sala de Audiencias que era utilizada como local de reunião de oficiais e cartógrafos. Em algum momento foi transformada na Capilla de la Virgen de los Navegantes, uma grande sala quadrada coberta por um rico teto em caixotões do século XVI composto por motivos geométricos. Ela guarda a obra de Alejo Fernández, de 1531, a "Virgen de los Navegantes ou Mareantes ou Buen Aire", vestida com uma saia branca com filigrana dourada e um manto azul estendido e protegendo os navegadores Colombo, Vespúcio, Juan de la Cosa, a família Pinzón com o imperador Carlos e os indígenas. Há também dois corpos laterais, cada um deles em duas alturas com as imagens de San Sebastián, San Santiago, San Telmo e San Juan.

É a primeira representação na Europa relacionada com o Descobrimento e foi nesta sala quando ainda Sala das Audiencias que foram projetadas as mais célebres viagens dos descobridores, como a Primeira Volta ao Mundo de Magalhães. Aqui também se encontra um belíssima maquete de uma caravela em homenagem às grandes navegações.

Casa de la Contratación
Capilla de la Virgen
de los Navegantes
Cuarto del Almirante

Ao centro do Patio de la Monteria fica a atração mais impressionante do Real Alcazar de Sevilha. O Palácio Mudéjar, também chamado de Palácio do Rei Dom Pedro I, foi construído junto ao palácio gótico de Afonso X por iniciativa de Dom Pedro I, entre 1356 e 1366. 

Existem alguma histórias sobre Dom Pedro I de Castela, que sempre esteve intimamente ligado a Sevilha, residindo na cidade por longos períodos. De fato, ele está enterrado na Capela Real da Catedral, ao lado de seu grande amor e amante, Dona María de Padilla, a quem ele reconheceu como esposa do rei depois que ela morreu. Teve um reinado muito tumultuado, devido em grande parte ao seu caráter raivoso, e ao seu interesse em fortalecer o poder real contra a nobreza e contra qualquer tipo de detrator, às vezes agindo de forma bastante cruel. Embora fosse o único filho legítimo de seu pai Afonso XI, tinha vários meio-irmãos, que acabaram se juntando ao mais velho deles, Enrique, que disputaria o trono em uma longa guerra civil. 

Antes de continuar, gostaria de comentar que, embora seja comum o erro de considerar que o Palácio Mudéjar é anterior ao Palácio Gótico pelo fato de um ter estilo muçulmano e outro cristão, a verdade é que o Palácio Mudéjar foi mandado edificar posteriormente por D. Pedro I, tataraneto de Afonso X, sob cujo reinado foi edificado o Palácio Gótico.

Na sua construção colaboraram artesãos de Toledo, Granada e da própria Sevilha. De acordo com as investigações arqueológicas, o palácio de Dom Pedro era um projeto de um edifício totalmente novo, mas que foi erguido num local onde existiam construções anteriores, e resultou em uma obra com uma superfície superior a 2.500m².

A fachada do palácio apresenta toda a sua riqueza e ostentação mudéjar, dividindo-se em um corpo central e dois corpos laterais, compondo um magnífico arranjo nos dois andares do prédio. É no corpo central que fica a porta de acesso ao interior, emoldurada por dois arcos multilobados, que são arcos com vários segmentos circulares sobre colunas de mármore. 


Fachada do Palácio Mudéjar de Dom Pedro I

Na parte superior foram dispostos sete pequenos arcos  semelhantes, também sobre colunas de mármore. Sobre os arcos, um belíssimo painel composto por diversos materiais: ao centro uma parte em azulejos azuis e brancos onde se lê a inscrição em árabe "Não há vencedor senão Alá" e na moldura a inscrição em gótico que diz "O mui nobre, poderoso conquistador, Dom Pedro, pela graça de Deus, Rei de Castela e Leão, manda fazer estes Alcázares, estes Palácios e estas Portadas em 1402". 

E no topo, um riquíssimo trabalho de entalhes em madeira, chamado de muqarnas policromadas, que é uma forma de abóbada ornamentada da arquitetura islâmica, que se subdivide em um grande número de pequenos pontos, produzindo uma espécie de estrutura celular. 

Em ambos os lados do arco central, no piso inferior, existe uma arcada de quatro arcos decorados com sebka, uma decoração arquitetônica típica da arquitetura mudéjar, consistindo uma grande rede de arcos reticulados que se cruzam formando diamantes. Estes arcos são sustentados por colunas de mármore. 

Já a parte superior dos corpos laterais da fachada apresentam uma galeria com um padrão composto de um arco maior ao centro e três arcos menores nos lados opostos, sustentados por colunas de mármore colorido, completando assim a esplêndida fachada como se fosse uma tapeçaria, amarrando os vários trabalhos decorativos de artesãos de diferentes técnicas e origens.

Painel na fachada do Palácio Mudéjar em madeira e azulejos

Detalhe das janelas
Detalhe das janelas

O interior é estruturado em torno de dois núcleos, um dedicado à vida oficial e protocolar da corte que se localiza em torno do Patio de las Doncellas, em português Pátio das Donzelas. E o outro para a vida privada em torno do Patio de las Muñecas, em português Pátio das Bonecas. 

Dá-se acesso a um hall de entrada em que há de se destacar a borda de gesso esculpido emoldurando o teto em alfarje, técnica em madeira entalhada e artisticamente entrelaçada, lembrando uma tapeçaria. E percorrendo as galerias do hall de entrada podemos observar também os belíssimos azulejos coloridos formando uma meia-parede, no mais puro estilo mudéjar.

Se formos à esquerda, um corredor nos levará ao Patio de las Doncellas, enquanto um corredor que começa pela direita nos levará ao Patio de las Muñecas.


Hall de Entrada

O Patio de las Doncellas é o pátio principal, obra-prima da arte mudéjar andaluza. E este era o local em que o Rei cumpria seus deveres oficiais e entretinha seus convidados, sendo este pátio cercado pelas salas mais importantes e impressionantes do palácio.

É um pátio retangular com uma longa piscina de ponta a ponta, ladeada por uma passarela em ambos os lados. Ao longo de toda a lateral das passarelas existem canteiros gramados com algumas árvores, em um desnível de aproximadamente um metro para baixo e decorados com arcos semicirculares entrelaçados, com relevos de sebka e gesso.

O Patio de las Doncellas está rodeado por quatro galerias coroadas por belos tetos em caixotões de madeira com formas poligonais, estreladas e policromadas, com um total de vinte e quatro arcos lobulados que dão acesso a alguns quartos para os hóspedes. Nos seus arcos rendilhados que decoram o pátio é possível ver vários símbolos cristãos e muçulmanos. 

Já no andar superior foram dispostos apenas quartos particulares. A decoração é toda em arcos semicirculares, alternadamente simples e duplos, suportados por colunas de mármore com capitéis jônicos feitos em Gênova por Antonio da Carona e Bernardino da Bissone.


Patio de las Doncellas

Caminhando pelo Patio de las Doncellas encontramos galerias e aposentos decorados com belos azulejos e os impressionantes tetos mudéjares. Os mais importantes neste piso são a Alcoba Real, o Salón de los Embaijadores, o Salón del Techo de Carlos V, entre outros. No piso superior do palácio estão os apartamentos reais, redecorados no século XVIII século.

Eu acho que o mais interessante é começar a visita pela Salón del Techo de Carlos V para fazer o percurso completo e terminar na Sala de los Pasos Perdidos, que dá acesso ao Patio de las Muñecas e ao piso superior.

O Salón del Techo de Carlos V, em português Salão do Teto de Carlos V, recebe seu nome por causa do Imperador Carlos V, que mandou construir especialmente para a ocasião do seu casamento com D. Isabel de Portugal, um magnífico teto de madeira composto por caixotões octogonais e losangos, com os brasões e emblemas de seu reinado, feito entre 1541 e 1543 por Sebastián de Segovia.

As suas grandes portas de madeira têm rendas mudéjares e acredita-se que poderia ter sido uma capela, devido à inscrição de Corpus Christi na porta. É um conjunto de três quartos ligados por arcos e que partilha uma destas salas auxiliares com a Sala de los Infantes, à qual está ligada por um arco de meio ponto com vários alfices e rebocos policromados. 

Esta sala tem acesso à galeria exterior e ao chamado Jardín de Troya, de onde se pode visitar os enigmáticos Baños de Dona María Padilla e os restantes jardins que rodeiam o Palácio Mudéjar.

Salón del Techo de Carlos V
Jardín de Troya

Continuamos para a Sala de los Infantes ou Cuarto del Príncipe, em português Sala das Crianças ou Quarto do Príncipe, composta por uma sala central e duas salas menores de ambos os lados, os quartos. 

Ganhou seu nome em alusão a Don Juan de Aragón y Castilla, segundo filho dos Reis Católicos, Fernando II de Aragón e Isabel de Castilla, que nasceu precisamente neste local no verão de 1478. Acredita-se que em seus primeiros tempos foi provavelmente o apartamento de verão da Rainha. Os belos telhados destes quartos misturam rendas mudéjares com elementos renascentistas. 

A partir desta sala pode-se acessar o Jardín de las Galeras e à antecâmara do Salón de los Embajadores. Vale a pena dar uma passada rápida pelo Jardín de las Galeras, que recebeu seu nome devido às galerias que bombardeavam água para o palácio. Hoje nada resta destas galerias, o jardim é composto por quatro canteiros com uma rica variedade de flores e arbustos mediterrâneos. No seu centro ergue-se uma coluna de mármore em homenagem ao rei Al-Mutamid, governador e poeta de Sevilha. 

Sala de los Infantes
Jardín de las Galeras

A seguir, encontramos o Salón de los Embajadores, em português Salão dos Embaixadores, o lugar mais suntuoso do palácio. Possui uma planta quadrada e é coberta por uma espetacular cúpula hemisférica dourada, feita por Diego Ruiz em 1427. Sob a cúpula há um friso gótico com retratos de monarcas. Esse friso de madeira é medieval, mas os retratos foram substituídos em uma reforma que ocorreu entre 1599 e 1600. Existem 56 quadros pintados por Diego de Esquivel em ordem cronológica, de Chindasvinto a Felipe III. Pedro I está localizado na metade sul do muro.

As paredes, como em outras salas do palácio, são decoradas com azulejos e gesso. No topo da sala existem varandas de madeira construídas no final do século XVI. Nos dois lados, há entradas com duas colunas de mármore que sustentam arcos triplos em ferradura.

Ao lado do Salón de los Embajadores há duas salas menores, denominadas Salón de los Sevillanos e Salón de los Toledanos, todas ligadas entre si e o Salón del Techo de Felipe II que veremos a seguir. A decoração destas salas apresentam placas de gesso cortadas e perfiladas que representam figuras de reis, príncipes, cavaleiros, damas, torneios e animais fantásticos. 


 O Salón de los Embajadores

O teto

Visão panorâmica
do Salón de los Embajadores
Os arcos


Ao lado do Salón de los Embajadores fica o Salón del Techo de Felipe II, em português Salão do Teto de Felipe II, ou também conhecido pelo nome de Salón de la Media Caña. Ambos os nomes aludem claramente à curvatura do teto em caixotões ou à sua construção nos tempos deste monarca, entre 1589 e 1591. De influência claramente renascentista, os caixotões quadrados e em forma de cruz são obras de Martín Infante e com pinturas de Baltasar de Bracamonte.

É um salão retangular e o maior em extensão dos que compõem o Palácio de Dom Pedro I e entre as duas salas abre-se um arco triplo em forma de ferradura sobre belas colunas de mármore e capitéis califados, e é conhecido como Arco de los Pavones em alusão às aves que o decora. De realçar também o belo friso que corre por cima dos arcos triplos com silhuetas douradas de várias aves. Trata-se de um belíssimo conjunto de estuques mudéjares inspirado em modelos de tecidos orientais, nomeadamente persas.

De uma de suas paredes abre-se um arco adornado com rebocos mudéjares, que, através de um portão, comunica com o Jardim do Príncipe. E através de suas janelas pode-se ver o vizinho Jardín de las Flores.

Salón del Techo de Felipe II

Detalhe do teto em caixotões
Arco de los Pavones
Jardín del Principe

Uma das salas adjacentes ao Salón del Techo de Felipe II é a Sala del Techo de los Reyes Católicos, uma pequena sala quadrada, que liga as áreas públicas do Patio de las Doncellas às áreas privadas do Patio de las Muñecas.

É recoberto por um magnífico teto feito durante o governo dos Reis Católicos onde estão representados os escudos, as armas e os lemas de todos os reinos da Península Ibérica no final do século XV. É uma das poucas salas do palácio que preserva o piso original.


Detalhe do teto do Salón de los Reyes Católicos

Para finalizar a visita às salas do Patio de las Doncellas, vamos conhecer a Alcoba Real, também conhecida como Cuarto Real, uma sala dividida em uma câmara e um quarto com alcovas de cada lado, anteriormente separadas por cortinas que pendiam dos arcos. As duas salas principais são divididas por arcos de ferradura enquadrados por uma linha denominada "alfiz" e são coroados por conchas, símbolo do ciclo vital do ser humano.

O “alfarje” ou forro da sala principal, do século XIV, contém decoração rendilhada. Um pedestal de azulejos corre ao longo da parte inferior da parede dos quartos. O piso de barro original se mistura com o piso de mármore renascentista da reforma realizada por Carlos V no Alcázar.


Alcoba Real

E por fim, ao lado da Alcoba Real fica o Salón de los Pasos Perdidos. Este espaço, assim como o Salón del Techo de los Reyes Católicos, também liga a área pública com a área privada. Aparentemente, recebe esse nome porque sua única missão é comunicar a Alcoba Real e o Patio de las Doncellas com o Patio de las Muñecas. 

O teto foi restaurado em 2008, descobrindo-se que, embora a sala seja do tempo de Dom Pedro I, o teto em caixotões parece ser do tempo dos Reis Católicos, a julgar pelos anagramas descobertos durante a intervenção. Suas paredes têm frisos de gesso e as portas que dão para o pátio são decoradas com rendas, entre as quais se destacam figuras de seis braços de forma circular. As duas janelas desta sala estão decoradas com estrelas e rodas de oito braços.


Salón de los Pasos Perdidos

Do Salón de los Pasos Perdidos temos acesso ao Patio de las Muñecas, em português Pátio das Bonecas, que era o pátio privado da família real. O nome "das Bonecas" é antigo, acredita-se que data de 1637, quando o historiador Rodrigo Caro especulou que poderia ser chamado assim porque era onde as crianças eram criadas ou porque é um pátio muito pequeno. Atualmente acredita-se que pode ser devido aos rostos de meninas ou bonecas esculpidos nos desenhos dos arcos, o que costuma divertir os visitantes que tentam descobrir as carinhas de bonecas entalhadas em nove pontos diferentes da sala. Segundo a tradição, "traz sorte" a quem as encontra por seus próprios meios sem ajuda de ninguém.

Acredita-se que esta área do palácio foi destinada à rainha, sendo um pátio doméstico mas mesmo assim ricamente decorado, com uma belíssima ornamentação de azulejos e arabescos de estuque. É um pátio mais intimista, cheio de delicadeza e na minha opinião o mais surpreendente de todo o palácio mudéjar. É a partir deste pátio que temos acesso ao andar superior do palácio onde estão localizados os Apartamentos Reais que foram redecorados no século XVIII.

Durante os séculos XVI e XVII foi construída uma galeria alta com arcos rebaixados sobre colunas de mármore e parapeitos do mesmo material, mas no século XIX sofreu uma reforma na qual foi acrescentado uma cornija com muqarnas e um mezanino neomudéjar entre o térreo e o primeiro andar. E também foram levantados os atuais dois pisos superiores do pátio e a cobertura de vidro que configuraram sua aparência atual.

O piso térreo do Patio de las Muñecas é todo rodeado por uma galeria com frentes assimétricas de extrema beleza, com arcos assentados em colunas califais, alternando as de mármore branco com as de preto e rosa. Suas colunas de mármore parecem ter sido trazidas de Córdoba, vindas da Medina Azaraha e trazidas para Sevilha por Al-Mutamid. Os estuques também foram intensamente retocados durante as reformas, embora restem vestígios dos antigos arcos, painéis, frisos e ornamentos em cada uma das frentes.

Este pátio tem acesso particular a partir do Hall de Entrada através de um corredor estreito, disposto em eixo angular, permitindo o acesso direto desde a zona residencial ao pátio principal, sem necessidade de passagem pelo setor oficial no Patio de las Doncellas.


O Patio de las Muñecas 

Os andares e galerias

As colunas
Um dos acessos ao pátio

As bonecas

A cobertura

Detalhe dos estuques

Para conhecermos o andar superior do Palácio Mudéjar de Dom Pedro I será necessário acessar a Escalera al Cuarto Real Alto que dá acesso à todo o espaço de vários aposentos que a realeza habitava naqueles tempos e que ainda hoje é ocupado pelos reis da Espanha quando visitam Sevilha.

Vou ser sincera: não consegui encontrar informações precisas sobre este espaço, principalmente sobre como acessá-lo, mas vou deixar abaixo um roteiro sobre o que eu consegui entender.

As salas conhecidas como Palácio Alto ou Cuarto Real Alto ocupam o andar superior do lado direito do Patio de la Montería, bem como o andar superior do Palácio de Dom Pedro I. O acesso é feito por uma magnífica escada de 3 patamares, que se encontra fora do palácio, mais precisamente no Patio de la Montería, bem no canto entre a Casa de la Contratación e o Palácio Mudéjar.

A entrada ao Cuarto Real Alto é uma visita à parte e custa mais € 4,50, sendo indicado adquirir os bilhetes com bastante antecedência on-line para evitar filas. O acesso é limitado, quer no número de 15 pessoas por grupo, quer nas horas de visita que estão quase sempre preenchidas. A visita demora 30 minutos, é acompanhada por um segurança e é fornecido à entrada um audio-guia, diferente dos que são usados no resto do Alcázar. É proibido fotografar e você deverá deixar seus pertences em armários com fechaduras, alugando com moedas de 1€, posteriormente restituída.

Abaixo, um mapa do primeiro andar, ou Cuarto Real Alto, do Palácio Mudejár, para se ter uma ideia da localização dos principais aposentos.

Mapa dos aposentos do Cuarto Real Alto

Observação: enquanto espera a formação do grupo que vai seguir a visitação exclusiva, vale a pena dar uma passada na Exposición de Lozas y Azulejos de Triana e en la Colección Carranza, que estão expostas nas várias salas da galeria superior, antes da entrada propriamente dita do Cuarto Real Alto. Para tentar resumir, Don Vicente Carranza, dono da coleção, sempre se dedicou profissionalmente à cerâmica aplicada à construção, e nos seus momentos livres garimpava para sua coleção pessoal vários exemplares de cerâmicas que encontrava em mercados e feiras populares em Madrid, Sevilha, Lisboa ou Paris, bem como antiquários e até casas particulares. 

O resultado de todo esse esforço é a Coleção Carranza, uma das mais notáveis coleções de cerâmicas do país seja pela quantidade como pela qualidade das peças, datadas entre os séculos XII e XVIII e está avaliada em mais de um milhão de euros. A coleção tem exposições permanentes no Museu Regional de Daimiel, no Palácio de Santa Cruz em Toledo, e esta aqui no Reales Alcázares de Sevilla, que leva o nome de "Miguel Ángel Carranza García" em homenagem a seu filho, que morreu prematuramente aos 38 anos. Está distribuído em três salas nesta galeria superior: na Sala 1 a exposição "Os azulejos de Sevilha mudéjar", na sala 2, a exposição "Dorados de Triana" e na sala 3 a exposição "Um mundo de devotos e galantes".


Algumas peças expostas da Coleção Carranza

Voltando à nossa visitação, é importante destacar que todo o segundo andar do palácio Mudéjar foi construído no século XIV por Felipe II, embora tenha sido reformado pelos Reis Católicos no século XIX. Esta parte do Alcázar era considerada a residência oficial da realeza, seja quando estava em visita à cidade ou quando fixavam residência por longos períodos de tempo, como foi o caso de Felipe V, Fernando VII e Isabel II. Até os dias atuais, continua sendo utilizada pela família real ou chefes de estado quando em visita à Sevilha e é o palácio real mais antigo ainda em uso na Europa.

Inclui várias salas como o Dormitorio e la Capilla de la Reina Isabel, a Sala de Audiencias, o Dormitorio de Dom Pedro I, o Mirador de los Reyes Católicos, com uma das melhores vistas de todo o Alcázar, entre outros, e em todos eles devemos destacar os belos exemplares do mobiliário do século XIX e as magníficas tapeçarias das Coleções Reais.

Sobre a Escalera Real, ou em português Escadaria Real, que nos leva ao andar superior, ela foi construída durante o reinado de Felipe II e possui um esplêndido teto em caixotões, sendo decorado por uma base de azulejos sobre a qual se repetem constantemente a imagem dos escudos de Castilla y León e a legenda Plus Ultra. Destaca-se também a pintura de San Cristóbal.


A Escalera Real

Devo confessar que é uma dificuldade conseguir as informações necessárias para se fazer um texto fiel sobre o Cuarto Real Alto. Vi inúmeros comentários e desabafos de visitantes e turistas sobre a tutela do departamento do Patrimônio Nacional, feita à esta parte do Palácio Mudéjar. Nem questiono o valor cobrado à parte ou o fato das visitas serem limitadas a grupos reduzidos, acho até justo visto que é uma área eventualmente habitada pela família real e que expõe várias peças decorativas de alto valor cultural. Sem falar que é proibido tirar fotos dos aposentos. Por isso, o que me deixa pasma é a quase total ausência na internet de fotos ou informações sobre os quartos que compõem o espaço. É quase impossível encontrar explicações válidas e fico com uma enorme dúvida se estou relatando algo correto. Com as poucas fotos disponíveis na internet você não tem certeza de que ambiente elas pertencem... Parece que eles querem guardar a história só para os turistas que pagam um mísero ingresso, deixando de compartilhar virtualmente com o resto do mundo... Frustrante!

