*** Sevilha *** 10, 11 e 12° dia da viagem |
Sevilha, ou em espanhol Sevilla, é a capital da encantadora região da Andaluzia, além de ser a 4ª maior
cidade da Espanha. Sevilha é ainda uma das cidades mais visitadas da Espanha, onde podemos
encontrar 3 construções consideradas Patrimônio Mundial da Humanidade pela
UNESCO: a Catedral de Santa Maria, o Real Alcazár de Sevilha e o Arquivo
Geral das Índias.
Já deu para perceber que vão ser no mínimo 3 dias na cidade, pois existem inúmeras atrações em Sevilha e é considerada por muitos como uma das cidades mais bonitas da Espanha, e a
que representa com maestria a essência da cultura espanhola.
A cidade recebeu influência de vários povos ao longo dos séculos, por
isso, tem um rico legado histórico e arquitetônico, com um centro
histórico riquíssimo do qual faz parte a terceira maior catedral no mundo.
Sevilha é a capital não-oficial daquela Espanha que você tem na cabeça. A
Espanha do flamenco, das touradas, das tapas… a terra do barbeiro Fígaro, do conquistador Don Juan, da cigana
Carmen de Bizet... e por que não, das terras imaginárias de Dorne, do
reino dos Martells do seriado Game of Thrones.
A Sevilha real também é maravilhosa, com suas lendas e histórias, de suas
origens romanas e mouras, e por que não dizer com influências ciganas. A
Sevilha que foi porto de partida para algumas das Grandes Navegações, hoje
lugar do repouso final de Cristóvão Colombo.
História de Sevilha
A origem de Sevilha ainda hoje é um pouco desconhecida. No entanto,
como tantas outras cidades, tem as suas próprias lendas: a mais
difundida diz que foi fundada pelo próprio Hércules. Segundo a versão mais histórica, a cidade foi fundada pela tribo
ibérica dos turdetanos que habitavam no vale do
Guadalquivir. Posteriormente, foi povoada pelos fenícios, pelos gregos e pelos
cartagineses.
Em 43 a.C. foi conquistada por Júlio César, que mudaria o seu nome
para Romula, chegando a ser a cidade mais importante da Hispania
Bética, uma das três províncias romanas na península espanhola.
Depois do declínio romano, a cidade foi ocupada por vândalos e pelos
visigodos, que se mantiveram nela e a tornaram em capital. Durante
esse período, Sevilha sofreu assaltos, rebeliões, foi usurpada e palco de
assassinatos, como o do “jantar das velas”, no qual os insatisfeitos
arquitetaram um plano de “apagar” as velas e aproveitar a
escuridão para assassinar o rei godo Teudiselo.
No ano 712, o muçulmano Abd al-Aziz ibn Mussa tomou Sevilha,
mudando o seu nome de Hispalis pelo nome árabe Isbiliyya, de onde
deriva Sevilha. E em 715, a cidade passou a depender do poder de
Córdoba.
Em 1091, a cidade foi invadida pelos Almorávidas e algumas décadas
depois, pelos Almóadas. Durante o domínio Almóada, Sevilha alcançou o
seu máximo esplendor e converteu-se na cidade mais importante de
Espanha. Nesta época, foram construídas a Torre del Oro e a Mesquita
Maior, da qual ainda se conserva um minarete, a Giralda.
Em 23 de novembro de 1248, após um longo cerco de 15 meses, Sevilha foi conquistada pelo Rei castelhano-leonês Fernando III, o
Santo, que obteve a rendição dos muçulmanos da cidade de Sevilha e em pouco tempo expulsou a população muçulmana, distribuindo partes do
território entre os conquistadores.
O Rei Fernando III, o Santo, se instalou na cidade até sua morte e
foi sucedido pelo seu filho Afonso X, o Sábio, que inspirou uma das
mais populares e difundidas lendas, passada de geração em geração entre os sevilhanos, a respeito do
surgimento do pictograma NO8DO como lema da cidade.
Pouco antes de sua morte em 1284 e como agradecimento à cidade de
Sevilha, Afonso X concedeu à cidade este emblema, uma expressão
fonética para "Ele não me deixou", em que o desenho de uma espécie de
novelo de lã completa o hieróglifo, que em espanhol seria
"No-Hadeja-Do". O NO8DO está presente em todas as impressões
institucionais de Sevilha.
Foi do porto de Sevilha que Cristóvão Colombo partiu para descobrir a
América, no célebre ano de 1492, e este acontecimento foi muito
significativo para a cidade, que se converteria no primeiro porto de
saída europeu para a América.
Após a descoberta da América, Colombo chega às docas de Sevilha, onde
anuncia sua grande façanha. Nestes cais serão organizadas as diferentes
frotas que continuarão com a exploração das novas terras. Em finais do
século XVI, Sevilha era um dos principais portos castelhanos no comércio
com a Inglaterra, Flandres e Genova.
Os reis fundaram a "Casa de Contratación", em português Casa da
Contratação, atualmente o Arquivo das Índias. Era em Sevilha que se
dirigiam e contratavam as viagens, se controlavam as riquezas que
chegavam da América e este era o principal porto de ligação. Além
disso, como Sevilha era porto de partida para a América, foi
residência de geógrafos e cartógrafos, como Américo Vespucio, que
faleceu nesta cidade a 22 de fevereiro de 1512.
No século XVI, construíram-se os edifícios mais importantes do
centro de Sevilha, a Catedral, o Arquivo das Índias, a Prefeitura,
a Audiência e a Casa da Moeda, assim como a Universidade, e se
instalou em Sevilha a primeira imprensa do reino de
Castela. Neste momento, a população alcançou os 150.000 habitantes.
Contudo, o seu esplendor não chegou ao seu máximo potencial, já
que não conseguiu resistir à competição econômica de certas
localidades como Florença, Génova, Lisboa ou os Países
Baixos.
O ano de 1649 foi trágico com a catástrofe ocasionada pela epidemia de peste bubônica, também chamada
de Grande Peste de Sevilha, e que significou um grande colapso de sua
população, na qual morreram pelo menos 60.000 pessoas, 46% da população
do cidade.
A sorte de Sevilha começou a mudar, quando toda a opulência provocada
pelo descobrimento da América terminou com a crise econômica e política
que afetou toda a Europa, entre elas a causada pela Guerra de Sucessão
Espanhola, que aconteceu entre os anos de 1701 e 1714, e que foi o maior
conflito entre as casas aristocráticas europeias. Além disso, outro motivo que contribuiu para o declínio de Sevilha foi
a transferência, em 1717, da Casa de Contratación para Cádiz, o que
levou ao desvio do comércio para esta cidade.
Porém, para contrabalançar o momento crítico, em 1728, se instalou
em Sevilha a Real Fábrica de Tabacos, que tanta importância teria
para o futuro da cidade. Os espanhóis encontraram a planta do tabaco
quase imediatamente após sua primeira chegada às Américas em 1492 e
isso fez com que a cidade detivesse o monopólio do comércio e a
concentração de toda a produção de tabaco.
Outro acontecimento importante nesta época em Sevilha foi a
construção da Real Maestranza, em português Real Mestrança de
Sevilha, uma praça de touros originalmente de madeira, cujas obras
começaram em 1761. É considerada a praça de touros mais
antiga e de maior tradição de Espanha, sendo apelidada
popularmente como Catedral do Toureiro.
Já no século XIX, o rumo histórico da Espanha passa por novos
momentos de guerras e invasão, dessa vez por conta da Invasão
Francesa. Sevilha foi invadida em fevereiro de 1810 pelo marechal
Víctor com as suas tropas, acompanhado do Rei José I, que ocupou a
cidade sem disparar um único tiro.
A pilhagem artística sofrida pela cidade foi algo terrível, sendo
que os franceses realizaram saques de obras de arte e de inúmeros
tesouros locais e nacionais. A cidade sofreu com a invasão até 27
de agosto de 1812, quando os franceses foram vencidos pelos
espanhóis com ajuda britânica na Batalha da Ponte de Triana.
Batalha da Ponte de Triana
Em 1833 é criada a Província Administrativa de Sevilha, sob o
reinado de Isabel II. São construídas fábricas, desenvolvem-se
indústrias, e a burguesia começa a construção de casas, de zonas
residenciais, o que implica a destruição de parte das milenares
muralhas. Foi nesse período em que a cidade se expandiu e que
Sevilha recebeu também a sua primeira ferrovia.
O século XX em Sevilha foi marcado por vários acontecimentos
importantes que moldaram a cidade como ela é hoje. Logo no começo do
século, em 1904, um dos acontecimentos mais importantes foi a
construção da fábrica da Cruzcampo, uma marca de cerveja local que
se tornou uma das mais consumidas não só na região, como por toda a
Espanha e em alguns países da Europa.
A fábrica estava localizada a leste da cidade, perto de um templo
com uma cruz conhecida como Cruz del Campo, por ser muito
distante. Este templo foi o que inspirou o nome da empresa. A
parte mais antiga da fábrica original, hoje cercada por favelas,
foi preservada como exemplo da arquitetura industrial do início do
século XX. A antiga fábrica abriga a sede do atual grupo
proprietário da marca, a Heineken España SA, a Gambrinus Catering
School e a Fundação Cruzcampo.
Outro grande acontecimento histórico que marcou o início do século
XX em Sevilha aconteceu a partir de 1910, quando começou a ser
organizada a Exposição Ibero-Americana, que ocorreu somente dezenove
anos depois, em 1929, e que modificaria notavelmente o aspecto da
cidade. A ideia nascida em 1909 além de uma reforma urbanística,
visava fomentar o turismo, ressuscitar a fama da cidade, diminuir o
desemprego da época e melhorar a economia. Talvez um dos mais nobres
motivos da Exposição Ibero-Americana de Sevilla fosse de melhorar as
relações com os países das Américas, dos quais muitos foram colônias
da Espanha por séculos.
A exposição foi uma contraparte da Exposição Internacional de
Barcelona de 1929, que aconteceu de 20 de maio de 1929 a 30 de
janeiro de 1930, quase concomitantemente com a de Sevilha, sendo que
a exposição de Sevilha abrigou os países latino-americanos além de
Portugal e Estados Unidos enquanto que a exposição de Barcelona
ficou com os países europeus. A exposição foi menor do que a de
Barcelona, mas não com menos estilo, já que Sevilha se preparou para
a feira durante 19 anos.
Poster publicitário da Exposição Ibero-Americana de
Sevilha
Entre os participantes estrangeiros que se destacaram estavam
Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, Marrocos,
México, Peru, Portugal, Uruguai, Bolívia, Panamá, El Salvador, Costa
Rica e Equador. Cada país das Américas mostrava em seu pavilhão
exposições de suas mais fortes indústrias, ou de sua arqueologia e
história, ou de produtos típicos e agricultura.
Tudo na Exposição Ibero-americana de Sevilla foi grandioso.
Começando pela área ocupada pelo evento: 1.343.200 m²
😲
Esta incrível área, equivalente à 124 campos de futebol, teve
seu projeto elaborado em 19 anos, devido ao contexto econômico e
histórico da época. As obras tiveram o custo de 80.218.599
pesetas. Porém o faturamento com os ingressos foi um “pouco”
superior, ficando em 85.147.360 pesetas.
Das construções herdadas deste evento histórico, nenhuma é tão
monumental quanto a Plaza de España e seu prédio em forma de
arco. Nas paredes da praça encontra-se uma série de bancos que
delimitam o espaço das cinquenta províncias espanholas. Em cada
alcova há o escudo e alguns feitos históricos da
província.
Além da Plaza de España este evento propiciou a construção do
Parque de María Luisa. A partir daqui a cidade inicia uma
remodelação da sua infra-estrutura para modernizar e melhorar a
comunicação: rede de eléctricos, canalização do rio e construção
do aeroporto.
Outro acontecimento marcante que novamente travou o
desenvolvimento de Sevilha foi a Guerra Civil Espanhola, um
conflito armado ocorrido na Espanha entre 1936 e 1939. A guerra foi travada de um lado pelos republicanos, leais à
Segunda República Espanhola, urbana e progressista, numa aliança
de conveniência com os anarquistas e os comunistas, e de outro
lado pelos nacionalistas, uma aliança de falangistas,
monarquistas, carlistas e católicos liderada pelo general
Francisco Franco.
Uma vez terminada a guerra, Sevilha sofreu dois acontecimentos
fatídicos: a explosão do armazém de pólvora de Santa Bárbara,
ocorrida a 13 de março de 1941, e também a grande cheia de 1º de
novembro de 1961, deixando em seu rastro uma imagem única de
tragédia, desolação, destruição e ruína.
Mas foi em 1992 que aconteceu a Exposição Universal de Sevilha,
conhecida como Expo de Sevilha, uma data que Sevilha jamais
esquecerá pois foi um evento que colocou Sevilha na vanguarda e no
topo dos destinos turísticos a nível mundial. Não confundir com a
Exposição Ibero-Americana de Sevilha de 1929, coisa que percebi que
aconteceu em vários blogs sobre a história da cidade.
Teve uma duração de seis meses, começando no dia 20 de abril e
finalizando em 12 de outubro de 1992, coincidindo com o encerramento
do V Centenário do Descobrimento da América, devido a este fato o
tema do evento foi "A Era dos Descobrimentos".
A celebração do acontecimento transformou a cidade
urbanisticamente. Foi construída uma nova rede viária, novas vias
rápidas e um anel de estradas. Também construiu-se uma nova
estação central de ônibus e ampliou-se o aeroporto. Destaca-se a
construção de uma infraestrutura que significaria um antes e um
depois para os transportes de Espanha, o AVE (comboio de alta
velocidade espanhol), cuja primeira linha na Espanha foi criada no
âmbito da exposição, ligando Madrid a Sevilha. Todos estes
investimentos constituíram um grande impulso para Sevilha.
Ao longo do chamado Camino del Descubrimiento, da Avenida das
Acácias, da Avenida das Palmeiras ou da Avenida da Europa,
aconteciam diferentes pavilhões e exposições temáticas, bem como
uma exposição de invenções como um motor a vapor, um acelerador de
partículas e o telescópio do Hubble.
A participação de países, empresas e organismos internacionais foi
significativa: no total participaram 112 países, 23 organismos
internacionais, 6 empresas e as 17 comunidades autônomas
espanholas.
Caminho e Canal dos Descobrimentos
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Avenida das Palmeiras e a Bioesfera
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Além do parque tecnológico Cartuja 93, o mais importante da
Andaluzia, e do parque temático Isla Mágica, a Expo'92 beneficiou
a cidade de Sevilha com a construção da monumental Ponte do
Alamillo sobre o rio Guadalquivir e outras 6 novas pontes
espalhadas pela cidade. E também a ampliação e construção de
avenidas e a ligação entre Madrid e Sevilha com o primeiro trem de
alta velocidade na Espanha.
Hoje, a Capital da Andaluzia é o centro cultural e financeiro do sul
da Espanha. E, dessa forma, Sevilha se transformou em cidade marcada
por um incrível legado arquitetônico e histórico admirável.
Quando estava começando a escrever sobre Sevilha, me empolguei e fiz
um texto muito longo sobre a fascinante história da cidade. Mas como
ficou muito, mas muito longo mesmo, resolvi fazer um resumão sobre o
assunto e deixar a página mais livre para falar sobre as atrações e
pontos turísticos. Porém, salvei o texto completo em um link à
parte, para os mais curiosos:
https://sol-viagem-espanha.blogspot.com/p/historia-de-sevilha-completa.html
Décimo Dia - A Catedral e La Giralda, Real Maestranza, Torre del
Oro, Guadalquivir e Bairro de Triana
O primeiro dia em Sevilha vai começar bem cedinho, porque tem muita
coisa para ver e apesar de serem bem próximas umas das outras, o tempo
vai ficar apertado... Abaixo vou deixar um mapa com o percurso deste
dia, que será feito basicamente à pé.
Uma das mais famosas atrações de Sevilha é sem sombra de dúvida a
Catedral de Santa María de la Sede de Sevilla e a sua Torre La
Giralda... e é por aqui que vamos começar nosso passeio pela cidade.
A Catedral de Santa María de La Sede é a maior da Espanha. E algumas
fontes dizem que é a terceira maior do mundo depois da Basílica de
São Pedro no Vaticano e da Catedral St. Paul's em Londres. Outras
fontes dizem que é a segunda maior do mundo, atrás apenas da
Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil, visto que São Pedro
no Vaticano, não é uma catedral e sim uma basílica.
No entanto, é a maior catedral gótica do mundo, com 126 m de
comprimento, 76 m de largura, 42 m de altura e 11.520 metros
quadrados de área total. Porém, sua planta não tem a forma de cruz
latina própria deste tipo de templo, ela é retangular. O motivo é
que foi construída sobre os restos da antiga mesquita que era a
maior da cidade, adaptando-se à estrutura que existia.
Sua estrutura se compõe de cinco naves altas, a central tem 36
metros de altura, o transepto tem 40 metros, já as laterais têm 26
metros. Para contrariar esta assimetria, nas naves exteriores
existem capelas funerárias fechadas com grades, situadas entre os
contrafortes, que servem para equilibrar em profundidade a nave do
transepto. As 68 abóbadas pontiagudas repousam sobre 28 pilares
fixos e 32 independentes.
Entre 1184 e 1198, foi construída a maior mesquita de Sevilha e seu
minarete. Ela foi feita principalmente com tijolos e, hoje, só há
algumas partes dessa construção original conservadas na Catedral, no
Pátio das Laranjeiras e nos terços inferiores da Torre Giralda.
Em 1248, após a reconquista do Rei Santo Fernando III, a
mesquita deixa de ser mesquita e passa a ser uma catedral
católica. A ideia de construí-la em um tamanho gigante surgiu
porque era uma época em que Sevilha estava muito bem
economicamente e havia se tornado um centro comercial precisando
assim demonstrar seu poder por meio de algo grandioso, quase
megalomaníaco. A ideia dos cónegos sevilhanos da época era
“fazer uma Igreja que quem a vir esculpida nos considere
loucos”, segundo ficou registrado na tradição oral popular
sevilhana.
O projeto era ambicioso e o clero da paróquia até renunciou
metade do salário para financiar os custos da construção, que
demorou 82 anos para terminar. Durante sua construção
aconteceram alguns imprevistos que exigiram reformas como o
terremoto de Lisboa, em novembro de 1755, que causou estragos e
o colapso de uma parte da catedral.
Várias obras se seguiram por vários anos, sendo as últimas entre
1825 e 1928, para a finalização de três portadas maiores e o
ângulo sudoeste do edifício.
O Interior da Catedral
Como a Catedral de Sevilha foi construída sobre as ruínas de uma
mesquita moura, a influência dessa cultura é visível na
arquitetura e no resto da cidade. No entanto, apesar dessa
mistura, o estilo que prevalece é o gótico, sendo que cada lado
da catedral é diferente e possuem portas enormes!
Atualmente, há mais de 600 obras de arte na Catedral, formando um
diversificado catálogo de estilos, indo do islâmico ao barroco e
ao renascentista.
Detalhe da Catedral
Um passeio pela Catedral é uma atividade que mexe com os sentidos e
acaba por ser complicado centrar a atenção num ponto específico
devido às suas impressionantes dimensões e pelo fato de se encontrar
repleta de brilho e esplendor. O templo conta com um patrimônio
artístico muito rico e variado e, entre as suas paredes, podem
ver-se algumas obras-primas da história da artes em geral.
A Catedral de Sevilha é tão grande que possui 80 capelas nas quais
são rezadas diariamente 500 missas segundo registado desde 1896.
Faz-se necessário um mapa para conseguir localizar todas as atrações
da Catedral, por isso deixo abaixo uma das melhores plantas que
achei na internet, bem detalhada para você encontrar tudo.
Planta da Catedral de Sevilha
Um dos pontos mais destacados da catedral é o Retábulo Principal,
um dos maiores do mundo cristão e uma das mais espetaculares
estruturas de madeira policromada de seu tempo. Um retábulo é uma
estrutura de madeira, mármore ou de outro material, com enfeites
em relevo, que fica por trás ou acima do altar e que, normalmente,
encerra um ou mais painéis pintados.
É uma obra realizada em fases sucessivas ao longo de quase um
século, de autoria e projeto inicial do escultor flamengo Pieter
Dancart e tendo sido terminada ao longo dos anos por outros
mestres escultores.
O Retábulo Principal domina toda visão da Capela-Mor, ou Capilla
Mayor em espanhol, que se situa no final da nave central, a
mais longa da Espanha e que se eleva até uma altura de 42m,
ricamente decorada com uma evidente grande quantidade de ouro. É
uma obra de arte, com 44 painéis sobre a vida de Cristo e mais de
200 figuras de vários santos e que ocupa 400 metros quadrados.
Outra atração imperdível da Catedral é a Tumba de Cristóvão
Colombo, que está localizado atrás da Porta do Príncipe, ao lado
da capela da Virgen de la Antigua. Ao lado há uma enorme pintura
mural renascentista de San Cristóbal. A tumba se encontra
suspensa por quatro figuras humanas que representam os quatro
reinos que Espanha antiga Leão, Castela, Aragão e Navarra.
Os restos mortais de Colombo estiveram sempre ligados a polêmicas.
Morto em 1506, Colombo foi sepultado em Valladolid, Espanha. Em
1537, os espanhóis transferiram os restos mortais para a ilha
Hispaniola (hoje dividida entre o Haiti e a República Dominicana).
Quase duzentos anos depois, quando a Espanha perdeu parte desse
território para a França, os restos mortais foram para Cuba.
Então, em 1898, o destino foi Sevilha. Porém a República
Dominicana alega que os restos mortais nunca deixaram seu
território. No entanto, um teste de DNA relatou que os restos
presentes em Sevilha pertencem a Colombo.
Atrás do Capela-Mor está a ricamente decorada Capela Real, ou
Capilla Real em espalhol. Esta magnífica capela renascentista
foi construída entre 1551 e 1575 para abrigar os túmulos reais.
Uma grade do século XVIII envolve a capela, que tem um ambiente
exaltado digno dos túmulos reverenciados encontrados aqui.
Consiste em um plano quadrado com uma abside e duas capelas
laterais, com uma cúpula hemisférica e uma cobertura de lanterna
feita entre 1567 e 1569 por Hernán Ruiz, o Jovem. Em um altar
nesta cripta está a imagem da Virgen de las Batallas, uma
escultura de marfim do século XIII. No retábulo principal da
Capela Real, do século XVII, é colocada a imagem gótica da
Virgem dos Reis, padroeira da cidade e da arquidiocese de
Sevilha.
Nesta capela está localizado o panteão com a urna de prata do
Rei Fernando III de Castela (1199-1252), canonizado em 1671 como
São Fernando, feita por Juan Laureano de Pina em estilo barroco.
Uma curiosidade diz que o Santo Rei foi sepultado a seu pedido,
não com os ricos trajes reais, mas com o hábito da Ordem
Terceira de São Francisco.
Os visitantes podem também admirar os monumentos de outros
membros da realeza como o Rei Alfonso X de Castilla, o
Sábio, sua mãe Beatriz da Suábia.
Capela Real
O Coro ocupa um trecho da nave central do templo, logo em
frente à Capela-Mor, na área do Transepto. É decorado com
paredes de pedra, exceto na frente, onde está decorado com uma
grade renascentista excepcional, obra de Fray Francisco de
Salamanca, feita entre 1518 e 1523.
No interior do coro existem cadeiras compostas por dois
corpos, nas quais estão dispostas 117 cadeiras esculpidas em
madeira. São feitas em estilo gótico mudéjar e representam
esculturas de santos e relevos com cenas do Antigo e do Novo
Testamento.
Junto ao Coro, localiza-se também O Grande Órgão da Catedral,
colocado sob os arcos principais que ladeiam as cadeiras do coro
e constituem desde o início do século XX um único instrumento.
Na verdade são dois módulos com cem tubos divididos em quatro
teclados manuais e uma pedaleira, e é operado a partir de um
único console, graças à ligação eléctrica entre ambos os móveis,
que foi aplicada pela primeira vez na Espanha em 1901, pelo
organeiro basco D. Aquilino Amezua, construtor deste
instrumento.
O Coro
O Grande Órgão
As capelas laterais da Catedral de Sevilha contêm uma
abundância de tesouros de arte, túmulos opulentos e retábulos
deslumbrantes. São áreas funerárias, fechadas por grades e
criadas para o enterro não só dos Cardeais, Arcebispos ou
Clérigos da Sé e dos Reis, mas também de particulares que
financiaram os custos da sua construção. Trabalhos notáveis
incluem o Anjo da Guarda por Bartolomé Esteban Murillo,
exibido à direita da Puerta Mayor, e outra pintura de Murillo
na Capela de San Antonio, na segunda capela do corredor norte.
A capela de Santo Antônio também exibe Batismo de Cristo e O
Cristo Infantil aparecendo a Santo Antônio de Pádua.
Uma das mais belas capelas laterais é a Capilla de la Virgen
de Antigua que possui um magnífico retábulo de mármore do
século XVIII onde o destaque fica por conta de uma pintura
mural bizantina do século XIV. Esta Virgem é de grande devoção
dos marinheiros e do povo sevilhano.
De cada lado da capela temos os túmulos do Cardeal Diego
Hurtado de Mendoza, falecido no século XV, à esquerda, e o do
Arcebispo Luis de Salcedo y Azcona, falecido no século XVIII,
este último um grande devoto desta Virgem, para o qual
financiou o retábulo. Sob o altar repousa o arcebispo Gaspar
de Zúñiga y Avellaneda, do século XVI.
Já na Capilla de San Hermenegildo, encontramos um dos mais
belos sarcófagos da Catedral de Sevilha, feito para o Cardeal
Juan de Cervantes, obra-prima do escultor flamengo
Lorenzo Mercadante da Bretanha.
Outra grande atração que encanta na Catedral de Sevilha são as
suas portas e fachadas, que apresentam uma diversidade enorme de
elementos religiosos, representações relacionadas com textos de
origem desconhecida, textos judaicos, fábulas de todo o tipo e
relacionadas com a maçonaria e a alquimia, e também a
representação de símbolos pagãos, da cruz invertida, do bordão,
das mitras, dos seis planetas ou das estrelas brilhantes do Deus
Sol do antigo Egito.
A catedral conta com 10 portas, mas só vou apresentar as três
mais importantes para não ficar muito longo. A Porta Principal
ou da Assunção, em espanhol Puerta de la Asunción, é a mais
importante e ampla por estar localizada no lado oeste da nave
central alta, foi concluída no final século XIX e início do
século XX. Sob a rosácea desta nave encontra-se o grande portal,
o tímpano é presidido pelo relevo da Assunção da Virgem. É
decorado com inúmeras imagens tanto na frente como nas
pilastras, obras de Ricardo Bellvert.
A Porta do Perdão, ou Puerta del Perdón, dá acesso ao Patio de
los Naranjos pela Calle de los Alemanes. É a mais antiga e a
única original da antiga mesquita, datando do século XII e ainda
apresenta um arco pontiagudo de ferradura dessa época. É toda
decorada com estuques do século XVI, coroada por um campanário
com dois sinos sob os quais o escudo da arquidiocese e o relevo
da Expulsão dos mercadores do templo, obra de Miguel Perrin, do
século XVI. Em ambos os lados da porta estão as imagens de São
Pedro e São Paulo, acima delas o Arcanjo Gabriel e a Virgem
Anunciada, que carrega um livro na mão, também de Miguel Perrin.
As folhas das portas mantêm os revestimentos originais de chapa
de bronze esculpida. As grandes aldravas são cópias dos
originais almóadas, também em bronze esculpido, que se conservam
no museu da catedral.
A Porta do Príncipe ou Puerta del Príncipe, é separada da
rua por uma cerca, em frente à entrada existe uma réplica do
Giraldillo, cujo original se encontra no topo da La Giralda
e é uma escultura de bronze que serviu como cata-vento,
girando dependendo da direção do vento, daí seu nome. Servia
para simbolizar o triunfo do cristianismo sobre a fé
muçulmana. Foi terminada no século XIX, ao mesmo tempo que a
porta da Concepción del Patio de los Naranjos, ambas
caracterizadas por não estarem totalmente acabadas e pela
sua cor branca. Situa-se entre os edifícios das Sacristias e
a Sala de Exposições e Serviços, e o acesso principal se dá
por uma porta lateral já que esta porta costuma estar
fechada, pois dentro fica o monumento a Colombo e o mural de
San Cristóbal.
Outro elemento que chama a atenção do visitante são os vitrais da
Catedral de Sevilha... eles iluminam todo o interior. São cento e
trinta e oito, estando bem conservados, a maioria foi feita entre o
século XV e o século XX.
Os mais antigos são os dezessete que fecham as aberturas
localizadas nas capelas laterais e na nave principal poente. Já os
do altar-mor, transepto, naves orientais, capelas, entradas e
aberturas das capelas perimetrais são caracterizadas por serem de
marcante estilo renascentista.
Outras atrações imperdíveis da Catedral de Sevilha são a Sacristia
Maior, a Sala Capitular e o Museu do Tesouro.
O interior da Sacristia Maior é um espaço solene concebido no
plano central que forma uma cruz grega e é coberta por uma cúpula
adornada com relevos dispostos em três anéis, que representam o
Juízo Final e uma encenação do Tribunal Celestial. Em estilo
plateresco, estilo arquitetônico do Renascimento espanhol, é um
verdadeiro museu de arte sacra histórica. A sala contém um famoso
crucifixo de Montañés, bem como pinturas célebres dos mestres
espanhóis Francisco de Goya, Luís de Morales, Bartolomé Esteban
Murillo e Francisco de Zurbarán. Dentro da sacristia fica o
Tesouro, uma pequena câmara cheia de requintados objetos de arte
religiosa, incluindo um grande candelabro e um crucifixo por
Pieter de Kempeneer. O tesouro também exibe uma coroa preciosa
adornada com pedras preciosas da Virgen de los Reyes.
A Sala Capitular é um dos recintos mais admiráveis da
arquitetura renascentista espanhola, cuja construção durou de
meados do século XVI até sua conclusão. O espaço deste recinto
foi concebido em planta elíptica, o que oferece uma perfeita
visibilidade de todos os membros nas reuniões do cabido
catedralício, nas quais se expressavam e discutiam os problemas
de governo espiritual e material do templo. A disposição oval e
sua abóbada uniforme também facilitam a perfeita expansão da
voz, sendo sua acústica excepcional.
A Sala do Museu da Catedral de Sevilha apresenta exposições de
diferentes pinturas e imagens dos séculos XVII e XVIII, de
grande qualidade artística, onde se destaca a imagem de San José
com o Menino Jesus de Pedro Roldán, a cabeça de San Juan
Bautista de Juan de Mesa e as pinturas de San Fernando de
Murillo.
Curiosidades sobre a Catedral:
A Espanha é o país homenageado em Origem, romance policial
de Dan Brown publicado em outubro de 2017 no Brasil. Em
mais uma trama que opõe religião e ciência, o autor
escolheu várias cidades espanholas como cenário das
investigações do simbologista Robert Langdon, entre elas
Sevilha, tendo como palco de uma cena emblemática a
Catedral de Sevilha.