Enfim, vou dar meu melhor!!! Analisando as poucas fotos que encontrei na internet, uma delas chama mais a atenção, pois se você pesquisar "Cuarto Real Alto" é ela que vai aparecer com maior frequência. Mas infelizmente você não consegue descobrir exatamente qual aposento ela retrata, pelo pouco que consegui descobrir acredito que seja a Sala de Audiencias, mas realmente só vou conseguir confirmar "in loco".


A foto mais divulgada do Cuarto Real Alto

A primeira sala localizada logo no topo da escada, é a Sala de la Reina Isabel, la Católica, que na realidade é composta por 3 aposentos distintos: o átrio ou vestíbulo, o dormitório propriamente dito e o oratório e sua antessala. Eles ocupam uma das faces que dá vista para o Patio de las Muñecas. Atualmente, todo o Cuarto Real Alto tem uma decoração romântica, concedida durante o reinado de Isabel. De fato, a rainha viveu nesses quartos quando seu filho Alfonso XII já reinava. Apesar disso, praticamente todos os monarcas espanhóis desde D. Pedro I deixaram sua marca nessas salas, principalmente durante os séculos XVI, XVII e XIX, com ampliações e reformas.

Depois de entrar no átrio, onde estão penduradas algumas das magníficas tapeçarias de Felipe V, chega-se ao chamado Oratório de Isabel, a Católica. Embora a rainha nunca a tenha visto terminada, pois faleceu no mesmo ano de 1504, esta pequena capela é uma joia da azulejaria renascentista. O altar em azulejo é uma obra-prima, da autoria de Niculoso Francisco Pisano e representa a visita da Virgem a sua prima Santa Isabel. Ao lado do oratório localiza-se o que quase certamente poderia ter sido o quarto da rainha no inverno. A sala tem um magnífico teto em caixotões com os símbolos dos Reis Católicos. Infelizmente não existem fotos na internet que mostrem o dormitório da Rainha Isabel.


O Oratório da Rainha Isabel, a Católica

Dos aposentos da Rainha Isabel, passamos pelo Antecomedor del Comedor de Gala, uma antessala que nos leva ao Comedor de Gala, em português Sala de Jantar de Gala.

É uma sala quadrada coberta por um teto de caixotões do século XV que, por uma de suas paredes frontais, se comunica com as galerias superiores do Pátio de las Muñecas, por outra com a Sala de Jantar de Gala e pela terceira com a Galeria ou Corredor del Príncipe.


A galeria no Patio de las Muñecas

Chegamos ao Comedor de Gala ou Sala de Jantar de Gala, uma sala retangular e muito comprida presidida por uma grande e majestosa mesa de jantar. Este aposento deve ter sido construído no reinado de Felipe II, mas no século passado sofreu uma transformação radical que nos impede sequer de imaginar o seu aspecto anterior. Antigamente tinha um teto em caixotões que foi substituído por um teto elisabetano baixo e três claraboias abertas que fornecem luz ao ambiente.

É de destacar as esplêndidas luminárias da Real Fábrica de La Granja que adornam esta sala, especialmente a central, assim como a rica coleção de tapeçarias de vasos com flores, guirlandas e colunas, no estilo pompeano, que adornam as paredes desta linda sala, e também as clássicas cadeiras setecentistas.

Essa sala tem diversas portas de comunicação com vários outros aposentos, além da própria passagem de que vem do Antecomedor. Ela se comunica com a Galeria do Príncipe, que dá vista para o Jardín del Principe, e também com a Sala dos Fumadores e a Sala de Bilhar. E tem também um balcão elevado que se abre para a Sala dos Embaixadores no piso inferior e de onde pode se ter uma vista magnífica sobre este soberbo espaço e dela podia-se acompanhar os bailes e saraus que outrora ali se organizavam.


O Comedor de Gala ou Sala de Jantar de Gala

A Sala de los Embajadores vista do balcão do Comedor de Gala

Existem duas salas ligadas ao Comedor de Gala, ou Sala de Jantar de Gala, que foram executadas ou pelo menos remodeladas nos anos finais do reinado de Felipe II, que são a Sala de Fumadores e a Sala de Bilhar.

As duas peças estão cobertas por duas magníficas coberturas cuja construção é atribuída ao Mestre de Carpintaria Martín de Infante na última década do século XVI, portanto no reinado de Felipe II. Todos os telhados encontrados na parte ocidental do palácio são devidos a este mestre. A cobertura que reveste a Sala de Fumadores tem uma forma curva, com caixotões octogonais que, unidos, formam losangos e pequenos quadrados e são decorados com motivos florais. Todo o conjunto assenta num amplo friso, também em madeira e com o mesmo tipo de decoração. 

A Sala do Bilhar é recoberta por outro forro com caixotões dispostos em grelha, alternando caixotões quadrados com decoração geométrica e outros mais pequenos que incluem temas florais. Mais uma vez, todo o conjunto assenta num friso profusamente decorado.

Sala de Fumadores
Sala de Bilhar

Em seguida chegamos ao Mirador de los Reyes Católicos, uma sala longa e retangular que foi construído no século XV. Suas paredes frontais principais são compostas por seis aberturas com arcos de ferradura duplos que se abrem para os jardins e a galeria superior sul do Patio de las Doncellas. As paredes são decoradas com estuque de renda mudéjar nas faces exteriores e falsas claraboias góticas, com os emblemas heráldicos dos Reis Católicos, na face interior.

No século XVI, esta sala foi amplamente remodelada, transformando-a numa sala mais resguardada para usos invernais. Assim, suas arcadas foram muradas e uma chaminé francesa foi construída na parede sul. O telhado antigo, embora respeitado, foi coberto por um novo teto mais baixo. Nas restaurações realizadas entre 1976 e 1977, foi devolvido ao seu estado original, abrindo novamente suas janelas e restaurando seu telhado primitivo. No decorrer destas obras foi também esculpida uma escada de ligação com a Sala de Jantar Familiar, peça que lhe é contígua.

Devemos destacar o mobiliário em geral do século XIX com esplêndidas cadeiras, consoles e espelhos, bem como a coleção de luminárias e tapetes. E também que quase todos os aposentos do segundo andar dão acesso às galerias que dão vista para o Patio de Las Doncellas.

Mirador de los Reyes Católicos


As Galerias sobre o Patio de las Doncellas

O Dormitorio ou Cuarto de Dom Pedro I foi construído por volta de 1350 e ocupa o canto sudoeste do andar real, sendo delimitado com o edifício de Afonso X ou Palacio Gótico. Foi destinado a Dom Pedro I que mandou construí-lo no andar superior do palácio para sua segunda esposa Dona Maria de Padilla porque o piso térreo era muito frio e úmido, e assim poderia protegê-la do frio que tanto mal fazia a ela.

A sua antiguidade e estilo mudéjar são denotados pelos atauriques mouriscos e pelas decorações epigráficas que exibem as suas paredes, assim como o esplêndido telhado mudéjar rendilhado, todos eles policromados e dourados. É uma sala quadrada que originalmente tinha dois pequenos quartos ao seu lado, abertos por arcos centrais. Durante o século XVI foram realizadas reformas consistindo na renovação da pintura das paredes, tetos, portas e janelas. O seu único mobiliário é composto por um toucador e mesa de prata que pertenceram à Rainha Isabel e que é uma preciosa peça feita por ourives do século XIX.

Dormitorio de Dom Pedro I

Do lado oposto ao Dormitório de Dom Pedro I e ao Mirador de los Reyes Católicos fica a Antesala de Audiencias e a Sala de Audiencias.

A Antesala de Audiencias é uma sala ricamente decorada onde se destacam as banquetas francesas, as tapeçarias flamengas, os vários consoles e espelhos com molduras douradas e os inúmeros relógios que fazem desta sala uma das mais ricas e solenes do andar superior. Estas tapeçarias, as mais antigas existentes no Alcázar, pertencem à coleção flamenga de Juan de Raes "el Joven" e representam a História do Cupido e do Amor. Juntamente com a Sala de Audiencias eram conhecidas pelo nome genérico de Cuarto de Hércules ou de las Cinco Cuadras e no século XVII, como Sala do Senhor Rei Dom Pedro.


Antesala da Sala de Audiencias

E por fim, chegamos à Sala de Audiencias, o aposento mais suntuoso do Cuarto Real Alto, sendo juntamente com o Dormitorio de Dom Pedro, os dois únicos quartos existentes no piso superior com a organização primitiva do palácio mudéjar do século XIV.

É constituído por uma sala central retangular e todas as suas paredes apresentam uma organização tripartida através de arcos sustentados por colunas de mármore de diversas cores e com capitéis califados e renascentistas. A frente norte se abre para a fachada do palácio em uma galeria estreita coberta por uma abóbada muqarnas. A base inferior das paredes é coberta por esplêndidos e originais azulejos policromados, enquanto o restante das paredes são enriquecidas com finos trabalhos em estuque com motivos atauriques e epigráficos, bem como muqarnas. Seu telhado é de madeira com temas de renda, que foi refeito em 1909 por José Gómez Otero.

Das suas janelas pode-se ter uma das vistas mais surpreendentes do Alcázar, porque através do Pátio e dos Jardines de la Montería podemos ver os volumes da Catedral e sua esbelta torre, a Giralda.


Sala de Audiencias


Sala de Audiencias

Bom, concluímos assim os principais aposentos do Cuarto Real Alto e para seguir a visitação do Real Alcázar de Sevilha devemos retornar ao Patio de la Monteria, do qual já vimos a Casa de Contratación e o Palácio Mudejár de Dom Pedro I. 

Sendo assim, para finalizar, à esquerda de quem entra no Patio de la Monteria, fica a Galeria Dieciochesca, o Patio del Crucero, o Palácio Gótico e o acesso à maioria dos jardins do Real Alcázar de Sevilha. E é pra lá que nós vamos agora!!

Em seus primórdios, o Patio del Crucero tinha dois níveis: o mais baixo, cerca de cinco metros abaixo do nível atual, tinha o arranjo típico dos jardins árabes, divididos em quadrantes delimitados por sebes, com uma longa piscina central e duas piscinas nas extremidades. A parte superior tinha a mesma altura de agora, com quatro galerias que o circundavam e dois caminhos centrais, em forma de cruz.

Após o terremoto de Lisboa, o jardim inferior foi coberto, enchendo-o de terra e formando o atual pátio retangular. Os vestígios visíveis deste andar inferior e a única parte que permanece até hoje são os chamados Banõs de Doña María Padilla, e que são acessados ​​a partir do Jardín de la Danza, que falaremos mais adiante no roteiro.

Hoje, o Patio del Crucero é acessado através da Galeria Dieciochesca, que foi construída após o terremoto de Lisboa em 1755, que afetou gravemente o complexo. A remodelação foi encomendada ao engenheiro militar Sebastian Van der Brocht, que estava finalizando os detalhes da construção da Real Fábrica de Tabacos e consistiu em solidificar a maior parte do nível inferior, formando um pátio retangular como podemos ver hoje. É constituído por quatro jardins delimitados por sebes, com um corredor central muito largo e uma única galeria, à entrada do palácio.

Galeria Diociochesca

Patio del Crucero e o acesso vindo da Galeria Diociochesca
Porta de acesso da Galeria para o Patio del Crucero

Cruzando o Patio del Crucero, encontramos a fachada principal Palácio Gótico de Afonso X, construído em 1254 sobre algumas das estruturas pré-existentes criadas pelos habitantes muçulmanos que habitaram o palácio de Sevilha. Destas estruturas hoje só resta o Patio del Yeso. Ele representa o triunfo da ideologia cristã contra o passado muçulmano.

Quase dois anos depois de chegar ao poder, o rei Alfonso X, o Sábio, começou a fazer mudanças no Real Alcázar e sua maior obra no complexo palaciano foi o Palácio Gótico, sede da sua corte real, acompanhado das condutas necessárias para levar água ao monumental complexo a partir do aqueduto que vinha de Carmona. A obra inicial do Palácio Gótico, de planta retangular, com contrafortes ameados e torres nos quatro cantos, foi reformada por Carlos I e em 1755, após o terremoto de Lisboa, ocorreu outra remodelação fundamental, incluindo a decoração em estilo barroco.

Na fachada do Palácio Gótico encontramos uma galeria com cinco arcos semicirculares sobre pilastras e colunas de mármore branco. Há uma majestosa porta de ferro que dá acesso ao interior do palácio.

Galeria do Palácio Gótico
Fachada do Palácio Gótico
Porta de Entrada
do Palácio Gótico

O Palácio Gótico é composto por quatro salas que se cruzam perpendicularmente e mais tarde acabou sendo reformado por Carlos I. A sua decoração é bem diferente do resto do complexo, sendo toda em tons terrosos e feito com materiais naturais, sendo um palácio bem austero, com um teto abobado e sem grande ornamentação.

Um dos principais destaques deste palácio é o magnífico Salón de los Tapices, em português Sala das Tapeçarias, que recebeu seu nome pelas seis grandes tapeçarias que representam a conquista de Tunis em 1535 pelo imperador Carlos. 

São de origem flamenga e foram tecidas por Francisco e Cornelio Van der Gotte, embora as atuais sejam cópias do século XVIII. As tapeçarias originais foram tecidas em Bruxelas, na   oficina de Willem Pannemaker, a partir de 1546 a pedido da regente Maria da Hungria, irmã do imperador Carlos. A coleção foi exibida em Londres em 1554, por ocasião do casamento entre o príncipe herdeiro Philip,mais tarde Philip II, e a rainha inglesa Mary Tudor também conhecida como Bloody Mary. No século XVIII os originais estavam tão danificados que em 1740 Felipe V encomendou as cópias em seda e lã que hoje se encontram expostas.

Este espaço é o que sofreu  mais graves danos  com o terramoto de 1755, pelo que teve de ser demolido e reerguido. Os quartos restantes necessitaram apenas de obras de reforço. A origem destas tapeçarias remontam ao ano de 1730 e representam a conquista de Túnis por Carlos I. O conjunto totalizava dez tapeçarias, sendo que seis se encontram expostas nesta sala e as outras quatro estão em Madrid. As tapeçarias do Palácio Gótico são: O mapa, A tomada de La Goleta, A tomada de Tunis, O exército acampou em Rada e o Re-embarque em La Goleta.


Sala das Tapeçarias

A Sala Principal é também conhecido como Sala de las Bóvedas ou Sala de las Fiestas, em português Sala dos Cofres ou Sala de Festas. É voltado para os jardins e preserva ainda as abóbadas originais. O nome “Salão de Festas” refere-se à celebração do casamento de Carlos V com Isabel de Portugal e posteriormente continuou hospedando os grandes banquetes e outras festas de casamento. 

Possui quatro sarjetas (pinturas feitas em tecido de sarja) encomendadas por Alfonso XIII ao pintor Gustavo Bacarisas para o Pavilhão Real da Exposição Ibero-Americana de 1929. Os temas das pinturas de sarja estão relacionadas à navegação colombiana e outras duas com escudos heráldicos. As pinturas representam cenas do Descobrimento da América: a partida dos navios de Colombo sob a proteção da Virgen de los Navegantes em 3 de agosto de 1492, a navegação das caravelas colombianas impulsionadas pelo vento atlântico em agosto de 1492, o desembarque de Colombo em a ilha de San Salvador em 12 de outubro de 1492 e a chegada do navio de Colombo ao porto de Barcelona em abril de 1493. Foram restaurados em 2020 e possuem grande valor artístico e cultural.

Metade das paredes são forradas com azulejos policromados de superfície plana, um trabalho executado por Cristóbal de Augusta em 1577 durante a reforma renascentista realizada por Filipe II, e onde ele quis perpetuar a memória de seu pai. Sobre os azulejos pendem seis grandes tapeçarias com escudos heráldicos e cenas relacionadas com a descoberta do Novo Mundo. O piso é olambrilla, combinando lajes quadradas de padrão azul com outras retangulares de mármore branco.


Sala dos Cofres ou de Festas

Existem duas portas laterais: uma delas dá acesso à uma pequena sala envidraçada chamada de Sala Cantarera, atualmente utilizada para exposições temporárias, que apresenta teto em caixotões de madeira em grelhas com motivos geométricos em cada uma delas. A partir desta sala você pode acessar o Jardim Chorrón, próximo à Lagoa Mercúrio.

A outra dá acesso à Capilla de San Clemente, criada em 1271. Hoje é presidida por um retábulo de estilo bizantino da Virgen de la Antigua, feito no século XVIII por Diego de Castillejo e contendo uma cópia anônima do original que está na catedral de Sevilha. O retábulo é coroado por um vitral que mostra as armas e o brasão castelhano-leonês. Na ala oposta à do retábulo encontra-se o coro, situado num arco rebaixado. A capela apresenta ainda dois nichos com o antigo órgão e um confessionário.

Capilla de San Clemente

Outro destaque do Palácio Gótico são os Baños de Doña Maria Padilla, um dos locais mais fotografados do Real Alcázar. São tanques de águas pluviais localizados sob o Pátio do Cruzeiro, que foram batizados com o nome de Maria Padilla, a amante e o amor da vida do Rei Pedro I.

Os Baños de Doña Maria Padilla são uma cripta abobadada de três naves, que inclui uma cisterna e que se encontra no subterrâneo do Patio del Crucero. Seu acesso se dá a partir do Jardim de la Danza, por um pátio maneirista com galeria com arcos e ornada de grotescos nas colunas, tendo ao centro a Fonte de Tróia, e e ficam ficam bem perto da Fonte del Mercurio, só descendo algumas escadas. 

Foi recentemente redescoberto após um estudo arqueológico, e sua origem é almóada. Estes banhos supostamente eram o local onde a amante do Rei Dom Pedro I, Dona María de Padilla, costumava tomar banho e segundo algumas lendas, era frequente que a bela dama se esgueirasse totalmente nua até o local para tomar banho.

Na realidade, trata-se de uma cisterna almóada dos séculos XII e XIII situada no antigo rés-do-chão do Pátio do Crucero. No tempo de Dom Afonso X foi coberta por típicas abóbadas de nervuras góticas. Existem corredores laterais onde aparecem pinturas murais renascentistas do século XVI, nos arcos e plintos, embora sejam muito difíceis de preservar devido às condições úmidas. No século XVII, foi acrescentada uma fonte de estilo maneirista, da qual só restam vestígios, no fundo da piscina e o acesso ao Jardim de la Danza foi aberto por uma abóbada de berço de azulejos na entrada.

Com o terramoto de Lisboa de 1755, foi necessário solidificar o local, o que fez com que o local virasse uma espécie de porão. A luz natural entra nas salas através das várias aberturas laterais na superfície do Patio del Crucero, que permitem a renovação do ar. Assim, as Termas apresentam uma temperatura vários graus inferior à existente na cidade de Sevilha, o que levou a que fossem mesmo dedicadas ao armazém dos Reales Alcázares.

Baños de Doña Maria Padilla

Acesso aos Baños de Doña Maria Padilla
a partir do Jardim de la Danza
Entrada dos Baños
de Dona Maria Padilla

Ao final da visitação ao Palácio Gótico, a última etapa do roteiro fica por conta dos Jardins do Real Alcázar de Sevilha. Os jardins constituem um elemento fundamental no alcázar e são os mais antigos da cidade. Desde sua criação, eles têm sofrido alterações e transformações, desde pequenos pátios ajardinados e grandes hortas. Foram reformados no século XVI e começo ao século XVII, conservando a herança muçulmana do conceito de jardins compartimentados sem nenhuma vinculação entre eles, com especial atenção aos elementos paisagísticos que o completam como fontes, canais, chafarizes além dos azulejos de forte estilo mourisco.

Bom, durante as pesquisas sobre os jardins para o blog tive a mesma dificuldade que tive com o Cuarto Real Alto... uma ausência total de informações ou um roteiro pelos jardins... Então, resolvi eu mesma fazer um roteiro que só quando eu fizer a minha viagem vou poder saber se é viável e coerente... 😁

Abaixo, um mapa do roteiro que eu fiz, com todos os jardins, portas e fontes nomeados, para facilitar a localização.


Mapa dos Jardins do Real Alcázar

Mas antes é necessário uma explicação básica sobre os jardins, pois eles são divididos em duas partes, separadas pela Galeria do Grotesco: Huerta de la Alcoba e Huerta del Retiro.

A Huerta de la Alcoba consiste nos jardins mais próximos do perímetro dos palácios, e também se subdivide em "jardins velhos" que estão mais perto dos Palácios Mudéjar e Gótico como os jardins do Príncipe, das Flores, da Galera, de Tróia, da Danza e de Mercúrio e "jardins novos" um pouco mais afastados, como os jardins das Damas, da Cruz, Inglês, Cenador de la Alcoba, Mirante do Leão e do Labirinto. Esses pequenos jardins hispano-muçulmanos que circundam o perímetro dos palácios estão sempre conectados entre si, até arquitetonicamente, como se fossem salas normais do complexo, só que sem teto. Os jardins velhos e novos estão separados por um muro, que possui diferentes portas de comunicação entre os vários espaços.


Detalhe

Já a Huerta del Retiro é composta pelos Jardins dos Poetas e do Marquês de la Vega Inclan, e que são os mais modernos e os maiores de todo o Real Alcázar. Ao final deste percurso passaremos pelo Apeadero e pelo Patio das Bandeiras, onde termina a visita ao alcázar.

Alguns dos "jardins velhos" da Huerta de la Alcoba já foram visitados durante o roteiro no Palácio Mudéjar, como o Jardín del Principe e o Jardín de la Danza. Mas como eu sou insanamente perfeccionista, vou fazer o roteiro completo com um breve resumo de cada um deles.

Detalhe dos Jardins

Começando pelo Jardín del Principe, um espaço ajardinado dividido em quatro blocos, delimitados por sebes de murta, com plantas aromáticas, palmeiras e limoeiros trazidos da Ásia e uma pequena fonte de mármore branco ao centro. Na fachada à direita encontra-se uma fiada de colunas com as suas bases e capitéis, cuja única função é ornamental, e uma galeria que se comunica, descendo por uma rampa, com o Jardim de las Flores. 

Este é um pequeno espaço com um lago retangular formado pelos restos de uma pequena gruta construída no final do século XVI, vários canteiros de flores e um nicho que abriga um busto de Dom Carlos I. Através de um caminho sinuoso rodeado por um muro alto chegamos ao Jardín de la Galera, um pequeno jardim muito frondoso com uma coluna de mármore no centro com uma inscrição em homenagem a Al Mutamid, poeta Rei de Sevilha.

E por fim chegamos ao Jardín de Tróia que tem uma fonte ao centro de origem muçulmana, do século X, com bicos em forma de cabeça de leão. A rústica galeria ornada de grotescos que fecha este jardim foi executada em estilo maneirista pelo arquiteto milanês Vermondo Resta em 1606, seguindo a moda renascentista da época. 

Jardín del Principe
Jardín de las Flores

Jardín de la Galera e a Coluna de Al Mutamid

Jardín de Troya

Em seguida chegamos ao Jardin de la Danza, um dos mais antigos do Real Alcázar e o que vemos hoje são as restaurações renascentistas feitas nos jardins árabes originais, realizadas nos séculos XVI e XVII.

O jardim está dividido em dois níveis, o superior é dominado por duas grandes colunas com esculturas de figuras mitológicas que juntamente com outras figuras esculpidas nas sebes de murta pelos jardineiros do palácio, parecem dançar, daí o nome do jardim.

No jardim inferior, existe um chafariz de azulejo com uma fonte de água, datados do século XVI, e todo o espaço é rodeado por uma bancada coberta de azulejos. Existem pequenos buracos no chão chamados de “zombadores”, através dos quais a água era borrifada inesperadamente nos visitantes.

Jardín de la Danza

Outra face do jardim

Como já mencionado acima, é pelos Jardins de la Danza que se dá o acesso para a visitação aos Baños de Dona Maria Padilla. Ao sair, seguimos nosso passeio pelos jardins encontrando o Estanque de Mercurio, em português Lagoa de Mercurio, um dos símbolos dos jardins do Alcázar. 

É uma bela lagoa presidida por uma estátua do deus grego Mercúrio, feita por Diego de Pesquera e fundida por Bartolomé Morel em 1576, também autores das grades rematadas nos seus ângulos por leões com escudos e as dezoito bolas com remates  piramidais  que cercam a lagoa. A lagoa é habitada por enormes e ativas trutas que fazem a diversão das crianças.

Ao fundo, a lagoa é delimitada pela Galeria del Grotesco, um antigo muro almóada, que começa neste espaço e continua até o final dos jardins. 


Fonte de Mercurio

Estanque de Mercurio

No início do século XVII, o arquiteto milanês Vermondo Resta transformou a antiga muralha almóada numa loggia, que começa neste espaço e continua até o final dos jardins. A galeria estende-se até o Jardín del Laberinto, através de um corredor coberto com vista para quase todos os jardins do Alcázar, aberto em ambos os lados por vãos sustentados por colunas de mármore branco e avermelhado, possivelmente de origem califada.

O estilo maneirista, introduzido por Resta, simula a rocha emergindo da parede, fundindo assim a arquitetura com a natureza e essa tendência é chamada de trabalho grotesco. A parede da galeria que dá para o lago é decorada com afrescos de Diego de Esquivel.

O muro da Galeria del Grotesco tem um comprimento de 160 metros e separa a área verde em duas áreas distintas: de um lado os jardins primitivos e, do outro, a área antiga de pomares que também foram convertidos em jardins no final do século XIX, repletos de laranjeiras e limoeiros. Esta parede conta ainda com uma galeria superior que pode ser visitada com magníficas vistas sobre os jardins, a que se acede a partir do Jardín Chorrón.

Continua em frente ao Jardín de las Damas, onde fica a Fonte da Fama, e chega aos Jardín del Pabellon de Carlos V, onde encontramos a grande Porta do Privilégio, que os liga ao jardim exterior dos Poetas. 

Galeria del Grotesco vista do Estanque del Mercurio


Galeria del Grotesco vista do Jardín de las Damas

Descendo as escadas do Estanque de Mercurio, voltamos para o Jardín de la Danza e é daqui que temos o acesso ao Jardín de las Damas, que margeia toda a Galeria del Grotesco.

O Jardín de las Damas já existia no século XVI, mas era um pequeno jardim que ladeava o alcázar fora das muralhas com pomares públicos, o que reduzia a privacidade dos habitantes do palácio. No início do século XVII, o mesmo arquiteto que fez a Galeria del Grotesco, Vermondo Resta, ampliou e redesenhou todo o jardim para que se pudesse percorrê-lo sem ser observado ou ouvido por estranhos.

De acordo com o novo esquema, o jardim foi projetado com uma superfície de quatro mil metros quadrados, de formato retangular dividido em oito compartimentos ao longo de um eixo central com fontes nas interseções dos caminhos, delimitados por sebes. 

Jardín de las Damas

Enquanto as fontes nos passeios laterais são baixas, a fonte central do século XVIII se destaca pela sua beleza, feita toda em mármore e encimada por uma estátua em bronze representando o Deus Netuno.

Como já mencionei, o Jardín de las Damas é delimitado em um de seus lados pela Galeria del Grotesco e bem ao centro se encontra outra fonte, a monumental Fuente da Fama. Construído entre 1614 e 1619, é um órgão hidráulico do século XVII que é atualmente o único órgão-fonte do período barroco conservado em Espanha e um dos três conservados na Europa.

É uma representação alegórica da fama e nos deixa claro a importância que a água desempenhou nos jardins do Alcázar em séculos passados. A fonte possuia diferentes mecanismos hidráulicos, cuja função era produzir sons a partir da transmissão do ar. Mas o terremoto de Lisboa e as diversas reformas efetuadas no chafariz e na Galeria do Grutesco puseram fim ao funcionamento destes mecanismos. 

Em 2006, o professor de Arqueologia Leonardo Lombardi restaurou esta câmara hidráulica com um novo mecanismo, um órgão hidráulico automático que funciona com a pressão do ar produzida pela água, baseado no sistema que tinham as fontes das vilas italianas da época. O inglês Rodney Briscoe também participou desta restauração, sendo o único artesão capaz de restaurar este tipo de maquinaria e que passa anualmente por Sevilha para revisão. 

De hora em hora, a Fonte da Fama nos delicia com duas peças musicais, uma sacra e outra profana. A primeira é a Canção LXVIII da Imaculada Conceição, a segunda, mais longa, Glosas sobre a Canção Simples. Ambas as peças foram compostas no século XVII pelo sevilhano Francisco Correa de Arauxo.

A Fuente de Neptuno
A Fuente de la Fama

Do Jardín de las Damas vamos continuar a visitação passando por uma das portas do jardim que nos leva aos jardins do Pabellón de Carlos V, ao Cenador de León e ao Jardín del Laberinto.

A ampliação do Jardín de las Damas realizada por ocasião do casamento do imperador Carlos V com sua prima Isabel de Portugal abrigou um novo espaço chamado Cenador ou Pabellón de Carlos V, em estilo plateresco e mudéjar, obra de Juan Fernández concluída em 1546. Seu acesso é feito a partir do Jardín de las Damas pela Puerta del Privilegio 

Tem um planta quadrada e todas as paredes, tanto interiores e exteriores, bem como os seus bancos, são revestidas com azulejos do século XVI feitos por Juan e Diego Polido. O exterior é cercado por quatro galerias com arcadas com arcos semicirculares apoiados em colunas de mármore. Possui uma abóbada hemisférica assentada sobre quatro conchas situadas nos cantos do teto em caixotões.

Pabellón de Carlos V

Puerta del Privilegio
Jardins do Pabellón de Carlos V

E dos jardins do Pabellón de Carlos V podemos visitar o Cenador de León e o Jardín del Laberinto.

O Cenador de León, também chamado de Mirante de León, fica praticamente ao lado do pavilhão. Foi construído por Diego Martín Orejuela entre 1644 e 1645, e assemelha-se a uma pequena capela, tendo no exterior uma fonte decorada com um leão. No século XVII, Orejuela contruiu dois gazebos para o alcázar: o de Léon, que foi preservado até os dias atuais e o Ochavado, que já não existe mais. Este recinto está coberto por uma cúpula de azulejos externos. Em frente há uma fonte com um leão, de origem desconhecida, instalada em uma antiga piscina utilizada para coletar água.


Cenador de León

E bem ali do lado fica o "nuevo" Jardín del Laberinto, e aqui eu vou fazer uma pausa para uma explicação fundamental: existem 2 jardins de labirinto no alcázar e poucos sites explicam bem essa diferença. O Jardín del Laberinto atual, que eu inclui a palavra "nuevo" a título de nomenclatura, foi projetado nas proximidades do Pabellón de Carlos V em 1914, alguns anos depois do desaparecimento do antigo labirinto. Feito com murta, cipreste e tuia, é inspirado em modelos renascentistas. Essas sebes compõem diferentes corredores que criaram o layout labiríntico atual.

O atual Jardín del Laberinto

O antigo labirinto datava no século XVI, e se encontrava no atual Jardín de la Cruz, também chamado de Jardín del Antigo Laberinto. Ele foi encomendado pelo  Conde-Duque de Olivares, Protetor Perpétuo dos Alcázares no reinado de Felipe IV, e foi projetado com várias sebes de murta que ao centro se encontrava uma lagoa. Deste antigo labirinto não restaram vestígios, e muito menos as várias figuras que representavam caçadores, leões e veados que estavam espalhados por ele. O desaparecimento do antigo labirinto ocorreu em 1910, a mando do rei Alfonso XIII.  

Nos dias atuais, o que podemos ver neste espaço é a lagoa-fonte central em forma de gruta como réplica do Monte Parnaso e que também é conhecida como Gruta de las Sultanas. A gruta tem quatro aberturas simétricas por onde se vê duas figuras femininas unidas pelas costas e cujos seios funcionam como fontes de água.

Gruta de las Sultanas
Detalhe

Continuando o passeio pelos jardins do Real Alcázar, chegamos ao Jardín Inglês, o último dos espaços da Huerta de la Alcoba. Até o século XX, essa área era um espaço agrário, de origem medieval, conhecido como pomar de Alcoba, em espanhol huerta. Foi projetado no início do século XX pela Rainha Victoria Eugenia, esposa de Alfonso XIII, foi inspirado no estilo de sua Escócia natal. 

É um espaço amplo que se estende por trás das casas da Calle San Fernando, a rua que faz limite com o alcázar, até a Puerta e a Torre del Alcoba. Existe um muro alto que margeia a Calle San Fernando e por toda a sua extensão se sucedem colunas e fontes decorativas. 

Caracteriza-se pela sua vegetação original e pelos seus caminhos sinuosos que contrastam com a disposição dos restantes jardins. Seguindo por estes caminhos, passaremos ao lado do novo Jardín del Laberinto, que já visitamos antes. É um jardim com grandes extensões de relva, onde crescem inúmeras espécies de árvores, algumas muito raras ou mesmo únicas na jardinagem sevilhana, pois foram trazidas dos viveiros dos Sítios Reais de Madrid. 

Em 2007, uma equipe de peritos arqueólogos descobriu no subsolo deste jardim três casas antigas do período almóada e vários jarros em bom estado de conservação, tudo no que poderá ter sido um bairro islâmico do século XIII construído dentro das muralhas da primitiva cidadela árabe. Foi também encontrado um edifício visigótico de função desconhecida. Da mesma forma, constatou-se que esta zona esteve desabitada entre os séculos VI e IX, quando foi engolida pelo rio Guadalquivir numa das suas frequentes cheias.


Jardín Ingles

Chegando ao final do Jardín Ingles podemos dizer que estamos no ponto mais ao fundo dos Reais Alcázares. É onde os jardins da Huerta del Alcoba e da Huerta del retiro se encontram e se dividem. Quase no vértice deste ângulo está a Puerta de la Alcoba, anexada à torre quadrada de mesmo nome, a Torre de la Alcoba, que se podia subir por uma escada, hoje inacessível. Esta porta é o acesso do exterior aos jardins e é utilizada principalmente para a temporada de shows noturnos.

Algumas explicações: os fundos dos jardins da Huerta del Retiro fazem fronteira com o Paseo Catalina de Ribera e os Jardines de Murillo. O Paseo Catalina de Ribera é uma bela alameda ajardinada que percorre toda a extensão dos muros traseiros do Alcázar, com destaque para o monumento a Cristóvão Colombo e o monumento a Catalina de Ribera. Já os Jardines de Murillo é um parque público, com uma grande variedade de espécies botânicas e deve o seu nome ao famoso pintor sevilhano Murillo. É constituído por três espaços naturais e bem diferenciados: os jardins de las Delicias, com esculturas em mármore, os jardins de Catalina de Ribera com obras de Juan Talavera e os jardins de Murillo propriamente ditos.

Puerta de la Alcoba
Torre de la Alcoba

Paseo Catalina de Ribera

Jardines de Murillo

A partir daqui já estamos oficialmente dentro da Huerta del Retiro, que são os maiores e mais modernos jardins de todo o complexo do alcázar: o Jardín de los Poetas e o Jardín de Marquês de la Vega Inclan. O primeiro que vamos visitar é o Jardín de los Poetas que foi projetado pelo diretor-curador do Alcázar, Joaquín Romero Murube, em 1956, após a Guerra Civil Espanhola. 

Existem dois jeitos de acessar o Jardín de los Poetas: o primeiro é atravessando a Puerta del Privilege, já que este jardim está localizado do outro lado da Galeria del Grutesco. A porta está decorada com uma cartela onde se pode ver o brasão imperial com a águia bicéfala e uma fita vermelha com a legenda: “CAROLUS V IMPERATOR HISPANIARI REX”. Do outro lado da porta havia outra cartela com as mesmas características, agora desaparecida.

O outro jeito de acessar o Jardín de los Poetas é continuando o roteiro vindo do Jardín Ingles e da Puerta de la Alcoba e é este caminho que eu vou seguir. É um jardim muito amplo e se estende até o Paseo de Catalina de Rivera. Uma parte do jardim, a mais próxima do muro, imita a estética dos jardins românticos, com um traçado irregular de caminhos ladeados por sebes. 


Parte romântica do Jardín de los Poetas,
próximo ao Paseo de Catalina de Rivera

A outra parte é de estilo francês, com sebes recortadas que delimitam espaços retangulares e caminhos com traçados geométricos. É nesta parte que estão localizadas duas grandes piscinas ladeando uma fonte, que vem de um convento de Sanlúcar de Barrameda, na província de Cádiz. 

Ao lado das piscinas, sebes e caminhos as rodeiam, com grande número de laranjeiras, limoeiros e outros citrinos, uma amostra dos pomares que antigamente ocupavam aquele espaço. Nas suas extremidades temos duas áreas de descanso semicirculares com bancos que permitem ao visitante descansar.


As piscinas do Jardín de los Poetas

Em todo o Jardín de los Poetas vamos encontrar uma infinidade de fontes, chafarizes e pequenas lagoas, quase sempre que os caminhos se cruzam. E vale também ressaltar as sempre presentes palmeiras de Washington, que se destacam por serem muito altas e esguias.


Os caminhos de sebes do Jardín de los Poetas

O último jardim da Huerta del Retiro é o Jardín del Marquês de la Vega Inclán, cujo nome se deve ao conservador (acredito que seja uma espécie de curador) dos Reales Alcázares em 1913, quando a Huerta del Retiro foi transformada nestes jardins pela obra do arquiteto José Gómez Millán.

É maior que o Jardín de los Poetas, de clara influência hispano-árabe e francesa, e sua forma é semelhante a um tabuleiro de xadrez, com canteiros quase quadrados separados por ruas ortogonais. Nelas abundam árvores de frutas como tangerinas, laranjeiras, nêsperas ou pereiras. Fontes, piscinas, pedestais com vasos e bancos com azulejos Triana decoram os diferentes cantos e por isso pode ser considerado um exemplo de “jardim andaluz”.

Jardín del Marques de la Vega Inclán

Jardín del Marques de la Vega Inclán

Como acontece no Jardín de los Poetas, aqui também vamos encontrar, em quase todo cruzamento dos parterres, uma fonte ou chafariz rodeado por muretas cobertas por azulejos que servem de descanso para os cansados turistas. Ou ainda colunas de mármore e vasos de cerâmica de Triana.

E também os típicos pequenos canais tão característicos dos jardins muçulmanos enfeitavam os seus jardins. 

Muros de azulejos, colunas e vasos
Canais de água

Já bem perto da Galeria del Grotesco, avista-se uma pérgula sustentada por numerosas colunas de granito com bases e capitéis. É uma área circular que acabou sendo usada como área de picnic, coberta por uma antiga videira. Quatro bancos metálicos completam o mobiliário deste local onde antigamente se encontrava uma antiga roda d'água muçulmana.

Pérgula
 
E já quase no final do passeio pelos jardins fica a Puerta de Marchena, também chamada de Puerta de los Duques de Arcos, datada do século XV e transferida para este local em 1913 pelo então curador do Alcázar, o Marquês de la Vega-Inclán. Essa porta dá acesso ao pequeno Jardín de la China e ao Patio de la Alcubilla que veremos mais adiante. 

Sua história é bastante curiosa: ela originalmente pertencia ao palácio dos Duques de Arcos na cidade de Marchena, vizinha a Sevilha. Em 1882, quando Don Mariano Téllez Girón, Duque de Osuna, morreu com dívidas que totalizavam 43 milhões de pesetas na época, os credores se lançaram como aves de rapina sobre uma das maiores propriedades nobres que ainda restavam na Espanha. O palácio foi então adquirido por Alfonso XIII em um leilão público e foi desmontada peça por peça e remontada em seu destino final: o Alcázar de Sevilha. O valor de toda a operação foi de 8.850 pesetas, incluindo custos de desmontagem e embalagem.

É um magnífico portal em estilo gótico isabelino, com elementos renascentistas repletos de motivos heráldicos, com as armas da família Ponce de León à esquerda e das famílias Figueroa e Fernández de Córdoba à direita. 

Vale realçar a imagem de San Fiacre, padroeiro dos jardineiros, que fica em um pequeno retábulo de cerâmica junto à Porta, do lado de uma torre. E também bem perto da Puerta de Marchena e anexado à Galeria del Grotesco, podemos ver um lago com uma fonte que sai da boca do que parece um leão segurando um escudo heráldico. Infelizmente, o desgaste é tão pronunciado que os detalhes não podem ser especificados.

Lagoa perto da Puerta de Marchena
Puerta de Marchena
Imagem de San Fiacre


Neste local, junto à algumas casas do bairro da Juderia que fazem fronteira com o alcázar, conserva-se ainda uma torre e algumas partes da antiga muralha da cidade, na qual se vêm as canalizações que transportavam a água desde os canos de Carmona até os jardins do Alcázar. Faz parte de uma rua que corre junto à muralha e é chamada de Callejón del Agua, antigamente conhecida como Muro del Agua. Como ele é acessado somente a partir da Juderia, vale a visita mais para o final da tarde, quando passearmos pelo bairro.


Canalizações no Callejón del Agua

Passando pela Puerta de Marchena, encontramos dois jardins, sendo o primeiro conhecido como Jardín del Pabellón de la China e o segundo como Patio de la Alcubilla. 

O Jardín del Pabellón de la China é um pequeno espaço ajardinado, construído entre os séculos XVIII e XIX, recentemente restaurado. O edifício que ali se localiza foi criado para abrigar a coleção de cerâmica da Família Real, durante o reinado de Felipe V que e residiu no Real Alcázar de Sevilha de 1729 a 1733.

Em seguida chegamos ao Patio de la Alcubilla, também conhecido como Campo de Ténis, uma vez que os Reis Alfonso XIII e Victoria Eugenia construíram nele,no início do século XX, um campo de tênis para a prática deste esporte. É o campo mais antigo construído na Espanha e deve seu aspecto atual a uma profunda remodelação realizada na década de 1970. 

Constitui um espaço tranquilo, quase esquecido pelas centenas de turistas que diariamente visitam o monumento sevilhano. Organizado em quatro divisões, tem no seu centro uma fonte de mármore do início do século XVII que foi trazida da extinta casa que a família Sánchez Dalp tinha na Plaza del Duque de la Victoria de Sevilha. Das construções medievais que compunham este setor do Alcázar, conserva-se apenas parte de um arco mudéjar no acesso que se situa no Apeadero.

Jardin de Alcubilla

Ao final deste percurso passaremos pelo Apeadero e pelo Patio das Bandeiras, onde termina a visita ao alcázar. Também se pode aceder ao Apeadero seguindo a Galeria Dieciochesca desde o Pátio de la Montería, em cuja esquina se encontra um pátio alongado onde se situam os escritórios administrativos do Conselho de Curadores.

No início do século XVII, sob o reinado de Felipe III, Vermondo Resta projetou este espaço com três naves separadas por arcos sustentados por pares de colunas toscanas, ao estilo das basílicas romanas e das igrejas cristãs. Sua função era reorganizar a entrada do Palácio. Nos fundos encontra-se um retábulo dourado e policromado de finais do século XVII. Esta sala tem um andar alto, que durante o reinado de Felipe V, servia de Arsenal Real e que atualmente é utilizado como sala de exposições temporárias.


Apeadero

O Apeadero dá acesso ao Patio de Banderas através de uma monumental fachada maneirista, encimada pelo escudo de Felipe V. É também obra de Vermondo Resta e executada pelo canteiro Diego Carballo.

O Patio de Banderas é uma grande praça que se encontra dentro do recinto fortificado do Alcázar, e constitui a entrada principal do referido edifício para os seus ilustres ocupantes. Atualmente constitui a saída dos visitantes turísticos dos Reales Alcázares. É neste espaço que são colocadas as bandeiras indicando a presença de um rei no palácio, funcionando como a Praça de Armas do complexo militar do Alcázar.

É um espaço excepcional do ponto de vista arqueológico. As escavações realizadas em 1974, 1999, 2000 e 2009, bem como as atuais, permitiram localizar com grande precisão as transformações históricas que este grupo de edifícios sofreu ao longo dos anos, ao longo dos séculos. Os trabalhos arqueológicos permitiram afirmar que este local é provavelmente o primeiro assentamento humano conhecido na cidade de Sevilha.