A catedral “respira”... isso mesmo... todos os dias, as
abóbadas do edifício se dilatam vários centímetros por
causa das mudanças de temperatura. De manhã elas sobem
devido ao calor, e ao finalizar o dia elas baixam,
realizando um movimento semelhante à respiração. Isso foi
descoberto em 2006, devido aos sensores que foram
colocados durante um processo de restauração. Esta
“flexibilidade”, longe do que possa parecer, é uma
vantagem que faz com que a catedral seja mais segura, já
que sua arquitetura conta com uma margem de movimento
diante de qualquer desastre.
Existe um crocodilo na catedral!! Calma, ele não morde.😂
Você vai vê-lo pendurado no teto, junto a uma presa de
elefante e uma brida (freio) de cavalo, se entrar do Pátio
das Laranjeiras pela Porta do Lagarto. Dizem que foram
presentes que o sultão do Egito enviou ao rei Alfonso X,
“o sábio”, para pedir a mão de sua filha. O rei rejeitou o
oferecimento, mas ficou com os presentes, que incluíam um
crocodilo vivo, um canino de elefante e uma girafa
domesticada, que veio com a brida. Provavelmente também
despertem sua curiosidade as ânforas que você verá
expostas nos telhados da catedral: são as que foram
utilizadas pelos construtores do século XV para preencher
o interior das abóbadas.
O crocodilo e a presa de elefante
A Catedral de Sevilha foi declarada Patrimônio da Humanidade
pela UNESCO em 1987, junto do Real Alcázar e do Arquivo de
Índias, e também pela UNESCO foi declarada Bem de Valor
Universal Excepcional em 2010.
Abaixo, alguns dados de localização, horários e valores das
entradas:
- Endereço: Avenida de la Constitución s/n
- Tel +34 902 09 96 92
- Entrada:
- Adultos: 10€
- Crianças até 14 anos: Gratuito
- Funcionamento:
- De segunda a sábado, das 10:45 às 19:30h
- Domingo, das 14:30 às 19:30h
- Fechado de 24/12, 31/12 e 05/01
- Outras informações: https://www.catedraldesevilla.es/
- Ingressos Catedral e Torre La Giralda: https://shop.articketing.com/catedral-de-sevilla
Depois de percorrer a maior parte das belas atrações da
Catedral, é hora de conhecer La Giralda, a torre do campanário
da catedral que é um dos pontos mais atrativos para os
visitantes, já que oferece excelentes vistas, tanto do próprio
templo como do resto da cidade.
La Giralda foi construída durante o período islâmico em
Sevilha, na dinastia Almohade, considerada mais austera na
arquitetura. E, ainda assim, manteve o posto de um dos maiores
arranha-céus de todo o continente durante séculos.
La Giralda é mais um curioso caso de um minarete sem mesquita.
Depois da reconquista católica, foi transformado em campanário
para a Catedral Gótica, construída logo ao lado, no lugar do
templo muçulmano. Subir até a altura dos sinos vale a pena e é
menos extenuante do que se imagina. O interior da torre é todo
de rampas e há várias oportunidades de parar, apreciar a vista
e retomar o fôlego.
Destaca-se por sua altura de 104 metros, o que a torna visível
de qualquer parte da cidade. Foi construída à semelhança do
minarete da mesquita Koutoubia em Marrakech, no Marrocos, embora
o topo e a bela torre sineira que eleva e estiliza sua estrutura
seja renascentista.
As obras começaram no ano de 1184 sob a direção do arquiteto
Ahmad Ben Baso. A torre tinha uma altura de 82 m e as obras
foram concluídas em 10 de março de 1198, com a colocação de
quatro bolas de bronze dourado no topo da torre. Estas esferas
de bronze eram usadas eventualmente para coroar as mesquitas.
Com o terremoto de 1356, houve o colapso das quatro bolas que
nunca mais foram encontradas.
Conta a lenda que, quando os muçulmanos foram derrotados,
pediram que fosse derrubada para que não caísse em mãos
cristãs. Isto fez com que Afonso X a conservasse para passar a
fazer parte da história da cidade. Abaixo uma gravura de
Alejandro Guichot que mostra 3 fases da torre durante os
séculos: à esquerda a primitiva torre almóada no século XII, à
direita uma fase intermédia após a queda do yamur que coroava
a torre depois do terremoto de 1356, e ao centro a atual
torre, com o topo renascentista da torre sineira e o
Giraldillo.
Entre o corpo da torre e a abóboda celeste, em uma situação
que poderia ser tomada simbolicamente como intermediária
entre as instâncias terrena e celeste, a torre ganhou, em
1568, o Giraldillo, um cata-vento de quase três metros e
meio de altura, que pesa mais de uma tonelada.
Embora o nome seja masculino, em uma referência ao
cata-vento e a sua propriedade giratória, a estátua oca que
lhe dá forma é de uma mulher, que alguns identificam com
Santa Joana D’Arc. Talvez pela beleza, aliada ao fascínio
naturalmente exercido pelos cata-ventos, o Giraldillo ganhou
fama e acabou dando nome à torre, que havia sido batizada
pelo rei Fernando III como "Triunfo de La Fé Victoriosa", em
alusão à retomada de Sevilha pelos Cristãos.
O Giraldillo tornou-se um símbolo da torre, da catedral e
até da cidade. Para se ter uma ideia da importância desse
símbolo para o sevilhanos, basta dizer que, no final da
década de 1980, o Instituto Adaluz de Patrimônio Historico
(IAPH) mandou fazer uma cópia em bronze de toda a sua
estrutura para substitui-la temporariamente enquanto a
escultura original era restaurada.
O processo durou cerca de oito anos e, segundo foi informado
na época, custou o equivalente a 700 mil euros. Depois que o
Giraldillo original voltou ao seu lugar, a cópia foi
colocada em frente a uma das portas da catedral, a chamada
Puerta del Príncipe, para que se possa admirar sua imagem, o
que antes só era possível fazer por meio de fotos.
Foto do Giraldillo
Além do Giraldillo, outra peça importantíssima da La Giralda
é o seu campanário que conta com um total de 24 sinos, e
cada um deles tem um nome. Entre eles se destaca o de Santa
Maria la Mayor que é o maior sino e o mais pesado, possuindo
mais de 5 toneladas.
Planta dos sinos de La Giralda
Para subir na torre é preciso vencer 35 rampas, construídas na
época dos Almohades, e eram usadas para que o sultão pudesse
chegar ao topo da torre montado a cavalo e de lá admirar do alto
toda a cidade, inclusive o Pátio de los Naranjos e o Alcázar. As
rampas atuais são as mesmas desde a época de sua construção.
Uma vez na parte superior, a cidade estende-se aos pés dos
visitantes para que tenham uma visão panorâmica, podendo admirar
os seus monumentos e ruelas até onde a vista alcançar.
Curiosidades sobre La Giralda:
Acredita-se que o projeto de La Giralda seja inspirado em um ou mais
minaretes marroquinos, entre os quais o da Mesquita Koutoubia, em
Marrakech, e que tenha servido de modelo a outros monumentos pelo
mundo afora. É o caso da Torre do Relógio no terminal de barcos de
São Francisco, na Califórnia, e da torre da Universidade de Porto
Rico. Nova Iorque também já teve sua Giralda, desenhada por
Standford White para o segundo Madison Square Garden, mas foi
demolida em 1925. E não podemos esquecer o Giraldillo cubano,
inaugurado em 1632, na torre do Castelo da Força Real, que
representa Isabel de Bobadilla, a única governadora mulher da
história da ilha.
Mesmo nos tempos atuais, com inúmeros arranha-céus espalhados pelo mundo, La Giralda ainda tem seu lugar quando se fala de altura. Com o acréscimo cristão, incluindo o Giraldillo, a torre ultrapassa os 100 metros e, por muito tempo, foi a mais alta de Sevilha, mas hoje está ultrapassada pela torre Pelli, com quase 80 metros a mais.
Desde 1987, o edifício está tombado pela Unesco, como Patrimônio
Mundial da Humanidade, sob dois argumentos: “é uma obra-prima da
arquitetura Almohad’ e transformou-se em um “exemplo importante do
sincretismo cultural”. É que ao contrário da catedral, erguida sobre
os escombros da mesquita Almohade, da qual só se aproveitou o Pátio
de Los Naranjos, o minarete foi quase integralmente poupado pelos
Cristãos.
As obras de restauro da sua face poente comprovaram a existência da
cor vermelha que se encontrava coberta por sujeira e argamassa
acumulada ao longo dos anos.
Existe uma farta documentação de gravuras, desenhos e algumas
pinturas que atestam o fato La Giralda era vermelha há cinco
séculos, desde o ano de 1568 e foi assim desde a época almóada e
renascentista do monumento. Em tempos mais recentes, durante os
séculos XVIII e XIX, existiam vestígios de vermelho nas paredes
que as diferentes intervenções foram eliminando, visto que davam a
impressão de ser simples manchas do que a cor original.
Saindo da La Giralda vamos visitar o Pátios de los Naranjos, ou
Pátio das Laranjeiras em português. Herança direta do seu passado
como mesquita, o Pátio das Laranjeiras é um retiro de paz repleto de
luz e cor, ideal para se relaxar à sombra das árvores enquanto
observa o templo desde o exterior.
O Pátio de los Naranjos era originalmente o pátio de abluções da
mesquita almóada, um lugar onde é feito o ritual de purificação, com
a lavagem de partes do corpo, típico da religião. Sua forma é
retangular, medindo 43 por 81 metros. Os lados menores eram
originalmente compostos por sete arcos gêmeos e os maiores tinham
treze arcos, formando dois conjuntos de seis com um grande arco
central.
Das três galerias que originalmente faziam parte do pátio, apenas
duas sobreviveram, já que a do lado oeste desapareceu porque foi
demolida para construir a Igreja de El Sagrario. Estas galerias ou
naves perderam seus telhados originais, conservando hoje o que resta
após reformas e modificações. O setor descoberto do pátio define-se
hoje em um arranjo rígido de laranjeiras, cujos poços de árvores são
conectados por meio de uma rede de canais que desenham figuras
geométricas e que ainda são utilizados para o escoamento da água. O
pátio tem duas portas que se abrem para o exterior e outras duas que
dão acesso ao recinto contíguo da Sé Catedral.
Desde a rua, acede-se ao seu interior através da Puerta del Perdón,
decorada com estuques renascentistas executados por Bartolomé López
em 1522. As folhas das portas são de madeira revestida em bronze e
decoradas com rendilhados. No centro do pátio ergue-se uma fonte
cuja bacia superior é visigótica.
No exterior, o portal é decorado com estuques do século XVI,
ladeado por duas grandes esculturas de São Pedro e São Paulo, e
coroado por um magnífico relevo representando a "Expulsão dos
Mercadores do Templo", todas obras de Miguel Florentín, do século
XVI. No interior do pátio, destaca-se na porta um grande terraço
de cobertura em madeira, obra moderna do arquiteto Félix Hernández
Giménez que imita o estilo almóada.
Entrada pela Puerta del Perdón
As obras de construção decorreram entre 1172 e 1186. Após a
conquista de Sevilha pelos cristãos em 1248, foi utilizado para
várias atividades. Inicialmente se transformou em claustro e
posteriormente em cemitério da Igreja Cristã. Foi também local de
celebração das feiras anuais da cidade e espaço para
pregação.
Atualmente, o Patio de los Naranjos é um dos anexos mais
importantes da Catedral de Sevilha e está totalmente integrado a
ela. Ao longo dos séculos sofreu várias modificações
significativas como a de 1618, quando a ala oeste foi demolida
para a construção da Igreja do Sacrário. A partir do século XV,
foi perdendo sua conotação cultural, sendo hoje uma área sem
atividades religiosas. As obras do século XX devolveram-lhe a sua
aparência original.
A fonte visigoda, o sistema de irrigação no chão
e ao fundo os arcos nas galerias
e ao fundo os arcos nas galerias
A Catedral constitui uma visita imprescindível ao visitar a
cidade e sempre surpreende os seus visitantes com as suas
enormes proporções e a riqueza dos seus elementos decorativos.
Você pode optar por visitar a Catedral por conta própria, ou se
programar para fazer a VISITA GUIADA OFICIAL, que inclui a
Catedral e a La Giralda. Veja no link abaixo os valores por
pessoa, horários e maiores informações:
https://www.catedraldesevilla.es/visita-cultural/visita-guiada-a-catedral-y-giralda/
Outra opção é fazer o PASSEIO PELAS TELHADOS, um percurso que é uma
viagem no tempo, uma experiência única para saber como foi
construída a Sé Catedral entre os séculos XV e XVI, passeando pelos
seus telhados, percorrendo passagens, apreciando as vistas
panorâmicas que a arquitetura da catedral e o seu ambiente urbano
oferecem.
Ao longo do percurso você conhecerá uma série de personagens que
participaram da construção como o mestre mestre, pedreiros,
carpinteiros, ferreiros, etc... cada um colaborando com seu trabalho
para que o projeto de construção de uma catedral gótica e
renascentista. Veja no link abaixo os valores por pessoa, horários e
maiores informações:
https://www.catedraldesevilla.es/visita-cultural/visita-a-las-cubiertas/
Terminado o passeio pela Catedral, La Giralda e Patio de los
Naranjos, é hora de fazer uma pausa para almoçar e dar uma
descansada bem merecida... porque depois disso vamos continuar nosso
roteiro para conhecer a Real Maestranza de Sevilha, construída no
século XVIII, e que é a praça de touros mais antiga e de maior
tradição da Espanha, sendo apelidada popularmente como Catedral do
Toureio. É propriedade da Real Maestranza de Caballería de Sevilla,
uma corporação nobiliárquica que integra cavaleiros provenientes das
antigas famílias nobres de Sevilha.
Denominada oficialmente Praça de Toiros da Real Maestranza de
Caballería de Sevilla, acolhe anualmente diversos espetáculos
tauromáquicos, destacando-se os organizados durante a Feira de
Abril. Embora por efeito ótico ela pareça circular, na verdade a
praça é ovalada, sendo atualmente uma das poucas praças no mundo
que ainda conservam esta forma atípica.
A construção da praça começou em 1733, no Monte Baratillo, e com
um formato circular, substituindo a antiga praça retangular de
madeira situada no mesmo local. Mais tarde, em 1761, inicia-se a
construção por ochavas (sendo cada ochava equivalente a quatro
arcos), sendo a obra liderada por Francisco Sanchez de Aragão e
Vicente de San Martin.
A fachada interior da Praça, o chamado Camarote do Príncipe, é
concluída em 1765. Este camarote consiste de dois corpos: a porta
principal de entrada para a Praça, chamada de Porta do Príncipe,
por onde saem carregados nos ombros os toureiros triunfantes e o
camarote propriamente dito, de uso exclusivo da Família Real. É
constituído no topo por quatro arcos sobre os quais repousa uma
meia abóbada que no seu interior é coberta por azulejos azuis e
brancos, sendo da autoria do escultor português Caetano de Acosta
o grupo escultórico que remata a obra. O Camarote foi denominado
oficialmente de Camarote do Príncipe em honra de Felipe de Borbón,
Infante de Espanha, filho de do rei Filipe V e Isabel Farnésio.
Camarote do Príncipe
Com a proibição das corridas de touros decretada por Carlos III em
1786 as obras foram suspensas. Deste tempo data a construção do
Camarote da Deputação, posteriormente chamado de Camarote dos
Ganaderos, situado sobre a porta dos curros e em frente ao
Camarote do Príncipe.
A cobertura de metade das galerias da Praça termina após 34 anos
de obras, à esquerda e direita do Camarote do Príncipe, com vista
sobre a Catedral e a Giralda como ficou retratado em variadas
pinturas da época. Mas foi somente em 1881 que a cobertura total
das galerias foi concluída.
Em 1868 o Camarote da Deputação estava em mau estado de
conservação, sendo iniciadas obras de restauro, com colocação de
novo soalho e uma balaustrada de mármore e, também, do escudo da
Real Maestranza de Cavalaria, obra o escultor italiano Augusto
Franchy. São concluídos também mais cinco camarotes de cada lado
do Camarote da Deputação, onde atualmente se encontra o relógio da
Praça. A capacidade da Praça é atualmente de 12.538 lugares.
Visão Aérea da Real Maestranza de Sevilha
Nas imediações da Praça encontram-se estátuas dedicadas aos
toureiros sevilhanos que mais triunfaram em Sevilha, destacando-se
a dedicada em ao toureio Curro Romero.
O Museu Taurino da Real Maestranza de Cavalaria foi inaugurado em
1989. O visitante pode aí percorrer a história da tauromaquia
através de uma coleção de pinturas, cartéis taurinos, trajes de
toureio, bem como esculturas, destacando-se as obras de Mariano
Benlliure, e bustos de toureiros lendários como Curro Cúchares,
Pepe-Hillo ou El Espartero.
Abaixo, alguns dados de localização, horários e valores das
entradas:
- Endereço: Cristóbal Colón, 12
- Horários: abre diariamente de 2ª a domingo, das 9h30 às 19h30
- Fecha no dia 25 de dezembro
- Ingressos: é recomendável comprar com antecedência
- Inteira: 10 euros
- 65+: 6 euros
- Até 6 anos: grátis
- De 7 a 11 anos: 3,50 euros
- Calendário das touradas: https://plazadetorosdelamaestranza.com/#
- Site: https://realmaestranza.com/en/home/
- Ingressos: https://tickets.sevilletourexperience.com/principal.aspx
A grande avenida onde está localizada a Real Maestranza que acabamos
de visitar é chamada Paseo de Cristóbal Colón, também conhecida como
Paseo Colón e é paralela ao rio Guadalquivir. Nesta avenida
concentram-se monumentos importantes da cidade, além da praça de
touros, como o Teatro Maestranza e a Torre del Oro.
Saindo da Real Maestranza, uma breve caminhada de uns 5 minutos e já
se encontra o Teatro Maestranza, uma das mais prestigiadas casas de
ópera da Espanha. Foi concebido para ser um dos principais espaços
culturais da Expo Sevilha 1992 e a primeira apresentação ocorreu em
1991, pouco antes da inauguração da Exposição Universal. O curioso
da idealização do teatro é que apesar das 153 óperas com enredo
ambientadas em Sevilha, até aquele momento a cidade não dispunha de
instalações adequadas para receber esse tipo de espetáculo.
Foi um projeto idealizado pelos arquitetos Aurelio del Pozo e Luis
Marín, e com sua localização privilegiada, suas excepcionais
características técnicas, bem como a qualidade e variedade de sua
programação, tornou-se um dos espaços cênicos mais marcantes da
Europa.
Embora o Teatro de la Maestranza seja dedicado principalmente à
ópera, também há apresentações de Zarzuela, a opereta espanhola, e
outras apresentações musicais. A orquestra residente é a Royal
Seville Symphony Orchestra e o diretor artístico é Pedro Halffter. A
grande sala do Teatro de la Maestranza tem capacidade para 1.800
lugares e conta com excelentes condições técnicas, acústicas e de
visibilidade para a realização e fruição de qualquer tipo de
espetáculo e produção musical. Além disso, na sala de câmara, com
capacidade para 200 espectadores, são oferecidos espetáculos de
pequeno formato mas com a mesma qualidade interpretativa.
Em 16 de julho de 1992, durante um ensaio no Teatro de la
Maestranza para uma apresentação da Ópera Nacional de Paris de
Otello de Verdi, uma plataforma suspensa que fazia parte do
cenário desabou no palco, matando uma integrante do coro e ferindo
outras 41 pessoas, várias delas gravemente.
Quase em frente ao Teatro de la Maestranza você já consegue avistar a
Torre del Oro, uma construção defensiva localizada junto ao rio,
datada do ano de 1220, e que tem 36 metros de altura. A Torre del Oro
é uma das construções mais emblemáticas da cidade e constitui uma
visita imprescindível, tanto para conhecer a história da cidade e a
sua relação com o rio, como para desfrutar das excelentes vistas que
se obtêm da sua parte superior.
A Torre del Oro possui três seções: a primeira foi construída pelos
Almóadas, enquanto a segunda foi erguida por Pedro I, “o Cruel”. A
terceira seção é cilíndrica e coberta com uma grande cúpula.
A Torre del Oro
A torre foi construída com a função de vigilância pelo Califado
Almóada e para proteger a entrada de embarcações inimigas no
porto, visando evitar possíveis invasões pelo rio Guadalquivir. Se
encontrava conectada à Torre da Fortaleza do outro lado do rio,
por meio de uma forte corrente que cruzava o rio e era erguida
para impedir a passagem de barcos indesejados. Fazia parte das
muralhas que protegiam a cidade das invasões árabes. Quando a
cidade foi tomada pelos católicos, o monumento começou a ter
outras funções.
Conta a lenda que a torre não só contava com uma função defensiva
mas também que era o lugar no qual aconteciam os encontros
furtivos entre o rei e as damas que cortejava. Anos depois, a
torre também funcionou como capela e prisão para diferentes
membros da nobreza.
Existem duas versões diferentes que explicam porque ela recebeu este
nome. A primeira versão conta que a torre tinha suas paredes
cobertas com azulejos de ouro e por isso recebeu esse nome. A
segunda versão diz que o "ouro" do nome era porque ela abrigava as
riquezas chegadas nas frotas que vinham das Índias Orientais e
Ocidentais.
Atualmente, a torre abriga um museu que narra a história naval de
Sevilha, deixando patente a importância do seu rio para o
desenvolvimento da cidade. As exposições se encontram divididas em
dois andares que permitem ao visitante conhecer a história da
torre e do porto, além de conhecer instrumentos de navegação
antigos, maquetes e documentos históricos.
E sem dúvida alguma, a parte mais interessante da torre é o
terraço superior de onde se têm as melhores vistas panorâmicas do
rio e de grande parte da cidade. Foi classificado como monumento
histórico-artístico em 1931 e é um dos pontos turísticos mais
visitados da cidade.
Abaixo, alguns dados de localização, horários e valores das
entradas:
- Endereço: Paseo de Cristóbal Colón, s/n
- Horário:
- de segunda a sexta: das 9h30 às 18h45;
- sábados e domingos: das 10h30 às 18h45
- Preço:
- inteira: 3€;
- reduzida: 1,50€ (estudantes e aposentados);
- gratuita: menores de 6 anos e às segundas
Vamos terminar o dia passeando pela orla do rio Guadalquivir, o
único rio navegável da Espanha. Por causa desse rio, que desemboca
no Oceano Atlântico, Sevilha pôde ser um dos principais portos da
Espanha durante a exploração da América e ponto estratégico de
importância vital para o Novo Mundo. Era no porto localizado no rio
Guadalquivir de onde os conquistadores partiam em busca de novos
mundos e também onde atracavam os navios mercantes, carregados de
ouro, prata, tabaco e outros bens valiosos em alta demanda.
Só que vamos passear pelo Paseo Alcalde Marqués del Contadero,
que é paralelo ao Paseo Colón e que é uma grande avenida pedonal que
tem vista para Triana e a famosa Torre del Oro. É nesta avenida, que
ficam localizados os pontos dos ônibus turísticos de dois andares e os
barcos que fazem a rota turística ao longo o rio Güadalquivir até
Sánlucar de Barrameda. Vi comentários na internet que os passeios são
de uma hora, mas que são tours dispensáveis. O mais indicado pelos
turistas é explorar a pé toda a avenida e a região à beira do rio.
O ideal é caminhar até a Ponte Triana, também conhecida como Ponte
Isabel II, e que dá início ao Paseo de Colón. Essa ponte atravessa o
rio Guadalquivir e liga o centro da cidade ao bairro de Triana, o
bairro onde nasceu o flamenco. A sua construção terminou em 1852 e
substituiu uma ponte para barcos que existia no seu lugar. Em frente à
ponte situava-se a Puerta de Triana, que era uma das portas que dava
acesso ao recinto amuralhado da cidade e que foi demolida em 1868. Da
Ponte Triana tem-se uma espetacular vista do rio e das margens do
bairro de Triana.
No final do dia ou já à noitinha, a pedida é ir curtir o Bairro
Triana, um dos principais eixos da cultura sevilhana. Um bairro tão
cheio de vida que para sentir o seu encanto, basta passear pelas suas
ruas e desfrutar do seu ambiente especial. Triana pode ser conhecida
tanto de dia como de noite. Vou destacar aqui as duas possibilidades.
Eu provavelmente vou dar um jeito de conhecer o bairro hoje à noite e
tentar dar uma passadinha por ele de manhã, em algum outro momento nos
próximos dias.
Com uma longa tradição marinheira, já que foi daqui que surgiram os
primeiros marinheiros que navegaram rumo às Américas, o bairro de
Triana sempre viveu voltado para o rio, fonte de riqueza e base do
seu crescimento, mas também de alguns episódios muito tristes como
as grandes cheias que provocaram numerosas inundações na zona.
Se for conhecer durante o dia, vale a pena conhecer as ruínas e o
museu do Castelo de São Jorge, bem na saída da Puente Triana, uma
antiga fortificação de origem visigótica, que atualmente abriga
exposições sobre a história do castelo, a repressão religiosa e o
seu passado obscuro relacionado com a Inquisição Espanhola.
Em 1992, algumas obras de restauração foram realizadas por conta da
Exposição Universal de Sevilha e este foi um dos prédios que recebeu
melhorias. Durante as obras, as ruínas do antigo castelo trouxeram à
tona surpresas como uma área com material arqueológico que foi
inaugurada em 2009 e é aberta à visitação. Fica no subsolo do prédio
vizinho ao mercado.
O primeiro prédio construído no local, do qual só sobraram as
ruínas, é do tempo do domínio árabe por volta do século XV, mas
depois da Inquisição sofreu grande devastação por conta das várias
inundações do Rio Guadalquivir, fazendo com que o prédio ficasse
desocupado por bastante tempo e só a partir de 1823 começaram os
registros da existência do comércio feito por agricultores e
ambulantes.
Assim começou o Mercado de Triana, que hoje funciona praticamente
sobre as ruínas do Castelo de San Jorge. São quase 80
estabelecimentos comerciais distribuídos em 5 ruas paralelas e tem
de tudo: desde pastelarias, padarias, peixarias, charcutarias,
frutarias, restaurantes, lojas de roupa, sapatarias, cabeleireiros
e até mesmo um teatro.
Abaixo, alguns dados de localização, horários e valores das
entradas:
Castelo de San Jorge:
- Endereço: Plaza del Altozano, s/n
- Horário: Segunda a Sexta das 10h às 14h e das 17h às 19h e Sábados e Domingos das 10h às 15h horas.
- A entrada é gratuita.
Mercado de Triana:
- Endereço: Calle San Jorge, 6
- Horário: Segunda a Sábado: 9h às 15h
- Existe uma aula de culinária espanhola de 4 horas com excursão ao mercado de Triana, que acontece em uma escola de culinária nas barracas 75-77, onde você vai aprender a cozinhar os pratos clássicos da culinária espanhola. Valor: 65€ - Maiores informações no link "Aula de Culinária"
Mas o mais incrível mesmo é passear pelas ruas do bairro, que
são uma graça, repletas de bares e restaurantes, lojinhas de
artesanato, ou ainda as lojas da famosa cerâmica de Triana.
Abaixo, um mapa com uma sugestão de roteiro pelas ruas mais
charmosas de Triana.
Comece pela Calle Betis, que você encontra logo na saída da
Puente Triana e pode acessar descendo umas escadas. Ela fica à
margem do rio com as suas alegres e caraterísticas fachadas
coloridas, uma das mais emblemáticas de Sevilha. Suas origens
remontam ao século XVIII, quando uma grande muralha foi
construída para conter as cheias do Guadalquivir. O que hoje é
um destino movimentado de canas e tapas, no passado era
movimentado com marinheiros, comerciantes e almirantes. Vale
lembrar que percorrer a Calle Betis pode ser feito tanto durante
o dia como durante a noite.
Vá até o final da Calle Betis e vire à direita, voltando pela
paralela Calle Pureza, verdadeira artéria espiritual do bairro.
Nela além de igrejas, encontrará a Casa de las Columnas,
construída no século XVI para albergar a Universidad de Mareantes,
local onde se formavam os pilotos e navegantes que iam para as
Indias. Atualmente é o Centro Cívico de Triana.
Quando chegar na Plaza del Antozano, você vai encontrar a
Calle Jacinto, uma rua parcialmente pedonal e com muita
personalidade, cheia de bares, restaurantes e lojas. Nela se
encontram outros dois monumentos religiosos, a Capela de la
Virgen de la Estrella e a Parróquia de San Jacinto.
Calle Jacinto
Volte pela mesma Calle Jacinto até a Calle Alfareria, onde
convivem numerosos ateliês de cerâmica, nos quais sobrevive
grande parte da tradição artesã do bairro. Dois edifícios se
destacam: no número 23 fica a Fábrica de Cerámica Montalván e
ao lado, no número 21, outra casa que vale a pena apreciar seu
exterior.
Vire na Calle Antillano Campos e você já vai estar no centro
do circuito das fábricas de cerâmica e vá até a Calle San
Jorge, onde você vai encontrar a bonita fachada da Cerâmica
Santa Ana. É nesse espaço que hoje está localizado o Centro
Cerâmico de Triana, criado em 2014 pela Câmara Municipal de
Sevilha, com seu interior moderno e estilizado. No térreo
encontram-se vários fornos do final do século XIX e início do
século XX. Você também aprende sobre o processo de fabricação
de cerâmica a partir de matérias-primas, incluindo a coleta de
depósitos de argila da margem do rio e como eram os
recipientes para armazenar os pigmentos preparados.
As Cerâmicas de Triana
O primeiro andar tem um exemplar da cerâmica da época mourisca
até à década de 1950, incluindo peças cerâmicas da autoria de
Aníbal González, que decoraram a Plaza de España. Também no
primeiro andar há uma seção sobre o próprio bairro de Triana,
famoso por seus artistas e festivais de flamenco, além de
fábricas de azulejos. O museu faz também apresentações
audiovisuais desde antigas filmagens em preto e branco de lama
sendo escavada e carregada por mulas; oleiros fazendo peças em
suas rodas; pigmento colorido em frascos; cerâmica sendo
pintada por artesãos.
Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
- Endereço: Calle Callao, 16
- Horários:
- De terça a sábado das 11h00 às 18h00 e aos domingos, feriados das 10h00 às 15h00, fechado às segundas-feiras.
- Fechado nos dias 1 e 6 de janeiro, 25 de dezembro e na Quinta-feira e Sexta-feira Santa.
- Ingresso:
- Gratuito para crianças até 16 anos, inteira €2,10 e reduzido €1,60 (estudantes dos 18 aos 25 anos e maiores de 65 anos)
Fábrica de Cerâmicas Santa Ana e entrada do
Centro de la Ceramica de Triana
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Outra atração diurna de Triana é a visitação aos “corrales de
vecinos”, em uma tradução literal "currais do bairro". Os
currais do bairro eram um tipo de habitação antiga, usadas
pelos trabalhadores no final do século XIX e início do século
XX em Sevilha.
Eram edifícios de construção geralmente antiga, alguns
construídos expressamente para serem utilizados como currais e
outros eram antigos palácios, casas-pátio ou antigos conventos
adaptados para serem utilizados como currais.
São edifícios multifamiliares que se caracterizam por terem um
grande pátio no interior com uma fonte ou poço no centro que
funcionava como ponto de abastecimento de água a todo o
curral. À volta do pátio existiam vários corredores e cada
corredor com múltiplas portas para os quartos ou salões que
compunham as habitações, podendo cada um deles ter um ou dois
quartos.
Estes currais são muito bonitos com o típico encanto andaluz,
e Triana tem uma grande concentração deles. Eles lançam sombra
e são pontilhados com plantas e vasos trepadores.
Periodicamente a prefeitura organiza visitas a oito pátios:
Cerca Hermosa, Corral de Los Corchos, Casa Quemada, Hotel
Triana, Corral Largo, Patio de las Flores, Corral San Jorge e
Corral de la Encarnación. Este evento geralmente ocorre
durante o outono.
Bom, agora vamos conhecer Triana à noite... o bairro transborda
agitação e a vida noturna aqui é intensa... Berço de cantores e
dançarinos de flamenco, artistas e artesãos, você vai encontrar
várias opções entre os inúmeros bares e restaurantes de tapas e
as casas de shows de flamenco.
Um dos mais tradicionais costumes da noite espanhola é "ir de
tapas"... que é sair para beber e petiscar... antigamente nos
bares, os garçons tinham o costume de tampar o copo com um pires
ou uma tampa, chamada em espanhol de "tapa", para afastar as
moscas. Nessas tampas improvisadas eram colocados pedaços de pão
ou presunto cru para acompanhar a bebida alcoólica. Aí a expressão
se tornou uma marca registrada para sair e comer bem, sem gastar
absurdos...
Alguns dos tapas mais populares da Espanha são as "croquetas", semelhante aos nossos croquetes, "patatas bravas", que são batatas apimentadas, "pan con tomate", uma espécie de bruschetta, "tortillas espanholas", pequenas tortas parecendo omeletes, "montaditos", que são pequenos sanduíches e "pintcho ou pintxo" semelhantes a canapés só que sobre pão normal, segurados com um palito. No final da página, vou colocar uma lista com os mais famosos restaurantes e bares de tapas de Triana.
Mas se a pedida for assistir um show de flamenco, Triana também vai
te surpreender. A dança flamenca é uma arte capaz de transmitir todo
o tipo de sentimentos através de movimentos suaves mas firmes e
marcados, a intensidade das vozes dos seus cantores e o simples
tocar de um violão. No seu início, o flamenco era desfrutado em
pequenas reuniões familiares, mas à medida que foi ganhando
popularidade, começou a ser representado em teatros e cafeterias com
pequenos palcos que foram a antecâmara dos atuais palcos de
flamenco.
Em meados do século XVIII, juntamente com Cadiz e Jerez de la
Fronteira, Triana foi berço do flamenco e localidade essencial no
desenvolvimento da sua história, o bairro viu nascer e crescer
alguns dos dançarinos e cantores mais importantes do mundo do
flamenco. Conta com numerosos palcos flamencos para desfrutar de
um espetáculo cheio de magia e espírito.
Os shows em Triana fogem ao estilo de espetáculo para turista ver
no esquema caríssimo de jantar + show. Em quase todas as casas
você chega só para assistir o espetáculo, se quiser comer e beber
é opção sua. Esses palcos exalam um respeito ao flamenco
tradicional que torna a noitada emocionante e o ambiente é uma
mistura de turistas e moradores apaixonados pela dança. No final
da página vou deixar um resumo das mais famosas casas de flamenco
de Triana e seus dados de localização.
Outra particularidade de Triana são seus terraços. Por estar
localizada nas margens do Rio Guadalquivir, alguns de seus
edifícios mais altos têm vista para a cidade velha. E graças à
esta posição privilegiada, desfruta de vistas incomparáveis sobre
Sevilha. Se você viajar para Sevilha no verão, poderá escapar do
calor dos terraços do bairro.
Alguns dos mais famosos terraços da região oferecem um espaço
deslumbrante para relaxar, saborear um petisco ou um drink,
desfrutando da deslumbrante vista... são quase como um clube e
muitos tem até piscina para refrescar nos dias quentes do verão.
No final da página uma relação com os mais incríveis terraços de
Triana.
Pra finalizar, Triana é um dos bairros sevilhanos com mais histórias
e narrativas. Você pode reservar um tour e descobrir tudo sobre o
lugar, suas lendas e mistérios. Já citei o próprio Castelo de San
Jorge, com suas paredes que escondem uma teia de contos onde
confissões eram extorquidas por métodos muito pouco ortodoxos e
muitas pessoas foram mortas após sangrentas torturas. Mas além dele,
existem visitas guiadas que o levarão a outras partes do bairro,
como o Patio de Monipodio, a Calle Pagés del Corro (a antiga Cava)
ou a Capela da Virgen del Carmen. E também vai conhecer várias
histórias sobre a origem do flamenco no bairro e seu passado
naval.
O passeio dura 1 hora e 30 minutos, custa certa de 10 euros e você
pode reservar diretamento no link:
https://www.civitatis.com/br/sevilha/tour-misterios-lendas-triana/
Décimo Primeiro Dia - Real Alcazár e Juderia
O Real Alcázar de Sevilha, em espanhol Real Alcázar de Sevilla ou
Reales Alcázares de Sevilla, é um complexo palaciano composto por
vários edifícios de diferentes épocas. A diversidade e singularidade
dos seus aposentos, muitas vezes espalhados como se fosse um
labirinto, têm um valor incalculável.
A construção do Real Alcázar de Sevilha se dá em dois períodos: o
islâmico e o cristão. A história do Real Alcázar originalmente
islâmico se confunde com a história da própria cidade,
desenvolvendo-se dinamicamente e em um crescente, tanto em dimensões
quanto em influência política e riqueza arquitetônica. Ainda hoje,
grande parte das suas muralhas e palácios permanecem de pé, embora
tenham sido mascarados ou retocados pelos diferentes poderes
instalados em suas dependências desde a conquista espanhola.
Visão Aérea do Real Alcázar de Sevilha (foto Miguel Angel
Tabales)
No período islâmico, a construção dos palácios foi iniciada quando
os árabes conquistaram Sevilha em 713 e, posteriormente, em 720,
passaram a usar o local como residência de seus líderes. A
construção foi erguida a partir das ruínas de um palácio da dinastia
almóada. Em 884, criaram a muralha, com o objetivo de evitar uma
invasão viking.
Foi ampliado com a construção da residência dos emires no século XI.
No mesmo século continuaram as obras de fortificação e ampliação,
fazendo parte desse período as paredes que cercam o Patio de
Banderas, seu portal original, bem como o Patio de
Yeso, em português Pátio de Gesso, e grande parte do
Patio do Crucero, em português Pátio do Cruzeiro, além de outros
edifícios que vão desde o que atualmente é a Praça do Triunfo até o
Bairro da Santa Cruz. No século XII, os almóadas adicionaram mais
pátios e palácios.
Já em 1248, Sevilha foi tomada pelo Rei Fernando III, quando se
inicia o período cristão e a adaptação dos espanhóis à vida
palaciana do Alcázar, transformando o significado e o uso dos seus
diferentes espaços. Inicialmente optou-se por sobrepor um edifício
emblemático pela sua qualidade e simbologia àqueles que foram os
principais palácios almóadas. O palácio gótico encenou a transição
drástica da nova ordem cristã, mas no restante dos edifícios da
cidadela islâmica, cada propriedade continuou a ser habitada quase
sem alterar sua fisionomia durante o século após a conquista.
Desde quando o Rei Fernando III tomou os palácios, o local foi
transformado em residência real e, posteriormente, Afonso X (o mesmo do emblema NO&DO) iniciou as primeiras reformas, adicionando diversas salas,
capelas e jardins, o que fez com que o Alcázar passasse por grandes
mudanças arquitetônicas, adotando um elemento mais gótico e
românico.
Mas a mudança mais proeminente foi em 1364 durante o reinado do
Rei D. Pedro I, que decidiu construir o que se converteu no
primeiro palácio de um rei espanhol que não estava protegido atrás
das muralhas e defesas de um castelo, atingindo, assim, o seu
definitivo aspecto mudéjar que conserva até os dias de hoje e que
assombra pela sua riqueza e elegância. Neste período, ergueu-se a
Capela Gótica, o Apeadero (lugar de passagem) e o Pátio da
Montaria. O Palácio de Pedro I é considerado o mais completo
exemplo da arquitetura mudéjar na Espanha.
Escavações arqueológicas revelaram ambos os processos
destacando, no entanto, a mudança espetacular provocada por D.
Pedro I que significou o desaparecimento definitivo da
organização interior almóada no setor central do complexo
arquitetônico. Seu palácio mudéjar é o coração do Alcázar atual,
sua joia mais preciosa, testemunho fiel de um tempo de
esplendor, misturas e personalidade como poucos em nossa
história.
O século XVI trouxe mais influência renascentista, resultando no
que vemos hoje: uma amálgama impressionante de várias
influências culturais.
Desde a sua inauguração e como residência real, o palácio já foi
palco de diversos acontecimentos importantes para a história tanto
do país quanto das Américas.
Foi no Real Alcázar de Sevilha que Carlos I celebrou seu
matrimônio com Isabel de Portugal. Foi em um de seus quartos que
nasceu, em 1848, a infanta Isabel, neta de Fernando VII. E foi
aqui também que Cristóvão Colombo realizava suas reuniões ao
término de suas navegações.
Na atualidade, além de poder desfrutar da sua beleza
arquitetônica, o Real Alcázar é utilizado para realizar exposições
de objetos da época árabe nos seus salões. No verão os seus
jardins servem como cenário de concertos noturnos.
Embora aberto ao público, o conjunto continua a ser a residência dos
membros da família real espanhola quando estes visitam Sevilha. O
conjunto foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO no ano de 1987,
integrado no sítio "Catedral, Alcázar e Arquivo das Índias de
Sevilha".
Agora, vou descrever os edifícios e seus aposentos mais importantes
que fazem parte do complexo do Real Alcázar de Sevilha e para poder
percorrer o roteiro da melhor forma possível, inclui abaixo um mapa
completo com a localização de todos os palácios, pátios e jardins.
Mapa de todo o complexo do Real Alcázar de Sevilha
O Real Alcázar de Sevilha fica localizado no Centro Histórico, bem
pertinho da Catedral e do Arquivos das Índias. Logo à entrada temos a
Puerta del Leon, em estilo almóada. A partir daqui tudo o que se vê é
um conjunto extraordinariamente mesclado de arte árabe e cristã.
Passamos ao Patio de Leon, onde se podem contemplar as magníficas filigranas do Palácio de Dom Pedro I. Aqui temos a oportunidade de cruzar a muralha árabe do século XII, construída no período islâmico do Alcázar.
À esquerda do Patio de Leon encontra-se a Sala de la Justicia e o
Patio del Yeso, ou em português Pátio de Gesso. A Sala de la Justicia
é a primeira obra mudéjar do Alcázar, e foi construída por Alfonso XI
no início do século XIV. É toda decorada com gesso onde a natureza é
reproduzida esquematicamente. Combinam-se elementos da tradição
muçulmana e emblemas espanhóis e ao centro existe um chafariz com um
canal de água ligado ao charco, coroado por uma moldura octogonal em
madeira rendilhado. Este local foi posteriormente utilizado para
administrar a justiça no reinado de seu filho Pedro I.
O Patio del Yeso foi construído no final do século XII e
redescoberto no final do século XIX. Da época almóada, tem uma
planta quase quadrada, com uma piscina ao centro e arcos em pórtico
em cada um dos lados o pátio, sobre o qual surge uma rica decoração,
e à sua volta distribuem-se os quartos. No período almóada existiam
dois pórticos que davam para este pátio, mas hoje sobrou apenas o
pórtico sul, uma pequena joia almóada. É formado por um arco central
maior, alinhado com a porta da sala posterior, ladeado por três
arcos menores sobre colunas de cada lado. A decoração dos painéis é
feita com trabalho de "sebka", tipicamente almóada e
sevilhano.
Como em outros locais do Alcázar, várias reformas foram realizadas
neste pátio ao longo de sua história. Toda a parede onde o arco
sebka estava localizado foi encontrada coberta. Quando foi
descoberto no final do século XIX, o Marquês de Vega-Inclán, então
curador do Alcázar, encarregou o arquiteto José Gómez Millán de
recuperá-lo e restaurá-lo em 1912.
Do período islâmico restam as muralhas, que circundam o Pátio das
Banderas, a sua fachada assim como o Palácio de Gesso e parte do
Pátio do Cruzeiro.
Atravessando a muralha do Patio de Leon, chegamos ao Patio de la
Montería que é o pátio principal do Alcázar e funciona como um
distribuidor para os edifícios palacianos: o Palácio Mudéjar, o
Palácio Gótico e a Casa de la Contratación. Recebe esse nome porque
os caçadores reais se reuniam ali para caçar.
A configuração atual como espaço arquitetônico e prelúdio da área
palatina, vem do período em que foi construído o Palácio de D. Pedro
I, em 1364. Sob o piso deste pátio estão as fundações dos palácios
almóadas do século XII.
Patio de la Monteria, com o Patio del Crucero à
esquerda,
o Palácio Mudejár de Dom Pedro I ao centro
e la Casa de la Contratación à direita.
o Palácio Mudejár de Dom Pedro I ao centro
e la Casa de la Contratación à direita.
À direita de quem entra no Patio de la Monteria fica a Casa de la
Contratación. Quando Sevilha se tornou porto e porta de entrada para
as Índias, algumas das salas do Alcázar foram destinadas a várias
finalidades para a execução das tarefas necessárias à gestão das
diferentes viagens e das várias atividades que surgiam. Estas salas
eram divididas em: a Cuarto del Almirante, a Sala de Audiencias e a
Sala de los Abanicos também chamada de Casa del Océano, esta última,
em grande parte demolida.
O Cuarto del Almirante é uma sala polivalente e majestosa
utilizada hoje para conferências e eventos sociais. Retratos
importantes como os de Luis Felipe de Orléans ou Maria Cristina de
Borbón-Dos Sicilias, esposa e sobrinha de Fernando VII, estão
pendurados em suas paredes.
Ligado ao Cuarto do Almirante ficava a Sala de Audiencias que era
utilizada como local de reunião de oficiais e cartógrafos. Em
algum momento foi transformada na Capilla de la Virgen de los
Navegantes, uma grande sala quadrada coberta por um rico teto em
caixotões do século XVI composto por motivos geométricos. Ela
guarda a obra de Alejo Fernández, de 1531, a "Virgen de los
Navegantes ou Mareantes ou Buen Aire", vestida com uma saia branca
com filigrana dourada e um manto azul estendido e protegendo os
navegadores Colombo, Vespúcio, Juan de la Cosa, a família Pinzón
com o imperador Carlos e os indígenas. Há também dois corpos
laterais, cada um deles em duas alturas com as imagens de San
Sebastián, San Santiago, San Telmo e San Juan.
É a primeira representação na Europa relacionada com o
Descobrimento e foi nesta sala quando ainda Sala das Audiencias
que foram projetadas as mais célebres viagens dos descobridores,
como a Primeira Volta ao Mundo de Magalhães. Aqui também se
encontra um belíssima maquete de uma caravela em homenagem às
grandes navegações.
Ao centro do Patio de la Monteria fica a atração mais impressionante
do Real Alcazar de Sevilha. O Palácio Mudéjar, também chamado de
Palácio do Rei Dom Pedro I, foi construído junto ao palácio gótico de
Afonso X por iniciativa de Dom Pedro I, entre 1356 e 1366.
Existem alguma histórias sobre Dom Pedro I de Castela, que sempre
esteve intimamente ligado a Sevilha, residindo na cidade por longos
períodos. De fato, ele está enterrado na Capela Real da Catedral, ao
lado de seu grande amor e amante, Dona María de Padilla, a quem ele
reconheceu como esposa do rei depois que ela morreu. Teve um reinado
muito tumultuado, devido em grande parte ao seu caráter raivoso, e
ao seu interesse em fortalecer o poder real contra a nobreza e
contra qualquer tipo de detrator, às vezes agindo de forma bastante
cruel. Embora fosse o único filho legítimo de seu pai Afonso XI,
tinha vários meio-irmãos, que acabaram se juntando ao mais velho
deles, Enrique, que disputaria o trono em uma longa guerra
civil.
Antes de continuar, gostaria de comentar que, embora seja comum o erro
de considerar que o Palácio Mudéjar é anterior ao Palácio Gótico pelo
fato de um ter estilo muçulmano e outro cristão, a verdade é que o
Palácio Mudéjar foi mandado edificar posteriormente por D. Pedro I,
tataraneto de Afonso X, sob cujo reinado foi edificado o Palácio
Gótico.
Na sua construção colaboraram artesãos de Toledo, Granada e da própria
Sevilha. De acordo com as investigações arqueológicas, o palácio de
Dom Pedro era um projeto de um edifício totalmente novo, mas que foi
erguido num local onde existiam construções anteriores, e resultou em
uma obra com uma superfície superior a 2.500m².
A fachada do palácio apresenta toda a sua riqueza e ostentação
mudéjar, dividindo-se em um corpo central e dois corpos laterais,
compondo um magnífico arranjo nos dois andares do prédio. É no corpo
central que fica a porta de acesso ao interior, emoldurada por dois
arcos multilobados, que são arcos com vários segmentos circulares
sobre colunas de mármore.
Na parte superior foram dispostos sete pequenos arcos
semelhantes, também sobre colunas de mármore. Sobre os arcos, um
belíssimo painel composto por diversos materiais: ao centro uma parte
em azulejos azuis e brancos onde se lê a inscrição em árabe "Não há
vencedor senão Alá" e na moldura a inscrição em gótico que diz "O mui
nobre, poderoso conquistador, Dom Pedro, pela graça de Deus, Rei de
Castela e Leão, manda fazer estes Alcázares, estes Palácios e estas
Portadas em 1402".
E no topo, um riquíssimo trabalho de entalhes em madeira, chamado de
muqarnas policromadas, que é uma forma de abóbada ornamentada da
arquitetura islâmica, que se subdivide em um grande número de pequenos
pontos, produzindo uma espécie de estrutura celular.
Em ambos os lados do arco central, no piso inferior, existe uma
arcada de quatro arcos decorados com sebka, uma decoração
arquitetônica típica da arquitetura mudéjar, consistindo uma grande
rede de arcos reticulados que se cruzam formando diamantes. Estes
arcos são sustentados por colunas de mármore.
Já a parte superior dos corpos laterais da fachada apresentam uma
galeria com um padrão composto de um arco maior ao centro e três
arcos menores nos lados opostos, sustentados por colunas de mármore
colorido, completando assim a esplêndida fachada como se fosse uma
tapeçaria, amarrando os vários trabalhos decorativos de artesãos de
diferentes técnicas e origens.
O interior é estruturado em torno de dois núcleos, um dedicado à vida
oficial e protocolar da corte que se localiza em torno do Patio de las
Doncellas, em português Pátio das Donzelas. E o outro para a vida
privada em torno do Patio de las Muñecas, em português Pátio das
Bonecas.
Dá-se acesso a um hall de entrada em que há de se destacar a borda
de gesso esculpido emoldurando o teto em alfarje, técnica em
madeira entalhada e artisticamente entrelaçada, lembrando uma
tapeçaria. E percorrendo as galerias do hall de entrada podemos
observar também os belíssimos azulejos coloridos formando uma
meia-parede, no mais puro estilo mudéjar.
Se formos à esquerda, um corredor nos levará ao Patio de las
Doncellas, enquanto um corredor que começa pela direita nos
levará ao Patio de las Muñecas.
O Patio de las Doncellas é o pátio principal, obra-prima da arte
mudéjar andaluza. E este era o local em que o Rei cumpria seus
deveres oficiais e entretinha seus convidados, sendo este pátio
cercado pelas salas mais importantes e impressionantes do palácio.
É um pátio retangular com uma longa piscina de ponta a ponta,
ladeada por uma passarela em ambos os lados. Ao longo de toda a
lateral das passarelas existem canteiros gramados com algumas
árvores, em um desnível de aproximadamente um metro para baixo e
decorados com arcos semicirculares entrelaçados, com relevos de
sebka e gesso.
O Patio de las Doncellas está rodeado por quatro galerias coroadas
por belos tetos em caixotões de madeira com formas poligonais,
estreladas e policromadas, com um total de vinte e quatro arcos
lobulados que dão acesso a alguns quartos para os hóspedes. Nos
seus arcos rendilhados que decoram o pátio é possível ver vários
símbolos cristãos e muçulmanos.
Já no andar superior foram dispostos apenas quartos particulares.
A decoração é toda em arcos semicirculares, alternadamente simples
e duplos, suportados por colunas de mármore com capitéis jônicos
feitos em Gênova por Antonio da Carona e Bernardino da Bissone.
Caminhando pelo Patio de las Doncellas encontramos galerias e
aposentos decorados com belos azulejos e os impressionantes tetos
mudéjares. Os mais importantes neste piso são a Alcoba Real, o
Salón de los Embaijadores, o Salón del Techo de Carlos V, entre
outros. No piso superior do palácio estão os apartamentos reais,
redecorados no século XVIII século.
Eu acho que o mais interessante é começar a visita pela Salón del
Techo de Carlos V para fazer o percurso completo e terminar na
Sala de los Pasos Perdidos, que dá acesso ao Patio de las Muñecas
e ao piso superior.
O Salón del Techo de Carlos V, em português Salão do Teto de
Carlos V, recebe seu nome por causa do Imperador Carlos V, que
mandou construir especialmente para a ocasião do seu casamento com
D. Isabel de Portugal, um magnífico teto de madeira composto por
caixotões octogonais e losangos, com os brasões e emblemas de seu
reinado, feito entre 1541 e 1543 por Sebastián de Segovia.
As suas grandes portas de madeira têm rendas mudéjares e
acredita-se que poderia ter sido uma capela, devido à inscrição de
Corpus Christi na porta. É um conjunto de três quartos ligados por
arcos e que partilha uma destas salas auxiliares com a Sala de los
Infantes, à qual está ligada por um arco de meio ponto com vários
alfices e rebocos policromados.
Esta sala tem acesso à galeria exterior e ao chamado Jardín de
Troya, de onde se pode visitar os enigmáticos Baños de Dona María
Padilla e os restantes jardins que rodeiam o Palácio Mudéjar.
Continuamos para a Sala de los Infantes ou Cuarto del Príncipe, em
português Sala das Crianças ou Quarto do Príncipe, composta por
uma sala central e duas salas menores de ambos os lados, os
quartos.
Ganhou seu nome em alusão a Don Juan de Aragón y Castilla, segundo
filho dos Reis Católicos, Fernando II de Aragón e Isabel de
Castilla, que nasceu precisamente neste local no verão de 1478.
Acredita-se que em seus primeiros tempos foi provavelmente o
apartamento de verão da Rainha. Os belos telhados destes quartos
misturam rendas mudéjares com elementos renascentistas.
A partir desta sala pode-se acessar o Jardín de las Galeras e à
antecâmara do Salón de los Embajadores. Vale a pena dar uma
passada rápida pelo Jardín de las Galeras, que recebeu seu nome
devido às galerias que bombardeavam água para o palácio. Hoje
nada resta destas galerias, o jardim é composto por quatro
canteiros com uma rica variedade de flores e arbustos
mediterrâneos. No seu centro ergue-se uma coluna de mármore em
homenagem ao rei Al-Mutamid, governador e poeta de
Sevilha.
A seguir, encontramos o Salón de los Embajadores, em português
Salão dos Embaixadores, o lugar mais suntuoso do palácio. Possui
uma planta quadrada e é coberta por uma espetacular cúpula
hemisférica dourada, feita por Diego Ruiz em 1427. Sob a cúpula
há um friso gótico com retratos de monarcas. Esse friso de
madeira é medieval, mas os retratos foram substituídos em uma
reforma que ocorreu entre 1599 e 1600. Existem 56 quadros
pintados por Diego de Esquivel em ordem cronológica, de
Chindasvinto a Felipe III. Pedro I está localizado na metade sul
do muro.
As paredes, como em outras salas do palácio, são decoradas com
azulejos e gesso. No topo da sala existem varandas de madeira
construídas no final do século XVI. Nos dois lados, há entradas
com duas colunas de mármore que sustentam arcos triplos em
ferradura.
Ao lado do Salón de los Embajadores há duas salas menores,
denominadas Salón de los Sevillanos e Salón de los Toledanos,
todas ligadas entre si e o Salón del Techo de Felipe II que
veremos a seguir. A decoração destas salas apresentam placas de
gesso cortadas e perfiladas que representam figuras de reis,
príncipes, cavaleiros, damas, torneios e animais
fantásticos.
Ao lado do Salón de los Embajadores fica o Salón del Techo de
Felipe II, em português Salão do Teto de Felipe II, ou também
conhecido pelo nome de Salón de la Media Caña. Ambos os nomes
aludem claramente à curvatura do teto em caixotões ou à sua
construção nos tempos deste monarca, entre 1589 e 1591. De
influência claramente renascentista, os caixotões quadrados e em
forma de cruz são obras de Martín Infante e com pinturas de
Baltasar de Bracamonte.
É um salão retangular e o maior em extensão dos que compõem o
Palácio de Dom Pedro I e entre as duas salas abre-se um arco
triplo em forma de ferradura sobre belas colunas de mármore e
capitéis califados, e é conhecido como Arco de los Pavones em
alusão às aves que o decora. De realçar também o belo friso que
corre por cima dos arcos triplos com silhuetas douradas de várias
aves. Trata-se de um belíssimo conjunto de estuques mudéjares
inspirado em modelos de tecidos orientais, nomeadamente persas.
De uma de suas paredes abre-se um arco adornado com rebocos
mudéjares, que, através de um portão, comunica com o Jardim do
Príncipe. E através de suas janelas pode-se ver o vizinho Jardín
de las Flores.
Uma das salas adjacentes ao Salón del Techo de Felipe II é a
Sala del Techo de los Reyes Católicos, uma pequena sala
quadrada, que liga as áreas públicas do Patio de las Doncellas
às áreas privadas do Patio de las Muñecas.
É recoberto por um magnífico teto feito durante o governo dos
Reis Católicos onde estão representados os escudos, as armas e
os lemas de todos os reinos da Península Ibérica no final do
século XV. É uma das poucas salas do palácio que preserva o
piso original.
Para finalizar a visita às salas do Patio de las Doncellas,
vamos conhecer a Alcoba Real, também conhecida como Cuarto
Real, uma sala dividida em uma câmara e um quarto com alcovas
de cada lado, anteriormente separadas por cortinas que pendiam
dos arcos. As duas salas principais são divididas por arcos de
ferradura enquadrados por uma linha denominada "alfiz" e são
coroados por conchas, símbolo do ciclo vital do ser humano.
O “alfarje” ou forro da sala principal, do século XIV, contém
decoração rendilhada. Um pedestal de azulejos corre ao longo da
parte inferior da parede dos quartos. O piso de barro original
se mistura com o piso de mármore renascentista da reforma
realizada por Carlos V no Alcázar.
E por fim, ao lado da Alcoba Real fica o Salón de los Pasos
Perdidos. Este espaço, assim como o Salón del Techo de los Reyes
Católicos, também liga a área pública com a área privada.
Aparentemente, recebe esse nome porque sua única missão é
comunicar a Alcoba Real e o Patio de las Doncellas com o Patio
de las Muñecas.
O teto foi restaurado em 2008, descobrindo-se que, embora a sala
seja do tempo de Dom Pedro I, o teto em caixotões parece ser do
tempo dos Reis Católicos, a julgar pelos anagramas descobertos
durante a intervenção. Suas paredes têm frisos de gesso e as
portas que dão para o pátio são decoradas com rendas, entre as
quais se destacam figuras de seis braços de forma circular. As
duas janelas desta sala estão decoradas com estrelas e rodas de
oito braços.
Do Salón de los Pasos Perdidos temos acesso ao Patio de las
Muñecas, em português Pátio das Bonecas, que era o pátio privado
da família real. O nome "das Bonecas" é antigo, acredita-se que
data de 1637, quando o historiador Rodrigo Caro especulou que
poderia ser chamado assim porque era onde as crianças eram criadas
ou porque é um pátio muito pequeno. Atualmente acredita-se que
pode ser devido aos rostos de meninas ou bonecas esculpidos nos
desenhos dos arcos, o que costuma divertir os visitantes que
tentam descobrir as carinhas de bonecas entalhadas em nove pontos
diferentes da sala. Segundo a tradição, "traz sorte" a quem as
encontra por seus próprios meios sem ajuda de ninguém.
Acredita-se que esta área do palácio foi destinada à rainha, sendo
um pátio doméstico mas mesmo assim ricamente decorado, com uma
belíssima ornamentação de azulejos e arabescos de estuque. É um
pátio mais intimista, cheio de delicadeza e na minha opinião o
mais surpreendente de todo o palácio mudéjar. É a partir deste
pátio que temos acesso ao andar superior do palácio onde estão
localizados os Apartamentos Reais que foram redecorados no século
XVIII.
Durante os séculos XVI e XVII foi construída uma galeria alta com
arcos rebaixados sobre colunas de mármore e parapeitos do mesmo
material, mas no século XIX sofreu uma reforma na qual foi
acrescentado uma cornija com muqarnas e um mezanino neomudéjar
entre o térreo e o primeiro andar. E também foram levantados os
atuais dois pisos superiores do pátio e a cobertura de vidro que
configuraram sua aparência atual.
O piso térreo do Patio de las Muñecas é todo rodeado por uma
galeria com frentes assimétricas de extrema beleza, com arcos
assentados em colunas califais, alternando as de mármore branco
com as de preto e rosa. Suas colunas de mármore parecem ter sido
trazidas de Córdoba, vindas da Medina Azaraha e trazidas para
Sevilha por Al-Mutamid. Os estuques também foram intensamente
retocados durante as reformas, embora restem vestígios dos antigos
arcos, painéis, frisos e ornamentos em cada uma das frentes.
Este pátio tem acesso particular a partir do Hall de Entrada
através de um corredor estreito, disposto em eixo angular,
permitindo o acesso direto desde a zona residencial ao pátio
principal, sem necessidade de passagem pelo setor oficial no
Patio de las Doncellas.
Um dos acessos ao pátio
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As bonecas
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Para conhecermos o andar superior do Palácio Mudéjar de Dom Pedro
I será necessário acessar a Escalera al Cuarto Real Alto que dá
acesso à todo o espaço de vários aposentos que a realeza habitava
naqueles tempos e que ainda hoje é ocupado pelos reis da Espanha
quando visitam Sevilha.
Vou ser sincera: não consegui encontrar informações precisas sobre
este espaço, principalmente sobre como acessá-lo, mas vou deixar
abaixo um roteiro sobre o que eu consegui entender.
As salas conhecidas como Palácio Alto ou Cuarto Real Alto ocupam o
andar superior do lado direito do Patio de la Montería, bem como o
andar superior do Palácio de Dom Pedro I. O acesso é feito por uma
magnífica escada de 3 patamares, que se encontra fora do palácio,
mais precisamente no Patio de la Montería, bem no canto entre a
Casa de la Contratación e o Palácio Mudéjar.