Patio de Banderas

Várias escavações revelaram uma série de construções sobrepostas umas às outras, permitindo confirmar a existência de atividade humana a uma profundidade de cinco metros do nível atual. Toda esta riqueza patrimonial que repousa sob o Pátio de Banderas terminará com a construção de uma gigantesca cripta subterrânea que ocupará todo o espaço atual e que permitirá a estudiosos e visitantes admirar tantos séculos de assentamento humano reunido em um só lugar. 

Escavações no 
Patio de Banderas

Depois de todo o passeio pelos jardins do Alcázar só nos resta resumir que aqui convivem, em total sintonia, espaços de influência islâmica, renascentista e moderna. No âmbito botânico, os jardins do Real Alcázar se caracterizam por ter mais de 20.000 plantas pertencentes a pelo menos 187 espécies diferentes com destaque para as sempre presentes laranjeiras. Os jardins começaram a ser cultivados há mais de mil anos, em um espaço que ocupa atualmente uma área de cerca de 100.000 metros quadrados, dos quais cerca de 75% são jardins que se caracterizam não só pela sua dimensão e bagagem histórica, mas também como fonte de riqueza cultural e ambiental para a restante cidade.

Passear pelos Jardins do Alcázar pode ser um dos passeios mais agradáveis de Sevilha, em total apreciação de seus pátios, de sua vegetação verdejante, da grande diversidade de laranjeiras e palmeiras, de suas fontes e pavilhões onde se respira frescura e quietude, lugar para o sossego e descanso da agitação da cidade. 

Historicamente, os jardins do Alcázar fazem parte do Patrimônio Mundial da UNESCO, e hoje representam quase 40% do espaço público paisagístico do centro histórico de Sevilha, o que o transforma em uma infraestrutura inestimável para a regulação da biodiversidade, do clima ou da atmosfera da cidade.

Detalhe

Vale ressaltar que os Reales Alcázar de Sevilha ao longo de sua longa existência já foi palco para inúmeros filmes e obras famosas do cinema e da televisão. E isso se deve à variedade de estilos construtivos que possui e a sumptuosidade dos seus pátios, das suas fontes e dos seus jardins. Mas apesar das várias filmagens que se realizaram nas diferentes salas do complexo palaciano, poucas foram as ocasiões em que os Reales Alcázares desempenharam um papel próprio.

A primeira obra cinematográfica foi em 1916 quando Alexandre Promio, um repórter/cineasta francês registrou as salas palacianas do alcázar na obra A Vida de Cristóvão Colombo, embora fizesse referência à Alhambra de Granada. Depois disso o Alcázar de Sevilla já serviu de cenário para filmes famosos, como Lawrence da Arábia de 1962, The Wind and the Lion de 1975, Kingdom of Heaven de 2005 ou Knight and Day de 2010. 

Mas foi na série Game of Thrones que o Real Alcázar de Sevilha se tornou um personagem com vida própria, quando serviu de cenário, na 5ª temporada, para o Reino de Dorne, lar da Casa Martell.

Os jardins do Alcázar como cenário de Dorne 
Myrcella Baratheon
e Trystane Martell
Ellaria Sand
e as Serpentes da Areia

A visita ao Real Alcázar de Sevilha pode ser feita de forma livre, mas é recomendável alugar o audioguia (tem explicações em português) e seguir o percurso sugerido. Ou então pegar um tour em grupo, caso você não tenha estudado bem os vários palácios e jardins do complexo

O ingresso simples permite acesso a vários espaços do Alcázar (o Palácio Gótico, a Casa de Contratação, pátios e jardins…) e vai ocupar a sua manhã. Mas se quiser conhecer o Cuarto Real Alto você vai precisar pagar um extra pelo acesso.

Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
  • Endereço: Patio de Banderas, s/n
  • Horários - abre diariamente:
    • Outubro a Março (inverno): 9:30 às17 horas 
    • Abril a Setembro (verão): 9:30 às 19 horas.
    • Fechado nos dias 1 e 6 de janeiro, 25 de dezembro e na Quinta-feira e Sexta-feira Santa.
  • Ingresso - é recomendável comprar com antecedência:
    • Gratuito para crianças até 13 anos, inteira €14,50 e reduzido 6€ (estudantes dos 14 aos 30 anos e maiores de 65 anos)
    • Visita ao Quarto Real: + €5,50
  • Site: https://www.alcazarsevilla.org/
  • Entradas para Alcazar de Sevilha: https://realalcazarsevilla.sacatuentrada.es/es
E pra finalizar, se sua viagem acontecer durante o verão, você pode aproveitar para assistir o evento "Noites nos Jardins do Real Alcázar de Sevilha", um ciclo de concertos que acontece todo ano desde 2000. Este evento se consolidou como uma das propostas culturais mais atraentes do verão da capital, com recitais e concertos de orquestras, tanto nacionais como internacionais, com apresentações de flamenco, música de raiz europeia, música clássica, jazz, entre outros estilos. 

Noites nos Jardins do Real Alcázar de Sevilha

Bom, o passeio pelo Alcázar chegou ao fim e agora é hora de um bom descanso ou uma pausa para um almoço tardio ou um café com docinhos... meu roteiro original incluía visitar os Arquivo das Índias depois do Alcázar mas francamente, isso não é uma maratona... kkkk Resolvi deixar para amanhã, junto com os outros passeios e reservar o final da tarde para perambular pela Juderia... 

Saindo do Real Alcázar você vai dar de novo na Plaza del Triunfo, onde fica a entrada para o Alcázar, na Puerta de León. No centro da praça fica o Monumento a la Inmaculada Concepción, de 1918. Ao fundo, as muralhas do majestoso Real Alcázar de Sevilha.

Nesta praça estão três edifícios considerados Património Mundial por parte da UNESCO: a Catedral, o Alcázar e o Arquivo General de Indias que convivem numa estranha harmonia arquitetônica já que não têm muito em comum. A Catedral foi construída entre os séculos XV e XVI com um estilo gótico, a Casa de la Lonja onde está o Archivo de Indias foi construída no final do século XVI e o Alcázar, como já vimos, teve várias fases de construção que lhe deu características do gótico e do estilo mudéjar.

Junto ao Arquivo General está um pequeno monumento dedicado ao Triunfo, dizem que marca o lugar onde terminou uma missa que se celebrava no interior da Catedral e que foi interrompida no dia do Terramoto de Lisboa em 1755. Quando o chão tremeu, todos saíram às ruas, mas a cerimônia continuou assim mesmo.

Nesta praça é comum as carruagens puxadas por cavalos, destinadas ao turismo e chamadas de Calesa. Possui lugar para dois ocupantes, um banco dianteiro para o condutor e uma cobertura tipo capota que pode ser recolhida. Ideal para um despreocupado passeio pela cidade ou um tour mais romântico. É talvez a praça mais importante de Sevilha graças á grande concentração de monumentos de interesse.

Visão Panorâmica
da Plaza del Triunfo
Monumento a la Inmaculada Concepción
Archivo de Indias


E já que estamos bem perto, vamos aproveitar a tarde para fazer um giro pelo centro histórico, os labirínticos bairros de Santa Cruz e San Bartolomé, onde ficava o antigo bairro judeu ou juderia. Alias, acredita-se que este é o bairro judeu mais antigo da Espanha.

O bairro judeu de Sevilha foi a área da cidade em que os judeus viveram desde antes da época romana. Perseguidos pelos romanos, visigodos e muçulmanos, quando da conquista de Sevilha por Fernando III em 1248, os judeus começaram a povoar esta cidade em abundância, principalmente esta área que ficou conhecida como juderia. Seu filho, o Rei Afonso X concedeu-lhes quatro mesquitas para converter em sinagogas, correspondendo às atuais igrejas de Santa María la Blanca, Santa Cruz, Convento Madre de Dios e San Bartolomé.

Em 1391 começaram várias incitações provocados pelo alto clero da igreja contra os judeus, culminando com uma revolta onde as massas de cristãos sevilhanos entraram no bairro judeu destruindo lojas e atacando os habitantes. Esta revolta extinguiu-se com a chegada das forças de ordem, mas os responsáveis ​​ficaram impunes. Devido a essa impunidade, em 6 de junho daquele mesmo ano de 1391, a multidão entrou novamente na juderia, desta vez assassinando cerca de 4.000 judeus, ou seja, quase todos os que viviam em Sevilha. E novamente os judeus eram perseguidos, dessa vez pelos cristãos.

Em 1492 foi decretada a expulsão dos judeus da Espanha ou sua reconversão ao cristianismo. Em Sevilha não teve tanto impacto, pois após o massacre de 1391 e a insegurança que se seguiu, restaram muito poucos judeus na cidade de Sevilha. Mas esse é um dos motivos pelo qual a carne de porco tem uma importância tão grande na cultura espanhola: ela era oferecida como teste para ver se a pessoa era secretamente dessa religião.

A Juderia

No seu apogeu, o bairro era muito extenso, estando unido às muralhas do Palácio Real de Alcazár. A área judaica onde a atividade comercial era desenvolvida ficava perto da atual Praça de Santa Maria la Blanca e seus arredores, onde é documentado que tanto no âmbito do regime muçulmano quanto cristão, sempre houveram lojas e empresas cujos proprietários eram judeus.

Haviam comerciantes, ourives, artesãos, contadores, banqueiros, cobradores de impostos. E também rabinos, poetas, filósofos, astrônomos. Dentro do âmbito da medicina, que tinha muito prestígio, não havia um dignitário medieval que não tivesse um médico judeu. Inclusive, segundo o que se conta, há uma pequena porta nos muros do Alcázar que ligava diretamente com o interior do palácio. Dizem que esta pequena porta era uma passagem para que um médico judeu atendesse às emergências dentro do palácio, já que estes, podiam estudar a anatomia humana, portanto, avançaram nos estudos e possuíam melhores profissionais.


As ruelas da Juderia

O bairro, amuralhado, possuía três grandes portas. A Puerta de la Carne, que dava uma saída direta para fora da cidade e para o cemitério. Aliás, tem esse nome porque durante a Idade Média, dava acesso para um matadouro. Hoje nada resta do cemitério judeu, que ocupou uma grande área hoje ocupada pelos Jardins de Murillo e um estacionamento subterrâneo. Uma curiosidade é que há, dentro do estacionamento, uma parte da escavação do cemitério, com um dos túmulos protegido por uma janela, que pode ser visto hoje no subsolo do estacionamento mencionado.

Próximo à Catedral havia uma segunda porta, hoje desaparecida. E a terceira é a Porta de San Nicolás, que fica no início da atual Calle San José. Mas havia ainda, uma porta pequena, junto ao Alcazár, chamada Puerta del Altambor, ou Puerta del Tambor, cujo nome fazia referência tanto à sua abertura, como seu fechamento, ao som dos tambores da guarda real.          

Recantos de sossego

Ruelas encantadoras

Na Juderia não existe um roteiro e se perder pelas ruelas do bairro é bem provável. Por isso, percorrer sem destino os becos do bairro é a melhor forma de apreciar todos os seus cantos e encantos. Mas fique ligado porque várias lojinhas de cerâmica, temperos, artesanato e lembrancinhas aparecerão pelo caminho, sem falar nos cafés, bares e restaurantes pra matar a vontade de um lanchinho. No entanto, se você não quiser perder nenhuma das atrações vou deixar um mapa com sugestão de percurso bem interessante.

Mapa com atrações da Juderia

Saindo da Plaza del Triunfo vá percorrendo as ruelas até chegar na Plaza de Doña Elvira. 

Diz uma lenda popular sevilhana que aqui era a casa de Don Gonzalo de Ulloa, pai de Donã Elvira, de quem a praça recebeu seu nome. De dimensões reduzidas e de planta quadrada, a praça é exclusivamente pedonal, repleta de canteiros, bancos, fonte e laranjeiras, cercada por edifícios com pitorescos bares e restaurantes.

Plaza de Doña Elvira

Da Plaza de Doña Elvira, você pode fazer dois desvios para visitar dois marcos do bairro. O primeiro é a Fuente de la Calle Judería, que foi projetada e instalada em uma das ruelas do bairro como resultado das reformas realizadas no bairro de Santa Cruz na década de 1920, com vistas à realização da Exposição Ibero-Americana de 1929. Seu autor foi Juan Talavera Heredia. Está ligada a uma casa da Calle Judería e é composta por duas taças sobrepostas, por onde a água cai em cascata. A fonte é cercada por um simples portão de ferro forjado decorado por jasmim e hera.


Fuente de la Calle Judería

O outro é o Hospital de los Venerables Sacedortes, um edifício barroco do século  XVII, que foi construído com o objetivo de proteger os padres idosos, pobres e deficientes. No ano de 1805, a instituição atingiu o seu limite, quase sem meios para se sustentar, mas foi só em 1840 que o hospital fechou e transformou-se em uma fábrica de tecidos. É constituído por dois pisos onde se situa o templo e a própria residência, que cessou com esta função aproximadamente na década de 1970.

Tem um pátio sevilhano com uma fonte central decorados com azulejos e ao redor do pátio existem galerias com arcadas sustentadas por colunas de mármore toscano. O complexo tem também uma belíssima igreja de nave única coberta por uma abóbada e no seu interior encontram-se pinturas murais a fresco de Valdés Leal. No retábulo-mor, que data de 1889, pode-se admirar a Apoteose de San Fernando, também obra de Lucas Valdés. 

Desde 1991, o Hospital é sede da Fundação Focus (Fundo de Cultura de Sevilha), que o restaurou entre 1987 e 1991, e foi inaugurado pela rainha Sofia em 5 de novembro de 1991, com uma exposição dedicada à pintura sevilhana dos séculos de ouro. Hoje é um centro de exposições culturais onde são realizados concertos, conferências e seminários.

Abaixo, algumas informações importantes:
  • Endereço: Plaza de los Venerables, 8
  • Horários: de terça à sábado das 10 às 18h e domingos das 10 às 15 h
  • Fecha 1º e 6 de janeiro, Sexta-feira Santa e 25 de dezembro
  • Ingressos: Inteira: 10 euros / Até 12 anos: grátis
  • Site: https://hospitalvenerables.es/

Patio interno do Hospital de los Venerables
A igreja

Continue pelo Callejón del Agua, a antiga muralha e tubulação de água do alcázar, até a Plaza de Santa Cruz e em seguida até a próxima Plaza de los Refinadores, ambas sinônimo de graciosidade e sossego. Seguindo o percurso, você vai chegar na belíssima Iglesia de Santa María la Blanca, um dos muitos exemplos de como a influência das três culturas (árabe, judaica e cristã) também foi transformando a cidade do ponto de vista arquitetônico. 

A Iglesia de Santa María la Blanca ou de las Nieves ergue-se sobre uma sinagoga que já foi uma mesquita. De fachada simples, mas com um interior muito belo, possuía as pinturas originais de Murillo. Vítima da pilhagem francesa, conservam-se atualmente réplicas exatas que continuam a ser as protagonistas das laterais deste templo.

Callejón del Agua

Plaza de Santa Cruz
Iglesía de Santa
Maria la Blanca
Plaza de los Refinadores

Seguindo nosso roteiro, bem pertinho da Iglesia Santa Maria La Blanca, fica a Calle Verde, já no bairro de San Bartolomé. Sua popularidade se deve ao fato de ser uma das ruas mais estreitas da juderia e por ser coberta por uma abundante vegetação que oferece uma agradável sombra nas tardes quentes de Sevilha. 

Apesar do romantismo do local, nem tudo o que se fala deste beco é propriamente idílico. Existem algumas histórias sangrentas e algumas lendas misteriosas... coisa que eu adoro!!!! Como já contei sobre a história da Juderia, houve uma sangrenta revolta no final do século XIV, que matou 90% da população judaica do bairro, e do qual a Calle Verde foi um dos palcos do famoso massacre.

Foi palco do famoso massacre de judeus pelo clero e a massa de cristão enfurecidas, por volta do final do século XIV, e que matou 90% da população do bairro. Outra lenda famosa conta que em 1992 um segurança que fazia rondas no canteiro de obras de um futuro hotel ligou para a Polícia depois de afirmar ter visto um fantasma em um manto e longos cabelos brancos que atravessavam a parede para sorrir para ele. Coincidentemente, no dia anterior haviam sido encontrados nas obras duas tumbas com seus respectivos esqueletos.

Calle Verde
 
E pra finalizar, vamos visitar a última atração famosa da Juderia, o Palacio de Los Marqueses de Salinas, uma propriedade privada datada do século XVI. O edifício original foi construído em 1577 por Baltasar de Jaén, constituindo a residência principal da sua família até ao século XIX. Após a extinção da família Jaén em 1843, o prédio teve diversos usos, inclusive foi uma loja maçônica. Finalmente foi adquirido pela família Ybarra. Em 1930, Manuel de Salinas Malagamba comprou a casa dos Ybarra, permanecendo nas mãos desta família até hoje.

Tem uma fachada muito simples, com o portal principal que dá acesso a um corredor pavimentado com lajes de Tarifa. No interior, destaca-se o pátio principal de pé-direito duplo, rodeado por colunas de mármore que formam arcos semicirculares adornados com belos estuques do século XVI. As paredes são revestidas com rodapés de azulejos de borda feitos em Triana no século XVI. Num segundo pátio interior encontra-se um belo mosaico do século II dedicado a Baco da cidade romana de Itálica.

À volta do pátio principal encontram-se as divisões da casa e a escada que liga os dois pisos. Nesse tipo de edificação era costume usar os cômodos do andar inferior no verão por serem mais frescos e os do andar superior no inverno. Tem, portanto, uma sala de jantar de verão e uma sala de jantar de inverno. É uma casa belíssima que vale a pena a visita. 

Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
  • Endereço: Calle Mateos Gago, nº 39
  • Horário: De segunda a sexta, inclusive feriados. Exceto celebração de evento.
    • Inverno: de 16 de outubro a 14 de junho, das 10h às 18h.
    • Verão: de 15 de junho a 15 de outubro, das 10h às 14h.
  • Ingresso: 8€ por pessoa. Crianças até 11 anos desconto de 50%.
  • Bilheteira e acesso encerram 30 minutos antes.
  • Visitas guiadas em espanhol e inglês, 25 minutos aproximadamente.
  • Website: https://www.casadesalinas.com/
Palacio de los Marqueses de Salinas

Bom, o roteiro de hoje terminou... pelo menos os passeios... 😁

Como estamos bem no miolinho do Centro Histórico, existem 3 opções para desfrutar à noite. A primeira seria "ir de tapas" e encerrar a noite mais cedo, aproveitando para descansar bem porque amanhã o dia também vai ser cansativo... se você pegar a própria Calle Mateos Gago no sentido de quem volta para a Catedral, vai encontrar um monte de "bar de tapas". Só pra citar alguns: Casa Tomate, Patachon, La Sacristia, Bodega Santa Cruz, La Catedral, Cervecería Giralda Bar. Todos eles são uma ótima opção para comer tapas, tomar cerveja e curtir um fim de tarde em Sevilha.

Se ainda tiver disposição, dá pra aproveitar o final da tarde e o começo da noite para comprar algumas lembrancinhas nas inúmeras lojinhas de artesanato e cerâmicas da Juderia, e se for no verão, esperar dar o horário e aproveitar para assistir algum espetáculo no "Noites nos Jardins do Real Alcázar de Sevilha".

Mas se ainda tiver bastante pique, dá para assistir algum espetáculo de flamenco nos vários teatros do Centro Histórico, como por exemplo o Tablao Flamenco Azahar Sevilla, La Casa del Flamenco ou a Casa de la Guitarra. 

Há uns 15 minutos de caminhada existe também a opção de ir ao famoso Museu do Baile Flamenco, que na minha opinião é parada obrigatória pois este espaço junta tradição e modernidade oferecendo aos seus visitantes um espetáculo interativo do mundo mágico do baile flamenco. É importante saber que esse não é espetáculo típico para turista ver, já que se trata de um local pequeno onde o espectador pode desfrutar da dança e do canto bem de perto, sentindo cada nota e cada movimento. E que o horário não é noturno como nos outros teatros de flamenco, funcionando das 10 às 19h. Os espetáculos acontecem às 17h, 19h e às 20:45h. No final da página estão anotados os dados de endereço e compra de ingressos.

O andar principal do museu é um espaço interativo no qual é possível percorrer o passado e o presente do flamenco através de projeções que narram a história de diferentes artistas ao longo dos séculos. O segundo andar do museu é dedicado às exposições temporais, especialmente dedicadas à fotografia, pintura e escultura, ainda que se realizem numerosas atividades culturais. A parte mais especial do museu é o andar subterrâneo, formado por um típico pátio andaluz no qual se oferecem espetáculos de flamenco.
 
Museu do Baile Flamenco


Décimo Segundo Dia - Plaza de España, Parque Maria Luiza, Archivo das Indias, Calle Sierpes, Setas de Sevilha, Casa de las Dueñas e outros

No último dia em Sevilha, vamos ver algumas atrações que não requerem tanto tempo de visitação como a Catedral e o Alcázar. Vou deixar abaixo um roteiro com o caminho que vamos seguir.

Mapa do roteiro Plaza de España, Parque Maria Luisa e outros

Vamos começar o dia visitando a grandiosa Plaza de España, um espaço monumental e majestoso que constitui um dos principais símbolos de identidade não só de Sevilha, mas também de toda a Espanha. É um grande complexo que reúne vários prédios e que fica dentro do famoso Parque Maria Luisa, que vou falar a respeito mais adiante. Ao todo, a praça tem 50.000 m2 e é um dos melhores lugares para apreciar a história e arquitetura espanhola. 

A praça não tem o seu formato à toa. Segundo conta a história, o formato da praça simboliza o abraço da Espanha em suas antigas colônias ultramarinas. Outro simbolismo de sua construção é que a praça está virada para o Rio Guadalquivir, mostrando o caminho que se deve seguir até à América. 