A entrada ao Cuarto Real Alto é uma visita à parte e custa mais €
4,50, sendo indicado adquirir os bilhetes com bastante
antecedência on-line para evitar filas. O acesso é limitado, quer
no número de 15 pessoas por grupo, quer nas horas de visita que
estão quase sempre preenchidas. A visita demora 30 minutos, é
acompanhada por um segurança e é fornecido à entrada um
audio-guia, diferente dos que são usados no resto do Alcázar. É
proibido fotografar e você deverá deixar seus pertences em
armários com fechaduras, alugando com moedas de 1€, posteriormente
restituída.
Abaixo, um mapa do primeiro andar, ou Cuarto Real Alto, do Palácio
Mudejár, para se ter uma ideia da localização dos principais
aposentos.
Mapa dos aposentos do Cuarto Real Alto
Observação: enquanto espera a formação do grupo que vai seguir a
visitação exclusiva, vale a pena dar uma passada na Exposición de
Lozas y Azulejos de Triana e en la Colección Carranza, que estão
expostas nas várias salas da galeria superior, antes da entrada
propriamente dita do Cuarto Real Alto. Para tentar resumir, Don
Vicente Carranza, dono da coleção, sempre se dedicou
profissionalmente à cerâmica aplicada à construção, e nos seus
momentos livres garimpava para sua coleção pessoal vários
exemplares de cerâmicas que encontrava em mercados e feiras
populares em Madrid, Sevilha, Lisboa ou Paris, bem como
antiquários e até casas particulares.
O resultado de todo esse esforço é a Coleção Carranza, uma das
mais notáveis coleções de cerâmicas do país seja pela quantidade
como pela qualidade das peças, datadas entre os séculos XII e
XVIII e está avaliada em mais de um milhão de euros. A coleção tem
exposições permanentes no Museu Regional de Daimiel, no Palácio de
Santa Cruz em Toledo, e esta aqui no Reales Alcázares de Sevilla,
que leva o nome de "Miguel Ángel Carranza García" em homenagem a
seu filho, que morreu prematuramente aos 38 anos. Está
distribuído em três salas nesta galeria superior: na Sala 1 a
exposição "Os azulejos de Sevilha mudéjar", na sala 2, a exposição
"Dorados de Triana" e na sala 3 a exposição "Um mundo de devotos e
galantes".
Voltando à nossa visitação, é importante destacar que todo o
segundo andar do palácio Mudéjar foi construído no século XIV por
Felipe II, embora tenha sido reformado pelos Reis Católicos no
século XIX. Esta parte do Alcázar era considerada a residência
oficial da realeza, seja quando estava em visita à cidade ou
quando fixavam residência por longos períodos de tempo, como foi o
caso de Felipe V, Fernando VII e Isabel II. Até os dias atuais,
continua sendo utilizada pela família real ou chefes de estado
quando em visita à Sevilha e é o palácio real mais antigo ainda em
uso na Europa.
Inclui várias salas como o Dormitorio e la Capilla de la Reina
Isabel, a Sala de Audiencias, o Dormitorio de Dom Pedro I, o
Mirador de los Reyes Católicos, com uma das melhores vistas de
todo o Alcázar, entre outros, e em todos eles devemos destacar os
belos exemplares do mobiliário do século XIX e as magníficas
tapeçarias das Coleções Reais.
Sobre a Escalera Real, ou em português Escadaria Real, que nos
leva ao andar superior, ela foi construída durante o reinado de
Felipe II e possui um esplêndido teto em caixotões, sendo decorado
por uma base de azulejos sobre a qual se repetem constantemente a
imagem dos escudos de Castilla y León e a legenda Plus Ultra.
Destaca-se também a pintura de San Cristóbal.
Devo confessar que é uma dificuldade conseguir as informações
necessárias para se fazer um texto fiel sobre o Cuarto Real
Alto. Vi inúmeros comentários e desabafos de visitantes e
turistas sobre a tutela do departamento do Patrimônio Nacional,
feita à esta parte do Palácio Mudéjar. Nem questiono o valor
cobrado à parte ou o fato das visitas serem limitadas a grupos
reduzidos, acho até justo visto que é uma área eventualmente
habitada pela família real e que expõe várias peças decorativas
de alto valor cultural. Sem falar que é proibido tirar fotos dos
aposentos. Por isso, o que me deixa pasma é a quase total
ausência na internet de fotos ou informações sobre os quartos
que compõem o espaço. É quase impossível encontrar explicações
válidas e fico com uma enorme dúvida se estou relatando algo
correto. Com as poucas fotos disponíveis na internet você não
tem certeza de que ambiente elas pertencem... Parece que eles
querem guardar a história só para os turistas que pagam um
mísero ingresso, deixando de compartilhar virtualmente com o
resto do mundo... Frustrante!
Enfim, vou dar meu melhor!!! Analisando as poucas fotos que
encontrei na internet, uma delas chama mais a atenção, pois se
você pesquisar "Cuarto Real Alto" é ela que vai aparecer com
maior frequência. Mas infelizmente você não consegue descobrir
exatamente qual aposento ela retrata, pelo pouco que consegui
descobrir acredito que seja a Sala de Audiencias, mas realmente
só vou conseguir confirmar "in loco".
A primeira sala localizada logo no topo da escada, é a Sala de
la Reina Isabel, la Católica, que na realidade é composta por
3 aposentos distintos: o átrio ou vestíbulo, o dormitório
propriamente dito e o oratório e sua antessala. Eles ocupam
uma das faces que dá vista para o Patio de las Muñecas.
Atualmente, todo o Cuarto Real Alto tem uma decoração
romântica, concedida durante o reinado de Isabel. De fato, a
rainha viveu nesses quartos quando seu filho Alfonso XII já
reinava. Apesar disso, praticamente todos os monarcas
espanhóis desde D. Pedro I deixaram sua marca nessas salas,
principalmente durante os séculos XVI, XVII e XIX, com
ampliações e reformas.
Depois de entrar no átrio, onde estão penduradas algumas das
magníficas tapeçarias de Felipe V, chega-se ao chamado
Oratório de Isabel, a Católica. Embora a rainha nunca a
tenha visto terminada, pois faleceu no mesmo ano de 1504,
esta pequena capela é uma joia da azulejaria renascentista.
O altar em azulejo é uma obra-prima, da autoria de Niculoso
Francisco Pisano e representa a visita da Virgem a sua prima
Santa Isabel. Ao lado do oratório localiza-se o que quase
certamente poderia ter sido o quarto da rainha no inverno. A
sala tem um magnífico teto em caixotões com os símbolos dos
Reis Católicos. Infelizmente não existem fotos na internet
que mostrem o dormitório da Rainha Isabel.
Dos aposentos da Rainha Isabel, passamos pelo Antecomedor del
Comedor de Gala, uma antessala que nos leva ao Comedor de
Gala, em português Sala de Jantar de Gala.
É uma sala quadrada coberta por um teto de caixotões do século
XV que, por uma de suas paredes frontais, se comunica com as
galerias superiores do Pátio de las Muñecas, por outra com a
Sala de Jantar de Gala e pela terceira com a Galeria ou
Corredor del Príncipe.
Chegamos ao Comedor de Gala ou Sala de Jantar de Gala, uma
sala retangular e muito comprida presidida por uma grande e
majestosa mesa de jantar. Este aposento deve ter sido
construído no reinado de Felipe II, mas no século passado
sofreu uma transformação radical que nos impede sequer de
imaginar o seu aspecto anterior. Antigamente tinha um teto em
caixotões que foi substituído por um teto elisabetano baixo e
três claraboias abertas que fornecem luz ao ambiente.
É de destacar as esplêndidas luminárias da Real Fábrica de
La Granja que adornam esta sala, especialmente a central,
assim como a rica coleção de tapeçarias de vasos com flores,
guirlandas e colunas, no estilo pompeano, que adornam as
paredes desta linda sala, e também as clássicas cadeiras
setecentistas.
Essa sala tem diversas portas de comunicação com vários outros
aposentos, além da própria passagem de que vem do Antecomedor.
Ela se comunica com a Galeria do Príncipe, que dá vista para o
Jardín del Principe, e também com a Sala dos Fumadores e a
Sala de Bilhar. E tem também um balcão elevado que se abre
para a Sala dos Embaixadores no piso inferior e de onde pode
se ter uma vista magnífica sobre este soberbo espaço e dela
podia-se acompanhar os bailes e saraus que outrora ali se
organizavam.
Existem duas salas ligadas ao Comedor de Gala, ou Sala de Jantar
de Gala, que foram executadas ou pelo menos remodeladas nos anos
finais do reinado de Felipe II, que são a Sala de Fumadores e a
Sala de Bilhar.
As duas peças estão cobertas por duas magníficas coberturas
cuja construção é atribuída ao Mestre de Carpintaria Martín de
Infante na última década do século XVI, portanto no reinado de
Felipe II. Todos os telhados encontrados na parte ocidental do
palácio são devidos a este mestre. A cobertura que reveste a
Sala de Fumadores tem uma forma curva, com caixotões
octogonais que, unidos, formam losangos e pequenos quadrados e
são decorados com motivos florais. Todo o conjunto assenta num
amplo friso, também em madeira e com o mesmo tipo de
decoração.
A Sala do Bilhar é recoberta por outro forro com caixotões
dispostos em grelha, alternando caixotões quadrados com
decoração geométrica e outros mais pequenos que incluem temas
florais. Mais uma vez, todo o conjunto assenta num friso
profusamente decorado.
Em seguida chegamos ao Mirador de los Reyes Católicos, uma sala
longa e retangular que foi construído no século XV. Suas paredes
frontais principais são compostas por seis aberturas com arcos
de ferradura duplos que se abrem para os jardins e a galeria
superior sul do Patio de las Doncellas. As paredes são decoradas
com estuque de renda mudéjar nas faces exteriores e falsas
claraboias góticas, com os emblemas heráldicos dos Reis
Católicos, na face interior.
No século XVI, esta sala foi amplamente remodelada,
transformando-a numa sala mais resguardada para usos
invernais. Assim, suas arcadas foram muradas e uma chaminé
francesa foi construída na parede sul. O telhado antigo,
embora respeitado, foi coberto por um novo teto mais baixo.
Nas restaurações realizadas entre 1976 e 1977, foi devolvido
ao seu estado original, abrindo novamente suas janelas e
restaurando seu telhado primitivo. No decorrer destas obras
foi também esculpida uma escada de ligação com a Sala de
Jantar Familiar, peça que lhe é contígua.
Devemos destacar o mobiliário em geral do século XIX com
esplêndidas cadeiras, consoles e espelhos, bem como a coleção
de luminárias e tapetes. E também que quase todos os aposentos
do segundo andar dão acesso às galerias que dão vista para o
Patio de Las Doncellas.
O Dormitorio ou Cuarto de Dom Pedro I foi construído por volta
de 1350 e ocupa o canto sudoeste do andar real, sendo delimitado
com o edifício de Afonso X ou Palacio Gótico. Foi destinado a
Dom Pedro I que mandou construí-lo no andar superior do palácio
para sua segunda esposa Dona Maria de Padilla porque o piso
térreo era muito frio e úmido, e assim poderia protegê-la do
frio que tanto mal fazia a ela.
A sua antiguidade e estilo mudéjar são denotados pelos
atauriques mouriscos e pelas decorações epigráficas que exibem
as suas paredes, assim como o esplêndido telhado mudéjar
rendilhado, todos eles policromados e dourados. É uma sala
quadrada que originalmente tinha dois pequenos quartos ao seu
lado, abertos por arcos centrais. Durante o século XVI foram
realizadas reformas consistindo na renovação da pintura das
paredes, tetos, portas e janelas. O seu único mobiliário é
composto por um toucador e mesa de prata que pertenceram à
Rainha Isabel e que é uma preciosa peça feita por ourives do
século XIX.
Dormitorio de Dom Pedro I
Do lado oposto ao Dormitório de Dom Pedro I e ao Mirador de los
Reyes Católicos fica a Antesala de Audiencias e a Sala de
Audiencias.
A Antesala de Audiencias é uma sala ricamente decorada onde se
destacam as banquetas francesas, as tapeçarias flamengas, os
vários consoles e espelhos com molduras douradas e os inúmeros
relógios que fazem desta sala uma das mais ricas e solenes do
andar superior. Estas tapeçarias, as mais antigas existentes
no Alcázar, pertencem à coleção flamenga de Juan de Raes "el
Joven" e representam a História do Cupido e do Amor.
Juntamente com a Sala de Audiencias eram conhecidas pelo nome
genérico de Cuarto de Hércules ou de las Cinco Cuadras e no
século XVII, como Sala do Senhor Rei Dom Pedro.
E por fim, chegamos à Sala de Audiencias, o aposento mais
suntuoso do Cuarto Real Alto, sendo juntamente com o Dormitorio
de Dom Pedro, os dois únicos quartos existentes no piso superior
com a organização primitiva do palácio mudéjar do século XIV.
É constituído por uma sala central retangular e todas as suas
paredes apresentam uma organização tripartida através de arcos
sustentados por colunas de mármore de diversas cores e com
capitéis califados e renascentistas. A frente norte se abre
para a fachada do palácio em uma galeria estreita coberta por
uma abóbada muqarnas. A base inferior das paredes é coberta
por esplêndidos e originais azulejos policromados, enquanto o
restante das paredes são enriquecidas com finos trabalhos em
estuque com motivos atauriques e epigráficos, bem como
muqarnas. Seu telhado é de madeira com temas de renda, que foi
refeito em 1909 por José Gómez Otero.
Das suas janelas pode-se ter uma das vistas mais
surpreendentes do Alcázar, porque através do Pátio e dos
Jardines de la Montería podemos ver os volumes da Catedral e
sua esbelta torre, a Giralda.
Bom, concluímos assim os principais aposentos do Cuarto Real
Alto e para seguir a visitação do Real Alcázar de Sevilha
devemos retornar ao Patio de la Monteria, do qual já vimos a
Casa de Contratación e o Palácio Mudejár de Dom Pedro I.
Sendo assim, para finalizar, à esquerda de quem entra no Patio de la
Monteria, fica a Galeria Dieciochesca, o Patio del Crucero, o Palácio
Gótico e o acesso à maioria dos jardins do Real Alcázar de Sevilha. E
é pra lá que nós vamos agora!!
Em seus primórdios, o Patio del Crucero tinha dois níveis: o mais
baixo, cerca de cinco metros abaixo do nível atual, tinha o arranjo
típico dos jardins árabes, divididos em quadrantes delimitados por
sebes, com uma longa piscina central e duas piscinas nas extremidades.
A parte superior tinha a mesma altura de agora, com quatro galerias
que o circundavam e dois caminhos centrais, em forma de cruz.
Após o terremoto de Lisboa, o jardim inferior foi coberto, enchendo-o
de terra e formando o atual pátio retangular. Os vestígios visíveis
deste andar inferior e a única parte que permanece até hoje são os
chamados Banõs de Doña María Padilla, e que são acessados a partir
do Jardín de la Danza, que falaremos mais adiante no roteiro.
Hoje, o Patio del Crucero é acessado através da Galeria Dieciochesca,
que foi construída após o terremoto de Lisboa em 1755, que afetou
gravemente o complexo. A remodelação foi encomendada ao engenheiro
militar Sebastian Van der Brocht, que estava finalizando os detalhes
da construção da Real Fábrica de Tabacos e consistiu em solidificar a
maior parte do nível inferior, formando um pátio retangular como
podemos ver hoje. É constituído por quatro jardins delimitados por
sebes, com um corredor central muito largo e uma única galeria, à
entrada do palácio.
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Porta de acesso da Galeria para o Patio del Crucero
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Cruzando o Patio del Crucero, encontramos a fachada principal Palácio
Gótico de Afonso X, construído em 1254 sobre algumas das estruturas
pré-existentes criadas pelos habitantes muçulmanos que habitaram o
palácio de Sevilha. Destas estruturas hoje só resta o Patio del
Yeso. Ele representa o triunfo da ideologia cristã contra o passado
muçulmano.
Quase dois anos depois de chegar ao poder, o rei Alfonso X, o Sábio,
começou a fazer mudanças no Real Alcázar e sua maior obra no
complexo palaciano foi o Palácio Gótico, sede da sua corte real,
acompanhado das condutas necessárias para levar água ao monumental
complexo a partir do aqueduto que vinha de Carmona. A obra inicial
do Palácio Gótico, de planta retangular, com contrafortes ameados e
torres nos quatro cantos, foi reformada por Carlos I e em 1755, após
o terremoto de Lisboa, ocorreu outra remodelação fundamental,
incluindo a decoração em estilo barroco.
Na fachada do Palácio Gótico encontramos uma galeria com cinco arcos
semicirculares sobre pilastras e colunas de mármore branco. Há uma
majestosa porta de ferro que dá acesso ao interior do palácio.
O Palácio Gótico é composto por quatro salas que se cruzam
perpendicularmente e mais tarde acabou sendo reformado por
Carlos I. A sua decoração é bem diferente do resto do complexo,
sendo toda em tons terrosos e feito com materiais naturais,
sendo um palácio bem austero, com um teto abobado e sem grande
ornamentação.
Um dos principais destaques deste palácio é o magnífico Salón de
los Tapices, em português Sala das Tapeçarias, que recebeu seu
nome pelas seis grandes tapeçarias que representam a conquista
de Tunis em 1535 pelo imperador Carlos.
São de origem flamenga e foram tecidas por Francisco e Cornelio
Van der Gotte, embora as atuais sejam cópias do século XVIII. As
tapeçarias originais foram tecidas em Bruxelas, na
oficina de Willem Pannemaker, a partir de 1546 a pedido da
regente Maria da Hungria, irmã do imperador Carlos. A coleção
foi exibida em Londres em 1554, por ocasião do casamento entre o
príncipe herdeiro Philip,mais tarde Philip II, e a rainha
inglesa Mary Tudor também conhecida como Bloody Mary. No século
XVIII os originais estavam tão danificados que em 1740 Felipe V
encomendou as cópias em seda e lã que hoje se encontram
expostas.
Este espaço é o que sofreu mais graves danos com o
terramoto de 1755, pelo que teve de ser demolido e reerguido. Os
quartos restantes necessitaram apenas de obras de reforço. A
origem destas tapeçarias remontam ao ano de 1730 e representam a
conquista de Túnis por Carlos I. O conjunto totalizava dez
tapeçarias, sendo que seis se encontram expostas nesta sala e as
outras quatro estão em Madrid. As tapeçarias do Palácio Gótico
são: O mapa, A tomada de La Goleta, A tomada de Tunis, O
exército acampou em Rada e o Re-embarque em La Goleta.
A Sala Principal é também conhecido como Sala de las Bóvedas ou
Sala de las Fiestas, em português Sala dos Cofres ou Sala de
Festas. É voltado para os jardins e preserva ainda as abóbadas
originais. O nome “Salão de Festas” refere-se à celebração do
casamento de Carlos V com Isabel de Portugal e posteriormente
continuou hospedando os grandes banquetes e outras festas
de casamento.
Possui quatro sarjetas (pinturas feitas em tecido de sarja)
encomendadas por Alfonso XIII ao pintor Gustavo Bacarisas para o
Pavilhão Real da Exposição Ibero-Americana de 1929. Os temas das
pinturas de sarja estão relacionadas à navegação colombiana e
outras duas com escudos heráldicos. As pinturas representam
cenas do Descobrimento da América: a partida dos navios de
Colombo sob a proteção da Virgen de los Navegantes em 3 de
agosto de 1492, a navegação das caravelas colombianas
impulsionadas pelo vento atlântico em agosto de 1492, o
desembarque de Colombo em a ilha de San Salvador em 12 de
outubro de 1492 e a chegada do navio de Colombo ao porto de
Barcelona em abril de 1493. Foram restaurados em 2020 e possuem
grande valor artístico e cultural.
Metade das paredes são forradas com azulejos policromados de
superfície plana, um trabalho executado por Cristóbal de
Augusta em 1577 durante a reforma renascentista realizada por
Filipe II, e onde ele quis perpetuar a memória de seu pai.
Sobre os azulejos pendem seis grandes tapeçarias com escudos
heráldicos e cenas relacionadas com a descoberta do Novo
Mundo. O piso é olambrilla, combinando lajes quadradas de
padrão azul com outras retangulares de mármore branco.
Existem duas portas laterais: uma delas dá acesso à uma
pequena sala envidraçada chamada de Sala Cantarera, atualmente
utilizada para exposições temporárias, que apresenta teto em
caixotões de madeira em grelhas com motivos geométricos em
cada uma delas. A partir desta sala você pode acessar o Jardim
Chorrón, próximo à Lagoa Mercúrio.
A outra dá acesso à Capilla de San Clemente, criada em 1271.
Hoje é presidida por um retábulo de estilo bizantino da Virgen
de la Antigua, feito no século XVIII por Diego de Castillejo e
contendo uma cópia anônima do original que está na catedral de
Sevilha. O retábulo é coroado por um vitral que mostra as
armas e o brasão castelhano-leonês. Na ala oposta à do
retábulo encontra-se o coro, situado num arco rebaixado. A
capela apresenta ainda dois nichos com o antigo órgão e um
confessionário.
Outro destaque do Palácio Gótico são os Baños de Doña Maria
Padilla, um dos locais mais fotografados do Real Alcázar. São
tanques de águas pluviais localizados sob o Pátio do Cruzeiro,
que foram batizados com o nome de Maria Padilla, a amante e o
amor da vida do Rei Pedro I.
Os Baños de Doña Maria Padilla são uma cripta abobadada de três
naves, que inclui uma cisterna e que se encontra no subterrâneo
do Patio del Crucero. Seu acesso se dá a partir do Jardim de la
Danza, por um pátio maneirista com galeria com arcos e ornada de
grotescos nas colunas, tendo ao centro a Fonte de Tróia, e e
ficam ficam bem perto da Fonte del Mercurio, só descendo algumas
escadas.
Foi recentemente redescoberto após um estudo arqueológico, e
sua origem é almóada. Estes banhos supostamente eram o local
onde a amante do Rei Dom Pedro I, Dona María de Padilla,
costumava tomar banho e segundo algumas lendas, era frequente
que a bela dama se esgueirasse totalmente nua até o local para
tomar banho.
Na realidade, trata-se de uma cisterna almóada dos séculos
XII e XIII situada no antigo rés-do-chão do Pátio do Crucero.
No tempo de Dom Afonso X foi coberta por típicas abóbadas de
nervuras góticas. Existem corredores laterais onde aparecem
pinturas murais renascentistas do século XVI, nos arcos e
plintos, embora sejam muito difíceis de preservar devido às
condições úmidas. No século XVII, foi acrescentada uma fonte
de estilo maneirista, da qual só restam vestígios, no fundo da
piscina e o acesso ao Jardim de la Danza foi aberto por uma
abóbada de berço de azulejos na entrada.
Com o terramoto de Lisboa de 1755, foi necessário solidificar
o local, o que fez com que o local virasse uma espécie de
porão. A luz natural entra nas salas através das várias
aberturas laterais na superfície do Patio del Crucero, que
permitem a renovação do ar. Assim, as Termas apresentam uma
temperatura vários graus inferior à existente na cidade de
Sevilha, o que levou a que fossem mesmo dedicadas ao armazém
dos Reales Alcázares.
Entrada dos Baños
de Dona Maria Padilla |
Ao final da visitação ao Palácio Gótico, a última etapa do roteiro
fica por conta dos Jardins do Real Alcázar de Sevilha. Os jardins
constituem um elemento fundamental no alcázar e são os mais
antigos da cidade. Desde sua criação, eles têm sofrido alterações
e transformações, desde pequenos pátios ajardinados e grandes
hortas. Foram reformados no século XVI e começo ao século XVII,
conservando a herança muçulmana do conceito de jardins
compartimentados sem nenhuma vinculação entre eles, com especial
atenção aos elementos paisagísticos que o completam como fontes,
canais, chafarizes além dos azulejos de forte estilo mourisco.
Bom, durante as pesquisas sobre os jardins para o blog tive a
mesma dificuldade que tive com o Cuarto Real Alto... uma ausência
total de informações ou um roteiro pelos jardins... Então, resolvi
eu mesma fazer um roteiro que só quando eu fizer a minha viagem
vou poder saber se é viável e coerente... 😁
Abaixo, um mapa do roteiro que eu fiz, com todos os jardins,
portas e fontes nomeados, para facilitar a localização.
Mas antes é necessário uma explicação básica sobre os jardins,
pois eles são divididos em duas partes, separadas pela Galeria do
Grotesco: Huerta de la Alcoba e Huerta del Retiro.
A Huerta de la Alcoba consiste nos jardins mais próximos do
perímetro dos palácios, e também se subdivide em "jardins velhos"
que estão mais perto dos Palácios Mudéjar e Gótico como os jardins
do Príncipe, das Flores, da Galera, de Tróia, da Danza e de
Mercúrio e "jardins novos" um pouco mais afastados, como os
jardins das Damas, da Cruz, Inglês, Cenador de la Alcoba, Mirante
do Leão e do Labirinto. Esses pequenos jardins hispano-muçulmanos
que circundam o perímetro dos palácios estão sempre conectados
entre si, até arquitetonicamente, como se fossem salas normais do
complexo, só que sem teto. Os jardins velhos e novos estão
separados por um muro, que possui diferentes portas de comunicação
entre os vários espaços.
Já a Huerta del Retiro é composta pelos Jardins dos Poetas e do
Marquês de la Vega Inclan, e que são os mais modernos e os maiores
de todo o Real Alcázar. Ao final deste percurso passaremos pelo
Apeadero e pelo Patio das Bandeiras, onde termina a visita ao
alcázar.
Alguns dos "jardins velhos" da Huerta de la Alcoba já foram
visitados durante o roteiro no Palácio Mudéjar, como o Jardín del
Principe e o Jardín de la Danza. Mas como eu sou insanamente
perfeccionista, vou fazer o roteiro completo com um breve resumo
de cada um deles.
Começando pelo Jardín del Principe, um espaço ajardinado
dividido em quatro blocos, delimitados por sebes de murta, com
plantas aromáticas, palmeiras e limoeiros trazidos da Ásia e uma
pequena fonte de mármore branco ao centro. Na fachada à direita
encontra-se uma fiada de colunas com as suas bases e capitéis,
cuja única função é ornamental, e uma galeria que se comunica,
descendo por uma rampa, com o Jardim de las Flores.
Este é um pequeno espaço com um lago retangular formado pelos
restos de uma pequena gruta construída no final do século XVI,
vários canteiros de flores e um nicho que abriga um busto de Dom
Carlos I. Através de um caminho sinuoso rodeado por um muro alto
chegamos ao Jardín de la Galera, um pequeno jardim muito frondoso
com uma coluna de mármore no centro com uma inscrição em homenagem
a Al Mutamid, poeta Rei de Sevilha.
E por fim chegamos ao Jardín de Tróia que tem uma fonte ao centro
de origem muçulmana, do século X, com bicos em forma de cabeça de
leão. A rústica galeria ornada de grotescos que fecha este jardim
foi executada em estilo maneirista pelo arquiteto milanês Vermondo
Resta em 1606, seguindo a moda renascentista da época.
Em seguida chegamos ao Jardin de la Danza, um dos mais antigos do
Real Alcázar e o que vemos hoje são as restaurações renascentistas
feitas nos jardins árabes originais, realizadas nos séculos XVI e
XVII.
O jardim está dividido em dois níveis, o superior é dominado por
duas grandes colunas com esculturas de figuras mitológicas que
juntamente com outras figuras esculpidas nas sebes de murta pelos
jardineiros do palácio, parecem dançar, daí o nome do jardim.
No jardim inferior, existe um chafariz de azulejo com uma fonte de
água, datados do século XVI, e todo o espaço é rodeado por uma
bancada coberta de azulejos. Existem pequenos buracos no chão
chamados de “zombadores”, através dos quais a água era borrifada
inesperadamente nos visitantes.
Como já mencionado acima, é pelos Jardins de la Danza que se dá o
acesso para a visitação aos Baños de Dona Maria Padilla. Ao sair,
seguimos nosso passeio pelos jardins encontrando o Estanque de
Mercurio, em português Lagoa de Mercurio, um dos símbolos dos
jardins do Alcázar.
É uma bela lagoa presidida por uma estátua do deus grego Mercúrio,
feita por Diego de Pesquera e fundida por Bartolomé Morel em 1576,
também autores das grades rematadas nos seus ângulos por leões com
escudos e as dezoito bolas com remates piramidais que
cercam a lagoa. A lagoa é habitada por enormes e ativas trutas que
fazem a diversão das crianças.
Ao fundo, a lagoa é delimitada pela Galeria del Grotesco, um
antigo muro almóada, que começa neste espaço e continua até o
final dos jardins.
No início do século XVII, o arquiteto milanês Vermondo Resta
transformou a antiga muralha almóada numa loggia, que começa neste
espaço e continua até o final dos jardins. A galeria estende-se
até o Jardín del Laberinto, através de um corredor coberto com
vista para quase todos os jardins do Alcázar, aberto em ambos os
lados por vãos sustentados por colunas de mármore branco e
avermelhado, possivelmente de origem califada.
O estilo maneirista, introduzido por Resta, simula a rocha
emergindo da parede, fundindo assim a arquitetura com a natureza e
essa tendência é chamada de trabalho grotesco. A parede da galeria
que dá para o lago é decorada com afrescos de Diego de Esquivel.
O muro da Galeria del Grotesco tem um comprimento de 160 metros e
separa a área verde em duas áreas distintas: de um lado os jardins
primitivos e, do outro, a área antiga de pomares que também foram
convertidos em jardins no final do século XIX, repletos de
laranjeiras e limoeiros. Esta parede conta ainda com uma galeria
superior que pode ser visitada com magníficas vistas sobre os
jardins, a que se acede a partir do Jardín Chorrón.
Continua em frente ao Jardín de las Damas, onde fica a Fonte da
Fama, e chega aos Jardín del Pabellon de Carlos V, onde
encontramos a grande Porta do Privilégio, que os liga ao jardim
exterior dos Poetas.
Descendo as escadas do Estanque de Mercurio, voltamos para o
Jardín de la Danza e é daqui que temos o acesso ao Jardín de las
Damas, que margeia toda a Galeria del Grotesco.
O Jardín de las Damas já existia no século XVI, mas era um
pequeno jardim que ladeava o alcázar fora das muralhas com
pomares públicos, o que reduzia a privacidade dos habitantes
do palácio. No início do século XVII, o mesmo arquiteto que
fez a Galeria del Grotesco, Vermondo Resta, ampliou e
redesenhou todo o jardim para que se pudesse percorrê-lo sem
ser observado ou ouvido por estranhos.
De acordo com o novo esquema, o jardim foi projetado com uma
superfície de quatro mil metros quadrados, de formato
retangular dividido em oito compartimentos ao longo de um
eixo central com fontes nas interseções dos caminhos,
delimitados por sebes.
Enquanto as fontes nos passeios laterais são baixas, a fonte
central do século XVIII se destaca pela sua beleza, feita
toda em mármore e encimada por uma estátua em bronze
representando o Deus Netuno.
Como já mencionei, o Jardín de las Damas é delimitado em um
de seus lados pela Galeria del Grotesco e bem ao centro se
encontra outra fonte, a monumental Fuente da Fama.
Construído entre 1614 e 1619, é um órgão hidráulico do
século XVII que é atualmente o único órgão-fonte do período
barroco conservado em Espanha e um dos três conservados na
Europa.
É uma representação alegórica da fama e nos deixa claro a
importância que a água desempenhou nos jardins do Alcázar em
séculos passados. A fonte possuia diferentes mecanismos
hidráulicos, cuja função era produzir sons a partir da
transmissão do ar. Mas o terremoto de Lisboa e as diversas
reformas efetuadas no chafariz e na Galeria do Grutesco
puseram fim ao funcionamento destes mecanismos.
Em 2006, o professor de Arqueologia Leonardo Lombardi
restaurou esta câmara hidráulica com um novo mecanismo, um
órgão hidráulico automático que funciona com a pressão do ar
produzida pela água, baseado no sistema que tinham as fontes
das vilas italianas da época. O inglês Rodney Briscoe também
participou desta restauração, sendo o único artesão capaz de
restaurar este tipo de maquinaria e que passa anualmente por
Sevilha para revisão.
De hora em hora, a Fonte da Fama nos delicia com duas
peças musicais, uma sacra e outra profana. A primeira é a
Canção LXVIII da Imaculada Conceição, a segunda, mais
longa, Glosas sobre a Canção Simples. Ambas as peças foram
compostas no século XVII pelo sevilhano Francisco Correa
de Arauxo.
Do Jardín de las Damas vamos continuar a visitação passando
por uma das portas do jardim que nos leva aos jardins do
Pabellón de Carlos V, ao Cenador de León e ao Jardín del
Laberinto.
A ampliação do Jardín de las Damas realizada por ocasião do
casamento do imperador Carlos V com sua prima Isabel de
Portugal abrigou um novo espaço chamado Cenador ou Pabellón
de Carlos V, em estilo plateresco e mudéjar, obra de Juan
Fernández concluída em 1546. Seu acesso é feito a partir do
Jardín de las Damas pela Puerta del Privilegio
Tem um planta quadrada e todas as paredes, tanto interiores
e exteriores, bem como os seus bancos, são revestidas com
azulejos do século XVI feitos por Juan e Diego Polido. O
exterior é cercado por quatro galerias com arcadas com arcos
semicirculares apoiados em colunas de mármore. Possui uma
abóbada hemisférica assentada sobre quatro conchas situadas
nos cantos do teto em caixotões.
E dos jardins do Pabellón de Carlos V podemos visitar o
Cenador de León e o Jardín del Laberinto.
O Cenador de León, também chamado de Mirante de León, fica
praticamente ao lado do pavilhão. Foi construído por Diego
Martín Orejuela entre 1644 e 1645, e assemelha-se a uma
pequena capela, tendo no exterior uma fonte decorada com um
leão. No século XVII, Orejuela contruiu dois gazebos para o
alcázar: o de Léon, que foi preservado até os dias atuais e o
Ochavado, que já não existe mais. Este recinto está coberto
por uma cúpula de azulejos externos. Em frente há uma fonte
com um leão, de origem desconhecida, instalada em uma antiga
piscina utilizada para coletar água.
O antigo labirinto datava no século XVI, e se encontrava no
atual Jardín de la Cruz, também chamado de Jardín del Antigo
Laberinto. Ele foi encomendado pelo Conde-Duque de
Olivares, Protetor Perpétuo dos Alcázares no reinado de Felipe
IV, e foi projetado com várias sebes de murta que ao
centro se encontrava uma lagoa. Deste antigo labirinto não
restaram vestígios, e muito menos as várias figuras que
representavam caçadores, leões e veados que estavam espalhados
por ele. O desaparecimento do antigo labirinto ocorreu em
1910, a mando do rei Alfonso XIII.
Nos dias atuais, o que podemos ver neste espaço é a
lagoa-fonte central em forma de gruta como réplica do Monte
Parnaso e que também é conhecida como Gruta de las Sultanas.
A gruta tem quatro aberturas simétricas por onde se vê duas
figuras femininas unidas pelas costas e cujos seios
funcionam como fontes de água.
Continuando o passeio pelos jardins do Real Alcázar,
chegamos ao Jardín Inglês, o último dos espaços da Huerta de
la Alcoba. Até o século XX, essa área era um espaço agrário,
de origem medieval, conhecido como pomar de Alcoba, em
espanhol huerta. Foi projetado no início do século XX pela
Rainha Victoria Eugenia, esposa de Alfonso XIII, foi
inspirado no estilo de sua Escócia natal.
É um espaço amplo que se estende por trás das casas da Calle
San Fernando, a rua que faz limite com o alcázar, até a
Puerta e a Torre del Alcoba. Existe um muro alto que margeia
a Calle San Fernando e por toda a sua extensão se sucedem
colunas e fontes decorativas.
Caracteriza-se pela sua vegetação original e pelos seus
caminhos sinuosos que contrastam com a disposição dos
restantes jardins. Seguindo por estes caminhos, passaremos
ao lado do novo Jardín del Laberinto, que já visitamos
antes. É um jardim com grandes extensões de relva, onde
crescem inúmeras espécies de árvores, algumas muito raras ou
mesmo únicas na jardinagem sevilhana, pois foram trazidas
dos viveiros dos Sítios Reais de Madrid.
Em 2007, uma equipe de peritos arqueólogos descobriu no
subsolo deste jardim três casas antigas do período almóada e
vários jarros em bom estado de conservação, tudo no que
poderá ter sido um bairro islâmico do século XIII construído
dentro das muralhas da primitiva cidadela árabe. Foi também
encontrado um edifício visigótico de função desconhecida. Da
mesma forma, constatou-se que esta zona esteve desabitada
entre os séculos VI e IX, quando foi engolida pelo rio
Guadalquivir numa das suas frequentes cheias.
Chegando ao final do Jardín Ingles podemos dizer que estamos no
ponto mais ao fundo dos Reais Alcázares. É onde os jardins da
Huerta del Alcoba e da Huerta del retiro se encontram e se
dividem. Quase no vértice deste ângulo está a Puerta de la
Alcoba, anexada à torre quadrada de mesmo nome, a Torre de la
Alcoba, que se podia subir por uma escada, hoje inacessível.
Esta porta é o acesso do exterior aos jardins e é utilizada
principalmente para a temporada de shows noturnos.
Algumas explicações: os fundos dos jardins da Huerta del
Retiro fazem fronteira com o Paseo Catalina de Ribera e os
Jardines de Murillo. O Paseo Catalina de Ribera é uma bela
alameda ajardinada que percorre toda a extensão dos muros
traseiros do Alcázar, com destaque para o monumento a
Cristóvão Colombo e o monumento a Catalina de Ribera. Já os
Jardines de Murillo é um parque público, com uma grande
variedade de espécies botânicas e deve o seu nome ao famoso
pintor sevilhano Murillo. É constituído por três espaços
naturais e bem diferenciados: os jardins de las Delicias, com
esculturas em mármore, os jardins de Catalina de Ribera com
obras de Juan Talavera e os jardins de Murillo propriamente
ditos.
A partir daqui já estamos oficialmente dentro da Huerta del
Retiro, que são os maiores e mais modernos jardins de todo o
complexo do alcázar: o Jardín de los Poetas e o Jardín de
Marquês de la Vega Inclan. O primeiro que vamos visitar é o
Jardín de los Poetas que foi projetado pelo
diretor-curador do Alcázar, Joaquín Romero Murube, em
1956, após a Guerra Civil Espanhola.
Existem dois jeitos de acessar o Jardín de los Poetas: o
primeiro é atravessando a Puerta del Privilege, já que este
jardim está localizado do outro lado da Galeria del Grutesco.
A porta está decorada com uma cartela onde se pode ver o
brasão imperial com a águia bicéfala e uma fita vermelha com a
legenda: “CAROLUS V IMPERATOR HISPANIARI REX”. Do outro lado
da porta havia outra cartela com as mesmas características,
agora desaparecida.
O outro jeito de acessar o Jardín de los Poetas é continuando
o roteiro vindo do Jardín Ingles e da Puerta de la Alcoba e é
este caminho que eu vou seguir. É um jardim muito amplo e se
estende até o Paseo de Catalina de Rivera. Uma parte do
jardim, a mais próxima do muro, imita a estética dos jardins
românticos, com um traçado irregular de caminhos ladeados por
sebes.
A outra parte é de estilo francês, com sebes recortadas que
delimitam espaços retangulares e caminhos com traçados
geométricos. É nesta parte que estão localizadas duas grandes
piscinas ladeando uma fonte, que vem de um convento de
Sanlúcar de Barrameda, na província de Cádiz.
Ao lado das piscinas, sebes e caminhos as rodeiam, com grande
número de laranjeiras, limoeiros e outros citrinos, uma
amostra dos pomares que antigamente ocupavam aquele espaço.
Nas suas extremidades temos duas áreas de descanso
semicirculares com bancos que permitem ao visitante descansar.
Em todo o Jardín de los Poetas vamos encontrar uma
infinidade de fontes, chafarizes e pequenas lagoas, quase
sempre que os caminhos se cruzam. E vale também ressaltar as
sempre presentes palmeiras de Washington, que se destacam
por serem muito altas e esguias.
O último jardim da Huerta del Retiro é o Jardín del Marquês de
la Vega Inclán, cujo nome se deve ao conservador (acredito que
seja uma espécie de curador) dos Reales Alcázares em 1913,
quando a Huerta del Retiro foi transformada nestes jardins
pela obra do arquiteto José Gómez Millán.
É maior que o Jardín de los Poetas, de clara influência
hispano-árabe e francesa, e sua forma é semelhante a um
tabuleiro de xadrez, com canteiros quase quadrados separados
por ruas ortogonais. Nelas abundam árvores de frutas como
tangerinas, laranjeiras, nêsperas ou pereiras. Fontes,
piscinas, pedestais com vasos e bancos com azulejos Triana
decoram os diferentes cantos e por isso pode ser considerado
um exemplo de “jardim andaluz”.
Como acontece no Jardín de los Poetas, aqui também vamos
encontrar, em quase todo cruzamento dos parterres, uma fonte
ou chafariz rodeado por muretas cobertas por azulejos que
servem de descanso para os cansados turistas. Ou ainda
colunas de mármore e vasos de cerâmica de Triana.
E também os típicos pequenos canais tão característicos dos
jardins muçulmanos enfeitavam os seus jardins.
Já bem perto da Galeria del Grotesco, avista-se uma pérgula
sustentada por numerosas colunas de granito com bases e
capitéis. É uma área circular que acabou sendo usada como
área de picnic, coberta por uma antiga videira. Quatro
bancos metálicos completam o mobiliário deste local onde
antigamente se encontrava uma antiga roda d'água muçulmana.
E já quase no final do passeio pelos jardins fica a Puerta de
Marchena, também chamada de Puerta de los Duques de Arcos,
datada do século XV e transferida para este local em 1913 pelo
então curador do Alcázar, o Marquês de la Vega-Inclán. Essa
porta dá acesso ao pequeno Jardín de la China e ao Patio de la
Alcubilla que veremos mais adiante.
Sua história é bastante curiosa: ela originalmente pertencia
ao palácio dos Duques de Arcos na cidade de Marchena, vizinha
a Sevilha. Em 1882, quando Don Mariano Téllez Girón, Duque de
Osuna, morreu com dívidas que totalizavam 43 milhões de
pesetas na época, os credores se lançaram como aves de rapina
sobre uma das maiores propriedades nobres que ainda restavam
na Espanha. O palácio foi então adquirido por Alfonso XIII em
um leilão público e foi desmontada peça por peça e remontada
em seu destino final: o Alcázar de Sevilha. O valor de toda a
operação foi de 8.850 pesetas, incluindo custos de desmontagem
e embalagem.
É um magnífico portal em estilo gótico isabelino, com
elementos renascentistas repletos de motivos heráldicos, com
as armas da família Ponce de León à esquerda e das famílias
Figueroa e Fernández de Córdoba à direita.
Vale realçar a imagem de San Fiacre, padroeiro dos
jardineiros, que fica em um pequeno retábulo de cerâmica junto
à Porta, do lado de uma torre. E também bem perto da Puerta de
Marchena e anexado à Galeria del Grotesco, podemos ver um lago
com uma fonte que sai da boca do que parece um leão segurando
um escudo heráldico. Infelizmente, o desgaste é tão
pronunciado que os detalhes não podem ser especificados.
Neste local, junto à algumas casas do bairro da Juderia que
fazem fronteira com o alcázar, conserva-se ainda uma torre e
algumas partes da antiga muralha da cidade, na qual se vêm as
canalizações que transportavam a água desde os canos de
Carmona até os jardins do Alcázar. Faz parte de uma rua que
corre junto à muralha e é chamada de Callejón del Agua,
antigamente conhecida como Muro del Agua. Como ele é acessado
somente a partir da Juderia, vale a visita mais para o final
da tarde, quando passearmos pelo bairro.
Passando pela Puerta de Marchena, encontramos dois
jardins, sendo o primeiro conhecido como Jardín del
Pabellón de la China e o segundo como Patio de la
Alcubilla.
O Jardín del Pabellón de la China é um pequeno espaço
ajardinado, construído entre os séculos XVIII e XIX,
recentemente restaurado. O edifício que ali se localiza
foi criado para abrigar a coleção de cerâmica da Família
Real, durante o reinado de Felipe V que e residiu no
Real Alcázar de Sevilha de 1729 a 1733.
Em seguida chegamos ao Patio de la Alcubilla, também
conhecido como Campo de Ténis, uma vez que os Reis
Alfonso XIII e Victoria Eugenia construíram nele,no
início do século XX, um campo de tênis para a prática
deste esporte. É o campo mais antigo construído na
Espanha e deve seu aspecto atual a uma profunda
remodelação realizada na década de 1970.
Constitui um espaço tranquilo, quase esquecido pelas
centenas de turistas que diariamente visitam o monumento
sevilhano. Organizado em quatro divisões, tem no seu
centro uma fonte de mármore do início do século XVII que
foi trazida da extinta casa que a família Sánchez Dalp
tinha na Plaza del Duque de la Victoria de Sevilha. Das
construções medievais que compunham este setor do
Alcázar, conserva-se apenas parte de um arco mudéjar no
acesso que se situa no Apeadero.
Ao final deste percurso passaremos pelo Apeadero e pelo Patio
das Bandeiras, onde termina a visita ao alcázar. Também
se pode aceder ao Apeadero seguindo a Galeria Dieciochesca
desde o Pátio de la Montería, em cuja esquina se encontra um
pátio alongado onde se situam os escritórios administrativos
do Conselho de Curadores.
No início do século XVII, sob o reinado de Felipe III,
Vermondo Resta projetou este espaço com três naves separadas
por arcos sustentados por pares de colunas toscanas, ao estilo
das basílicas romanas e das igrejas cristãs. Sua função era
reorganizar a entrada do Palácio. Nos fundos encontra-se um
retábulo dourado e policromado de finais do século XVII. Esta
sala tem um andar alto, que durante o reinado de Felipe V,
servia de Arsenal Real e que atualmente é utilizado como sala
de exposições temporárias.
O Apeadero dá acesso ao Patio de Banderas através de uma
monumental fachada maneirista, encimada pelo escudo de
Felipe V. É também obra de Vermondo Resta e executada pelo
canteiro Diego Carballo.
O Patio de Banderas é uma grande praça que se encontra
dentro do recinto fortificado do Alcázar, e constitui a
entrada principal do referido edifício para os seus ilustres
ocupantes. Atualmente constitui a saída dos visitantes
turísticos dos Reales Alcázares. É neste espaço que são
colocadas as bandeiras indicando a presença de um rei no
palácio, funcionando como a Praça de Armas do complexo
militar do Alcázar.
É um espaço excepcional do ponto de vista arqueológico. As
escavações realizadas em 1974, 1999, 2000 e 2009, bem como
as atuais, permitiram localizar com grande precisão as
transformações históricas que este grupo de edifícios sofreu
ao longo dos anos, ao longo dos séculos. Os trabalhos
arqueológicos permitiram afirmar que este local é
provavelmente o primeiro assentamento humano conhecido na
cidade de Sevilha.
Várias escavações revelaram uma série de construções
sobrepostas umas às outras, permitindo confirmar a
existência de atividade humana a uma profundidade de cinco
metros do nível atual. Toda esta riqueza patrimonial que
repousa sob o Pátio de Banderas terminará com a construção
de uma gigantesca cripta subterrânea que ocupará todo o
espaço atual e que permitirá a estudiosos e visitantes
admirar tantos séculos de assentamento humano reunido em um
só lugar.
Depois de todo o passeio pelos jardins do Alcázar só nos resta
resumir que aqui convivem, em total sintonia, espaços de
influência islâmica, renascentista e moderna. No âmbito
botânico, os jardins do Real Alcázar se caracterizam por ter
mais de 20.000 plantas pertencentes a pelo menos 187 espécies
diferentes com destaque para as sempre presentes laranjeiras. Os
jardins começaram a ser cultivados há mais de mil anos, em um
espaço que ocupa atualmente uma área de cerca de 100.000 metros
quadrados, dos quais cerca de 75% são jardins que se
caracterizam não só pela sua dimensão e bagagem histórica, mas
também como fonte de riqueza cultural e ambiental para a
restante cidade.
Passear pelos Jardins do Alcázar pode ser um dos passeios mais
agradáveis de Sevilha, em total apreciação de seus pátios, de
sua vegetação verdejante, da grande diversidade de laranjeiras e
palmeiras, de suas fontes e pavilhões onde se respira frescura e
quietude, lugar para o sossego e descanso da agitação da
cidade.
Historicamente, os jardins do Alcázar fazem parte do Patrimônio
Mundial da UNESCO, e hoje representam quase 40% do espaço público
paisagístico do centro histórico de Sevilha, o que o transforma em
uma infraestrutura inestimável para a regulação da biodiversidade,
do clima ou da atmosfera da cidade.
Vale ressaltar que os Reales Alcázar de Sevilha ao longo de sua
longa existência já foi palco para inúmeros filmes e obras famosas
do cinema e da televisão. E isso se deve à variedade de estilos
construtivos que possui e a sumptuosidade dos seus pátios, das suas
fontes e dos seus jardins. Mas apesar das várias filmagens que se
realizaram nas diferentes salas do complexo palaciano, poucas foram
as ocasiões em que os Reales Alcázares desempenharam um papel
próprio.
A primeira obra cinematográfica foi em 1916 quando Alexandre Promio,
um repórter/cineasta francês registrou as salas palacianas do
alcázar na obra A Vida de Cristóvão Colombo, embora fizesse
referência à Alhambra de Granada. Depois disso o Alcázar de Sevilla
já serviu de cenário para filmes famosos, como Lawrence da Arábia de
1962, The Wind and the Lion de 1975, Kingdom of Heaven de 2005 ou
Knight and Day de 2010.
Mas foi na série Game of Thrones que o Real Alcázar de Sevilha se
tornou um personagem com vida própria, quando serviu de cenário, na
5ª temporada, para o Reino de Dorne, lar da Casa Martell.
A visita ao Real Alcázar de Sevilha pode ser feita de forma livre, mas é
recomendável alugar o audioguia (tem explicações em português) e seguir
o percurso sugerido. Ou então pegar um tour em grupo, caso você não
tenha estudado bem os vários palácios e jardins do complexo
O ingresso simples permite acesso a vários espaços do Alcázar (o Palácio
Gótico, a Casa de Contratação, pátios e jardins…) e vai ocupar a sua
manhã. Mas se quiser conhecer o Cuarto Real Alto você vai precisar pagar
um extra pelo acesso.
Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
- Endereço: Patio de Banderas, s/n
- Horários - abre diariamente:
- Outubro a Março (inverno): 9:30 às17 horas
- Abril a Setembro (verão): 9:30 às 19 horas.
- Fechado nos dias 1 e 6 de janeiro, 25 de dezembro e na Quinta-feira e Sexta-feira Santa.
- Ingresso - é recomendável comprar com antecedência:
- Gratuito para crianças até 13 anos, inteira €14,50 e reduzido 6€ (estudantes dos 14 aos 30 anos e maiores de 65 anos)
- Visita ao Quarto Real: + €5,50
- Site: https://www.alcazarsevilla.org/
- Entradas para Alcazar de Sevilha: https://realalcazarsevilla.sacatuentrada.es/es
E pra finalizar, se sua viagem acontecer durante o verão, você pode
aproveitar para assistir o evento "Noites nos Jardins do Real Alcázar de
Sevilha", um ciclo de concertos que acontece todo ano desde 2000. Este
evento se consolidou como uma das propostas culturais mais atraentes do
verão da capital, com recitais e concertos de orquestras, tanto
nacionais como internacionais, com apresentações de flamenco, música de
raiz europeia, música clássica, jazz, entre outros estilos.
Bom, o passeio pelo Alcázar chegou ao fim e agora é hora de um bom
descanso ou uma pausa para um almoço tardio ou um café com docinhos...
meu roteiro original incluía visitar os Arquivo das Índias depois do
Alcázar mas francamente, isso não é uma maratona... kkkk Resolvi deixar
para amanhã, junto com os outros passeios e reservar o final da tarde
para perambular pela Juderia...
Saindo do Real Alcázar você vai dar de novo na Plaza del Triunfo, onde
fica a entrada para o Alcázar, na Puerta de León. No centro da praça
fica o Monumento a la Inmaculada Concepción, de 1918. Ao fundo, as
muralhas do majestoso Real Alcázar de Sevilha.
Nesta praça estão três edifícios considerados Património Mundial por
parte da UNESCO: a Catedral, o Alcázar e o Arquivo General de Indias
que convivem numa estranha harmonia arquitetônica já que não têm muito
em comum. A Catedral foi construída entre os séculos XV e XVI com um
estilo gótico, a Casa de la Lonja onde está o Archivo de Indias foi
construída no final do século XVI e o Alcázar, como já vimos, teve
várias fases de construção que lhe deu características do gótico e do
estilo mudéjar.
Junto ao Arquivo General está um pequeno monumento dedicado ao
Triunfo, dizem que marca o lugar onde terminou uma missa que se
celebrava no interior da Catedral e que foi interrompida no dia do
Terramoto de Lisboa em 1755. Quando o chão tremeu, todos saíram às
ruas, mas a cerimônia continuou assim mesmo.
Nesta praça é comum as carruagens puxadas por cavalos, destinadas ao
turismo e chamadas de Calesa. Possui lugar para dois ocupantes, um
banco dianteiro para o condutor e uma cobertura tipo capota que pode
ser recolhida. Ideal para um despreocupado passeio pela cidade ou um
tour mais romântico. É talvez a praça mais importante de Sevilha
graças á grande concentração de monumentos de interesse.
E já que estamos bem perto, vamos aproveitar a tarde para fazer um
giro pelo centro histórico, os labirínticos bairros de Santa Cruz e
San Bartolomé, onde ficava o antigo bairro judeu ou juderia. Alias,
acredita-se que este é o bairro judeu mais antigo da Espanha.
O bairro judeu de Sevilha foi a área da cidade em que os judeus
viveram desde antes da época romana. Perseguidos pelos romanos,
visigodos e muçulmanos, quando da conquista de Sevilha por Fernando
III em 1248, os judeus começaram a povoar esta cidade em abundância,
principalmente esta área que ficou conhecida como juderia. Seu filho,
o Rei Afonso X concedeu-lhes quatro mesquitas para converter em
sinagogas, correspondendo às atuais igrejas de Santa María la Blanca,
Santa Cruz, Convento Madre de Dios e San Bartolomé.
Em 1391 começaram várias incitações provocados pelo alto clero da
igreja contra os judeus, culminando com uma revolta onde as massas de
cristãos sevilhanos entraram no bairro judeu destruindo lojas e
atacando os habitantes. Esta revolta extinguiu-se com a chegada das
forças de ordem, mas os responsáveis ficaram impunes. Devido a essa
impunidade, em 6 de junho daquele mesmo ano de 1391, a multidão entrou
novamente na juderia, desta vez assassinando cerca de 4.000 judeus, ou
seja, quase todos os que viviam em Sevilha. E novamente os judeus eram
perseguidos, dessa vez pelos cristãos.
Em 1492 foi decretada a expulsão dos judeus da Espanha ou sua
reconversão ao cristianismo. Em Sevilha não teve tanto impacto, pois
após o massacre de 1391 e a insegurança que se seguiu, restaram muito
poucos judeus na cidade de Sevilha. Mas esse é um dos motivos pelo
qual a carne de porco tem uma importância tão grande na cultura
espanhola: ela era oferecida como teste para ver se a pessoa era
secretamente dessa religião.
No seu apogeu, o bairro era muito extenso, estando unido às muralhas
do Palácio Real de Alcazár. A área judaica onde a atividade
comercial era desenvolvida ficava perto da atual Praça de Santa
Maria la Blanca e seus arredores, onde é documentado que tanto no
âmbito do regime muçulmano quanto cristão, sempre houveram lojas e
empresas cujos proprietários eram judeus.
Haviam comerciantes, ourives, artesãos, contadores, banqueiros,
cobradores de impostos. E também rabinos, poetas, filósofos,
astrônomos. Dentro do âmbito da medicina, que tinha muito
prestígio, não havia um dignitário medieval que não tivesse um
médico judeu. Inclusive, segundo o que se conta, há uma pequena
porta nos muros do Alcázar que ligava diretamente com o interior
do palácio. Dizem que esta pequena porta era uma passagem para que
um médico judeu atendesse às emergências dentro do palácio, já que
estes, podiam estudar a anatomia humana, portanto, avançaram nos
estudos e possuíam melhores profissionais.
O bairro, amuralhado, possuía três grandes portas. A Puerta de la
Carne, que dava uma saída direta para fora da cidade e para o
cemitério. Aliás, tem esse nome porque durante a Idade Média, dava
acesso para um matadouro. Hoje nada resta do cemitério judeu, que
ocupou uma grande área hoje ocupada pelos Jardins de Murillo e um
estacionamento subterrâneo. Uma curiosidade é que há, dentro do
estacionamento, uma parte da escavação do cemitério, com um dos
túmulos protegido por uma janela, que pode ser visto hoje no subsolo
do estacionamento mencionado.
Próximo à Catedral havia uma segunda porta, hoje desaparecida. E a
terceira é a Porta de San Nicolás, que fica no início da atual Calle
San José. Mas havia ainda, uma porta pequena, junto ao Alcazár,
chamada Puerta del Altambor, ou Puerta del Tambor, cujo nome fazia
referência tanto à sua abertura, como seu fechamento, ao som dos
tambores da guarda real.
Na Juderia não existe um roteiro e se perder pelas ruelas do bairro
é bem provável. Por isso, percorrer sem destino os becos do bairro é
a melhor forma de apreciar todos os seus cantos e encantos. Mas
fique ligado porque várias lojinhas de cerâmica, temperos,
artesanato e lembrancinhas aparecerão pelo caminho, sem falar nos
cafés, bares e restaurantes pra matar a vontade de um lanchinho. No
entanto, se você não quiser perder nenhuma das atrações vou deixar
um mapa com sugestão de percurso bem interessante.
Saindo da Plaza del Triunfo vá percorrendo as ruelas até chegar na
Plaza de Doña Elvira.
Diz uma lenda popular sevilhana que aqui era a casa de Don Gonzalo
de Ulloa, pai de Donã Elvira, de quem a praça recebeu seu nome. De
dimensões reduzidas e de planta quadrada, a praça é exclusivamente
pedonal, repleta de canteiros, bancos, fonte e laranjeiras, cercada
por edifícios com pitorescos bares e restaurantes.
Da Plaza de Doña Elvira, você pode fazer dois desvios para visitar
dois marcos do bairro. O primeiro é a Fuente de la Calle Judería,
que foi projetada e instalada em uma das ruelas do bairro como
resultado das reformas realizadas no bairro de Santa Cruz na década
de 1920, com vistas à realização da Exposição Ibero-Americana de
1929. Seu autor foi Juan Talavera Heredia. Está ligada a uma casa da
Calle Judería e é composta por duas taças sobrepostas, por onde a
água cai em cascata. A fonte é cercada por um simples portão de
ferro forjado decorado por jasmim e hera.
O outro é o Hospital de los Venerables Sacedortes, um edifício
barroco do século XVII, que foi construído com o objetivo de
proteger os padres idosos, pobres e deficientes. No ano de 1805, a
instituição atingiu o seu limite, quase sem meios para se sustentar,
mas foi só em 1840 que o hospital fechou e transformou-se em uma
fábrica de tecidos. É constituído por dois pisos onde se situa o
templo e a própria residência, que cessou com esta função
aproximadamente na década de 1970.
Tem um pátio sevilhano com uma fonte central decorados com azulejos
e ao redor do pátio existem galerias com arcadas sustentadas por
colunas de mármore toscano. O complexo tem também uma belíssima
igreja de nave única coberta por uma abóbada e no seu interior
encontram-se pinturas murais a fresco de Valdés Leal. No
retábulo-mor, que data de 1889, pode-se admirar a Apoteose de San
Fernando, também obra de Lucas Valdés.
Desde 1991, o Hospital é sede da Fundação Focus (Fundo de Cultura de
Sevilha), que o restaurou entre 1987 e 1991, e foi inaugurado pela
rainha Sofia em 5 de novembro de 1991, com uma exposição dedicada à
pintura sevilhana dos séculos de ouro. Hoje é um centro de
exposições culturais onde são realizados concertos, conferências e
seminários.
Abaixo, algumas informações importantes:
- Endereço: Plaza de los Venerables, 8
- Horários: de terça à sábado das 10 às 18h e domingos das 10 às 15 h
- Fecha 1º e 6 de janeiro, Sexta-feira Santa e 25 de dezembro
- Ingressos: Inteira: 10 euros / Até 12 anos: grátis
- Site: https://hospitalvenerables.es/
Continue pelo Callejón del Agua, a antiga muralha e tubulação de
água do alcázar, até a Plaza de Santa Cruz e em seguida até a
próxima Plaza de los Refinadores, ambas sinônimo de graciosidade e
sossego. Seguindo o percurso, você vai chegar na belíssima Iglesia
de Santa María la Blanca, um dos muitos exemplos de como a
influência das três culturas (árabe, judaica e cristã) também foi
transformando a cidade do ponto de vista arquitetônico.
A Iglesia de Santa María la Blanca ou de las Nieves ergue-se sobre
uma sinagoga que já foi uma mesquita. De fachada simples, mas com um
interior muito belo, possuía as pinturas originais de Murillo.
Vítima da pilhagem francesa, conservam-se atualmente réplicas exatas
que continuam a ser as protagonistas das laterais deste templo.
Seguindo nosso roteiro, bem pertinho da Iglesia Santa Maria La
Blanca, fica a Calle Verde, já no bairro de San Bartolomé. Sua
popularidade se deve ao fato de ser uma das ruas mais estreitas da
juderia e por ser coberta por uma abundante vegetação que oferece
uma agradável sombra nas tardes quentes de Sevilha.