Panorâmica da Plaza de España  

A praça foi projetada pelo famoso arquiteto de Sevilha, Aníbal González, e que também foi o diretor da Exposição Ibero-americana de 1929. As obras começaram no ano de 1914, resultando no projeto mais ambicioso e caro da exposição e assim como em muitas obras da cidade, o Rei Afonso XIII frequentemente supervisionava o desenrolar das obras espalhadas pela cidade. Em 1928, subiu em uma das torres, contemplou a cidade e comentou com o prefeito que seria proibido que dentro da cidade se construíssem prédios de muitos andares, a fim de evitar tirar o caráter de Sevilha.

Para a sua conclusão foram necessários 15 anos de obras, durante os quais trabalharam nela 1000 trabalhadores diariamente. Para a construção da praça, foram utilizados elementos tão simples e comuns como o mármore, tijolo talhado, ferraria e os azulejos fabricados pelos mestres artesãos de Triana.

Anos depois da exposição, a praça caiu no esquecimento e sofreu um período de abandono durante o qual sofreu com o vandalismo que causou  enormes estragos, principalmente nas cerâmicas e azulejos. Durante esse período de deterioração, até o canal se esvaziou, virando praticamente um aterro por oito anos. Felizmente, em 2009 começou a restauração de todo o complexo, com a remoção do muro que separava a praça do Parque María Luisa, a substituição de pisos, azulejos, balaustradas, grades e todos os sinais de deterioração. E incluiu a colocação de uma estátua dedicada a Don Aníbal González na rotatória que fica na entrada principal da Plaza de España.

A Plaza de España vista de cima

De toda a área da praça, 19.000 m2 é de área edificada e 31.000 m2 é de espaço livre. Com seu formato semicircular, a imensa praça é presidida por um grande edifício central, que foi utilizado para o Pabellón de España na Exposição de 1929 e hoje é utilizado pelos militares como Quartel General da Força Terrestre. Nas laterais do edifício central ficam outros edifícios intermediários que compensam o comprimento excessivo. 

Todo o complexo se encontra emoldurado por duas torres nas extremidades com mais de 70 metros de altura. As torres são chamadas de norte e sul e delas erguem-se outros dois edifícios, um de cada lado, que evitam a monotonia do conjunto.

Esta planta responde muito de perto ao esquema formal do tipo de villa palladiana de asas curvas, apresentada pelo arquiteto italiano Andrea Palladio em suas obras, das quais Aníbal González se inspirou. A construção de grande parte da praça se baseou em um estilo renascentista neomudéjar com tijolos aparentes e possui extensa decoração em cerâmica. Já as duas torres norte e sul são predominantemente de estilo barroco.

Edifício central da praça com as pontes de Castilla y León

À frente de toda a fachada principal existe um canal de 515 metros que se pode navegar em barcos a remo alugados ou em pequenas embarcações. No passado existiam gôndolas, como as usadas nos canais de Veneza. 

Quatro pontes distribuem-se sobre o canal, representando os quatro antigos reinos de Espanha: no centro ficam as pontes de Castilla y León que coincidem com o edifício principal, e nas laterais ficam as pontes de Aragón e Navarra.

Cada ponte foi adornada com uma decoração única de cerâmica e seu escudo no ponto mais alto da ponte. As balaustradas das pontes foram feitas por outro autor, Manuel García Montalván.


O canal com as duas pontes centrais de 
Castilla y León

Detalhe
Detalhe
Detalhe

As entradas para os edifícios são cobertas por uma galeria, que percorre toda a extensão da fachada. Toda a extensão da galeria apresenta um belíssimo teto em caixotões e uma grade de tijolo e telha, da qual colunas duplas de mármore branco suportam arcos de meio ponto. 

No edifício principal, o hall de entrada também encanta pela sua decoração com o mesmo tipo de teto em caixotões e várias colunas de mármore branco.


A galeria em toda a extensão da fachada

O Hall de Entrada

Na parte externa da fachada estão localizados 48 bancos decorados com belíssimos azulejos, que contam diferentes capítulos da história, e que representam as 46 províncias espanholas mais as Ilhas Canárias e Baleares. 

Todos estes bancos estão dispostos em ordem alfabética e cada um deles tem seu brasão, seu mapa e imagens de acontecimentos históricos representados em um painel de azulejos pisanos. Todos e cada um destes murais foram pintados à mão, resultando numa gama de cores que transforma o interior da praça numa autêntica exposição de artesanato e azulejos ao mais puro estilo sevilhano, bem como numa boa aula de história. Além disso, os bancos possuem nas laterais, duas pequenas torres com prateleiras que serviam para colocar livros. A explicação para essas prateleiras é que Aníbal González era um grande amante dos livros, razão pela qual essas incluiu estantes, nas quais depositava os livros à disposição do público. 

Os espaços externos entre os arcos na fachada da galeria são ocupados por bustos em relevos no formato de medalhões, representando ilustres personagens espanhóis que de alguma forma marcaram a história da Espanha. Entre eles estão: El Cid, Cristóvão Colombo, Carlos V, El Greco, Goya, Velázquez, Quevedo, Cervantes, Murillo, Zurbarán, entre muitos outros.

Uma curiosidade: existem 52 bustos, cada um ligado à província em que está localizado. A conta não bate, são 48 bancos x 52 bustos... enfim, quando estiver lá vou tentar descobrir essa discrepância... 😂 Fiquei em dúvida qual busto escolher para ilustrar o blog, acabei optando pelo busto de Isabel, a Católica, por ser a única mulher de todo o conjunto.

Os bancos das províncias espanholas

Banco com seu brasão,
seu mapa e 
seu painel
Busto de Isabel, a Católica


A bela praça ainda tem no seu centro uma enorme fonte, constituída por duas bacias feitas em mármore branco, uma exterior e uma menor no interior. Foi decorada com 16 máscaras de mármore vermelho, obra de Santiago Gasco, que despejam a água de forma um tanto caprichosa.

A fonte central da praça não estava prevista nos planos originais de Aníbal González, sendo que a sua construção foi obra do seu sucessor, Vicente Traver. 

A fonte de Vicente Traver
As bicas em mármore vermelho

Após a Exposição Ibero-Americana de 1929, os edifícios da Plaza de España seriam destinado à Universidade de Sevilha. Mas, em vez disso, tornou-se a sede do governo militar espanhol. Em seguida, passou a abrigar parte do governo central da Andaluzia.

Atualmente, além de abrigar repartições públicas, abriga também o Museo Histórico Militar cujo acesso se dá pela galeria interna da praça, entre a Puerta de Aragón e a Torre Norte. Com uma área expositiva de 2.036 m2, o museu é constituído por sete salas, expondo cerca de 4.000 coleções entre elas: arqueologia industrial, engenhos bélicos, história das guerras civís espanholas, vários tipos de armas, brancas e de fogo, longas e curtas, entre outros.

Existem outros museus que fazem parte do Parque Maria Luisa, principalmente nas mansões que foram usadas para a exposição e que ficam espalhadas, mas vou falar sobre eles mais adiante.


Museo Histórico Militar

Em várias ocasiões, a praça se tornou cenário de diversos filmes de Hollywood, como em Lawrence da Arábia, de 1962, onde os belos edifícios da praça personificaram o quartel general do exército britânico no Cairo.

Já em O Ataque dos Clones de 2002, o segundo episódio da saga Star Wars, de George Lucas, a Plaza de España foi cenário para a cidade de Theed, no planeta Naboo. E no filme O Ditador de 2012, a Plaza de España é o palácio presidencial onde acontece a cena da tentativa de assassinato do ditador. Nestes dois últimos filmes, foram utilizados recursos de edição de imagens para dar características específicas ao cenário.

A cidade de Theed no planeta Naboo em Star Wars

Alguns dados de localização e funcionamento:

Plaza de España:
  • Endereço: Avenida de Isabel la Católica, s/n
  • Horário de funcionamento: de segunda a domingo, das 8h às 22h (inverno) e das 8h às 24h (verão)
  • Ingressos: gratuitos
Barcos na Plaza de España:
  • Horário de funcionamento: de segunda a domingo, das 10h às 20h (inverno) e 10h às 22h (verão)
  • Ingressos: 
    • Aluguel de barco a remo (para 4 pessoas): €6 por 35 minutos (mais 4 de caução), 10 euros por 1 hora
    • Barco a motor (para 12 pessoas no máximo): 12 euros por 15 minutos 
Museo Histórico Militar:
  • Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 9:30h às 14h e aos sábados das 10h às 14h
  • Fechado aos domingos, feriados e durante o mês de agosto

Plaza de España com o Parque Maria Luisa e o Rio Guadalquivir

Depois de visitarmos a Plaza de España, vamos aproveitar para conhecer o Parque María Luisa, do qual a praça faz parte. É o primeiro parque urbano de Sevilha e um dos seus pulmões verdes. Em 1983 foi declarado Bem de Interesse Cultural na categoria de Jardim Histórico. 

A origem do parque remonta à metade do século XIX quando em 1848, o duque de Montpensier, Antonio de Orleans e sua esposa, a infanta María Luisa Fernanda de Borbón, fixaram residência em Sevilha e adquiriram o Palácio de San Telmo em 1850. Para criar alguns jardins, eles compraram duas fazendas, Isabela e San Diego. 

Em 19 de junho de 1893, María Luisa, já viúva, cedeu à cidade uma parte importante dos jardins de San Telmo e após a sua doação, os jardins permaneceram no esquecimento e chegaram a um estado praticamente selvagem sendo que até 1910 a cidade não realizou nenhuma obra ou melhoria nesta área.


Palácio San Telmo visto dos jardins

Mas a partir de 1911, quando surgiram os primeiros projetos para a realização da Exposição Ibero-americana programada para 1929, a Comissão Executiva da exposição iniciou os trâmites para a reforma do parque para o evento, escolhendo Aníbal González como diretor de arquitetura da exposição e Jean-Claude Nicolas Forestier, paisagista francês para trabalhos de jardinagem.

O paisagista francês transformou os jardins palacianos, já dotados de algumas estruturas decorativas, num renovado parque público com espaços mais monumentais e recreativos. Forestier não impôs o classicismo francês em sua obra mas adaptou sua obra ao clima e à paisagem da cidade, com influências da Alhambra de Granada, do Parque do Retiro de Madrid e do próprio Alcázar de Sevilha, mantendo o respeito pelo bosque já existente. O ar sevilhano foi obtido através do uso de azulejos e água, que se tornou um elemento muito presente para aumentar o frescor do ambiente e proporcionar ao parque tantos lugares encantadores e aconchegantes.

Desde a década de 1910, foram realizadas obras na Plaza de América em preparação para a Exposição Ibero-Americana, com o objetivo de construir o alguns dos mais importantes pavilhões da exposição. E em 1914 iniciou-se a construção da Plaza de España, em outra área mais ao norte, junto ao mesmo parque. Em abril deste ano, os sevilhanos pudessem acessar o parque, coincidindo com a feira daquele ano.

A inauguração da Exposição Ibero-Americana em 1929

Em 1915, Forestier desenhou seu projeto de ampliação do parque no terreno adjacente à Plaza de España. Até à inauguração da exposição em 1929, foram também construídas diferentes rotundas e glorietas com memórias literárias e culturais que veremos mais adiante.

Entre 1931 e 1972 algumas outras rotundas e monumentos foram adicionados ao parque. Em 1956 foi realizada uma importante renovação da vegetação do parque, substituindo as plantas que se encontravam mais deterioradas por outras iguais. 

Abaixo, vou deixar um mapa completo com as principais praças, vias e glorietas do Parque María Luisa.

Mapa do Parque María Luisa

O parque tem uma área de 34 hectares, 14 dos quais usufruem de uma extensa variedade de plantas, muito frondosa em muitos locais, transparente noutros, com algumas extensas áreas relvadas. Também contém uma grande variedade de espécies de aves, entre as quais podemos destacar pavões e pássaros canoros, cisnes e patos.

Vamos começar pela Plaza de América, que fica localizada na extremidade sul do parque e é ladeada pelo Pabellón Mudéjar que hoje abriga o atual Museu de Artes e Costumes Populares, Pabellón de Belas Artes, atualmente ocupado pelo Museu Arqueológico, e pelo Pabellón Real que foi transformado em escritórios municipais. Estes três edifícios foram construídos pelo arquiteto Aníbal González entre 1913 e 1916 também para a futura Exposição Ibero-Americana de 1929 e cada um com um estilo arquitetônico diferente. Também faz parte da praça a rotatória de Miguel de Cervantes, adornada com cerâmicas que lembram sua obra Dom Quixote de la Mancha. 

E nota-se também que toda a praça está rodeada por uma série de 16 colunas de arenito que sustentam 16 esculturas de vitórias aladas. Cada uma apresenta uma pose diferente e carrega um objeto distinto. Três escultores participaram do projeto, Lorenzo Coullaut Valera foi responsável por 6 delas, Manuel Delgado Brackenbury por 5 e Pedro Carbonell Huguet pelas 5 restantes. Com o passar do tempo, as esculturas foram se deteriorando e perdendo partes de suas estruturas e para restaurar todas as vitórias aladas, foi feito um trabalho de restauração entre 2017 e 2021 que devolveu seu esplendor original.

Ao sul existe uma área que possui barracas com comida para pássaros, razão pela qual esta área ganhou o apelido de "Parque de las Palomas".


Plaza de América com o Pabellón Mudéjar à esquerda,
o Pabellón Renascentista à direita e o Pabellón Real no centro

Um dos edifícios que mais chama atenção é o Museo de Artes y Costumbres Populares, em português Museu de Artes e Costumes Populares, que foi construído para ser o Pabellón de Arte Antiga e Indústrias Artísticas durante a Exposição Ibero-Americana de 1929. 

Foi projetado em 1914 em estilo neo-mudéjar, todo feito de tijolo aparente com motivos decorativos em cerâmica. Devido ao seu estilo arquitetônico, ficou conhecido como Pabellón Mudéjar. Entre as coleções mais destacadas do museu, podem ser vistas belas peças de cerâmica, roupas tradicionais, joias imponentes e peças de olaria, instrumentos musicais populares, rendas e bordados e elementos especiais, como cartazes de festas, coleções de jogos e cartões postais.
  • Horário de Funcionamento:
    • Verão: De terças a domingos: das 9:00 às 15:00 horas.
    • Resto do Ano: De terças a sábados: das 9:00 às 21:00 horas. Domingos e feriados: das 9:00 às 15:00 horas. 
    • Segundas-feiras: fechado.
  • Ingresso: €1,50 - Entrada gratuita para cidadãos da UE titulados e estudantes com cartão internacional.
Museo de Artes y Costumbres Populares ou Pabellón Mudéjar

Já o antigo Pabellón de Belas Artes da Exposição Ibero-Americana, também conhecido como Pabellón Renascentista, é atualmente ocupado pelo Museo Arqueológico, e fica em frente ao Museo de Artes e Costumbres Populares e ao lado do Pabellón Real. Esse museu oferece a possibilidade de conhecer a história de Sevilha desde a Pré-História até a Idade Moderna.

Foi mais uma obra do arquiteto Aníbal González para a exposição, com projeto de estilo neo-renascentista. O desenho exterior foi influenciado pelo Palácio de Monterrey de Salamanca, já o interior, com o amplo salão oval, inspira-se no salões circulares de outros museus europeus. Foi o edifício mais caro da Plaza de América, duplicando o orçamento do vizinho Pabellón Mudéjar. 

O museu encontra-se dividido em três níveis organizados em 27 salas em ordem cronológica. O andar subterrâneo abriga o período mais antigo, exibindo elementos de cerâmica, pedra e cobre das sociedades que habitaram a região durante a Pré-história, datados de 2500 a 2000 a.C. No primeiro andar, encontra-se uma das mais famosas exposições do museu, chamada O Tesouro de Carambolo, datado do século VII a.C, e que mostra uma reprodução do magnífico tesouro de ouro e cerâmica, de origem tartessa/fenícia. Provavelmente o original encontra-se guardado em um cofre.  E a última parte do percurso inclui restos romanos, na sua grande maioria provenientes de Itálica, entre os quais se destacam esculturas, mosaicos e elementos cerâmicos.

O Museu Arqueológico é uma opção interessante para os amantes da história e da arqueologia que queiram mergulhar nas profundezas do passado de Sevilha para conhecer a sua influência na atualidade.

Importante: até esta data, setembro de 2023, o Museu Arqueológico de Sevilha está fechado para reformas.


Museo Arqueológico ou Pabellón Renascentista

E o último edifício da Plaza de América é o Pabellón Real, ou em português Pavilhão Real, construído entre 1911 e 1916, também projetado por Aníbal Gonzalez. Inicialmente foi idealizado para servir de centro de exposições d
as coleções artísticas da Casa Real para a Exposição Ibero-Americana de 1929 e também para ser o local onde seriam recepcionados os dignitários, delegações e visitantes importantes que vieram a Sevilha durante a Exposição

O Pabellón Real foi concebido como uma homenagem a María Luisa de Orleáns pela doação dos jardins que hoje levam seu nome à cidade e caracteriza-se por um estilo neogótico com uma infinidade de detalhes em cerâmica esmaltada e tijolo esculpido. As esculturas foram realizadas por artistas como José Roldán ou Francisco Reyes, enquanto as cerâmicas foram pintadas por pintores cerâmicos como Gustavo Bacarisas, Manuel Rodríguez e Pérez de Tudela.

Em 2017, foram realizadas obras de conservação e restauro nas fachadas do edifício e nos elementos ornamentais externos, mas ainda está em processo de aprovação para a reforma do interior. Hoje abriga secretarias municipais. 


Pabellón Real

Completando o roteiro pela Plaza de América, voltamos ao Parque María Luisa para conhecer seus caminhos e pequenos recantos encantadores. 

Quando Forestier, o paisagista responsável pelos trabalhos de jardinagem, estava projetando toda a estrutura do parque, ele criou três eixos principais sobre os quais articularia as várias vias, encruzilhadas e rotundas. Em um eixo central instalou o Estanque de los Lotos, a Fuente de las Ranas e a Glorieta de los Leones, respectivamente em português a lagoa dos lótus, a fonte das rãs e a praça dos leões. Depois criou dois eixos paralelos, formados pelas avenidas Hernán Cortés e Pizarro, atravessadas por várias vias e encruzilhadas, às quais se somavam rotundas. 

Detalhe das cerâmicas espalhadas pelo parque
e da piscina entre a Fuente de las Ranas e a Glorieta de los Leones

Estanque de los Lotos
ou Lagoa dos Lótus
Fuente de las Ranas
ou Fonte das Rãs
Glorieta de los Leones
ou Praça dos Leões

Ainda no eixo central do parque fica também o Monte Gurugú, também projetado por Forestier, um monte rochoso que tem um belo mirante acessado por uma escadaria de pedra, com uma vegetação exuberante e uma cachoeira que deságua em um pequeno lago. Na sua base foi construído um túnel para a passagem do trem 'Liliput', uma das atrações mais lembradas da Exposição Ibero-Americana de 1929.

O Monte Gurugú foi uma homenagem que a cidade quis prestar em 1929 àqueles que tombaram pelo seu país no Monte Gurugú original, situado no norte do Marrocos, na cidade de Melilla. No início do século XX, o monte foi palco em 1909 dos combate entre as tropas espanholas e os rebeldes riffianos de Abd el-Krim.


Monte Gurugú

Por todo o parque, o visitante se depara com caminhos e encruzilhadas com várias pracinhas, rotatórias, quiosques, etc... São chamadas de "glorietas" que estão espalhadas em todo canto, junto com fontes e chafarizes. As mais conhecidas são a Glorieta de Bécquer, a Glorieta de Cervantes, a Glorieta de Masy Prat e a Glorieta Hermanos Álvarez Quintero.

A Glorieta de Bécquer é uma das mais bonitas, foi erguida em 1911 e encontra-se na entrada principal do parque. Ao redor de um cipreste do pântano encontra-se um monumento em mármore branco e bronze dedicado ao poeta sevilhano Gustavo Adolfo Bécquer. Em outro lado, há um conjunto de mármore com três mulheres sentadas em um banco, simbolizando o amor que chegou, o amor que está presente e o amor que se perdeu. Elas representam o poema de Bécquer "El amor que pasa", em português "o amor que passa".


Glorieta de Bécker

A Glorieta de Cervantes foi construída em 1913 e é um pequeno espaço inserido na Plaza de América em frente ao Pabellón Real. A rotatória tem uma araucária no centro e possui a forma de um octógono e também foi desenhada por Aníbal González. Os seus quatro bancos são revestidos com azulejos confeccionados na técnica da corda seca com cenas de "Dom Quixote de la Mancha" que foram realizadas nas oficinas de Manuel Ramos Rejano por Pedro Borrego Bocanegra. 

Existem também duas estantes que indicam datas e lugares importantes na vida do homenageado, Miguel de Cervantes Saavedra. No topo dessas prateleiras estavam estátuas de Dom Quixote e Sancho feitas por Eduardo Muñoz, que foram roubadas e substituídas por reproduções em 2021.


Glorieta de Cervantes

Outra glorieta famosa é a de Más y Prat, dedicada ao poeta, dramaturgo, escritor e jornalista Benito Más y Prat da cidade de Écija, próxima a Sevilha. Foi paga por uma iniciativa popular de Enrique Real Magdaleno, projeto realizado por Aníbal González e inaugurada em 2 de maio de 1924.

É feita em tijolo aparente, com formato semicircular e bancos com encostos em ferro. Nas extremidades dos bancos existem estantes para livros decorados com pináculos nos topos e azulejos com cenas costumbristas sevilhanas, que é a interpretação literária ou pictórica da vida cotidiana, maneirismos e costumes locais. O centro do semicírculo é presidido por um busto de mármore de Más y Prat, obra de Antonio Castillo Lastrucci.


Glorieta de Más y Prat

E a última das glorietas famosas do Parque María Luisa ocupa o maior espaço, situada no final da avenida Hernán Cortés, próximo ao Monte Gurugú e logo atrás dele está a Fuente de los Toreros. Foi criada graças a uma proposta do pintor Santiago Martínez à Cidade Conselho de Sevilha e aceite pela Comissão da Exposição Ibero-Americana em 1925.