Apesar do romantismo do local, nem tudo o que se fala deste beco é
propriamente idílico. Existem algumas histórias sangrentas e algumas
lendas misteriosas... coisa que eu adoro!!!! Como já contei sobre a
história da Juderia, houve uma sangrenta revolta no final do século
XIV, que matou 90% da população judaica do bairro, e do qual a Calle
Verde foi um dos palcos do famoso massacre.
Foi palco do famoso massacre de judeus pelo clero e a massa de
cristão enfurecidas, por volta do final do século XIV, e que matou
90% da população do bairro. Outra lenda famosa conta que em 1992 um
segurança que fazia rondas no canteiro de obras de um futuro hotel
ligou para a Polícia depois de afirmar ter visto um fantasma em um
manto e longos cabelos brancos que atravessavam a parede para sorrir
para ele. Coincidentemente, no dia anterior haviam sido encontrados
nas obras duas tumbas com seus respectivos esqueletos.
E pra finalizar, vamos visitar a última atração famosa da Juderia, o
Palacio de Los Marqueses de Salinas, uma propriedade privada datada
do século XVI. O edifício original foi construído em 1577 por
Baltasar de Jaén, constituindo a residência principal da sua família
até ao século XIX. Após a extinção da família Jaén em 1843, o prédio
teve diversos usos, inclusive foi uma loja maçônica. Finalmente foi
adquirido pela família Ybarra. Em 1930, Manuel de Salinas Malagamba
comprou a casa dos Ybarra, permanecendo nas mãos desta família até
hoje.
Tem uma fachada muito simples, com o portal principal que dá acesso
a um corredor pavimentado com lajes de Tarifa. No interior,
destaca-se o pátio principal de pé-direito duplo, rodeado por
colunas de mármore que formam arcos semicirculares adornados com
belos estuques do século XVI. As paredes são revestidas com rodapés
de azulejos de borda feitos em Triana no século XVI. Num segundo
pátio interior encontra-se um belo mosaico do século II dedicado a
Baco da cidade romana de Itálica.
À volta do pátio principal encontram-se as divisões da casa e a
escada que liga os dois pisos. Nesse tipo de edificação era costume
usar os cômodos do andar inferior no verão por serem mais frescos e
os do andar superior no inverno. Tem, portanto, uma sala de jantar
de verão e uma sala de jantar de inverno. É uma casa belíssima que
vale a pena a visita.
Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
- Endereço: Calle Mateos Gago, nº 39
- Horário: De segunda a sexta, inclusive feriados. Exceto celebração de evento.
- Inverno: de 16 de outubro a 14 de junho, das 10h às 18h.
- Verão: de 15 de junho a 15 de outubro, das 10h às 14h.
- Ingresso: 8€ por pessoa. Crianças até 11 anos desconto de 50%.
- Bilheteira e acesso encerram 30 minutos antes.
- Visitas guiadas em espanhol e inglês, 25 minutos aproximadamente.
- Website: https://www.casadesalinas.com/
Bom, o roteiro de hoje terminou... pelo menos os passeios... 😁
Como estamos bem no miolinho do Centro Histórico, existem 3 opções
para desfrutar à noite. A primeira seria "ir de tapas" e encerrar a
noite mais cedo, aproveitando para descansar bem porque amanhã o dia
também vai ser cansativo... se você pegar a própria Calle Mateos
Gago no sentido de quem volta para a Catedral, vai encontrar um
monte de "bar de tapas". Só pra citar alguns: Casa Tomate, Patachon,
La Sacristia, Bodega Santa Cruz, La Catedral, Cervecería Giralda
Bar. Todos eles são uma ótima opção para comer tapas, tomar cerveja
e curtir um fim de tarde em Sevilha.
Se ainda tiver disposição, dá pra aproveitar o final da tarde e o
começo da noite para comprar algumas lembrancinhas nas inúmeras
lojinhas de artesanato e cerâmicas da Juderia, e se for no verão,
esperar dar o horário e aproveitar para assistir algum espetáculo no
"Noites nos Jardins do Real Alcázar de Sevilha".
Mas se ainda tiver bastante pique, dá para assistir algum espetáculo
de flamenco nos vários teatros do Centro Histórico, como por exemplo
o Tablao Flamenco Azahar Sevilla, La Casa del Flamenco ou a Casa de
la Guitarra.
Há uns 15 minutos de caminhada existe também a opção de ir ao famoso
Museu do Baile Flamenco, que na minha opinião é parada obrigatória
pois este espaço junta tradição e modernidade oferecendo aos seus
visitantes um espetáculo interativo do mundo mágico do baile
flamenco. É importante saber que esse não é espetáculo típico para
turista ver, já que se trata de um local pequeno onde o espectador
pode desfrutar da dança e do canto bem de perto, sentindo cada nota
e cada movimento. E que o horário não é noturno como nos outros
teatros de flamenco, funcionando das 10 às 19h. Os espetáculos acontecem às 17h, 19h e às 20:45h. No final da página estão anotados os dados de endereço e compra de ingressos.
O andar principal do museu é um espaço interativo no qual é possível
percorrer o passado e o presente do flamenco através de projeções
que narram a história de diferentes artistas ao longo dos séculos. O
segundo andar do museu é dedicado às exposições temporais,
especialmente dedicadas à fotografia, pintura e escultura, ainda que
se realizem numerosas atividades culturais. A parte mais especial do
museu é o andar subterrâneo, formado por um típico pátio andaluz no
qual se oferecem espetáculos de flamenco.
No último dia em Sevilha, vamos ver algumas atrações que não requerem
tanto tempo de visitação como a Catedral e o Alcázar. Vou deixar abaixo
um roteiro com o caminho que vamos seguir.
Mapa do roteiro Plaza de España, Parque Maria Luisa e outros
Vamos começar o dia visitando a grandiosa Plaza de España, um espaço monumental e majestoso que constitui um dos principais
símbolos de identidade não só de Sevilha, mas também de toda a Espanha.
É um grande complexo que reúne vários prédios e que fica dentro do
famoso Parque Maria Luisa, que vou falar a respeito mais adiante. Ao
todo, a praça tem 50.000 m2 e é um dos melhores lugares para apreciar a
história e arquitetura espanhola.
A praça não tem o seu formato à toa. Segundo conta a história, o
formato da praça simboliza o abraço da Espanha em suas antigas
colônias ultramarinas. Outro simbolismo de sua construção é que a
praça está virada para o Rio Guadalquivir, mostrando o caminho que se
deve seguir até à América.
A praça foi projetada pelo famoso arquiteto de Sevilha, Aníbal
González, e que também foi o diretor da Exposição
Ibero-americana de 1929. As obras começaram no ano de 1914,
resultando no projeto mais ambicioso e caro da exposição e assim
como em muitas obras da cidade, o Rei Afonso XIII frequentemente
supervisionava o desenrolar das obras espalhadas pela cidade. Em
1928, subiu em uma das torres, contemplou a cidade e comentou
com o prefeito que seria proibido que dentro da cidade se
construíssem prédios de muitos andares, a fim de evitar tirar o
caráter de Sevilha.
Para a sua conclusão foram necessários 15 anos de obras, durante
os quais trabalharam nela 1000 trabalhadores diariamente. Para a
construção da praça, foram utilizados elementos tão simples e
comuns como o mármore, tijolo talhado, ferraria e os azulejos
fabricados pelos mestres artesãos de Triana.
Anos depois da exposição, a praça caiu no esquecimento e sofreu
um período de abandono durante o qual sofreu com o vandalismo
que causou enormes estragos, principalmente nas cerâmicas
e azulejos. Durante esse período de deterioração, até o canal se
esvaziou, virando praticamente um aterro por oito anos.
Felizmente, em 2009 começou a restauração de todo o complexo,
com a remoção do muro que separava a praça do Parque María
Luisa, a substituição de pisos, azulejos, balaustradas, grades e
todos os sinais de deterioração. E incluiu a colocação de uma
estátua dedicada a Don Aníbal González na rotatória que fica na
entrada principal da Plaza de España.
De toda a área da praça, 19.000 m2 é de área edificada e 31.000 m2 é de espaço livre. Com seu formato semicircular, a imensa praça é presidida por um
grande edifício central, que foi utilizado para o Pabellón de España
na Exposição de 1929 e hoje é utilizado pelos militares como Quartel General da Força
Terrestre. Nas laterais do edifício central ficam outros edifícios intermediários que compensam o comprimento excessivo.
Todo o complexo se encontra emoldurado por duas torres nas extremidades com mais de
70 metros de altura. As torres são chamadas de norte e sul e delas erguem-se outros dois
edifícios, um de cada lado, que evitam a monotonia do conjunto.
Esta planta responde muito de perto ao esquema formal do tipo de
villa palladiana de asas curvas, apresentada pelo arquiteto italiano
Andrea Palladio em suas obras, das quais Aníbal González se
inspirou. A construção de grande parte da praça se baseou em um estilo renascentista neomudéjar com tijolos aparentes e possui extensa decoração em cerâmica. Já
as duas torres norte e sul são predominantemente de estilo
barroco.
À frente de toda a fachada principal existe um canal de 515
metros que se pode navegar em barcos a remo alugados ou em pequenas
embarcações. No passado existiam gôndolas, como as usadas nos canais de
Veneza.
Quatro pontes distribuem-se sobre o canal, representando os
quatro antigos reinos de Espanha: no centro ficam as pontes
de Castilla y León que coincidem com o edifício principal, e
nas laterais ficam as pontes de Aragón e Navarra.
Cada ponte foi adornada com uma decoração única de cerâmica e
seu escudo no ponto mais alto da ponte. As balaustradas das
pontes foram feitas por outro autor, Manuel García
Montalván.
As entradas para os edifícios são cobertas por uma galeria, que
percorre toda a extensão da fachada. Toda a extensão da galeria
apresenta um belíssimo teto em caixotões e uma grade de tijolo e
telha, da qual colunas duplas de mármore branco suportam arcos de
meio ponto.
No edifício principal, o hall de entrada também encanta pela sua
decoração com o mesmo tipo de teto em caixotões e várias colunas
de mármore branco.
Na parte externa da fachada estão localizados 48 bancos decorados
com belíssimos azulejos, que contam diferentes capítulos da
história, e que representam as 46 províncias espanholas mais as
Ilhas Canárias e Baleares.
Todos estes bancos estão dispostos em ordem alfabética e cada um
deles tem seu brasão, seu mapa e imagens de acontecimentos
históricos representados em um painel de azulejos pisanos. Todos e
cada um destes murais foram pintados à mão, resultando numa gama
de cores que transforma o interior da praça numa autêntica
exposição de artesanato e azulejos ao mais puro estilo sevilhano,
bem como numa boa aula de história. Além disso, os bancos possuem
nas laterais, duas pequenas torres com prateleiras que serviam
para colocar livros. A explicação para essas prateleiras é que
Aníbal González era um grande amante dos livros, razão pela qual
essas incluiu estantes, nas quais depositava os livros à
disposição do público.
Os espaços externos entre os arcos na fachada da galeria são
ocupados por bustos em relevos no formato de medalhões,
representando ilustres personagens espanhóis que de alguma forma
marcaram a história da Espanha. Entre eles estão: El Cid,
Cristóvão Colombo, Carlos V, El Greco, Goya, Velázquez, Quevedo,
Cervantes, Murillo, Zurbarán, entre muitos outros.
Uma curiosidade: existem 52 bustos, cada um ligado à província em
que está localizado. A conta não bate, são 48 bancos x 52
bustos... enfim, quando estiver lá vou tentar descobrir essa
discrepância... 😂 Fiquei em dúvida qual busto escolher para
ilustrar o blog, acabei optando pelo busto de Isabel, a Católica,
por ser a única mulher de todo o conjunto.
A bela praça ainda tem no seu centro uma enorme fonte, constituída
por duas bacias feitas em mármore branco, uma exterior e uma menor
no interior. Foi decorada com 16 máscaras de mármore vermelho,
obra de Santiago Gasco, que despejam a água de forma um tanto
caprichosa.
A fonte central da praça não estava prevista nos planos originais
de Aníbal González, sendo que a sua construção foi obra do seu
sucessor, Vicente Traver.
Após a Exposição Ibero-Americana de 1929, os edifícios da Plaza de
España seriam destinado à Universidade de Sevilha. Mas, em vez
disso, tornou-se a sede do governo militar espanhol. Em seguida,
passou a abrigar parte do governo central da Andaluzia.
Atualmente, além de abrigar repartições públicas, abriga também
o Museo Histórico Militar cujo acesso se dá pela galeria interna
da praça, entre a Puerta de Aragón e a Torre Norte. Com uma área
expositiva de 2.036 m2, o museu é constituído por sete salas,
expondo cerca de 4.000 coleções entre elas: arqueologia
industrial, engenhos bélicos, história das guerras civís
espanholas, vários tipos de armas, brancas e de fogo, longas e
curtas, entre outros.
Existem outros museus que fazem parte do Parque Maria Luisa,
principalmente nas mansões que foram usadas para a exposição e
que ficam espalhadas, mas vou falar sobre eles mais adiante.
Em várias ocasiões, a praça se tornou cenário de diversos filmes
de Hollywood, como em Lawrence da Arábia, de 1962, onde os belos
edifícios da praça personificaram o quartel general do exército
britânico no Cairo.
Já em O Ataque dos Clones de 2002, o segundo episódio da saga Star
Wars, de George Lucas, a Plaza de España foi cenário para a cidade
de Theed, no planeta Naboo. E no filme O Ditador de 2012, a Plaza
de España é o palácio presidencial onde acontece a cena da
tentativa de assassinato do ditador. Nestes dois últimos filmes,
foram utilizados recursos de edição de imagens para dar
características específicas ao cenário.
Alguns dados de localização e funcionamento:
Plaza de España:
- Endereço: Avenida de Isabel la Católica, s/n
- Horário de funcionamento: de segunda a domingo, das 8h às 22h (inverno) e das 8h às 24h (verão)
- Ingressos: gratuitos
Barcos na Plaza de España:
- Horário de funcionamento: de segunda a domingo, das 10h às 20h (inverno) e 10h às 22h (verão)
- Ingressos:
- Aluguel de barco a remo (para 4 pessoas): €6 por 35 minutos (mais €4 de caução), €10 euros por 1 hora
- Barco a motor (para 12 pessoas no máximo): 12 euros por 15 minutos
Museo Histórico Militar:
- Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 9:30h às 14h e aos sábados das 10h às 14h
- Fechado aos domingos, feriados e durante o mês de agosto
Depois de visitarmos a Plaza de España, vamos aproveitar para
conhecer o Parque María Luisa, do qual a praça faz parte. É o primeiro parque urbano de Sevilha e um dos seus pulmões
verdes. Em 1983 foi declarado Bem de Interesse Cultural na
categoria de Jardim Histórico.
A origem do parque remonta à metade do século XIX quando em
1848, o duque de Montpensier, Antonio de Orleans e sua esposa, a
infanta María Luisa Fernanda de Borbón, fixaram residência em
Sevilha e adquiriram o Palácio de San Telmo em 1850. Para criar
alguns jardins, eles compraram duas fazendas, Isabela e San
Diego.
Em 19 de junho de 1893, María Luisa, já viúva, cedeu à cidade
uma parte importante dos jardins de San Telmo e após a sua
doação, os jardins permaneceram no esquecimento e chegaram a
um estado praticamente selvagem sendo que até 1910 a cidade
não realizou nenhuma obra ou melhoria nesta área.
Mas a partir de 1911, quando surgiram os primeiros projetos
para a realização da Exposição Ibero-americana programada para
1929, a Comissão Executiva da exposição iniciou os trâmites
para a reforma do parque para o evento, escolhendo Aníbal
González como diretor de arquitetura da exposição e
Jean-Claude Nicolas Forestier, paisagista francês para
trabalhos de jardinagem.
O paisagista francês transformou os jardins palacianos, já
dotados de algumas estruturas decorativas, num renovado parque
público com espaços mais monumentais e recreativos. Forestier
não impôs o classicismo francês em sua obra mas adaptou sua
obra ao clima e à paisagem da cidade, com influências da
Alhambra de Granada, do Parque do Retiro de Madrid e do
próprio Alcázar de Sevilha, mantendo o respeito pelo bosque já
existente. O ar sevilhano foi obtido através do uso de
azulejos e água, que se tornou um elemento muito presente para
aumentar o frescor do ambiente e proporcionar ao parque tantos
lugares encantadores e aconchegantes.
Desde a década de 1910, foram realizadas obras na Plaza de
América em preparação para a Exposição Ibero-Americana, com o
objetivo de construir o alguns dos mais importantes pavilhões
da exposição. E em 1914 iniciou-se a construção da Plaza de
España, em outra área mais ao norte, junto ao mesmo parque. Em
abril deste ano, os sevilhanos pudessem acessar o parque,
coincidindo com a feira daquele ano.
A inauguração da Exposição Ibero-Americana em 1929
Entre 1931 e 1972 algumas outras rotundas e monumentos foram
adicionados ao parque. Em 1956 foi realizada uma importante
renovação da vegetação do parque, substituindo as plantas que
se encontravam mais deterioradas por outras iguais.
Abaixo, vou deixar um mapa completo com as principais praças,
vias e glorietas do Parque María Luisa.
O parque tem uma área de 34 hectares, 14 dos quais usufruem de
uma extensa variedade de plantas, muito frondosa em muitos
locais, transparente noutros, com algumas extensas áreas
relvadas. Também contém uma grande variedade de espécies de
aves, entre as quais podemos destacar pavões e pássaros canoros,
cisnes e patos.
Vamos começar pela Plaza de América, que fica localizada na
extremidade sul do parque e é ladeada pelo Pabellón Mudéjar que
hoje abriga o atual Museu de Artes e Costumes Populares,
Pabellón de Belas Artes, atualmente ocupado pelo Museu
Arqueológico, e pelo Pabellón Real que foi transformado em
escritórios municipais. Estes três edifícios foram construídos
pelo arquiteto Aníbal González entre 1913 e 1916 também para a
futura Exposição Ibero-Americana de 1929 e cada um com um estilo
arquitetônico diferente. Também faz parte da praça a rotatória
de Miguel de Cervantes, adornada com cerâmicas que lembram sua
obra Dom Quixote de la Mancha.
E nota-se também que toda a praça está rodeada por uma série de
16 colunas de arenito que sustentam 16 esculturas de vitórias
aladas. Cada uma apresenta uma pose diferente e carrega um
objeto distinto. Três escultores participaram do projeto,
Lorenzo Coullaut Valera foi responsável por 6 delas, Manuel
Delgado Brackenbury por 5 e Pedro Carbonell Huguet pelas 5
restantes. Com o passar do tempo, as esculturas foram se
deteriorando e perdendo partes de suas estruturas e para
restaurar todas as vitórias aladas, foi feito um trabalho de
restauração entre 2017 e 2021 que devolveu seu esplendor
original.
Ao sul existe uma área que possui barracas com comida para
pássaros, razão pela qual esta área ganhou o apelido de
"Parque de las Palomas".
Plaza de América com o Pabellón Mudéjar à esquerda,
o Pabellón Renascentista à direita e o Pabellón Real no centro
Um dos edifícios que mais chama atenção é o Museo de Artes y
Costumbres Populares, em português Museu de Artes e Costumes
Populares, que foi construído para ser o Pabellón de Arte Antiga
e Indústrias Artísticas durante a Exposição Ibero-Americana de
1929.
Foi projetado em 1914 em estilo neo-mudéjar, todo feito de
tijolo aparente com motivos decorativos em cerâmica. Devido ao
seu estilo arquitetônico, ficou conhecido como Pabellón
Mudéjar. Entre as coleções mais destacadas do museu, podem
ser vistas belas peças de cerâmica, roupas tradicionais, joias
imponentes e peças de olaria, instrumentos musicais populares,
rendas e bordados e elementos especiais, como cartazes de
festas, coleções de jogos e cartões postais.
- Horário de Funcionamento:
- Verão: De terças a domingos: das 9:00 às 15:00 horas.
- Resto do Ano: De terças a sábados: das 9:00 às 21:00 horas. Domingos e feriados: das 9:00 às 15:00 horas.
- Segundas-feiras: fechado.
- Ingresso: €1,50 - Entrada gratuita para cidadãos da UE titulados e estudantes com cartão internacional.
Já o antigo Pabellón de Belas Artes da Exposição
Ibero-Americana, também conhecido como Pabellón Renascentista, é
atualmente ocupado pelo Museo Arqueológico, e fica em frente ao
Museo de Artes e Costumbres Populares e ao lado do Pabellón
Real. Esse museu oferece a possibilidade de conhecer a história
de Sevilha desde a Pré-História até a Idade Moderna.
Foi mais uma obra do arquiteto Aníbal González para a exposição,
com projeto de estilo neo-renascentista. O desenho exterior foi
influenciado pelo Palácio de Monterrey de Salamanca, já o
interior, com o amplo salão oval, inspira-se no salões
circulares de outros museus europeus. Foi o edifício mais caro
da Plaza de América, duplicando o orçamento do vizinho Pabellón
Mudéjar.
O museu encontra-se dividido em três níveis organizados em 27
salas em ordem cronológica. O andar subterrâneo abriga o período
mais antigo, exibindo elementos de cerâmica, pedra e cobre das
sociedades que habitaram a região durante a Pré-história,
datados de 2500 a 2000 a.C. No primeiro andar, encontra-se uma
das mais famosas exposições do museu, chamada O Tesouro de
Carambolo, datado do século VII a.C, e que mostra uma reprodução
do magnífico tesouro de ouro e cerâmica, de origem
tartessa/fenícia. Provavelmente o original encontra-se guardado
em um cofre. E a última parte do percurso inclui restos
romanos, na sua grande maioria provenientes de Itálica, entre os
quais se destacam esculturas, mosaicos e elementos cerâmicos.
O Museu Arqueológico é uma opção interessante para os amantes
da história e da arqueologia que queiram mergulhar nas
profundezas do passado de Sevilha para conhecer a sua
influência na atualidade.
Importante: até esta data, setembro de 2023, o Museu
Arqueológico de Sevilha está fechado para reformas.
O Pabellón Real foi concebido como uma homenagem a María Luisa de
Orleáns pela doação dos jardins que hoje levam seu nome à cidade e
caracteriza-se por um estilo neogótico com uma infinidade de
detalhes em cerâmica esmaltada e tijolo esculpido. As esculturas
foram realizadas por artistas como José Roldán ou Francisco Reyes,
enquanto as cerâmicas foram pintadas por pintores cerâmicos como
Gustavo Bacarisas, Manuel Rodríguez e Pérez de Tudela.
Em 2017, foram realizadas obras de conservação e restauro nas
fachadas do edifício e nos elementos ornamentais externos, mas
ainda está em processo de aprovação para a reforma do
interior. Hoje abriga secretarias municipais.
Completando o roteiro pela Plaza de América, voltamos ao
Parque María Luisa para conhecer seus caminhos e pequenos
recantos encantadores.
Quando Forestier, o paisagista responsável pelos trabalhos de
jardinagem, estava projetando toda a estrutura do parque, ele
criou três eixos principais sobre os quais articularia as
várias vias, encruzilhadas e rotundas. Em um eixo central
instalou o Estanque de los Lotos, a Fuente de las Ranas e a
Glorieta de los Leones, respectivamente em português a lagoa
dos lótus, a fonte das rãs e a praça dos leões. Depois criou
dois eixos paralelos, formados pelas avenidas Hernán Cortés e
Pizarro, atravessadas por várias vias e encruzilhadas, às
quais se somavam rotundas.
Detalhe das cerâmicas espalhadas pelo parque
e da piscina entre a Fuente de las Ranas e a Glorieta de los Leones
e da piscina entre a Fuente de las Ranas e a Glorieta de los Leones
Ainda no eixo central do parque fica também o Monte Gurugú,
também projetado por Forestier, um monte rochoso que tem um
belo mirante acessado por uma escadaria de pedra, com uma
vegetação exuberante e uma cachoeira que deságua em um pequeno
lago. Na sua base foi construído um túnel para a passagem do
trem 'Liliput', uma das atrações mais lembradas da Exposição
Ibero-Americana de 1929.
O Monte Gurugú foi uma homenagem que a cidade quis prestar em
1929 àqueles que tombaram pelo seu país no Monte Gurugú
original, situado no norte do Marrocos, na cidade de Melilla.
No início do século XX, o monte foi palco em 1909 dos combate
entre as tropas espanholas e os rebeldes riffianos de Abd
el-Krim.
Por todo o parque, o visitante se depara com caminhos e
encruzilhadas com várias pracinhas, rotatórias, quiosques,
etc... São chamadas de "glorietas" que estão espalhadas em todo
canto, junto com fontes e chafarizes. As mais conhecidas são a
Glorieta de Bécquer, a Glorieta de Cervantes, a Glorieta de Masy
Prat e a Glorieta Hermanos Álvarez Quintero.
A Glorieta de Bécquer é uma das mais bonitas, foi erguida em
1911 e encontra-se na entrada principal do parque. Ao redor de
um cipreste do pântano encontra-se um monumento em mármore
branco e bronze dedicado ao poeta sevilhano Gustavo Adolfo
Bécquer. Em outro lado, há um conjunto de mármore com três
mulheres sentadas em um banco, simbolizando o amor que chegou,
o amor que está presente e o amor que se perdeu. Elas
representam o poema de Bécquer "El amor que pasa", em
português "o amor que passa".
A Glorieta de Cervantes foi construída em 1913 e é um pequeno
espaço inserido na Plaza de América em frente ao Pabellón
Real. A rotatória tem uma araucária no centro e possui a forma
de um octógono e também foi desenhada por Aníbal González. Os
seus quatro bancos são revestidos com azulejos confeccionados
na técnica da corda seca com cenas de "Dom Quixote de la
Mancha" que foram realizadas nas oficinas de Manuel Ramos
Rejano por Pedro Borrego Bocanegra.
Existem também duas estantes que indicam datas e lugares
importantes na vida do homenageado, Miguel de Cervantes
Saavedra. No topo dessas prateleiras estavam estátuas de Dom
Quixote e Sancho feitas por Eduardo Muñoz, que foram roubadas
e substituídas por reproduções em 2021.
Outra glorieta famosa é a de Más y Prat, dedicada ao poeta,
dramaturgo, escritor e jornalista Benito Más y Prat da cidade
de Écija, próxima a Sevilha. Foi paga por uma iniciativa
popular de Enrique Real Magdaleno, projeto realizado por
Aníbal González e inaugurada em 2 de maio de 1924.
É feita em tijolo aparente, com formato semicircular e bancos
com encostos em ferro. Nas extremidades dos bancos existem
estantes para livros decorados com pináculos nos topos e
azulejos com cenas costumbristas sevilhanas, que é a
interpretação literária ou pictórica da vida cotidiana,
maneirismos e costumes locais. O centro do semicírculo é
presidido por um busto de mármore de Más y Prat, obra de
Antonio Castillo Lastrucci.
E a última das glorietas famosas do Parque María Luisa ocupa o
maior espaço, situada no final da avenida Hernán Cortés,
próximo ao Monte Gurugú e logo atrás dele está a Fuente de los
Toreros. Foi criada graças a uma proposta do pintor Santiago
Martínez à Cidade Conselho de Sevilha e aceite pela Comissão
da Exposição Ibero-Americana em 1925.
De forma retangular e com um lago central bastante amplo,
possui dois bancos que ocupam cada lado, decorados com
azulejos que contêm referências às obras dos dois irmãos
escritores. Ao fundo e fechando uma das faces de forma
semicircular, avista-se um centro com uma fonte de cerâmica
decorada entre duas colunas platerescas. Nas laterais da fonte
existem algumas estantes para livros com figuras de cupidos e
puttis que adornam o topo da estrutura.
Glorieta de Hermanos Álvarez Quintero
No centro do parque existe uma lagoa delimitada por pedras
rústicas na qual se localizam em seu centro duas ilhotas,
conhecidas como a Isleta de los Patos ou Isleta de los
Pájaros. Uma delas é acessível por meio de uma pequena
ponte e outra ilha exclusiva para pássaros, onde descansam
e vivem patos, pavões, cisnes e pombos. Além da vegetação
existem vários bancos de ferro forjado.
Num cantinho da ilha encontra-se o Pabellón de Alfonso
XII, de pequenas dimensões em forma de templo hexagonal
com arcos em ferradura e estilo neo-árabe, onde, segundo
a lenda, o rei Alfonso XII declarou o seu amor a Maria
de las Mercedez, filha dos duques de Montpensier. Este
local de descanso já existia quando o parque fazia parte
do Jardim do Palácio San Telmo e foi respeitado por
Forestier quando fez o paisagismo do atual Parque María
Luisa.
Durante os meses de verão, realizam-se todas as
sextas-feiras à tarde concertos com a atuação de jovens
músicos, atuações que foram muito bem recebidas pelo
público que vem desfrutar, não só do música, mas também do
ambiente romântico que compõe o lago, as árvores e os
vários pássaros que esvoaçam no céu.
O mais interessante é passear por todo o parque e ir descobrindo
esses recantos de paz e sossego. O parque, como pode ser visto
hoje, é bastante semelhante ao da Exposição de 1929. As árvores
existentes e os caminhos secundários foram mantidos com todo o
seu conjunto de pequenos jardins, lagos, fontes, monumentos e
pavilhões.
Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
- Endereço: Paseo de las Delicias, s/n
- Horários:
- De 01 novembro a 31 março (inverno): das 8h às 22h
- De 01 abril a 31 outubro (verão): das 8h às 24h
- Ingresso: gratuito
Se você estiver viajando com crianças, uma boa pedida é ir
conhecer o Acuario de Sevilha que fica bem pertinho do Parque
María Luisa. O aquário foi inaugurado em 2014 como centro de
divulgação e investigação científica e conservação de
espécies.
O edifício é dividido em 36 tanques e tem um percurso de
aproximadamente 700 metros onde predomina o tema que percorre todo
o aquário e que une todas as diferentes exposições. O tema segue a
jornada de Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522, a famosa viagem
a serviço da coroa espanhola e que se tornou a primeira
circunavegação do globo terrestre. Conhecido pelos espanhóis como
Magallanes, ele foi o organizador da primeira viagem de volta ao
mundo e partiu do Puerto de Sevilla, no auge dos Descobrimentos,
tentando criar um novo Caminho das Índias em busca de especiarias.
Esse percurso temático permite aos visitantes viajarem no tempo,
começando a mesma viagem nas águas frescas do rio Guadalquivir, em
seguida através do Oceano Atlântico até a Amazônia, para chegar ao
Oceano Pacífico como o famoso explorador.
Estão representadas 400 espécies de animais e a biodiversidade
de rios, mares e selvas por onde a expedição passou. Como
aquário principal destaca-se o Oceanário que, com 2.000.000 de
litros de água e quase 9 metros de altura, é um dos aquários de
tubarões com maior profundidade da Espanha e que tem um túnel de
vidro que atravessa todo tanque para ver os tubarões bem de
perto. Além do Oceanário existem outras áreas bem divertidas de
conhecer, como o “Toca Toca” uma área onde pode-se literalmente
tocar estrelas-do-mar, ouriços-do-mar e pepinos-do-mar. Outra
área bem visitada do aquário é a área de berçário, chamada Los
Bebes del Acuario.
Há também uma boa variedade de répteis e outras criaturas do
fundo do mar em exposição, incluindo alguns polvos
impressionantes, uma lula gigante e santolas, bem como
tartarugas marinhas e tartarugas. Para os fãs de criaturas
exóticas, o Acuario de Sevilha também expõe várias sucuris,
jiboias e pererecas, bem como alguns jacarés residentes.
Abaixo, os dados de localização e horários de
funcionamento:
- Endereço: Cais de las Delicias, s/n - Telefone: 955 44 15 41
- Horário de funcionamento:
- De setembro a junho (inverno): de segunda a sexta das 10h às 18h / sábados e domingos das 10 às 19h
- De julho a agosto (verão): de segunda a sexta das 10h às 19h / sábados e domingos das 10 às 20h
- Ingressos: Adulto 18€ / crianças menores de 4 anos é gratuito / maiores de 65 anos 15€
Bom, depois de nosso passeio pelo Parque María Luisa vamos conhecer
o Archivo General das Indias, que fica bem perto da Catedral e do
Alcázar.
Não é muito perto mas dá pra ir à pé, é uma caminhada de uns 20
minutos, seguindo pelo Paseo de las Delícias até o Paseo de Roma, onde você vai entrar e
seguir reto até a Puerta de Jerez, que na verdade é uma belíssima
praça com uma fonte no meio. Seguindo em frente pela Avenida de la
Constituition você vai dar de cara com o Archivo General das
Indias.
Outra opção é pegar um taxi ou um uber, infelizmente não existe uma
linha de ônibus ou metro que saia das proximidades do parque até o
Arquivo das Indias. As opções que existem incluem uma boa parte do
percurso andando à pé, não vejo vantagem... rsrs
Se optar pela caminhada à pé, existem vários monumentos no caminho
para você ir admirando, como o próprio Palacio San Telmo, o
Costurero de la Reina (um pequeno castelo que servia como guarda do
palácio) e também vários dos antigos pavilhões da Expo 1929, como o
do Brasil, Argentina e Guatemala.
com o Costurero de la Reina
|
Panorâmica do Paseo de las Delicias, com o Palacio San
Telmo, ao fundo a Universidade de Sevilha e à esquerda o
Hotel Alfonso XIII
|
O Archivo General de Indias, em português Arquivo Geral das Índias, é um arquivo histórico espanhol que fica localizado ao lado
da Catedral e do Real Alcazar.
O edifício onde hoje se encontra o Archivo General das Indias
foi projetado por Juan de Herrera e edificado por Alonso de Vandelviva e Juan de
Minjares em 1572, e era onde se localizava a antiga Lonja de
Mercadores, local que servia de ponto de encontro para os comerciantes e mercadores e
onde se realizavam negócios e acordos.
Mas o interior do edifício foi pouco usado para esse fim, pois
na realidade a agitação comercial continuava a acontecer mesmo
do lado de fora e no entorno da catedral. E isso até que o governo local e a igreja, cansados da situação
caótica do local, decidiram instalar correntes em volta do
templo para afastar a multidão da área. No início do século
XVII foi construído um segundo andar e a Cruz de Juramento, que fica
em frente ao edifício e que era em frente a ela que os
mercadores firmavam e sacramentavam seus acordos.
Um século depois, em 1785, Carlos III escolheu este edifício
como sede do Archivo General das Índias, visando centralizar em um único lugar a documentação referente
às colônias espanholas que até então se encontrava dispersa por
diversos arquivos em Simancas, Cádiz e Sevilha.
O arquivo conserva cerca de 43.000 documentos com 80 milhões de
páginas e 8.000 mapas e desenhos que procedem, fundamentalmente,
dos organismos metropolitanos encarregados da administração das
colônias. Como curiosidade, se ordenarmos de forma linear toda a esta
documentação de incomparável valor histórico, poderia chegar a
ocupar mais de nove quilômetros de comprimento.
O acervo inclui documentos como o famoso Tratado de
Tordesilhas, datado de 7 de junho de 1494, pelo qual Espanha e Portugal
dividiram o mundo no século XV. E não só isso como também
os documentos pessoais de Cristóvão Colombo, Fernão de
Magalhães, Vasco Nuñez de Balboa, Francisco Pizarro e Hernán
Cortés. Grande parte deles provêm do antigo Conselho das Índias
e da Casa de Contratação.
Estes documentos não são visíveis ao público exceto em
exposições temporárias e são guardados em armazéns
especializados como grandes cofres em condições físicas e
ambientais que não alteram a preservação dos documentos.
É um edifício de estilo renascentista com uma planta quadrada,
tem dois pisos e um grande pátio central quadrado, combinando
tijolos vermelhos e elementos de pedra. O estilo de Juan de
Herrera é percebido mais concretamente no andar térreo mas ao
longo dos anos já foram feitas várias modificações no projeto
original para dar forma ao magnífico edifício que hoje vemos. No
interior do edifício, uma das partes que mais chama a atenção do
visitante é a escadaria principal, datada de 1786, e decorada com pedras
vermelhas, cinzas e pretas típicas de Málaga.
O edifício e seu conteúdo encontram-se classificados como
Património Mundial pela UNESCO desde 1987, no sítio denominado
Catedral, Alcázar e Archivo de Indias em Sevilha.
O Archivo General de Indias costuma ter exposições temporárias
regulares, por isso é bom ficar atento às divulgações na
imprensa. Infelizmente, eu não consegui achar nenhum link com
esse tipo de informação.
Abaixo, os dados de localização e horários de
funcionamento:
- Endereço: Avenida de la Constituición, s/n
- Horário de funcionamento:
- De segunda a sábado, das de 9:30h às 17h.
- Domingos e feriados, das 10h às 14h.
- Ingressos:
- Entrada gratuita
- Visita guiada pelo Arquivo das Índias €12
O interior do Archivo General de Indias
Saindo da visita ao Archivo General de Indias, vamos seguir
pela mesma Avenida de la Constitución até uma bifurcação
onde de um lado fica a Plaza Nueva e do outro a Plaza de San
Francisco. Entre as duas fica o Ayuntamiento, que é a Câmara
Municipal da cidade, e é considerado um dos exemplos mais
notáveis da arquitetura renascentista em Sevilha. Vale a
pena dar uma desviada e conhecer o edifício por fora e a
praça à frente com o Monumento a San Fernando.
Já a Plaza de San Francisco é uma gracinha, com seus prédios
geminados em uma das laterais, uma agência do Banco de
España e dando nos fundos do belo edifício do
Ayuntamiento.
E é bem aqui que começa a Calle Sierpes, uma das ruas mais
significativas e emblemáticas da cidade, de caráter pedonal
desde o século XIX, e relativamente longa, retilínea e
irregular na sua largura e que possui uma grande atividade
comercial e turística.
Uma das curiosidades da Calle Sierpes é que com o fim da
primavera e a chegada do calor, são colocados toldos à
altura dos telhados, para que esta e outras ruas próximas
fiquem cobertas de sombra, para proteger os transeuntes, até
ao final do verão.
No início, a Calle Sierpes chamava-se Calle Espaderos,
devido à quantidade de lojas que se dedicavam à venda de
espadas. Não se sabe com certeza quando ou por que foi
renomeado para Sierpes, mas existem várias estórias e lendas
sobre o seu nome atual. Algumas dizem que o nome vem do fato
do Señor Álvaro Gil de las Sierpes ter residência nesta rua.
Outras dizem que na confluência da Calle Sierpes com a Calle
Rioja existia a Cruz de la Cerrajería do século XVII e
que era conhecida como a Cruz de las Sierpes, que significa
serpentes em português. Há também quem argumenta que o nome
da rua se deve ao fato de ter um formato sinuoso.
Mas a lenda mais famosa sobre a origem do nome da Calle
Sierpes vem de uma lenda urbana bem macabra, que relaciona o
nome da rua com uma cobra que foi encontrada nos seus
esgotos e que teria acontecido no final do século XV. De
repente, as crianças da Calle Sierpes começaram a
desaparecer, causando todo tipo de especulação. Don Alfonso
de Cárdenas, que governava a cidade na época, recebeu uma
notificação anônima de alguém que prometia revelar a
identidade do culpado em troca de sua liberdade.
Quando Dom Alfonso prometeu publicamente a liberdade do
indivíduo, revelou seu nome: Melchor de Quintana y
Argüeso, um bacharel em letras fugitivo que havia
participado de um ato de rebelião contra o Rei. Ele estava
preso na cadeia da cidade e em sua cela começou a fazer um
túnel para escapar e conseguiu chegar aos antigos esgotos
feitos pelos romanos e afirmava ter encontrado o culpado
pelo desaparecimento das crianças. Então Melchor, Alfonso,
dois homens armados e um tabelião foram à prisão, ao túnel
e de lá aos esgotos e encontraram uma cobra de cerca de 6
metros de comprimento com uma faca cravada e restos de
crianças no chão. Melchor disse que a matou quando a
encontrou lá. Alfonso ordenou que a cobra fosse retirada e
exposta por um tempo na rua Espaderos, vindo pessoas de
todos os bairros de Sevilha para vê-la. E ao contar a
história, o nome Espaderos se perdeu e foi rebatizado como
"de la Sierpe". Depois de alguns meses, o solteiro Melchor
de Quintana, já livre de todos os crimes, casou-se com a
filha do próprio Alfonso de Cárdenas.
Na Calle Sierpes, alguns de seus edifícios são um convites à
apreciação, como o edifício do Bar Laredo, que fica na
esquina da Plaza de San Francisco, um magnífico exemplo da
arquitetura regionalista sevilhana, datado de 1918. Então a
dica é olhar as vitrines das lojas, mas sempre dando uma
olhada pra cima para admirar as fachadas, janelas e balcões
dos prédios antigos.
Desde o início do século XIX, a rua foi um grande
centro comercial da cidade e preserva diversas lojas, das
mais modernas até algumas muito antigas e tradicionais que
representam o comércio local mais tradicional de Sevilha.
Quando eu viajo as únicas compras que eu faço são de
lembrancinhas e alguma coisa local que me chama muito a
atenção, como uma cerâmica ou um objeto diferentão. Nem vou
perder tempo falando sobre as Zaras e Occitanes que
você encontra em qualquer grande cidade.
Edifício do Bar Laredo e a Calle Sierpes à direita
A Calle Sierpes é repleta de pequenas boutiques, lojas de
lembrancinhas, lojas especializadas em leques, bem como
cafés e restaurantes. Vou destacar algumas lojas mais
tradicionais e que vale a pena entrar e respirar aquele ar
de velho mundo... rsrsrs
A Sombrerería Marquedano, da quarta geração da família, fica
no número 40, é a única chapelaria especializada de Sevilha
que resiste desde 1908 no mesmo local da Calle Sierpes. Já
no número 33 fica a loja Juan Foronda que é uma referência
em Sevilha e os seus xales e mantilhas são autênticas obras
de arte, mundialmente famosos. Mais adiante, no número 21
fica a Relojería Enrique Sanchis, empresa familiar com mais
de 120 anos de experiência no setor de relojoaria e
joalheria. E bem no finalzinho da rua, no número 5 fica
Papelaria Ferrer, também uma empresa familiar, fundada em
1856, e que é a mais antiga de Espanha e a terceira mais
antiga da Europa. Vou contar um segredinho: eu sou louca por
papelarias... já vi que vou ficar umas 2 horas dentro
dela!!!
Bom, depois de toda essa caminhada, chegamos ao final do passeio pela Calle Sierpes e vamos conhecer a última grande atração da rua, que é a Confiteria La Campana. Esta confeitaria elegante é uma recompensa sensacional para os turistas cansados que precisam de um tratamento especial.
A Confiteria la Campana oferece uma seleção de doces
andaluzes tradicionais, como laranjas cristalizadas, figos e
pêras, além dos famosos doces espanhóis como Milhojas de
Turrón, um bolo de camada cremosa semelhante a um
mil-folhas, entre outros. A pedida é sentar nas mesinhas na
calçada e fazer uma degustação... em tempo: essa é uma boa
hora pra esquecer totalmente a dieta!!! 😂
Depois de descansar e curtir as gordices da Confeteria La
Campanha, é hora de seguir nosso roteiro e por isso vamos caminhar
só um pouquinho em direção à Plaza de la Encarnación que fica ali
pertinho. Nosso destino é ir conhecer uma das mais emblemáticas
atrações de Sevilha, o Metropol Parasol, também conhecido como Las
Setas de la Encarnación, que traduzindo para o português seria "os
cogumelos da Encarnación", apelido este que ganhou por causa de
seu formato diferente que lembra vários cogumelos.
Esta edificação foi toda construída em madeira e é uma enorme
estrutura ondulada, feita com 3.500 tábuas que formam uma malha
como uma colméia, suportada por seis pilares de concreto e mede
150 x 70 metros e tem uma altura aproximada de 26 metros. A ideia
proposta era que se parecesse com seis guarda-sóis, mas acabou que
seu formato lembra mais vários cogumelos, daí seu apelido.
É a maior estrutura de madeira do mundo e oferece uma deslumbrante
vista da cidade. O movimento ondulado e o estilo contemporâneo do
monumento fazem um contraste incrível com a arquitetura histórica
típica de Sevilha e de toda a região da Andaluzia. E sua estrutura
reticular proporcionaria uma agradável e convidativa sombra nos
verões quentes da cidade.
Mas vamos falar um pouco sobre como surgiu a ideia para a
criação de um monumento tão diferente. Em 2004, a Câmara
Municipal de Sevilha abriu um concurso internacional de ideias
para revitalizar a região da Plaza de La Encarnación, que estava
abandonada desde a década de 70, depois da demolição de um
mercado municipal que existiu por mais um século.
O objetivo era criar um inovador espaço multiuso e o vencedor do
concurso, o arquiteto alemão Jürgen Mayer-Hermann, propôs um
desenho tão inovador e complexo, que a cidade passou 7 anos
debatendo a viabilidade e fazendo ajustes na estrutura até que a
construção fosse concluída, em 2011. Para uma parte dos
sevilhanos, o novo projeto ajudaria a reintegrar o espaço na
cidade, mas para outra metade dos moradores, o projeto moderno
quebrava toda a estética da cidade. Pronto, nascia o debate que
duraria anos.
Mayer-Hermann teve vários desafios para o desenvolvimento do
projeto, como integrar um sítio arqueológico que foi descoberto
bem ali naquela praça, e também encontrar um espaço para
reconstruir o antigo Mercado de la Encarnación, demolido em 1973
por problemas estruturais.
O Metropol Parasol está organizado em quatro pisos, alguns o
acesso é livre e outros há cobrança de ingressos. Na internet
existe uma certa confusão na nomenclatura dos andares, mas eu
achei uma imagem que dá pra ter uma ideia melhor de como é a
divisão. A imagem não está com uma qualidade muito boa, mas dá
pra ter uma noção.
Planta do Metropol Parasol
O piso subterrâneo contém o Antiquarium, um espaço com 4.879
m² inaugurado em março de 2011 e é constituído pelo sítio
arqueológico mais importante que resta da época romana em
Sevilha. Foi descoberto após uma primeira escavação na área na
década de 1990 com o objetivo de construir um estacionamento
subterrâneo e reformar a praça, plano que foi abandonado após
a descoberta. Em 2004, foi integrado ao projeto de
revitalização da praça e passou a fazer parte do Metropol
Parasol.
Dentro do Antiquarium pode-se ver restos arqueológicos romanos
datados do período entre os séculos I a VI, no qual se
destacam vários mosaicos, colunas e murais. Existe também uma
área dedicada ao período andaluz da cidade, entre os séculos XII
a XIII, onde se destaca as ruinas de uma casa islâmica
almóada.
Abaixo, os horários de funcionamento e valor do ingresso:
- Horário de funcionamento:
- De terça a sábado: das 10 às 20h (acesso ao público é encerrado às 19h30)
- Domingos e feriados: das 10 às 14h (acesso ao público é encerrado às 13h30)
- Fechado: 25 de dezembro e 1 e 6 de janeiro.
- Ingressos: geral 2€ / gratuito para residentes ou nascidos em Sevilha (com documento de identificação), deficientes e acompanhante, menores de 16 anos
No térreo fica o novo Mercado de la Encarnación, que foi
projetado para substituir o antigo mercado de Sevilha, datado de
1842 e que havia sido demolido em 1973. Esse era considerado o
mercado mais antigo da cidade e ganhou novas formas com o
projeto Metropol Parasol. É uma área ampla com 2.200 m², bancas em formato de ilha, e amplos corredores com 40 lojas
que vendem frutas, vegetais, queijos, carnes e peixes, e outros
artigos variados e complementares. Há também uma praça de
alimentação se bater aquela fome... O mercado funciona das 8 às
15h, de segunda a sábado, aos domingos está fechado.
Um andar acima do térreo, há uma praça elevada, ideal para
desfrutar do convívio, observar as pessoas e admirar o próprio
lugar. É conhecida como Plaza Mayor e fica embaixo de toda a
estrutura de madeira das Setas, o que faz dela a maior praça
pedonal e sombreada de Sevilha. É aqui que acontecem alguns
eventos de música, dança, esportes e vários outros tipos de
apresentações.
No primeiro piso fica o início da visita às passarelas de ”Las
Setas”, bem como uma área de eventos com 500 m² com capacidade para 300 pessoas, duas salas para
conferências, passadiços, esplanada e um pequeno bar.
O segundo e terceiro andar são terraços panorâmicos, sendo que
em um deles existe um restaurante, com espetaculares vistas
sobre o centro de Sevilha. O acesso vertical é feito através de
elevadores acomodados nos pilares de concreto.
Por fim, no último andar fica o Mirante que fica há 28 metros
de altura, com uma grande passarela de concreto com 250m de
largura, em que os visitantes podem andar e apreciar a cidade
de cima em um tour 360º. Tem apenas um terço da altura da
torre La Giralda, mas garante uma boa vista da cidade e um
passeio bem inusitado pela passarela que segue pelo meio
dos seis “cogumelos” de madeira.
Existe a possibilidade de você visitar o mirante e as
passarelas durante o pôr-do-sol e dizem na internet que é
uma experiência maravilhosa. Inclusive existe um tipo de
visitação noturna chamado Aurora, um impressionante
espetáculo de luz e som no qual todo o monumento das Setas
se ilumina com um jogo de luzes multicoloridas que parecem
dançar no meio da estrutura.
Abaixo, as informações sobre o acesso aos terraços e ao
mirante:
- Horário de funcionamento:
- De domingo à quinta-feira: das 9h30 às 23h
- Sextas-feiras e sábados: das 9h30 às 23h30
- Fechado: 25 de dezembro e 1 e 6 de janeiro.
- Ingressos: geral 3€ para não residentes ou nascidos em Sevilha
- Ingressos Pôr-do-sol + Show Aurora: geral 10 a 15€ (essa informação não é muito clara na internet), gratuito para crianças menores de 5 anos.
Pelo meu roteiro ainda devemos estar no meio da tarde, então o show
noturno das Setas de Sevilha deve ficar para depois... o percurso
continua em direção ao Palacio de las Dueñas, que fica há uns 10
minutos de distância.
É uma construção de estilo gótico-renascentista situado numa
propriedade de 1.900 m² e foi construída entre os séculos XV e XVI, pela família
Pineda e se tornou um local de referência para a alta sociedade
sevilhana nos anos que se seguiram.
Existem duas versões sobre a história deste palácio, que deve seu
nome ao desaparecido mosteiro de Santa María de las Dueñas, demolido
em 1868. A primeira conta que a família Pineda lamentavelmente, se
viu obrigada a vendê-lo com urgência quando Juan de Pineda foi
sequestrado pelos muçulmanos e a família precisava de uma grande
quantidade de dinheiro para poder pagar o seu resgate. A segunda
versão, que inclusive é a oficial do site do palácio, conta
que eventualmente o palácio foi herdado por Fernando Enríquez
de Ribera, II Marquês de Villanueva del Río e pai de Antonia
Enríquez de Ribera, que se casou em 1612 com Fernando Álvarez de
Toledo, futuro VI Duque de Alba, passando assim a pertencer à Casa
de Alba, uma das famílias mais ricas do país.
Desde março de 2016, este palácio, que foi classificado como Bem de
Interesse Cultural, está aberto ao público, passando a fazer parte
da oferta cultural e turística de Sevilha. Por ainda ser a
residência oficial do Duque de Alba em Sevilha, somente alguns
espaços são abertos ao público, como o Salón de las Gitanas, o Salón
de Carteles, a Capilla, a Sala de Leitura e os pátios. E neles você
pode ver um exemplo da arquitetura nobiliária sevilhana, pois a
visitação revela mais de 1.400 peças artísticas.
O palácio, que é uma obra de arte em si mesmo, conta com um
importante valor histórico, arquitetônico e artístico. Além disso,
possui uma extensa e variada coleção de móveis, artigos de
cerâmicas, objetos antigos, numerosas pinturas e uma infinidade de
lembranças familiares que podem ser vistas à medida que percorremos
as diferentes partes do edifício.
Se as paredes falassem, contariam a história dos ilustres
personagens que passaram por essa casa ao longo do tempo. Entre
esses, vale a pena destacar a sua principal inquilina, a Duquesa de
Alba, e o grande poeta António Machado, que nasceu e passou parte da
sua infância no palácio.
Além das coleções e das obras de arte, um outro importante
atrativo do palácio são os seus exuberantes pátios e jardins,
compostos por um denso manto de vegetação que inclui mais de
sete mil plantas, entre as quais se encontram laranjeiras,
limoeiros e palmeiras.
O Palácio de las Dueñas é um desses lugares que nos fazem perder
a noção do tempo e transmite aos seus visitantes uma sensação de
tranquilidade absoluta.
Abaixo, as informações sobre localização e horários de
funcionamento, e também um mapa do palácio e seus jardins.
- Endereço: Calle Dueñas, 5
- Horários:
- Verão (abril a setembro) das 10h00 às 20h00. A última entrada e acesso ao Palácio é às 19h15 e será esvaziado às 19h50.
- Inverno (outubro a março) das 10h00 às 18h00. A última entrada e acesso ao Palácio é às 17h15 e será esvaziado às 17h50.
- Fechado nos dias 1º de janeiro, 6 de janeiro e 25 de dezembro.
- Ingressos:
- Bilhete Geral: 12€
- Bilhete Reduzido: 10€ para crianças dos 6 aos 16 anos / Deficientes / Estudantes Universitários menores de 25 anos / Maiores de 65 anos
- Entrada gratuita: Crianças até 6 anos
Seguindo nosso roteiro, vamos conhecer agora a Casa de Pilatos, que
também é nas redondezas, localizada há uns 10 minutos de caminhada
de distância do Palacio de las Dueñas.
O Palácio dos Adelantados Mayores de Andalucía, mais conhecido
como Casa de Pilatos, foi essencialmente construído entre os
séculos XV e XVI. Foi construída por D. Pedro Enríquez, que
ocupava o cargo de Adelantado Maior de Andaluzia, um importante
posto a nível jurídico, e sua segunda esposa, Catalina de
Ribera, que também foram proprietários do Palacio de las Dueñas.
E é assim que o casal, que deve ter sido uma potência
imobiliária na Sevilha da virada dos séculos XV e XVI, possuiu
as primeiras versões das duas residências que, hoje, modificadas
e ampliadas, são consideradas os mais importantes bens imóveis
de Sevilha, após o Alcázar, residência real.
Catalina de Ribera é amplamente homenageada na Sevilha
contemporânea. Na continuação dos Jardines de Murillo estão os
Jardines de Catalina de Ribera, onde está, ao longo da muralha
do Alcázar, o Paseo de Catalina de Ribera, no qual existe uma
fonte do começo do século XX celebrando-a.
Declarado Monumento Nacional desde 1931, este palácio é uma
delicada síntese da tradição gótica e mudéjar do final da Idade
Média e das inovações do Renascimento, cuja introdução em
Sevilha se deve à relação privilegiada que a família Enríquez de
Ribera manteve com a Itália, desde o I Marquês de Tarifa, até ao
III Duque Alcalá. Com o passar dos séculos, o palácio sofreu
diferentes transformações, que resultaram em um suntuoso
conjunto residencial com uma pitoresca e harmoniosa fisionomia,
misturando todos os estilos presentes na cidade, como o
renascentista, mudéjar, medieval e gótico, com belos toques
muçulmanos.
O nome Casa de Pilatos vem da celebração da Semana Santa, quando a
procissão da Via Crucis que começou a ser celebrada na cidade em
1520 e que partia exatamente do palácio, sendo que ele próprio
representava o palácio de Pôncio Pilatos. Ainda se conservam os
azulejos que representam cada uma das estações ao longo dela.
A partir do séc. XVII, a Casa de Pilatos passa a ser propriedade
dos Duques de Medinaceli, cujo escudo podemos observar num dos
muros do palácio, e que utilizam a casa até os dias de hoje.
Abaixo, uma imagem com a composição do palácio e os jardins.
A Casa de Pilatos foi edificada em dois andares quase idênticos.
O andar inferior é denominado Palácio de Verão e é composto por
várias dependências situadas em torno ao pátio principal, onde
as influências mudéjar e do Renascimento italiano se coadunam.
Algumas salas contêm peças da coleção de bustos, esculturas e
baixos-relevos, muitas delas peças muito antigas e restauradas.
Esse andar é mais fresco e menos exposto ao abrasador calor
sevilhano.
Já a planta superior compõe o Palácio de Inverno, organizado em
várias salas, que ainda são usados pelos Duques de Medinaceli. É
por isso que esse pavimento só pode ser percorrido em visitas
guiadas e é proibido fotografar. A visita guiada ao andar
superior passa por salas de estar, dormitórios e salões de
refeições decorados em estilo mais francamente renascentista,
com o acréscimo de objetos decorativos de épocas mais recentes.
Pátio interno e os dois andares do palácio
Os azulejos formam um dos elementos principais na decoração do
palácio. São considerados, tanto por sua variedade, quanto pela
qualidade de sua fabricação, como uma das mais ricas coleções de
azulejos de todo o mundo.
Mais de 150 desenhos distintos podem ser contemplados, e foram
realizados no bairro sevilhano de Triana, entre 1536 e 1539.
Muitas combinações são compostas por motivos geométricos como os
azulejos mudéjares, ou inspirados nos desenhos de tapetes
isabelinos do século XV, ou ainda desenhos inspirados em motivos
renascentistas. Inúmeros são as peças decoradas com os escudos
relacionados às linhagens do casal fundador, Catalina e Pedro
Enriquez.
Os convidados que chegavam ao palácio passavam por um portal de
mármore de estilo renascentista e eram recebidos num local
denominado Apeadero, um recinto típico dos palácios andaluzes.
Representava um espaço de transição entre a praça pública e a
intimidade do pátio principal, estando situado logo depois da
entrada principal do palácio e é um pátio descoberto com
galerias perpendiculares, que protegiam os recém chegados da
chuva e do sol.
Durante o percurso pela Casa de Pilates, você descobrirá que
todo o palácio é uma incrível galeria de arte que abriga belas
peças como estátuas gregas e romanas, tapeçarias, móveis e
pinturas de artistas renomados, como Goya.
Na zona dos jardins, você encontrará um agradável oásis de
tranquilidade que fará com que você esqueça dos ruídos do centro
da cidade e da pressa, típica dos grandes centros urbanos. Uma
arcada do pátio principal leva ao Jardim Italiano e, de repente, é
como mudar de país, um espaço simetricamente organizado e que
poderia pertencer a qualquer vila toscana tradicional, pois todas
as plantas foram trazidas de lá e o paisagismo segue fielmente
essa tradição.
Como muitas outras construções históricas de Sevilha, a Casa de
Pilatos também foi o palco de grandes produções de Hollywood como
o vencedor de cinco Oscars, o filme "Lawrence da Arábia", de 1942.
Ou ainda o filme "1492: a conquista do paraíso", de Ridley Scott
filmado em 1992. E também o filme "Cruzade" também de Ridley
Scott, de 2005.
Abaixo, os dados de localização e horários de funcionamento:
- Endereço: Plaza de Pilatos, 1
- Horário de Funcionamento:
- De novembro a março: todos os dias, das 9 às 18h
- De abril a outubro: todos os dias: das 9 às 19h
- Ingresso:
- Andar térreo: 10€
- Piso superior: 5€
Bom, terminando a visita à Casa de Pilatos, vamos passear um pouco
pelo Barrio de Alfalfa e pela Plaza de la Pescadería.
O bairro de Alfalfa abriga as lojas sevilhanas mais
tradicionais: moda flamenca, vestidos de noiva, roupas de noite,
roupas da Semana Santa, sapatos, tecidos, de tudo um pouco. Não
deixe de passear pelas ruas do bairro para ver o circuito
alternativo de moda e visitar a bucólica Plaza de la Alfalfa com
seus cafés com mesinhas na calçada.
Provavelmente você vai passar pelo tradicional Bar Alfalfa, uma
pequena taverna descontraída com bebidas e deliciosos tapas em
um espaço bem apertadinho mas com toque rústico e ao mesmo tempo
bem colorido. Se bater aquela fome, é uma boa opção!
Continuando nosso quase finalizado percurso, vamos encontrar a
Plaza de la Pescadoría, era conhecida antigamente como Plaza de
la Costanilla, e aqui funcionava o mercado do peixe e se vendia
vários tipos de pescados e o tão valorizado bacalhau. Essa praça
já sofreu diversas alterações e revitalizações, culminando com
um importante projeto de 2006 denominado "Piel Sensible", em
português "pele sensível", que visa proteger de futuras
alterações arquitetônicas e estruturais as várias praças da zona
da Alfafa.
As últimas obras de revitalização de La Pescadería permitiram
localizar a parede de uma cisterna romana com 50 centímetros de
espessura e cerca de 4 metros de profundidade, há apenas 60
centímetros abaixo do solo. Os arqueólogos consideraram os
vestígios de grande importância, salientando que estes vestígios
fariam parte de um "castellum aquae", um sistema geral de água
da época romana, datado da época do imperador Trajano, no século
II d.C. e que abastecia a cidade de Hispalis, como Sevilha era
chamada na época, com a água que passava pelos Caños de Carmona.
Foi estudado um projeto para integrar a cisterna na estrutura da
praça, de forma a que estes antigos vestígios romanos pudessem
ser vistos através de uma claraboia. O projeto consistiu em
cobrir os vestígios arqueológicos com uma estrutura de vidro
que, através de algumas luzes, permitiria a sua visualização da
rua e também possibilitaria uma escada que permitiria o acesso
ao seu interior.
Infelizmente, não houve uma boa execução do projeto e esse
espaço ficou meio inacessível para o público e apesar de sua
importância só é possível visitas técnicas esporádicas e reparos
de manutenção para tentar solucionar os problemas que a umidade,
a falta de ventilação e de luz no interior provocaram.
Plaza de la Pescadería
E bem pertinho fica a charmosa Plaza del Pan, oficialmente
conhecida como Plaza Jesús de la Pasión, e a Iglesia de El
Salvador. A Plaza del Pan deve seu nome às inúmeras barracas que
comercializavam o produto desde o início do século XIV, mas
infelizmente estas antigas padarias já não existem mais. O local
hoje é ocupado por vários tipos de comércio e serviços, mas
chama a atenção o edifício das antigas lojas de tecidos Pedro
Roldán, que foi construído entre 1926 e 1927, uma obra de estilo
regionalista do arquiteto José Espiau y Muñoz.