De forma retangular e com um lago central bastante amplo, possui dois bancos que ocupam cada lado, decorados com azulejos que contêm referências às obras dos dois irmãos escritores. Ao fundo e fechando uma das faces de forma semicircular, avista-se um centro com uma fonte de cerâmica decorada entre duas colunas platerescas. Nas laterais da fonte existem algumas estantes para livros com figuras de cupidos e puttis que adornam o topo da estrutura.


Glorieta de Hermanos Álvarez Quintero

No centro do parque existe uma lagoa delimitada por pedras rústicas na qual se localizam em seu centro duas ilhotas, conhecidas como a Isleta de los Patos ou Isleta de los Pájaros. Uma delas é acessível por meio de uma pequena ponte e outra ilha exclusiva para pássaros, onde descansam e vivem patos, pavões, cisnes e pombos. Além da vegetação existem vários bancos de ferro forjado.
 
Num cantinho da ilha encontra-se o Pabellón de Alfonso XII, de pequenas dimensões em forma de templo hexagonal com arcos em ferradura e estilo neo-árabe, onde, segundo a lenda, o rei Alfonso XII declarou o seu amor a Maria de las Mercedez, filha dos duques de Montpensier. Este local de descanso já existia quando o parque fazia parte do Jardim do Palácio San Telmo e foi respeitado por Forestier quando fez o paisagismo do atual Parque María Luisa.

Durante os meses de verão, realizam-se todas as sextas-feiras à tarde concertos com a atuação de jovens músicos, atuações que foram muito bem recebidas pelo público que vem desfrutar, não só do música, mas também do ambiente romântico que compõe o lago, as árvores e os vários pássaros que esvoaçam no céu.


Pabellón de Alfonso XII

O mais interessante é passear por todo o parque e ir descobrindo esses recantos de paz e sossego. O parque, como pode ser visto hoje, é bastante semelhante ao da Exposição de 1929. As árvores existentes e os caminhos secundários foram mantidos com todo o seu conjunto de pequenos jardins, lagos, fontes, monumentos e pavilhões. 

Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
  • Endereço: Paseo de las Delicias, s/n 
  • Horários:
    • De 01 novembro a 31 março (inverno): das 8h às 22h
    • De 01 abril a 31 outubro (verão): das 8h às 24h
  • Ingresso: gratuito

Visão aérea do Parque María Luisa e da Plaza de España

Se você estiver viajando com crianças, uma boa pedida é ir conhecer o Acuario de Sevilha que fica bem pertinho do Parque María Luisa. O aquário foi inaugurado em 2014 como centro de divulgação e investigação científica e conservação de espécies. 

O edifício é dividido em 36 tanques e tem um percurso de aproximadamente 700 metros onde predomina o tema que percorre todo o aquário e que une todas as diferentes exposições. O tema segue a jornada de Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522, a famosa viagem a serviço da coroa espanhola e que se tornou a primeira circunavegação do globo terrestre. Conhecido pelos espanhóis como Magallanes, ele foi o organizador da primeira viagem de volta ao mundo e partiu do Puerto de Sevilla, no auge dos Descobrimentos, tentando criar um novo Caminho das Índias em busca de especiarias. Esse percurso temático permite aos visitantes viajarem no tempo, começando a mesma viagem nas águas frescas do rio Guadalquivir, em seguida através do Oceano Atlântico até a Amazônia, para chegar ao Oceano Pacífico como o famoso explorador.

Estão representadas 400 espécies de animais e a biodiversidade de rios, mares e selvas por onde a expedição passou. Como aquário principal destaca-se o Oceanário que, com 2.000.000 de litros de água e quase 9 metros de altura, é um dos aquários de tubarões com maior profundidade da Espanha e que tem um túnel de vidro que atravessa todo tanque para ver os tubarões bem de perto. Além do Oceanário existem outras áreas bem divertidas de conhecer, como o “Toca Toca” uma área onde pode-se literalmente tocar estrelas-do-mar, ouriços-do-mar e pepinos-do-mar. Outra área bem visitada do aquário é a área de berçário, chamada Los Bebes del Acuario. 

Há também uma boa variedade de répteis e outras criaturas do fundo do mar em exposição, incluindo alguns polvos impressionantes, uma lula gigante e santolas, bem como tartarugas marinhas e tartarugas. Para os fãs de criaturas exóticas, o Acuario de Sevilha também expõe várias sucuris, jiboias e pererecas, bem como alguns jacarés residentes. 

Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
  • Endereço: Cais de las Delicias, s/n - Telefone: 955 44 15 41
  • Horário de funcionamento:
    • De setembro a junho (inverno): de segunda a sexta das 10h às 18h / sábados e domingos das 10 às 19h    
    • De julho a agosto (verão): de segunda a sexta das 10h às 19h / sábados e domingos das 10 às 20h
  • Ingressos: Adulto 18€ / crianças menores de 4 anos é gratuito / maiores de 65 anos 15€


Aquário de Sevilha

Bom, depois de nosso passeio pelo Parque María Luisa vamos conhecer o Archivo General das Indias, que fica bem perto da Catedral e do Alcázar. 

Não é muito perto mas dá pra ir à pé, é uma caminhada de uns 20 minutos, seguindo pelo Paseo de las Delícias até o Paseo de Roma, onde você vai entrar e seguir reto até a Puerta de Jerez, que na verdade é uma belíssima praça com uma fonte no meio. Seguindo em frente pela Avenida de la Constituition você vai dar de cara com o Archivo General das Indias.

Outra opção é pegar um taxi ou um uber, infelizmente não existe uma linha de ônibus ou metro que saia das proximidades do parque até o Arquivo das Indias. As opções que existem incluem uma boa parte do percurso andando à pé, não vejo vantagem... rsrs

Se optar pela caminhada à pé, existem vários monumentos no caminho para você ir admirando, como o próprio Palacio San Telmo, o Costurero de la Reina (um pequeno castelo que servia como guarda do palácio) e também vários dos antigos pavilhões da Expo 1929, como o do Brasil, Argentina e Guatemala.

Paseo de las Delicias
com o Costurero de la Reina

Panorâmica do Paseo de las Delicias, com o Palacio San Telmo, ao fundo a Universidade de Sevilha e à esquerda o Hotel Alfonso XIII

O Archivo General de Indias, em português Arquivo Geral das Índias, é um arquivo histórico espanhol que fica localizado ao lado da Catedral e do Real Alcazar. 

O edifício onde hoje se encontra o Archivo General das Indias foi projetado por Juan de Herrera e edificado por Alonso de Vandelviva e Juan de Minjares em 1572, e era onde se localizava a antiga Lonja de Mercadores, local que servia de ponto de encontro para os comerciantes e mercadores e onde se realizavam negócios e acordos

Mas o interior do edifício foi pouco usado para esse fim, pois na realidade a agitação comercial continuava a acontecer mesmo do lado de fora e no entorno da catedral. E isso até que o governo local e a igreja, cansados da situação caótica do local, decidiram instalar correntes em volta do templo para afastar a multidão da área. No início do século XVII foi construído um segundo andar e a Cruz de Juramento, que fica em frente ao edifício e que era em frente a ela que os mercadores firmavam e sacramentavam seus acordos. 

Archivo General de Indias

Um século depois, em 1785, Carlos III escolheu este edifício como sede do Archivo General das Índias, visando centralizar em um único lugar a documentação referente às colônias espanholas que até então se encontrava dispersa por diversos arquivos em Simancas, Cádiz e Sevilha.

O arquivo conserva cerca de 43.000 documentos com 80 milhões de páginas e 8.000 mapas e desenhos que procedem, fundamentalmente, dos organismos metropolitanos encarregados da administração das colônias. Como curiosidade, se ordenarmos de forma linear toda a esta documentação de incomparável valor histórico, poderia chegar a ocupar mais de nove quilômetros de comprimento. 

O acervo inclui documentos como o famoso Tratado de Tordesilhas, datado de 7 de junho de 1494, pelo qual Espanha e Portugal dividiram o mundo no século XV. E não só isso como também os documentos pessoais de Cristóvão Colombo, Fernão de Magalhães, Vasco Nuñez de Balboa, Francisco Pizarro e Hernán Cortés. Grande parte deles provêm do antigo Conselho das Índias e da Casa de Contratação.

Estes documentos não são visíveis ao público exceto em exposições temporárias e são guardados em armazéns especializados como grandes cofres em condições físicas e ambientais que não alteram a preservação dos documentos.

Tratado de Tordesilhas

É um edifício de estilo renascentista com uma planta quadrada, tem dois pisos e um grande pátio central quadrado, combinando tijolos vermelhos e elementos de pedra. O estilo de Juan de Herrera é percebido mais concretamente no andar térreo mas ao longo dos anos já foram feitas várias modificações no projeto original para dar forma ao magnífico edifício que hoje vemos. No interior do edifício, uma das partes que mais chama a atenção do visitante é a escadaria principal, datada de 1786, e decorada com pedras vermelhas, cinzas e pretas típicas de Málaga.

O edifício e seu conteúdo encontram-se classificados como Património Mundial pela UNESCO desde 1987, no sítio denominado Catedral, Alcázar e Archivo de Indias em Sevilha. 

O Archivo General de Indias costuma ter exposições temporárias regulares, por isso é bom ficar atento às divulgações na imprensa. Infelizmente, eu não consegui achar nenhum link com esse tipo de informação.

Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
  • Endereço: Avenida de la Constituición, s/n
  • Horário de funcionamento:
    • De segunda a sábado, das de 9:30h às 17h. 
    • Domingos e feriados, das 10h às 14h.
  • Ingressos:
    • Entrada gratuita
    • Visita guiada pelo Arquivo das Índias €12

O interior do Archivo General de Indias

Saindo da visita ao Archivo General de Indias, vamos seguir pela mesma Avenida de la Constitución até uma bifurcação onde de um lado fica a Plaza Nueva e do outro a Plaza de San Francisco. Entre as duas fica o Ayuntamiento, que é a Câmara Municipal da cidade, e é considerado um dos exemplos mais notáveis ​​da arquitetura renascentista em Sevilha. Vale a pena dar uma desviada e conhecer o edifício por fora e a praça à frente com o Monumento a San Fernando.

Já a Plaza de San Francisco é uma gracinha, com seus prédios geminados em uma das laterais, uma agência do Banco de España e dando nos fundos do belo edifício do Ayuntamiento. 

Ayuntamiento de Sevilha na Plaza Nueva
Plaza de San Francisco

E é bem aqui que começa a Calle Sierpes, uma das ruas mais significativas e emblemáticas da cidade, de caráter pedonal desde o século XIX, e relativamente longa, retilínea e irregular na sua largura e que possui uma grande atividade comercial e turística. 

Uma das curiosidades da Calle Sierpes é que com o fim da primavera e a chegada do calor, são colocados toldos à altura dos telhados, para que esta e outras ruas próximas fiquem cobertas de sombra, para proteger os transeuntes, até ao final do verão.

Calle Sierpes e os toldos no verão

No início, a Calle Sierpes chamava-se Calle Espaderos, devido à quantidade de lojas que se dedicavam à venda de espadas. Não se sabe com certeza quando ou por que foi renomeado para Sierpes, mas existem várias estórias e lendas sobre o seu nome atual. Algumas dizem que o nome vem do fato do Señor Álvaro Gil de las Sierpes ter residência nesta rua. Outras dizem que na confluência da Calle Sierpes com a Calle Rioja existia a Cruz de la Cerrajería do século XVII e que era conhecida como a Cruz de las Sierpes, que significa serpentes em português. Há também quem argumenta que o nome da rua se deve ao fato de ter um formato sinuoso.

Mas a lenda mais famosa sobre a origem do nome da Calle Sierpes vem de uma lenda urbana bem macabra, que relaciona o nome da rua com uma cobra que foi encontrada nos seus esgotos e que teria acontecido no final do século XV. De repente, as crianças da Calle Sierpes começaram a desaparecer, causando todo tipo de especulação. Don Alfonso de Cárdenas, que governava a cidade na época, recebeu uma notificação anônima de alguém que prometia revelar a identidade do culpado em troca de sua liberdade.

Quando Dom Alfonso prometeu publicamente a liberdade do indivíduo, revelou seu nome: Melchor de Quintana y Argüeso, um bacharel em letras fugitivo que havia participado de um ato de rebelião contra o Rei. Ele estava preso na cadeia da cidade e em sua cela começou a fazer um túnel para escapar e conseguiu chegar aos antigos esgotos feitos pelos romanos e afirmava ter encontrado o culpado pelo desaparecimento das crianças. Então Melchor, Alfonso, dois homens armados e um tabelião foram à prisão, ao túnel e de lá aos esgotos e encontraram uma cobra de cerca de 6 metros de comprimento com uma faca cravada e restos de crianças no chão. Melchor disse que a matou quando a encontrou lá. Alfonso ordenou que a cobra fosse retirada e exposta por um tempo na rua Espaderos, vindo pessoas de todos os bairros de Sevilha para vê-la. E ao contar a história, o nome Espaderos se perdeu e foi rebatizado como "de la Sierpe". Depois de alguns meses, o solteiro Melchor de Quintana, já livre de todos os crimes, casou-se com a filha do próprio Alfonso de Cárdenas. 

A lenda da serpente

Na Calle Sierpes, alguns de seus edifícios são um convites à apreciação, como o edifício do Bar Laredo, que fica na esquina da Plaza de San Francisco, um magnífico exemplo da arquitetura regionalista sevilhana, datado de 1918. Então a dica é olhar as vitrines das lojas, mas sempre dando uma olhada pra cima para admirar as fachadas, janelas e balcões dos prédios antigos.

Desde o início do  século XIX, a rua foi um grande centro comercial da cidade e preserva diversas lojas, das mais modernas até algumas muito antigas e tradicionais que representam o comércio local mais tradicional de Sevilha. Quando eu viajo as únicas compras que eu faço são de lembrancinhas e alguma coisa local que me chama muito a atenção, como uma cerâmica ou um objeto diferentão. Nem vou perder tempo falando sobre as Zaras e Occitanes que você encontra em qualquer grande cidade.

Edifício do Bar Laredo e a Calle Sierpes à direita

A Calle Sierpes é repleta de pequenas boutiques, lojas de lembrancinhas, lojas especializadas em leques, bem como cafés e restaurantes. Vou destacar algumas lojas mais tradicionais e que vale a pena entrar e respirar aquele ar de velho mundo... rsrsrs

A Sombrerería Marquedano, da quarta geração da família, fica no número 40, é a única chapelaria especializada de Sevilha que resiste desde 1908 no mesmo local da Calle Sierpes. Já no número 33 fica a loja Juan Foronda que é uma referência em Sevilha e os seus xales e mantilhas são autênticas obras de arte, mundialmente famosos. Mais adiante, no número 21 fica a Relojería Enrique Sanchis, empresa familiar com mais de 120 anos de experiência no setor de relojoaria e joalheria. E bem no finalzinho da rua, no número 5 fica Papelaria Ferrer, também uma empresa familiar, fundada em 1856, e que é a mais antiga de Espanha e a terceira mais antiga da Europa. Vou contar um segredinho: eu sou louca por papelarias... já vi que vou ficar umas 2 horas dentro dela!!!

Sombrerería Marquedano
Relojería Enrique Sanchis 
Papeleria Ferrer

Bom, depois de toda essa caminhada, chegamos ao final do passeio pela Calle Sierpes e vamos conhecer a última grande atração da rua, que é a Confiteria La Campana. Esta confeitaria elegante é uma recompensa sensacional para os turistas cansados ​​que precisam de um tratamento especial. 

A Confiteria la Campana oferece uma seleção de doces andaluzes tradicionais, como laranjas cristalizadas, figos e pêras, além dos famosos doces espanhóis como Milhojas de Turrón, um bolo de camada cremosa semelhante a um mil-folhas, entre outros. A pedida é sentar nas mesinhas na calçada e fazer uma degustação... em tempo: essa é uma boa hora pra esquecer totalmente a dieta!!! 😂 


Confiteria La Campana

Depois de descansar e curtir as gordices da Confeteria La Campanha, é hora de seguir nosso roteiro e por isso vamos caminhar só um pouquinho em direção à Plaza de la Encarnación que fica ali pertinho. Nosso destino é ir conhecer uma das mais emblemáticas atrações de Sevilha, o Metropol Parasol, também conhecido como Las Setas de la Encarnación, que traduzindo para o português seria "os cogumelos da Encarnación", apelido este que ganhou por causa de seu formato diferente que lembra vários cogumelos.

Esta edificação foi toda construída em madeira e é uma enorme estrutura ondulada, feita com 3.500 tábuas que formam uma malha como uma colméia, suportada por seis pilares de concreto e mede 150 x 70 metros e tem uma altura aproximada de 26 metros. A ideia proposta era que se parecesse com seis guarda-sóis, mas acabou que seu formato lembra mais vários cogumelos, daí seu apelido. 

É a maior estrutura de madeira do mundo e oferece uma deslumbrante vista da cidade. O movimento ondulado e o estilo contemporâneo do monumento fazem um contraste incrível com a arquitetura histórica típica de Sevilha e de toda a região da Andaluzia. E sua estrutura reticular proporcionaria uma agradável e convidativa sombra nos verões quentes da cidade.

Vista aérea das Setas de Sevilha
 
Mas vamos falar um pouco sobre como surgiu a ideia para a criação de um monumento tão diferente. Em 2004, a Câmara Municipal de Sevilha abriu um concurso internacional de ideias para revitalizar a região da Plaza de La Encarnación, que estava abandonada desde a década de 70, depois da demolição de um mercado municipal que existiu por mais um século. 

O objetivo era criar um inovador espaço multiuso e o vencedor do concurso, o arquiteto alemão Jürgen Mayer-Hermann, propôs um desenho tão inovador e complexo, que a cidade passou 7 anos debatendo a viabilidade e fazendo ajustes na estrutura até que a construção fosse concluída, em 2011. Para uma parte dos sevilhanos, o novo projeto ajudaria a reintegrar o espaço na cidade, mas para outra metade dos moradores, o projeto moderno quebrava toda a estética da cidade. Pronto, nascia o debate que duraria anos.

Mayer-Hermann teve vários desafios para o desenvolvimento do projeto, como integrar um sítio arqueológico que foi descoberto bem ali naquela praça, e também encontrar um espaço para reconstruir o antigo Mercado de la Encarnación, demolido em 1973 por problemas estruturais.

O Metropol Parasol está organizado em quatro pisos, alguns o acesso é livre e outros há cobrança de ingressos. Na internet existe uma certa confusão na nomenclatura dos andares, mas eu achei uma imagem que dá pra ter uma ideia melhor de como é a divisão. A imagem não está com uma qualidade muito boa, mas dá pra ter uma noção.

Planta do Metropol Parasol

O piso subterrâneo contém o Antiquarium, um espaço com 4.879 m² inaugurado em março de 2011 e é constituído pelo sítio arqueológico mais importante que resta da época romana em Sevilha. Foi descoberto após uma primeira escavação na área na década de 1990 com o objetivo de construir um estacionamento subterrâneo e reformar a praça, plano que foi abandonado após a descoberta. Em 2004, foi integrado ao projeto de revitalização da praça e passou a fazer parte do Metropol Parasol.

Dentro do Antiquarium pode-se ver restos arqueológicos romanos datados do período entre os séculos I a VI, no qual se destacam vários mosaicos, colunas e murais. Existe também uma área dedicada ao período andaluz da cidade, entre os séculos XII a XIII, onde se destaca as ruinas de uma casa islâmica almóada. 

Abaixo, os horários de funcionamento e valor do ingresso:
  • Horário de funcionamento:
    • De terça a sábado: das 10 às 20h (acesso ao público é encerrado às 19h30)
    • Domingos e feriados: das 10 às 14h (acesso ao público é encerrado às 13h30)
    • Fechado: 25 de dezembro e 1 e 6 de janeiro.  
  • Ingressos: geral 2€ / gratuito para residentes ou nascidos em Sevilha (com documento de identificação), deficientes e acompanhante, menores de 16 anos

O Antiquarium

No térreo fica o novo Mercado de la Encarnación, que foi projetado para substituir o antigo mercado de Sevilha, datado de 1842 e que havia sido demolido em 1973. Esse era considerado o mercado mais antigo da cidade e ganhou novas formas com o projeto Metropol Parasol. É uma área ampla com 2.200 m², bancas em formato de ilha, e amplos corredores com 40 lojas que vendem frutas, vegetais, queijos, carnes e peixes, e outros artigos variados e complementares. Há também uma praça de alimentação se bater aquela fome... O mercado funciona das 8 às 15h, de segunda a sábado, aos domingos está fechado.

Um andar acima do térreo, há uma praça elevada, ideal para desfrutar do convívio, observar as pessoas e admirar o próprio lugar. É conhecida como Plaza Mayor e fica embaixo de toda a estrutura de madeira das Setas, o que faz dela a maior praça pedonal e sombreada de Sevilha. É aqui que acontecem alguns eventos de música, dança, esportes e vários outros tipos de apresentações.

Mercado no piso térreo

As bancas no mercado
Plaza Mayor, o espaço recreativo 

No primeiro piso fica o início da visita às passarelas de ”Las Setas”, bem como uma área de eventos com 500 m² com capacidade para 300 pessoas, duas salas para conferências, passadiços, esplanada e um pequeno bar.

O segundo e terceiro andar são terraços panorâmicos, sendo que em um deles existe um restaurante, com espetaculares vistas sobre o centro de Sevilha. O acesso vertical é feito através de elevadores acomodados nos pilares de concreto.

Por fim, no último andar fica o Mirante que fica há 28 metros de altura, com uma grande passarela de concreto com 250m de largura, em que os visitantes podem andar e apreciar a cidade de cima em um tour 360º. Tem apenas um terço da altura da torre La Giralda, mas garante uma boa vista da cidade e um passeio bem inusitado pela passarela que segue pelo meio dos seis “cogumelos” de madeira.


As passarelas sobre o teto das Setas de Sevilha

Existe a possibilidade de você visitar o mirante e as passarelas durante o pôr-do-sol e dizem na internet que é uma experiência maravilhosa. Inclusive existe um tipo de visitação noturna chamado Aurora, um impressionante espetáculo de luz e som no qual todo o monumento das Setas se ilumina com um jogo de luzes multicoloridas que parecem dançar no meio da estrutura.

Abaixo, as informações sobre o acesso aos terraços e ao mirante:
  • Horário de funcionamento:
    • De domingo à quinta-feira: das 9h30 às 23h 
    • Sextas-feiras e sábados: das 9h30 às 23h30 
    • Fechado: 25 de dezembro e 1 e 6 de janeiro.  
  • Ingressos: geral 3€ para não residentes ou nascidos em Sevilha
  • Ingressos Pôr-do-sol + Show Aurora: geral 10 a 15€ (essa informação não é muito clara na internet), gratuito para crianças menores de 5 anos. 

Vídeo do show Aurora

Pelo meu roteiro ainda devemos estar no meio da tarde, então o show noturno das Setas de Sevilha deve ficar para depois... o percurso continua em direção ao Palacio de las Dueñas, que fica há uns 10 minutos de distância.

É uma construção de estilo gótico-renascentista situado numa propriedade de 1.900 m² e foi construída entre os séculos XV e XVI, pela família Pineda e se tornou um local de referência para a alta sociedade sevilhana nos anos que se seguiram.

Existem duas versões sobre a história deste palácio, que deve seu nome ao desaparecido mosteiro de Santa María de las Dueñas, demolido em 1868. A primeira conta que a família Pineda lamentavelmente, se viu obrigada a vendê-lo com urgência quando Juan de Pineda foi sequestrado pelos muçulmanos e a família precisava de uma grande quantidade de dinheiro para poder pagar o seu resgate. A segunda versão, que inclusive é a oficial do site do palácio, conta que eventualmente o palácio foi herdado por Fernando Enríquez de Ribera, II Marquês de Villanueva del Río e pai de Antonia Enríquez de Ribera, que se casou em 1612 com Fernando Álvarez de Toledo, futuro VI Duque de Alba, passando assim a pertencer à Casa de Alba, uma das famílias mais ricas do país.

Palacio de las Dueñas (foto de Daniel Salvador)

Desde março de 2016, este palácio, que foi classificado como Bem de Interesse Cultural, está aberto ao público, passando a fazer parte da oferta cultural e turística de Sevilha. Por ainda ser a residência oficial do Duque de Alba em Sevilha, somente alguns espaços são abertos ao público, como o Salón de las Gitanas, o Salón de Carteles, a Capilla, a Sala de Leitura e os pátios. E neles você pode ver um exemplo da arquitetura nobiliária sevilhana, pois a visitação revela mais de 1.400 peças artísticas.

O palácio, que é uma obra de arte em si mesmo, conta com um importante valor histórico, arquitetônico e artístico. Além disso, possui uma extensa e variada coleção de móveis, artigos de cerâmicas, objetos antigos, numerosas pinturas e uma infinidade de lembranças familiares que podem ser vistas à medida que percorremos as diferentes partes do edifício.

Se as paredes falassem, contariam a história dos ilustres personagens que passaram por essa casa ao longo do tempo. Entre esses, vale a pena destacar a sua principal inquilina, a Duquesa de Alba, e o grande poeta António Machado, que nasceu e passou parte da sua infância no palácio.

Salón de las Gitanas

Além das coleções e das obras de arte, um outro importante atrativo do palácio são os seus exuberantes pátios e jardins, compostos por um denso manto de vegetação que inclui mais de sete mil plantas, entre as quais se encontram laranjeiras, limoeiros e palmeiras.

O Palácio de las Dueñas é um desses lugares que nos fazem perder a noção do tempo e transmite aos seus visitantes uma sensação de tranquilidade absoluta.

Patio Principal

Abaixo, as informações sobre localização e horários de funcionamento, e também um mapa do palácio e seus jardins.
  • Endereço: Calle Dueñas, 5
  • Horários:
    • Verão (abril a setembro) das 10h00 às 20h00. A última entrada e acesso ao Palácio é às 19h15 e será esvaziado às 19h50.
    • Inverno (outubro a março) das 10h00 às 18h00. A última entrada e acesso ao Palácio é às 17h15 e será esvaziado às 17h50.
    • Fechado nos dias 1º de janeiro, 6 de janeiro e 25 de dezembro.
  • Ingressos:
    • Bilhete Geral: 12€
    • Bilhete Reduzido: 10€ para crianças dos 6 aos 16 anos / Deficientes / Estudantes Universitários menores de 25 anos / Maiores de 65 anos
    • Entrada gratuita: Crianças até 6 anos 

Mapa do Palacio de las Dueñas

Seguindo nosso roteiro, vamos conhecer agora a Casa de Pilatos, que também é nas redondezas, localizada há uns 10 minutos de caminhada de distância do Palacio de las Dueñas.

O Palácio dos Adelantados Mayores de Andalucía, mais conhecido como Casa de Pilatos, foi essencialmente construído entre os séculos XV e XVI. Foi construída por D. Pedro Enríquez, que ocupava o cargo de Adelantado Maior de Andaluzia, um importante posto a nível jurídico, e sua segunda esposa, Catalina de Ribera, que também foram proprietários do Palacio de las Dueñas. E é assim que o casal, que deve ter sido uma potência imobiliária na Sevilha da virada dos séculos XV e XVI, possuiu as primeiras versões das duas residências que, hoje, modificadas e ampliadas, são consideradas os mais importantes bens imóveis de Sevilha, após o Alcázar, residência real.

Catalina de Ribera é amplamente homenageada na Sevilha contemporânea. Na continuação dos Jardines de Murillo estão os Jardines de Catalina de Ribera, onde está, ao longo da muralha do Alcázar, o Paseo de Catalina de Ribera, no qual existe uma fonte do começo do século XX celebrando-a.

A fachada austera da Casa de Pilatos

Declarado Monumento Nacional desde 1931, este palácio é uma delicada síntese da tradição gótica e mudéjar do final da Idade Média e das inovações do Renascimento, cuja introdução em Sevilha se deve à relação privilegiada que a família Enríquez de Ribera manteve com a Itália, desde o I Marquês de Tarifa, até ao III Duque Alcalá. Com o passar dos séculos, o palácio sofreu diferentes transformações, que resultaram em um suntuoso conjunto residencial com uma pitoresca e harmoniosa fisionomia, misturando todos os estilos presentes na cidade, como o renascentista, mudéjar, medieval e gótico, com belos toques muçulmanos. 

O nome Casa de Pilatos vem da celebração da Semana Santa, quando a procissão da Via Crucis que começou a ser celebrada na cidade em 1520 e que partia exatamente do palácio, sendo que ele próprio representava o palácio de Pôncio Pilatos. Ainda se conservam os azulejos que representam cada uma das estações ao longo dela.

A partir do séc. XVII, a Casa de Pilatos passa a ser propriedade dos Duques de Medinaceli, cujo escudo podemos observar num dos muros do palácio, e que utilizam a casa até os dias de hoje. Abaixo, uma imagem com a composição do palácio e os jardins.

Divisão interna da Casa de Pilates

A Casa de Pilatos foi edificada em dois andares quase idênticos. O andar inferior é denominado Palácio de Verão e é composto por várias dependências situadas em torno ao pátio principal, onde as influências mudéjar e do Renascimento italiano se coadunam. Algumas salas contêm peças da coleção de bustos, esculturas e baixos-relevos, muitas delas peças muito antigas e restauradas. Esse andar é mais fresco e menos exposto ao abrasador calor sevilhano.

Já a planta superior compõe o Palácio de Inverno, organizado em várias salas, que ainda são usados pelos Duques de Medinaceli. É por isso que esse pavimento só pode ser percorrido em visitas guiadas e é proibido fotografar. A visita guiada ao andar superior passa por salas de estar, dormitórios e salões de refeições decorados em estilo mais francamente renascentista, com o acréscimo de objetos decorativos de épocas mais recentes.

Pátio interno e os dois andares do palácio

Os azulejos formam um dos elementos principais na decoração do palácio. São considerados, tanto por sua variedade, quanto pela qualidade de sua fabricação, como uma das mais ricas coleções de azulejos de todo o mundo. 

Mais de 150 desenhos distintos podem ser contemplados, e foram realizados no bairro sevilhano de Triana, entre 1536 e 1539. Muitas combinações são compostas por motivos geométricos como os azulejos mudéjares, ou inspirados nos desenhos de tapetes isabelinos do século XV, ou ainda desenhos inspirados em motivos renascentistas. Inúmeros são as peças decoradas com os escudos relacionados às linhagens do casal fundador, Catalina e Pedro Enriquez.

Os azulejos da Casa de Pilatos

Os convidados que chegavam ao palácio passavam por um portal de mármore de estilo renascentista e eram recebidos num local denominado Apeadero, um recinto típico dos palácios andaluzes. Representava um espaço de transição entre a praça pública e a intimidade do pátio principal, estando situado logo depois da entrada principal do palácio e é um pátio descoberto com galerias perpendiculares, que protegiam os recém chegados da chuva e do sol.

Durante o percurso pela Casa de Pilates, você descobrirá que todo o palácio é uma incrível galeria de arte que abriga belas peças como estátuas gregas e romanas, tapeçarias, móveis e pinturas de artistas renomados, como Goya.

Na zona dos jardins, você encontrará um agradável oásis de tranquilidade que fará com que você esqueça dos ruídos do centro da cidade e da pressa, típica dos grandes centros urbanos. Uma arcada do pátio principal leva ao Jardim Italiano e, de repente, é como mudar de país, um espaço simetricamente organizado e que poderia pertencer a qualquer vila toscana tradicional, pois todas as plantas foram trazidas de lá e o paisagismo segue fielmente essa tradição.


Jardim Italiano

Como muitas outras construções históricas de Sevilha, a Casa de Pilatos também foi o palco de grandes produções de Hollywood como o vencedor de cinco Oscars, o filme "Lawrence da Arábia", de 1942. Ou ainda o filme "1492: a conquista do paraíso", de Ridley Scott filmado em 1992. E também o filme "Cruzade" também de Ridley Scott, de 2005.

Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
  • Endereço: Plaza de Pilatos, 1
  • Horário de Funcionamento:
    • De novembro a março: todos os dias, das 9 às 18h
    • De abril a outubro: todos os dias: das 9 às 19h
  • Ingresso: 
    • Andar térreo: 10€ 
    • Piso superior: 5€
Bom, terminando a visita à Casa de Pilatos, vamos passear um pouco pelo Barrio de Alfalfa e pela Plaza de la Pescadería.

O bairro de Alfalfa abriga as lojas sevilhanas mais tradicionais: moda flamenca, vestidos de noiva, roupas de noite, roupas da Semana Santa, sapatos, tecidos, de tudo um pouco. Não deixe de passear pelas ruas do bairro para ver o circuito alternativo de moda e visitar a bucólica Plaza de la Alfalfa com seus cafés com mesinhas na calçada.

Provavelmente você vai passar pelo tradicional Bar Alfalfa, uma pequena taverna descontraída com bebidas e deliciosos tapas em um espaço bem apertadinho mas com toque rústico e ao mesmo tempo bem colorido. Se bater aquela fome, é uma boa opção!

Plaza de Alfafa

Continuando nosso quase finalizado percurso, vamos encontrar a Plaza de la Pescadoría, era conhecida antigamente como Plaza de la Costanilla, e aqui funcionava o mercado do peixe e se vendia vários tipos de pescados e o tão valorizado bacalhau. Essa praça já sofreu diversas alterações e revitalizações, culminando com um importante projeto de 2006 denominado "Piel Sensible", em português "pele sensível", que visa proteger de futuras alterações arquitetônicas e estruturais as várias praças da zona da Alfafa. 

As últimas obras de revitalização de La Pescadería permitiram localizar a parede de uma cisterna romana com 50 centímetros de espessura e cerca de 4 metros de profundidade, há apenas 60 centímetros abaixo do solo. Os arqueólogos consideraram os vestígios de grande importância, salientando que estes vestígios fariam parte de um "castellum aquae", um sistema geral de água da época romana, datado da época do imperador Trajano, no século II d.C. e que abastecia a cidade de Hispalis, como Sevilha era chamada na época, com a água que passava pelos Caños de Carmona.


Cisterna Romana na Plaza de la Pescadaría

Foi estudado um projeto para integrar a cisterna na estrutura da praça, de forma a que estes antigos vestígios romanos pudessem ser vistos através de uma claraboia. O projeto consistiu em cobrir os vestígios arqueológicos com uma estrutura de vidro que, através de algumas luzes, permitiria a sua visualização da rua e também possibilitaria uma escada que permitiria o acesso ao seu interior. 

Infelizmente, não houve uma boa execução do projeto e esse espaço ficou meio inacessível para o público e apesar de sua importância só é possível visitas técnicas esporádicas e reparos de manutenção para tentar solucionar os problemas que a umidade, a falta de ventilação e de luz no interior provocaram.

Plaza de la Pescadería

E bem pertinho fica a charmosa Plaza del Pan, oficialmente conhecida como Plaza Jesús de la Pasión, e a Iglesia de El Salvador. A Plaza del Pan deve seu nome às inúmeras barracas que comercializavam o produto desde o início do século XIV, mas infelizmente estas antigas padarias já não existem mais. O local hoje é ocupado por vários tipos de comércio e serviços, mas chama a atenção o edifício das antigas lojas de tecidos Pedro Roldán, que foi construído entre 1926 e 1927, uma obra de estilo regionalista do arquiteto José Espiau y Muñoz.

Plaza del Pan

Aqui, vou fazer um aparte... o pôr-do-sol em Sevilha no verão é bem tarde, pelo que pesquisei é perto das 20:30h (horário local). Então todo o roteiro do terceiro dia pode ser feito tranquilamente até próximo das oito, inclusive jantar ou ir de tapas e no final do percurso aproveitar para ver o espetáculo Aurora nas Setas de Sevilha, é só voltar até lá e aproveitar o show. De onde o roteiro finaliza próximo da Plaza de la Pescadería até as Setas de Sevilha, vão ser uns 10 minutos de caminhada tranquila.

Bom, o roteiro por hoje terminou... quem tiver pique ainda dá pra assistir algum show de flamenco ou jantar com calma para depois ir descansar, porque amanhã nos despedimos de Sevilha e seguimos nossa viagem. A sugestão é ir assistir ao show de flamenco da Casa de la Memoria, que fica em um palácio do século XV, bem pertinho das Setas de Sevilha.

Cada show apresenta quatro artistas: dois dançarinos, um cantor e um guitarrista. O local é pequeno o que faz com que eles não precisem de microfones, a música é levada para todo canto. Os horários dos espetáculos são das 18 às 19 hs e das 19:30 às 20:30hs. Dependendo da época do ano, haverá espetáculos excepcionais às 21h e/ou às 22h30. No final da página estão anotados os dados de endereço e compra de ingressos.


Se você planeja ficar alguns dias a mais em Sevilha, existem outras atrações que eu não citei por conta do tempo mais restrito, mas vou deixar anotado aqui porque são passeios bem legais.

Caso você queira um programa mais cultural, vale super a pena ir conhecer o Museu de Belas Artes, que é uma das pinacotecas mais importantes de Espanha, e que fica localizado na Plaza del Museo, 9. O edifício, que antes servia como convento, hoje abriga um acervo composto principalmente por pintura barroca sevilhana e pintura andaluza do século XIX, com mais de 600 anos da história da arte de Sevilha, e algumas obras assinadas por Francisco de Zurbarán e Juan de Valdés Leal. A rica coleção está dividida em dois andares, exposta por ordem cronológica. Os amantes de arte não podem deixar de visitar este museu, que fica aberto de terça a domingo. Para saber mais, clique no link: https://www.museosdeandalucia.es/web/museodebellasartesdesevilla 

E um passeio que é muito agradável é ao Palacio de la Condessa de Lebrija, também bem pertinho das Setas de Sevilha, na Calle Cuna, 8. Escondido por detrás de uma simples fachada de estilo sevilhano, esse palácio é uma majestosa construção repleta de obras de arte que constitui uma das joias ocultas mais chamativas da cidade. A história do palácio começa com Regla Manjón, condessa de Lebrija, cujo amor pela arte a levou a conseguir um acervo de valor incalculável, entre os quais se encontram ânforas, esculturas, pinturas, elegantes móveis, mosaicos, peças romanas, azulejos resgatados de conventos e palácios em ruínas, coleções de leques e peças de porcelana e valiosas obras pictóricas. Para saber mais, clique no link: https://palaciodelebrija.com/

Outra opção é ir visitar o bairro boêmio de La Macarena, que fica nas proximidades do Palacio de las Dueñas e é conhecido por sua atmosfera moderna e criativa, com lojas exclusivas que vendem roupas e livros antigos, além do Mercado de la Feria onde as barracas servem paella e croquetes, e seus bares mantêm a área movimentada até a madrugada. É um convite para uma boa caminhada onde você pode curtir a linda arquitetura enquanto passeia pelas ruas, podendo aproveitar para ir visitar a basílica La Macarena que abriga uma reverenciada imagem da Virgem de Macarena. Dizem que a Macarena, aquela famosa música que com certeza você já dançou em algum casamento, surgiu justamente neste bairro, onde moram diversos latino-americanos.

E se sua viagem for com a família a ideia é inserir um pouquinho de diversão e aventura incluindo a Isla Mágica em seu roteiro, um parque temático que tem atrações para adultos e crianças. E tem também shows, restaurantes e lojas que vão preencher o dia inteiro e vocês nem vão sentir o tempo passar. Para saber mais, clique no link: https://www.islamagica.es/

Museu de Bellas Artes
Palacio Condessa de Lebrija

Barrio La Macarena

Parque La Isla Magica


É necessário fazer um parágrafo à parte para falar sobre uma das maiores tradições religiosas de Sevilha, a celebração da Semana Santa que remonta ao século XIV e tem origem nos grêmios e confrarias de penitência daquela cidade, que surgiram nos séculos XIII e XIV e se consolidaram definitivamente, em termos de estatutos e natureza, nos séculos XV e XVI.

Os grêmios são associações de homens livres que vivem do comércio ou praticam um ofício, geralmente agrupados em ruas ou bairros. Já as confrarias definem-se desde a época medieval como uma associação ou irmandade com fins religiosos, de pessoas de sexo diferente, pertencentes ou não a uma mesma profissão, grêmio ou estatuto social. O seu carácter laico está associado a uma determinada causa social ou de beneficência e funciona sob a proteção de um santo patrono protetor ou do Cristo Redentor. Um vínculo surgiu entre grêmios e confrarias por uma necessidade de unir as ações sociais de caridade e as práticas de beneficência e hospitalares ao culto religioso.

As procissões da Semana Santa

As cerca de 57 confrarias de Sevilha, das quais a mais antiga, El Silencio, tem mais de 650 anos, preparam-se durante todo o ano para a Semana Santa e rivalizam em talento para enfeitar os andores de Cristo e da Virgem que fazem desfilar pela cidade, desde a sua igreja de bairro até à Santa Iglesia Catedral e de volta, a Recogía, ao seu templo inicial. A Carrera Oficial, percurso de penitência efetuado pelas confrarias, teve origem na necessidade de se regulamentar este ato, no início do século XVII, devido ao grande aumento de confrarias no século anterior, como resposta da Igreja Católica contra a reforma luterana. A proliferação de confrarias e os distintos percursos utilizados causavam problemas de circulação que frequentemente causavam desordem e violência entre os confrades. O então Arcebispo de Sevilha estabeleceu o percurso e os dias a que as confrarias poderiam sair. Hoje em dia, as procissões das distintas confrarias têm lugar nos oito dias que decorrem entre o Domingo de Ramos e o de Páscoa e constam do programa oficial, com horas e percursos definidos, que tradicionalmente começam pela La Borriquita, no Domingo de Ramos, e terminam com La Resurrección, no Domingo de Páscoa.

Os nazarenos

Enquadrados na procissão, os nazarenos, penitentes laicos de túnica, capuz com máscara e por vezes uma capa, com as cores da sua confraria, desfilam muitas vezes descalços com um passo lento e ritmado pelo martelo do Capataz, que também impõe a marcha aos dezenas de costaleros de olhos vendados que carregam os andores com as imagens sagradas - os pasos -, que chegam a pesar 2000 kg. Mas são talvez os aguaó, os confrades que realizam a penitência mais dura dado que têm a missão de levar água aos costaleros para lhes saciar a sede, carregando bidões de água que recolhem dos cafés, bares e restaurantes durante todo o percurso. Cada hermandade transporta o seu estandarte, popularmente chamado de bacalao, com o respetivo escudo bordado.

A Semana Grande, ou Santa, de Sevilha tem um ambiente muito especial que a distingue das demais celebrações que existem um pouco por toda a Andaluzia. A preparação das procissões começa semanas antes, com a colocação de barras metálicas nos percursos, enquanto que nas montras das lojas e cafés se podem ver reproduções de imagens ou andores em miniatura e nazarenos de caramelo reproduzidos ao pormenor nos escaparates das pastelarias. Durante esta semana é também tradição comer as torrijas e os pestiños.


Os trajes femininos

A multidão reúne-se durante todo o percurso para venerar as imagens santas e para testemunhar o sacrifício dos costaleros e a autoflagelação dos nazarenos. A aglomeração de pessoas dá lugar à vulgarmente chamada bulla, um engarrafamento de grande aperto que frequentemente provoca desmaios e gritos. O aroma da primavera confunde-se com os do incenso e da cera, intensificando o ambiente religioso que se vive nesta altura. Quase todas as confrarias que fazem penitência são acompanhadas pelos cantos da saeta, por martinete.

A tradição manda que se estreie alguma coisa no Domingo de Ramos, para que as mãos não caiam. Na Quinta e na Sexta-feira Santas as mulheres vestem traje de mantilla, adornado de cravos na Quinta-Feira Santa e sem cravos na Sexta-Feira Santa, como sinal de luto, e visitam-se sete sacrários, como impõe a ocasião.

Para maiores informações, click no link: https://www.semana-santa.org/


E logo depois das comemorações da Semana Santa de Sevilha, a cidade continua a vibrar intensivamente com a Feria de Abril, ou em português Feira de Abril, que acontece uma ou duas semanas depois da Páscoa e coincide com as touradas na Plaza de la Maestranza.