Aqui, vou fazer um aparte... o pôr-do-sol em Sevilha no verão é
bem tarde, pelo que pesquisei é perto das 20:30h (horário local).
Então todo o roteiro do terceiro dia pode ser feito tranquilamente
até próximo das oito, inclusive jantar ou ir de tapas e no final
do percurso aproveitar para ver o espetáculo Aurora nas Setas de
Sevilha, é só voltar até lá e aproveitar o show. De onde o roteiro
finaliza próximo da Plaza de la Pescadería até as Setas de
Sevilha, vão ser uns 10 minutos de caminhada tranquila.
Bom, o roteiro por hoje terminou... quem tiver pique ainda dá pra
assistir algum show de flamenco ou jantar com calma para depois ir
descansar, porque amanhã nos despedimos de Sevilha e seguimos
nossa viagem. A sugestão é ir assistir ao show de flamenco da Casa de la Memoria, que fica em um palácio do século XV, bem pertinho das Setas de Sevilha.
Cada show apresenta quatro artistas: dois dançarinos, um cantor e um guitarrista. O local é pequeno o que faz com que eles não precisem de microfones, a música é levada para todo canto. Os horários dos espetáculos são das 18 às 19 hs e das 19:30 às 20:30hs. Dependendo da época do ano, haverá espetáculos excepcionais às 21h e/ou às 22h30. No final da página estão anotados os dados de endereço e compra de ingressos.
Se você planeja ficar alguns dias a mais em Sevilha, existem outras atrações que eu não citei por conta do tempo mais restrito, mas vou deixar anotado aqui porque são passeios bem legais.
Caso você queira um programa mais cultural, vale super a pena ir conhecer o Museu de Belas Artes, que é uma das pinacotecas mais importantes de Espanha, e que fica localizado na Plaza del Museo, 9. O edifício, que antes servia como convento, hoje abriga um acervo composto principalmente por pintura barroca sevilhana e pintura andaluza do século XIX, com mais de 600 anos da história da arte de Sevilha, e algumas obras assinadas por Francisco de Zurbarán e Juan de Valdés Leal. A rica coleção está dividida em dois andares, exposta por ordem cronológica. Os amantes de arte não podem deixar de visitar este museu, que fica aberto de terça a domingo. Para saber mais, clique no link: https://www.museosdeandalucia.es/web/museodebellasartesdesevilla
E um passeio que é muito agradável é ao Palacio de la Condessa de Lebrija, também bem pertinho das Setas de Sevilha, na Calle Cuna, 8. Escondido por detrás de uma simples fachada de estilo sevilhano, esse palácio é uma majestosa construção repleta de obras de arte que constitui uma das joias ocultas mais chamativas da cidade. A história do palácio começa com Regla Manjón, condessa de Lebrija, cujo amor pela arte a levou a conseguir um acervo de valor incalculável, entre os quais se encontram ânforas, esculturas, pinturas, elegantes móveis, mosaicos, peças romanas, azulejos resgatados de conventos e palácios em ruínas, coleções de leques e peças de porcelana e valiosas obras pictóricas. Para saber mais, clique no link: https://palaciodelebrija.com/
Outra opção é ir visitar o bairro boêmio de La Macarena, que fica nas proximidades do Palacio de las Dueñas e é conhecido por sua atmosfera moderna e criativa, com lojas exclusivas que vendem roupas e livros antigos, além do Mercado de la Feria onde as barracas servem paella e croquetes, e seus bares mantêm a área movimentada até a madrugada. É um convite para uma boa caminhada onde você pode curtir a linda arquitetura enquanto passeia pelas ruas, podendo aproveitar para ir visitar a basílica La Macarena que abriga uma reverenciada imagem da Virgem de Macarena. Dizem que a Macarena, aquela famosa música que com certeza você já dançou em algum casamento, surgiu justamente neste bairro, onde moram diversos latino-americanos.
E se sua viagem for com a família a ideia é inserir um pouquinho de diversão e aventura incluindo a Isla Mágica em seu roteiro, um parque temático que tem atrações para adultos e crianças. E tem também shows, restaurantes e lojas que vão preencher o dia inteiro e vocês nem vão sentir o tempo passar. Para saber mais, clique no link: https://www.islamagica.es/
É necessário fazer um parágrafo à parte para falar sobre uma das
maiores tradições religiosas de Sevilha, a celebração da Semana
Santa que remonta ao século XIV e tem origem nos grêmios e
confrarias de penitência daquela cidade, que surgiram nos
séculos XIII e XIV e se consolidaram definitivamente, em termos
de estatutos e natureza, nos séculos XV e XVI.
Os grêmios são associações de homens livres que vivem do
comércio ou praticam um ofício, geralmente agrupados em ruas ou
bairros. Já as confrarias definem-se desde a época medieval como
uma associação ou irmandade com fins religiosos, de pessoas de
sexo diferente, pertencentes ou não a uma mesma profissão,
grêmio ou estatuto social. O seu carácter laico está associado a
uma determinada causa social ou de beneficência e funciona sob a
proteção de um santo patrono protetor ou do Cristo Redentor. Um
vínculo surgiu entre grêmios e confrarias por uma necessidade de
unir as ações sociais de caridade e as práticas de beneficência
e hospitalares ao culto religioso.
As cerca de 57 confrarias de Sevilha, das quais a mais antiga,
El Silencio, tem mais de 650 anos, preparam-se durante todo o
ano para a Semana Santa e rivalizam em talento para enfeitar os
andores de Cristo e da Virgem que fazem desfilar pela cidade,
desde a sua igreja de bairro até à Santa Iglesia Catedral e de
volta, a Recogía, ao seu templo inicial. A Carrera Oficial,
percurso de penitência efetuado pelas confrarias, teve origem na
necessidade de se regulamentar este ato, no início do século
XVII, devido ao grande aumento de confrarias no século anterior,
como resposta da Igreja Católica contra a reforma luterana. A
proliferação de confrarias e os distintos percursos utilizados
causavam problemas de circulação que frequentemente causavam
desordem e violência entre os confrades. O então Arcebispo de
Sevilha estabeleceu o percurso e os dias a que as confrarias
poderiam sair. Hoje em dia, as procissões das distintas
confrarias têm lugar nos oito dias que decorrem entre o Domingo
de Ramos e o de Páscoa e constam do programa oficial, com horas
e percursos definidos, que tradicionalmente começam pela La
Borriquita, no Domingo de Ramos, e terminam com La Resurrección,
no Domingo de Páscoa.
Enquadrados na procissão, os nazarenos, penitentes laicos de
túnica, capuz com máscara e por vezes uma capa, com as cores da
sua confraria, desfilam muitas vezes descalços com um passo
lento e ritmado pelo martelo do Capataz, que também impõe a
marcha aos dezenas de costaleros de olhos vendados que carregam
os andores com as imagens sagradas - os pasos -, que chegam a
pesar 2000 kg. Mas são talvez os aguaó, os confrades que
realizam a penitência mais dura dado que têm a missão de levar
água aos costaleros para lhes saciar a sede, carregando bidões
de água que recolhem dos cafés, bares e restaurantes durante
todo o percurso. Cada hermandade transporta o seu estandarte,
popularmente chamado de bacalao, com o respetivo escudo bordado.
A Semana Grande, ou Santa, de Sevilha tem um ambiente muito
especial que a distingue das demais celebrações que existem um
pouco por toda a Andaluzia. A preparação das procissões começa
semanas antes, com a colocação de barras metálicas nos
percursos, enquanto que nas montras das lojas e cafés se podem
ver reproduções de imagens ou andores em miniatura e nazarenos
de caramelo reproduzidos ao pormenor nos escaparates das
pastelarias. Durante esta semana é também tradição comer as
torrijas e os pestiños.
A multidão reúne-se durante todo o percurso para venerar as
imagens santas e para testemunhar o sacrifício dos costaleros e
a autoflagelação dos nazarenos. A aglomeração de pessoas dá
lugar à vulgarmente chamada bulla, um engarrafamento de grande
aperto que frequentemente provoca desmaios e gritos. O aroma da
primavera confunde-se com os do incenso e da cera,
intensificando o ambiente religioso que se vive nesta altura.
Quase todas as confrarias que fazem penitência são acompanhadas
pelos cantos da saeta, por martinete.
A tradição manda que se estreie alguma coisa no Domingo de
Ramos, para que as mãos não caiam. Na Quinta e na Sexta-feira
Santas as mulheres vestem traje de mantilla, adornado de cravos
na Quinta-Feira Santa e sem cravos na Sexta-Feira Santa, como
sinal de luto, e visitam-se sete sacrários, como impõe a
ocasião.
Para maiores informações, click no link: https://www.semana-santa.org/
E logo depois das comemorações da Semana Santa de Sevilha, a
cidade continua a vibrar intensivamente com a Feria de Abril, ou
em português Feira de Abril, que acontece uma ou duas semanas depois da Páscoa e coincide com as touradas
na Plaza de la Maestranza.
O evento acontece em um grande recinto denominado Real de la Feria, onde o público se
reúne e é repleto de ruas com barracas efémeras, adornadas com
lanternas, por onde circulam cavaleiros e carruagens puxadas por
cavalos e por onde passam diariamente cerca de 500.000
visitantes.
Durante os seis dias da feira, Sevilha vive só para
comemorações e festas. A música, a gastronomia, a dança e a
vontade de se divertir criam um ambiente muito
especial. É uma das festas mais popular da cidade e que alcançou
fama internacional, por isso tem um grande impacto econômico e social na cidade tendo sido
declarada Festival de Interesse Turístico Internacional.
Foi criada em 1847 como feira de pecuária e ao longo do
tempo o aspecto festivo do evento acabou por se impor na
parte comercial, até se tornar um encontro
imprescindível para os sevilhanos. Durante uma semana,
os mais de mil estandes instalados no recinto da feira
tornam-se a segunda casa dos habitantes desta cidade, um
espaço onde podem se reunir e divertir até altas horas
da madrugada.
Hoje em dia ela ocupa um espaço de 1.200.000 m2
dividido em três zonas: La Calle del Infierno, que é um
local para um parque de diversões, El Real de la Feria
com 15 ruas com nomes de toureiros importantes e onde se
localizam as mais de 1000 Casetas, além dos
Aparcamientos, que são os estacionamentos.
Oficialmente, a festa começa à meia noite de domingo
para segunda-feira com a popular “Prueba del
Alumbrado”, onde se acende seu portal de entrada,
chamado La Portada, com milhões de luzes e faróis que o
transformam em um portal de luz.
As Casetas são inspiradas nas antigas tendas de campanha e
competem entre si para ganhar o prêmio máximo da feira
e é onde os sevilhanos recebem e atendem aos familiares e amigos, exercendo
a função de anfitrião como se estivesse em sua própria
casa.
A titularidade das Casetas é feita através de licença
municipal sendo que estes estandes são normalmente
cedidos a particulares que os partilham com os seus
pares, a entidades públicas e entidades privadas, como
grandes empresas ou associações culturais, de amigos,
irmandades, clubes, etc. Nestes ambientes, simples e
ricamente decoradas, não faltam bebidas finas, o
delicioso vinho Manzanilla, o bom e tradicional jamón,
deliciosas comidas típicas, as sevilhanas trajadas com
esmero, a guitarra, o baile e a
cantoria...
Mas se você não conhece nenhum sevilhano com acesso a
uma caseta, sempre é possível entrar em uma das sete
grandes casetas públicas. A maior pertence à prefeitura
de Sevilha, enquanto as restantes pertencem a diferentes
bairros da cidade. As casetas públicas são muito maiores
que as privadas, e também ficam muito mais lotadas. E,
se você adquirir algo em uma das casetas, deve pagar com
vales e não com dinheiro, mais ou menos como na nossa
tradicional festa junina.
Você vai ver muita gente passeando ao ar livre pelo Recinto Ferial, muitas vezes dançando e brincando nas ruas mas é dentro das casetas privadas que acontece a verdadeira festa.
No decorrer da festa, as pessoas vestem trajes típicos da Andaluzia: homens com roupas tradicionais do campo e mulheres com trajes flamencos ou ciganos. Durante o dia, a feira se enche de centenas de amazonas, cavaleiros e carruagens ricas em acessórios. É o chamado passeio a cavalo, no qual você pode participar alugando uma charrete com um motorista do serviço regular.
Junto ao recinto de feiras encontra-se a Calle del Infierno, uma zona de lazer muito animada, com inúmeras atrações para crianças e adultos, além de locais onde é possível pedir uma bebida ou um lanche. Outro elemento essencial são os touros sendo que todas as tardes a Plaza de la Maestranza é frequentada por inúmeros visitantes que querem assistir à tourada.
A cerimônia de fechamento da Feira acontece à meia-noite, com fogos artificiais junto ao rio Guadalquivir.
- Cerâmica: Como já mencionei no
roteiro do primeiro dia em
Sevilha, o bairro de Triana é o polo artesanal
das famosas peças de cerâmica e
porcelana, destaques da região da
Andaluzia. Lá você com certeza vai
encontrar alguma peça para levar de
souvenir ou presentear os
amigos. Algumas lojas oferecem visitas guiadas
a seus ateliês onde você vai aprender
todo o processo, desde a produção até a
venda.
- Produtos: Além das cerâmicas e
porcelanas típicas de Sevilha, várias
outras opções fazem a alegria do
turista: leques, acessórios e vestidos de
flamenco, os tradicionais chapéus
artesanais andaluzes e o incenso símbolo da Semana Santa de
Sevilha que pode ser encontrado em
vários aromas e normalmente é oferecido
junto com o braseiro de cerâmica.
- Gastronomia: Se você quer ter uma boa
lembrança gastronômica, Sevilha oferece
algumas opções bem inusitadas, como o
vinho de xerez, os doces de conventos
que você só encontra mesmo em um
convento, o azeite de oliva extra
considerado um dos melhores do mundo, e
por fim o tradicionalíssimo presunto, o
jamón ibérico.
- Antiguidades e Mercado das Pulgas: Se
tiver tempo sobrando em Sevilha, vale
dar uma chegada ao Mercado “El
Jueves“, o mais antigo de Sevilha, pois sua
origem remete ao século XIII.
Localizado na Calle Feria, n.4, ele
funciona todas as quintas-feiras,
afinal jueves em espanhol significa
“quinta-feira”, daí vem a inspiração
do nome. Nele são vendidas antiguidades,
produtos de segunda mão, itens de
artesanato, móveis, livros, cerâmicas,
roupas flamencas, pinturas,
brinquedos, esculturas e muito
mais. Horário de funcionamento: toda
quinta-feira das 07 h as 15h (exceto
feriado santo).
Observação: Existem algumas ruas e
zonas bem comerciais onde você pode
encontrar os artefatos tradicionais de
Sevilha. Durante as explicações do
roteiro já mencionei algumas delas como
o bairro Triana e a Calle Sierpes. Mas
vale mencionar também a Calle Tepuan,
que corre paralela à Sierpes e tem uma
grande variedade de lojas de marcas
famosas, bares, cafés e lojas de
souvenirs.
Agora, vamos ao que
interessa... o que comer em
Sevilha!!!
Além da tradicional Paella,
um dos pratos mais famosos
da Espanha, Sevilha
oferece várias comidas típicas que
deixam qualquer um com água
na boca e a grande vantagem
é que a maioria dos
restaurantes dão a
possibilidade de escolher a
comida na versão tapas ou na
versão prato. A versão tapas
tem a vantagem de você poder
experimentar várias opções
para saber de qual gosta
mais.
O Pescaíto Frito é um dos
pratos mais famosos dos
bares e restaurantes de
Sevilha. É composto por
diferentes tipos de pequenos
peixes, empanados com
farinha e depois fritos em
azeite ou óleo. Os peixes
mais utilizados são aqueles
que possuem poucas espinhas.
O Gaspacho mais do que um
prato típico de Sevilha é um
prato típico da Andaluzia. É
essencialmente servido
durante os quentíssimos
meses do verão, sendo uma
sopa fria feita à base de
tomates, pimentões, pepino,
cebola e alho.
Outro prato muito
tradicional em Sevilha é o
Rabo de Toro, um ensopado
feito com rabo de boi ou
de vaca, onde se adiciona
tomate, cenoura, vinhos,
especiarias, entre outros
temperos. Geralmente, o
rabo de boi é frito e
depois servido com o molho
por cima. Outro prato
famoso é o Huevo a la
Flamenca, uma das comidas
mais tradicionais e um
prato bem simples à base
de ovos e legumes. Alguns
restaurantes dão uma
incrementada adicionando
salsichas, presunto, molho
de tomate ou cebola.
Espinafres com Grão de
Bico é outro dos pratos
famosos de Sevilha e
consiste na mistura de
espinafres com grão de
bico cozido refogados e
temperados com várias
especiarias. E se a pedida
for uma porção de batatas,
além das tradicionais
Papas Bravas, outra opção
é experimentar as Papas
Alinás, batatas cozidas,
servidas frias e
condimentadas com azeite,
vinagre, cebolinha e
salsa. E se a vontade for
de um sanduiche típico, a
sugestão é experimentar o
Pringá, feito com a carne
desfiada dos tradicionais
cozidos.
Mas se for hora de um
happy hour, é obrigatório
provar os tradicionais de
Sevilha. O Vino Tinto de
Verano é a bebida mais
consumida na cidade,
principalmente na
primavera e no quentíssimo
verão local, e é feito com
vinho tinto, soda, frutas
e gelo. Já a famosa
Sangria é outra bebida
muito comum em Sevilha,
muito parecida com o vino
tinto de verano, mas com o
acréscimo de muitas outras
especiarias, como canela,
açúcar, suco de laranja,
entre outros.
Rabo de Toro
|
||
Espinafre com Grão
de Bico
|
Como existem excelentes opções tanto em
Triana como no Centro Histórico, resolvi
dividir por bairros, para facilitar a
escolha se estiver na região.
Em Triana:
-
Casa Ruperto: Calle Santa
Cecilia, 2 - Telefone: +34 954 08 66
94
É o templo das codornizes, mas muitos internautas recomendam também o guisado de caracol e cabrilla ou a pringá, um sanduíche feito com a carne do guisado. -
Bar Juan Carlos: Calle Febo,
6 - Telefone: +34 626 213 067
É o paraíso dos petiscos à base de queijos, com mais de 100 variedades e também vários tipos de patês e outras iguarias. Se destaca por suas cervejas nacionais/internacionais. -
Freiduría Reina Vitoria: Calle Rodrigo de Tirana, 51 -
Telefone: +34 954 33 50 47
É o lugar ideal para comer bacalhau bem como peixes e frutos do mar, como lulas, calamares e muitos mais. Simples mas com preços acessíveis. -
Bar Salomon: Calle López de
Gómara, 11 - Telefone: +34 954 33 35 21
É o lugar perfeito para os pinchos e as carnes grelhadas. -
Las Golondrinas 1: Calle
Pagés del Corro, 76 - Telefone:
+34 954 33 82 35
Las Golondrinas 2: Calle Antillano Campos, 26 - Telefone: +34 954 33 16 26
É considerado um "must" em Triana, com duas filiais: a primeira é mais tradicional enquanto a segunda tem estilo contemporâneo. Suas especialidades são pontas de lombo de vaca, cogumelos grelhados, bochechas ibéricas e caballitos de jamón. -
Bar Blanca Paloma: Calle San Jacinto, 49 - Telefone:
+34 954 33 36 40
Sua fama se deve aos bocaditos de mejillones, um croquete de mexilhões muito saboroso. Outro prato famoso são as berinjelas recheadas com camarões. -
Restaurante El Mero: Calle Betis, 2 - Telefone:
+34 955 27 11 61
É o paraíso dos amantes do peixe frito, que preza pela boa qualidade a um preço razoável.
No Centro Histórico:
-
Bodega Santa Cruz: Calle Rodrigo Caro, 1 - Telefone:
+34 954 21 86 18
Super tradicional, com cara de boteco raíz, é uma excelente opção para entender a cultura das bodegas de Sevilha. Apesar de meio apertado e com algumas filas, vale a pena pela qualidade e preços acessíveis. Dica: as croquetas de rabo de toro e carrillada, as beringelas fritas, o queijo de cabra frito com geleia, o espinafre com queijo. -
Bar Dos de Mayo: Plaza de la Gavidia, 6 - Telefone: +34 954 90 86 47
Se der, sente no balcão e não deixe de provar: Pollo Mostaza, Gambas em Bechamel, Buñuelo de Bacalao, Bacalao Viuda, Barriga de Atum. Melhor custo-benefício, com qualidade e muita criatividade nos pratos. Obs: o pão é cobrado mesmo sem consumir. -
Taberna del Arenal: Calle Almirante Lobo 2 -
Telefone: +34 954 22 11 42
No almoço há opção de menu por 12€ com 2 pratos, bebida, pão e sobremesa. Mas dá pra ir de tapas que são mais elaboradas e ousadas como as de Carne gratinada com tomate e berinjela, Alcachofras de Foie com Porto, Lombo Roquefort. OBS: Pão cobrado mesmo sem consumir. -
Empanadas BreadSquare: Plaza
Jesús de la Pasión, 13 c - Telefone: +34 682
26 68 44
Excelente custo benefício, as empanadas são consideradas as mais gostosas de Sevilha. Custam 2,5€ a unidade ou 3 unidades por 6€ e a de o de chicharron é uma das mais pedidas. A lata cerveja custa 1€ e vem super gelada. -
Taberna Belmonte: Calle Mateos
Gago, 24 - Telefone: +34 954 21 40 14
As tapas são super gostosas e grandes, algumas dicas: queso de cabra sobre torta de aceite y romero, aderezada con miel y mermelada de pimientos, wolomillo de cerdo ao whisky. A cerveja é meio cara, custa 3,3€ mas vem em um copo bem grande. Obs: Pão cobrado mesmo sem consumir. -
Dona Carmen: Calle San Eloy, 19 -
Telefone: +34 955 67 31 29
O melhor lugar para um café da manhã com churros. É uma cafeteria bem tradicional localizad no centro histórico. -
Bodegón Alfonso XII: Calle Alfonso XII, 33 - Telefone: +34
954 91 04 20
É uma ótima opção para quem deseja algo menos turístico. Serve menu do dia na hora do almoço a €9,50. Com cara de boteco raiz, o lugar oferece ótimas opções de comidas típicas. A preferida é a paella mista a €15 por pessoa, come-se muito bem. -
Gusto: Calle Alemanes, 23 -
Telefone: +34 954 50 09 23
Com vista para a Catedral é uma das melhores opções para se conhecer o melhor da culinária mediterrânea. Com um ambiente aconchegante e com ótimo atendimento, serve café da manhã, tapas e ainda jantar a la carte. Uma opção mais cara, na base de 25 euros por pessoa. -
Cuna 2 – Baco: Calle Cuna, 2 -
Telefone: +34 954 21 11 07
Outra opção também mais dispendiosa, o Cuna 2 – Baco é cheio de detalhes arquitetônicos e de decoração. Existem diversas opções mas caso decida pela paella, dizem que a de arroz negro, feito com tinta de polvo é deliciosa. -
El Librero Tapas y Quesos: Pje. Andreu, 4 - Telefone: +34 955
27 66 11
É um lugar que prepara comida tradicional andaluza com bons produtos da terra. Tem menu do dia com dois pratos, sobremesa e bebida por um preço de € 12 euros.
-
Maria Trifulca: Plaza del Altozano, 1 - Telefone: +34
954 33 03 47
De seu terraço você pode apreciar as ruas estreitas do bairro, a Plaza del Altozano e mais distante, a Catedral. É super badalado, cheio de celebridades. Um cardápio bem variado com ampla seleção de pratos à base de peixes e frutos do mar. -
Level 5th: Plaza de Chapina, s/n - Telefone: +34 608
66 73 73
O bar com terraço panorâmico do hotel fica no Hotel Ribera de Triana e é o lugar perfeito para tomar uma relaxar. Tem solário e piscina e uma das mais desbundantes vistas de alguns dos monumentos mais famosos de Sevilha. -
Betis 7 Triana Experience: Calle Betis, 7 - Telefone: +34 644 00
90 78
Um restaurante com receitas que reinterpretam a tradição andaluza com toques do Oriente, da Itália e outras cozinhas do mundo.
À noite, se você ainda tiver forças, pode ir ver
um show de flamenco. Há excelentes espetáculos de
dança flamenca em Triana (mais autênticos) como
também no Centro Histórico (mais pra turista ver):
- Em Triana:
- Tablao Flamenco: Calle Francos, 33 - Tel: +34 656 50 50 50
- Teatro Flamenco Triana: Calle Pureza 76 - Tel: +34 611 00 23 30
- Tablao Orillas de Triana: Calle Castilla, 94 - Tel: +34 955 22 64 11
- Tablao Pura Esencia: Calle Betis, 56 - Tel: +34 667 58 81 61
- Triana Flamenca: Calle Conde de Bustillo, 17 - Tel: +34 722 74 62 05
- No Centro Histórico:
-
Museo do Baile Flamenco: Calle Manuel Rojas
Marcos, 3
Telefone: + 34 954 340311
www.museodelbaileflamenco.com
Ingressos: https://tickets.museodelbaileflamenco.com/ -
Casa de la Memoria: Calle Cuna, 6
- Telefone: +34 954 56 06 70
www.casadelamemoria.es/
Ingressos: https://www.casadelamemoria.es/en/informacion/ - Tablao Flamenco Azahar Sevilla: Calle Cruces, 7 - Telefone: +34 691 662415
- La Casa del Flamenco: Calle Ximénes de Enciso, 28 - Tel: + 34 955 029999
- Casa de la Guitarra: Calle Mesón del Moro, 12 - Telefone: + 34 954 224093
-
Fique de olho no calendário: as procissões de
Semana Santa levam multidões de devotos às ruas.
Os festejos duram uma semana, do domingo de
Ramos ao domingo da Ressurreição. Programe
viagem nesse período apenas se tiver intenção de
participar dos atos religiosos. Algumas semanas
depois da Páscoa, a cidade lota novamente. É a
Feira de Abril, que começou como exposição
agropecuária e se transformou num megaevento de
tradições sevilhanas, que acontece duas semanas
depois da Páscoa, com muita alegria, música,
dança e bebida.
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Em julho e agosto as temperaturas em Sevilha
costumam ser escaldantes e muitas vezes chegam
atingir 40°C, acabando por atrapalhar um pouco
os passeios ao ar livre. É necessário dizer que
Sevilha é uma das cidades mais visitadas da
Espanha e o destino ganha mais vida na
primavera/verão. A alta temporada é entre abril
e maio, quando a cidade vive suas festas
tradicionais: a Semana Santa e a Feira de
Sevilha.
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Alguns estabelecimentos comerciais costumam
fechar das 13 às 16 hs, então é bom ficar ligado
na hora das compras.
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Outra importante dica sobre Sevilha é referente
ao café da manhã. É muito raro os hotéis e
hostels incluírem o café da manhã na diária.
Então, aproveite essa notícia ruim para comer um
belo tostado ou um montadito, um sanduíche,
pelas ruas da cidade.
- Transporte Urbano: Sevilha é uma cidade cômoda para percorrer a pé, especialmente no centro histórico. Mas se precisar ir mais longe, fique por dentro do sistema de ônibus na cidade. Em Sevilha, existem 44 linhas diurnas e 9 noturnas que abarcam praticamente todas as zonas do centro e os arredores da cidade. Você pode consultar as linhas de ônibus da cidade no site oficial da empresa de transportes, a Tussam.
- Horário e frequência: das 6h às 23h todos os dias com exceção dos feriados, nos quais as rotas começam um pouco mais tarde. A frequência entre eles varia em função da linha e do horário, sendo aproximadamente de 15 a 20 minutos.
- Tarifas: O preço de um bilhete individual de ônibus em Sevilha é de €1,40 (R$7,40). Também é possível obter um cartão recarregável com o qual o bilhete simples teria um preço de €0,69 (R$3,60). Porém, a recarga mínima são €7 (R$36,80), pelo que só é uma opção recomendável se você passará muitos dias na cidade ou se sabe que vai utilizar os ônibus muitas vezes.
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Existe a opção de adquirir um cartão turístico
de 1 ou 3 dias que possui viagens ilimitadas
durante o seu período de validade. O preço é
de €5 (R$26,30) e €10 (R$52,60),
respectivamente, e é necessário pagar €1,50
(R$7,90) de depósito que lhe serão creditados
novamente ao devolver o cartão.
- Metro: Inaugurado no ano 2009, o Metro de Sevilha é um sistema pequeno mas eficaz, simples de utilizar.
- Funciona de segunda a quinta, das 6:30 às 23:00 horas. Às sextas, sábados e vésperas de feriado, o horário se amplia até as 2:00 horas.
- A frequência dos trens é de entre 4 e 5 minutos em horário de pico e de aproximadamente 15 minutos em horários de menor afluência de passageiros.
- Tarifas: O metro de Sevilha conta com apenas uma linha, mas apesar disso, o seu percurso está dividido em três zonas tarifárias diferentes. A passagem entre as diferentes zonas tarifárias se chama "salto" e a tarifa varia em função dos "saltos" que se realizarem durante o trajeto.
- Bilhete simples: €1,35 por trajeto.
- Também existe a opção de comprar um bilhete válido durante todo o dia por €4,50.
- Linhas: O metro de Sevilha é muito simples de usar, já que possui apenas uma linha de 18 quilômetros de longitude ao longo do qual se repartem 22 estações. Abaixo um mapa com as estações.
- O Sevilha Pass é uma maneira prática de conhecer a cidade, evitando filas em alguns pontos turísticos e aproveitando alguns descontos.
- Como funciona? Você compra seu Sevilla City Pass online e seleciona a data da sua chegada. Você vai receber um e-mail com um link para poder preencher as datas da sua visita ao Real Alcázar e à Catedral. Os ingressos são enviados a você por meio de um aplicativo, que você apresenta na entrada. Não é necessário imprimi-los, pois eles serão digitalizados diretamente do seu celular. Você também receberá um código de desconto, permitindo descontos em outros museus, atrações, passeios, shows e excursões em Sevilha.
- Quanto custa? O Sevilha City Pass para adulto custa 49€ e para crianças custa 13,50€. Para adicionar o cartão de transporte público, é necessário pagar mais 19€.
- Onde comprar o Sevilha City Pass? Você pode adquirir seu cartão no site Ticket Bar ou pelo Get Your Guide.
- O que inclui o Sevilha City Pass? Inclui ingresso sem fila de espera para o Real Alcázar e para a Catedral de Sevilha, 12 paradas com o ônibus Hop-on-Hop-off oficial (válido por 24 horas) e desconto de 20% para diversas atrações, museus, shows e excursões (para Málaga, Granada e Córdoba), incluindo jogos do FC Sevilla, show de flamenco Los Gallos e visitas guiadas. Você também pode incluir o cartão de transporte público de três dias e transfer de táxi particular do aeroporto de Sevilha para o hotel.
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