O evento acontece em um grande recinto denominado Real de la Feria, onde o público se reúne e é repleto de ruas com barracas efémeras, adornadas com lanternas, por onde circulam cavaleiros e carruagens puxadas por cavalos e por onde passam diariamente cerca de 500.000 visitantes. 

Durante os seis dias da feira, Sevilha vive só para comemorações e festas. A música, a gastronomia, a dança e a vontade de se divertir criam um ambiente muito especial. É uma das festas mais popular da cidade e que alcançou fama internacional, por isso tem um grande impacto econômico e social na cidade tendo sido declarada Festival de Interesse Turístico Internacional.

Visão Aérea da Feira de Abril - Calle del Infierno

Foi criada em 1847 como feira de pecuária e ao longo do tempo o aspecto festivo do evento acabou por se impor na parte comercial, até se tornar um encontro imprescindível para os sevilhanos. Durante uma semana, os mais de mil estandes instalados no recinto da feira tornam-se a segunda casa dos habitantes desta cidade, um espaço onde podem se reunir e divertir até altas horas da madrugada.

Hoje em dia ela ocupa um espaço de 1.200.000 m2 dividido em três zonas: La Calle del Infierno, que é um local para um parque de diversões, El Real de la Feria com 15 ruas com nomes de toureiros importantes e onde se localizam as mais de 1000 Casetas, além dos Aparcamientos, que são os estacionamentos. 

Oficialmente, a festa começa à meia noite de domingo para segunda-feira com a popular “Prueba del Alumbrado”, onde se acende seu portal de entrada, chamado La Portada, com milhões de luzes e faróis que o transformam em um portal de luz.

Show de luzes "Prueba del Alumbrado" na abertura da Feira

As Casetas são inspiradas nas antigas tendas de campanha e competem entre si para ganhar o prêmio máximo da feira e é onde os sevilhanos recebem e atendem aos familiares e amigos, exercendo a função de anfitrião como se estivesse em sua própria casa.

A titularidade das Casetas é feita através de licença municipal sendo que estes estandes são normalmente cedidos a particulares que os partilham com os seus pares, a entidades públicas e entidades privadas, como grandes empresas ou associações culturais, de amigos, irmandades, clubes, etc. Nestes ambientes, simples e ricamente decoradas, não faltam bebidas finas, o delicioso vinho Manzanilla, o bom e tradicional jamón, deliciosas comidas típicas, as sevilhanas trajadas com esmero, a guitarra, o baile e a cantoria... 

Mas se você não conhece nenhum sevilhano com acesso a uma caseta, sempre é possível entrar em uma das sete grandes casetas públicas. A maior pertence à prefeitura de Sevilha, enquanto as restantes pertencem a diferentes bairros da cidade. As casetas públicas são muito maiores que as privadas, e também ficam muito mais lotadas. E, se você adquirir algo em uma das casetas, deve pagar com vales e não com dinheiro, mais ou menos como na nossa tradicional festa junina. 

As Casetas

Você vai ver muita gente passeando ao ar livre pelo Recinto Ferial, muitas vezes dançando e brincando nas ruas mas é dentro das casetas privadas que acontece a verdadeira festa.

No decorrer da festa, as pessoas vestem trajes típicos da Andaluzia: homens com roupas tradicionais do campo e mulheres com trajes flamencos ou ciganos. Durante o dia, a feira se enche de centenas de amazonas, cavaleiros e carruagens ricas em acessórios. É o chamado passeio a cavalo, no qual você pode participar alugando uma charrete com um motorista do serviço regular.

Os trajes típicos

Junto ao recinto de feiras encontra-se a Calle del Infierno, uma zona de lazer muito animada, com inúmeras atrações para crianças e adultos, além de locais onde é possível pedir uma bebida ou um lanche. Outro elemento essencial são os touros sendo que todas as tardes a Plaza de la Maestranza é frequentada por inúmeros visitantes que querem assistir à tourada.

A cerimônia de fechamento da Feira acontece à meia-noite, com fogos artificiais junto ao rio Guadalquivir.

As charretes
Os passeios a cavalo
A festa de encerramento

    Dicas de Compras e de Onde Comer:

    O que comprar em Sevilha:

    Cerâmica: Como já mencionei no roteiro do primeiro dia em Sevilha, o bairro de Triana é o polo artesanal das famosas peças de cerâmica e porcelana, destaques da região da Andaluzia. Lá você com certeza vai encontrar alguma peça para levar de souvenir ou presentear os amigos. Algumas lojas oferecem visitas guiadas a seus ateliês onde você vai aprender todo o processo, desde a produção até a venda.

    - Produtos: Além das cerâmicas e porcelanas típicas de Sevilha, várias outras opções fazem a alegria do turista: leques, acessórios e vestidos de flamenco, os tradicionais chapéus artesanais andaluzes e o incenso símbolo da Semana Santa de Sevilha que pode ser encontrado em vários aromas e normalmente é oferecido junto com o braseiro de cerâmica.

    Gastronomia: Se você quer ter uma boa lembrança gastronômica, Sevilha oferece algumas opções bem inusitadas, como o vinho de xerez, os doces de conventos que você só encontra mesmo em um convento, o azeite de oliva extra considerado um dos melhores do mundo, e por fim o tradicionalíssimo presunto, o jamón ibérico.

    - Antiguidades e Mercado das Pulgas: Se tiver tempo sobrando em Sevilha, vale dar uma chegada ao Mercado “El Jueves“, o mais antigo de Sevilha, pois sua origem remete ao século XIII. Localizado na Calle Feria, n.4, ele funciona todas as quintas-feiras, afinal jueves em espanhol significa “quinta-feira”, daí vem a inspiração do nome. Nele são vendidas antiguidades, produtos de segunda mão, itens de artesanato, móveis, livros, cerâmicas, roupas flamencas, pinturas, brinquedos, esculturas e muito mais. Horário de funcionamento: toda quinta-feira das 07 h as 15h (exceto feriado santo).

    Observação: Existem algumas ruas e zonas bem comerciais onde você pode encontrar os artefatos tradicionais de Sevilha. Durante as explicações do roteiro já mencionei algumas delas como o bairro Triana e a Calle Sierpes. Mas vale mencionar também a Calle Tepuan, que corre paralela à Sierpes e tem uma grande variedade de lojas de marcas famosas, bares, cafés e lojas de souvenirs.

    Cerâmicas

    Leques
    e Artigos de Flamenco
    Produtos Gastronômicos


    O que comer em Sevilha:

    Agora, vamos ao que interessa... o que comer em Sevilha!!!

    Além da tradicional Paella, um dos pratos mais famosos da Espanha, Sevilha oferece várias comidas típicas que deixam qualquer um com água na boca e a grande vantagem é que a maioria dos restaurantes dão a possibilidade de escolher a comida na versão tapas ou na versão prato. A versão tapas tem a vantagem de você poder experimentar várias opções para saber de qual gosta mais.

    O Pescaíto Frito é um dos pratos mais famosos dos bares e restaurantes de Sevilha. É composto por diferentes tipos de pequenos peixes, empanados com farinha e depois fritos em azeite ou óleo. Os peixes mais utilizados são aqueles que possuem poucas espinhas. O Gaspacho mais do que um prato típico de Sevilha é um prato típico da Andaluzia. É essencialmente servido durante os quentíssimos meses do verão, sendo uma sopa fria feita à base de tomates, pimentões, pepino, cebola e alho.

    Outro prato muito tradicional em Sevilha é o Rabo de Toro, um ensopado feito com rabo de boi ou de vaca, onde se adiciona tomate, cenoura, vinhos, especiarias, entre outros temperos. Geralmente, o rabo de boi é frito e depois servido com o molho por cima. Outro prato famoso é o Huevo a la Flamenca, uma das comidas mais tradicionais e um prato bem simples à base de ovos e legumes. Alguns restaurantes dão uma incrementada adicionando salsichas, presunto, molho de tomate ou cebola. 

    Espinafres com Grão de Bico é outro dos pratos famosos de Sevilha e consiste na mistura de espinafres com grão de bico cozido refogados e temperados com várias especiarias. E se a pedida for uma porção de batatas, além das tradicionais Papas Bravas, outra opção é experimentar as Papas Alinás, batatas cozidas, servidas frias e condimentadas com azeite, vinagre, cebolinha e salsa. E se a vontade for de um sanduiche típico, a sugestão é experimentar o Pringá, feito com a carne desfiada dos tradicionais cozidos.

    Mas se for hora de um happy hour, é obrigatório provar os tradicionais de Sevilha. O Vino Tinto de Verano é a bebida mais consumida na cidade, principalmente na primavera e no quentíssimo verão local, e é feito com vinho tinto, soda, frutas e gelo. Já a famosa Sangria é outra bebida muito comum em Sevilha, muito parecida com o vino tinto de verano, mas com o acréscimo de muitas outras especiarias, como canela, açúcar, suco de laranja, entre outros.

    Pescaito Frito
    Huevos a la Flamenca
    Rabo de Toro

    Espinafre com Grão de Bico

    Gazpacho

    Vino Tinto de Verano

    Onde comer em Sevilha:

    Como existem excelentes opções tanto em Triana como no Centro Histórico, resolvi dividir por bairros, para facilitar a escolha se estiver na região.

    Em Triana:
    • Casa Ruperto: Calle Santa Cecilia, 2 - Telefone: +34 954 08 66 94
      É o templo das codornizes, mas muitos internautas recomendam também o guisado de caracol e cabrilla ou a pringá, um sanduíche feito com a carne do guisado.
    • Bar Juan Carlos: Calle Febo, 6 - Telefone: +34 626 213 067
      É o paraíso dos petiscos à base de queijos, com mais de 100 variedades e também vários tipos de patês e outras iguarias. Se destaca por suas cervejas nacionais/internacionais.
    • Freiduría Reina Vitoria: Calle Rodrigo de Tirana, 51 - Telefone: +34 954 33 50 47
      É o lugar ideal para comer bacalhau bem como peixes e frutos do mar, como lulas, calamares e muitos mais. Simples mas com preços acessíveis.
    • Bar Salomon: Calle López de Gómara, 11 - Telefone: +34 954 33 35 21
      É o lugar perfeito para os pinchos e as carnes grelhadas.
    • Las Golondrinas 1: Calle Pagés del Corro, 76 - Telefone: +34 954 33 82 35
      Las Golondrinas 2: Calle Antillano Campos, 26 - Telefone: +34 954 33 16 26
      É considerado um "must" em Triana, com duas filiais: a primeira é mais tradicional enquanto a segunda tem estilo contemporâneo. Suas especialidades são pontas de lombo de vaca, cogumelos grelhados, bochechas ibéricas e caballitos de jamón.
    • Bar Blanca Paloma: Calle San Jacinto, 49 - Telefone: +34 954 33 36 40
      Sua fama se deve aos bocaditos de mejillones, um croquete de mexilhões muito saboroso. Outro prato famoso são as berinjelas recheadas com camarões.
    • Restaurante El Mero: Calle Betis, 2 - Telefone: +34 955 27 11 61
      É o paraíso dos amantes do peixe frito, que preza pela boa qualidade a um preço razoável.


    Casa Ruperto

    Bar Juan Carlos

    Freiduría Reina Vitoria


    No Centro Histórico:
    • Bodega Santa Cruz: Calle Rodrigo Caro, 1 - Telefone: +34 954 21 86 18
      Super tradicional, com cara de boteco raíz, é uma excelente opção para entender a cultura das bodegas de Sevilha. Apesar de meio apertado e com algumas filas, vale a pena pela qualidade e preços acessíveis. Dica: as croquetas de rabo de toro e carrillada, as beringelas fritas, o queijo de cabra frito com geleia, o espinafre com queijo.
    • Bar Dos de Mayo: Plaza de la Gavidia, 6 - Telefone: +34 954 90 86 47
      Se der, sente no balcão e não deixe de provar: Pollo Mostaza, Gambas em Bechamel, Buñuelo de Bacalao, Bacalao Viuda, Barriga de Atum. Melhor custo-benefício, com qualidade e muita criatividade nos pratos. Obs: o pão é cobrado mesmo sem consumir.
    • Taberna del Arenal: Calle Almirante Lobo 2 - Telefone:  +34 954 22 11 42
      No almoço há opção de menu por 12€ com 2 pratos, bebida, pão e sobremesa. Mas dá pra ir de tapas que são mais elaboradas e ousadas como as de Carne gratinada com tomate e berinjela, Alcachofras de Foie com Porto, Lombo Roquefort. OBS: Pão cobrado mesmo sem consumir.
    • Empanadas BreadSquare: Plaza Jesús de la Pasión, 13 c - Telefone: +34 682 26 68 44
      Excelente custo benefício, as empanadas são consideradas as mais gostosas de Sevilha. Custam 2,5€ a unidade ou 3 unidades por 6€ e a de o de chicharron é uma das mais pedidas. A lata cerveja custa 1€ e vem super gelada.
    • Taberna Belmonte: Calle Mateos Gago, 24 - Telefone: +34 954 21 40 14
      As tapas são super gostosas e grandes, algumas dicas: queso de cabra sobre torta de aceite y romero, aderezada con miel y mermelada de pimientos, wolomillo de cerdo ao whisky. A cerveja é meio cara, custa 3,3€ mas vem em um copo bem grande. Obs: Pão cobrado mesmo sem consumir.
    • Dona Carmen: Calle San Eloy, 19 - Telefone: +34 955 67 31 29
      O melhor lugar para um café da manhã com churros. É uma cafeteria bem tradicional localizad no centro histórico.
    • Bodegón Alfonso XII: Calle Alfonso XII, 33 - Telefone: +34 954 91 04 20
      É uma ótima opção para quem deseja algo menos turístico. Serve menu do dia na hora do almoço a €9,50. Com cara de boteco raiz, o lugar oferece ótimas opções de comidas típicas. A preferida é a paella mista a €15 por pessoa, come-se muito bem
      .
    • Gusto: Calle Alemanes, 23 -  Telefone: +34 954 50 09 23
      Com vista para a Catedral é uma das melhores opções para se conhecer o melhor da culinária mediterrânea. Com um ambiente aconchegante e com ótimo atendimento, serve café da manhã, tapas e ainda jantar a la carte. Uma opção mais cara, na base de 25 euros por pessoa.
    • Cuna 2 – Baco: Calle Cuna, 2 - Telefone: +34 954 21 11 07
      Outra opção também mais dispendiosa, o Cuna 2 – Baco é cheio de detalhes arquitetônicos e de decoração. Existem diversas opções mas caso decida pela paella, dizem que a de arroz negro, feito com tinta de polvo é deliciosa.
    • El Librero Tapas y Quesos: Pje. Andreu, 4 - Telefone: +34 955 27 66 11
      É um lugar que prepara comida tradicional andaluza com bons produtos da terra. 
      Tem menu do dia com dois pratos, sobremesa e bebida por um preço de € 12 euros.
    Bodega Santa Cruz
    Bar Dos de Mayo
    Taberna El Arenal

    Las Terrazzas em Triana:
    • Maria Trifulca: Plaza del Altozano, 1 - Telefone: +34 954 33 03 47
      De seu terraço você pode apreciar as ruas estreitas do bairro, a Plaza del Altozano e mais distante, a Catedral. É super badalado, cheio de celebridades. Um cardápio bem variado com ampla seleção de pratos à base de peixes e frutos do mar.
    • Level 5th: Plaza de Chapina, s/n - Telefone: +34 608 66 73 73
      O bar com terraço panorâmico do hotel fica no Hotel Ribera de Triana e é o lugar perfeito para tomar uma relaxar. Tem solário e piscina e uma das mais desbundantes vistas de alguns dos monumentos mais famosos de Sevilha.
    • Betis 7 Triana Experience: Calle Betis, 7 - Telefone: +34 644 00 90 78
      Um restaurante com receitas que reinterpretam a tradição andaluza com toques do Oriente, da Itália e outras cozinhas do mundo.
    Maria Trifulca
    Level 5th
    Betis 7 Triana Experience

    Shows de Flamenco:

    À noite, se você ainda tiver forças, pode ir ver um show de flamenco. Há excelentes espetáculos de dança flamenca em Triana (mais autênticos) como também no Centro Histórico (mais pra turista ver):
    • Em Triana:
      • Tablao Flamenco: Calle Francos, 33 - Tel: +34 656 50 50 50
      • Teatro Flamenco Triana: Calle Pureza 76 - Tel: +34 611 00 23 30
      • Tablao Orillas de Triana: Calle Castilla, 94 - Tel: +34 955 22 64 11
      • Tablao Pura Esencia: Calle Betis, 56 - Tel: +34 667 58 81 61
      • Triana Flamenca: Calle Conde de Bustillo, 17 - Tel: +34 722 74 62 05
    • No Centro Histórico:

    Dicas:
    • Fique de olho no calendário: as procissões de Semana Santa levam multidões de devotos às ruas. Os festejos duram uma semana, do domingo de Ramos ao domingo da Ressurreição. Programe viagem nesse período apenas se tiver intenção de participar dos atos religiosos. Algumas semanas depois da Páscoa, a cidade lota novamente. É a Feira de Abril, que começou como exposição agropecuária e se transformou num megaevento de tradições sevilhanas, que acontece duas semanas depois da Páscoa, com muita alegria, música, dança e bebida.

    • Em julho e agosto as temperaturas em Sevilha costumam ser escaldantes e muitas vezes chegam atingir 40°C, acabando por atrapalhar um pouco os passeios ao ar livre. É necessário dizer que Sevilha é uma das cidades mais visitadas da Espanha e o destino ganha mais vida na primavera/verão. A alta temporada é entre abril e maio, quando a cidade vive suas festas tradicionais: a Semana Santa e a Feira de Sevilha.

    • Alguns estabelecimentos comerciais costumam fechar das 13 às 16 hs, então é bom ficar ligado na hora das compras.

    • Outra importante dica sobre Sevilha é referente ao café da manhã. É muito raro os hotéis e hostels incluírem o café da manhã na diária. Então, aproveite essa notícia ruim para comer um belo tostado ou um montadito, um sanduíche, pelas ruas da cidade.

    • Transporte Urbano: Sevilha é uma cidade cômoda para percorrer a pé, especialmente no centro histórico. Mas se precisar ir mais longe, fique por dentro do sistema de ônibus na cidade. Em Sevilha, existem 44 linhas diurnas e 9 noturnas que abarcam praticamente todas as zonas do centro e os arredores da cidade. Você pode consultar as linhas de ônibus da cidade no site oficial da empresa de transportes, a Tussam.
      • Horário e frequência: das 6h às 23h todos os dias com exceção dos feriados, nos quais as rotas começam um pouco mais tarde. A frequência entre eles varia em função da linha e do horário, sendo aproximadamente de 15 a 20 minutos.
      • Tarifas: O preço de um bilhete individual de ônibus em Sevilha é de €1,40 (R$7,40). Também é possível obter um cartão recarregável com o qual o bilhete simples teria um preço de €0,69 (R$3,60). Porém, a recarga mínima são €7 (R$36,80), pelo que só é uma opção recomendável se você passará muitos dias na cidade ou se sabe que vai utilizar os ônibus muitas vezes.
      • Existe a opção de adquirir um cartão turístico de 1 ou 3 dias que possui viagens ilimitadas durante o seu período de validade. O preço é de €5 (R$26,30) e €10 (R$52,60), respectivamente, e é necessário pagar €1,50 (R$7,90) de depósito que lhe serão creditados novamente ao devolver o cartão.

    • Metro: Inaugurado no ano 2009, o Metro de Sevilha é um sistema pequeno mas eficaz, simples de utilizar.
      • Funciona de segunda a quinta, das 6:30 às 23:00 horas. Às sextas, sábados e vésperas de feriado, o horário se amplia até as 2:00 horas.
      • A frequência dos trens é de entre 4 e 5 minutos em horário de pico e de aproximadamente 15 minutos em horários de menor afluência de passageiros.
      • Tarifas: O metro de Sevilha conta com apenas uma linha, mas apesar disso, o seu percurso está dividido em três zonas tarifárias diferentes. A passagem entre as diferentes zonas tarifárias se chama "salto" e a tarifa varia em função dos "saltos" que se realizarem durante o trajeto.
        • Bilhete simples: €1,35 por trajeto. 
        • Também existe a opção de comprar um bilhete válido durante todo o dia por €4,50.
      • Linhas: O metro de Sevilha é muito simples de usar, já que possui apenas uma linha de 18 quilômetros de longitude ao longo do qual se repartem 22 estações. Abaixo um mapa com as estações.


        Mapa do Metro de Sevilha

    • O Sevilha Pass é uma maneira prática de conhecer a cidade, evitando filas em alguns pontos turísticos e aproveitando alguns descontos.
      • Como funciona? Você compra seu Sevilla City Pass online e seleciona a data da sua chegada. Você vai receber um e-mail com um link para poder preencher as datas da sua visita ao Real Alcázar e à Catedral. Os ingressos são enviados a você por meio de um aplicativo, que você apresenta na entrada. Não é necessário imprimi-los, pois eles serão digitalizados diretamente do seu celular. Você também receberá um código de desconto, permitindo descontos em outros museus, atrações, passeios, shows e excursões em Sevilha.
      • Quanto custa? O Sevilha City Pass para adulto custa 49€ e para crianças custa 13,50€. Para adicionar o cartão de transporte público, é necessário pagar mais 19€.
      • Onde comprar o Sevilha City Pass? Você pode adquirir seu cartão no site Ticket Bar ou pelo Get Your Guide.
      • O que inclui o Sevilha City Pass? Inclui ingresso sem fila de espera para o  Real Alcázar e para a Catedral de Sevilha, 12 paradas com o ônibus Hop-on-Hop-off oficial (válido por 24 horas) e desconto de 20% para diversas atrações, museus, shows e excursões (para Málaga, Granada e Córdoba), incluindo jogos do FC Sevilla, show de flamenco Los Gallos e visitas guiadas. Você também pode incluir o cartão de transporte público de três dias e transfer de táxi particular do aeroporto de Sevilha para o hotel.



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