Toledo

*** TOLEDO ***
5° e 6° dia da viagem
Depois de visitar o Palácio Real de Anjuarez é só continuar até Toledo e se apaixonar por essa cidade que é uma das mais encantadoras cidades medievais da Espanha.

Está localizada na província de mesmo nome e faz parte da comunidade autônoma de Castela-Mancha, na região central do país. A cidade fica bem perto da capital Madrid, estando as duas separadas por cerca de 70 km.

A maioria dos roteiros passa por Toledo em excursões de um dia, mas sinceramente dá pra ficar tranquilamente dois dias passeando pelas ruas charmosas e visitando várias atrações turísticas...

Vista Panorâmica

Rodeada por muralhas, Toledo é um dos destinos preferidos dos turistas que viajam pelo país e, embora pequena, está cheia de histórias para contar e encantar. Invasões, mistura de culturas e sede do poder espanhol, todos esses fatores contam um pouco da história de Toledo.

História de Toledo

A cidade foi fundada no século III aC, pela tribo dos Carpetanos, um dos povos Celtas que viveram naquela região. Os Romanos chegaram no século II aC e transformaram completamente a Península Ibérica. Construíram aquedutos e arenas. Do que eles construíram em Toledo, infelizmente, pouco se preservou. Havia uma arena para mais de 13 mil espectadores. Dela, hoje, existem apenas ruínas mal cuidadas. Mas o maior destaque para relembrar sua passagem pela cidade é a ponte de Alcântara, que, embora bastante modificada ao longo dos séculos, também é dessa época.

Quando o Império Romano enfraqueceu, 500 anos depois, os “bárbaros” ocuparam suas terras. Eles eram tribos, povos sem a estrutura administrativa de um grande império. No caso da Península Ibérica, os bárbaros que chegaram foram os Suevos, os Alanos e os Vándalos.

Os Romanos, para tentar recuperar essas terras, viram-se obrigados a unir-se aos Visigodos, um outro povo bárbaro. Os Visigodos conseguiram expulsar os outros e controlar praticamente toda a área que é hoje Espanha e Portugal. Ficaram lá por 300 anos durante os séculos V, VI e VII.

No século VI, os Visigodos fazem de Toledo sua capital. Ao mesmo tempo, fortalecem sua monarquia, por meio de uma união jurídica e territorial dos vários reinos. Logo aliam-se à Igreja e declaram o catolicismo como religião oficial. Tudo parecia ir bem, exceto que os Visigodos viviam brigando entre si. 

Vitiza foi o penúltimo rei dos Visigodos, governando de 702 a 710. Após a sua morte houve uma disputa pelo título onde de um lado estava o Rei Rodrigo apoiado pela maioria da corte, e do outro Ágila II, filho de Vitiza. O vencedor da disputa foi Rodrigo o que fez com que Ágila buscando vingança estabelecesse uma aliança com o governador muçulmano de África, Muça Ibne Noçair, para que este facilitasse a entrada das tropas muçulmanas em Ceuta.

Noutra outra versão da história, ligeiramente mais romanceada, afirma-se que a invasão árabe resultou de uma vingança do Conde Julian, governador de Ceuta, em resposta à desonra da sua filha Florinda, que vivia e estudava em Toledo e teria sido seduzida pelo Rei Rodrigo. Como os muçulmanos estavam há anos interessados na Península Ibérica, que chamavam de Al-Andaluz, aproveitaram-se da situação. Don Julián facilitou sua entrada na Península e, com 12 mil homens, os Muçulmanos enfrentaram 40 mil Visigodos na Batalha de Guadalete.


Batalha de Guadalete

Com a vitória dos árabes, rapidamente eles ocuparam a Península e ficaram por lá por 8 séculos. Toledo foi ocupada sem luta, o exército havia ido todo para a guerra, não havia ninguém para defendê-la. Os árabes construíram muralhas para proteger a cidade, estrategicamente situada numa curva do rio Tejo, que a protegia por 3 lados. Algumas das portas dessa primeira muralha ainda estão de pé. Uma das mais antigas é a Puerta del Afonso VI, chamada também de Puerta Vieja de Bisagra. Outra é a Puerta del Cambrón.

A cidade floresceu. Os muçulmanos permitiram a liberdade de culto. Foram construídas muitas mesquitas, como a Bab Al-Mardum, um dos três monumentos mais representativos da arte Califal na Espanha. Mas também foram construídas igrejas e sinagogas durante a dominação dos muçulmanos. Duas sinagogas construídas nessa época ainda estão lá. A mais bem preservada é a Santa Maria la Blanca, construída no final do século XII. A outra é a Sinagoga de Samuel ha-Leví, também conhecida como Sinagoga del Transito, construída no século XIV.

Esse é um dos fatores pelos quais Toledo, considerada pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade, passou a ser conhecida como a Cidade das Três Culturas. Exemplo dessa tolerância é a herança cultural e arquitetônica local, em que diferentes influências, como barroco, gótico e árabe, se misturam e fazem desta uma das mais belas cidades medievais da Europa. 

Vale explicar um pouco sobre o que é o estilo Mudéjar que você vai ouvir falar muito em quase toda as cidades da Espanha. Mudéjar é um termo que deriva da palavra em árabe "mudajjan" que significa "doméstico" ou "domesticado" e que se utiliza para designar os muçulmanos ibéricos que permaneceram em território conquistado pelos cristãos, e sob o seu controle político, durante o longo processo da chamada Reconquista, que se desenvolveu ao longo da Idade Média na Península Ibérica. A estes muçulmanos foi permitido prosseguir a prática da sua religião, utilizar o seu idioma e manter os seus costumes. Durante a Idade Moderna foram obrigados a converter-se ao cristianismo, passando assim a denominar-se mouriscos. A arte mudéjar é um estilo artístico e arquitetônico para os cristãos e que incorpora influências, elementos ou materiais de estilo hispano-muçulmano, tratando-se de um fenômeno exclusivamente peninsular.

La Ciudad de Las Tres Culturas

Os cristãos levaram muitos séculos para reconquistar a Península Ibérica, e Toledo foi o primeiro passo importante nesse processo. Ela foi retomada por Afonso VI, Rei de Castela, em 1085. Ao contrário dos reinos cristãos da Península, os árabes tinham avançado muito nos últimos séculos, com destaque para medicina, astronomia e álgebra. E Afonso VI, reconhecendo essa superioridade, manteve a tolerância religiosa que já existia na cidade.

A tolerância religiosa possibilitou a fundação da Escola de Tradutores, no século XII. Esse foi um dos elementos que transformou Toledo no centro da cultura europeia. O acesso a clássicos gregos que haviam sido traduzidos para o árabe e que, agora, estavam sendo traduzidos para o latim e o castelhano, atraiu filósofos, médicos e pensadores de toda a Europa.

Com a expulsão definitiva dos mouros, a região de Castela passa a ser hegemônica na Península e isso aumenta a fama e a atratividade da cidade. É dessa época a construção da Catedral Primada, uma igreja gótica espetacular.

Assim sendo, Toledo foi elevada à capital do Reino de Castela para enfrentar melhor os sarracenos oriundos do norte de África e extremo sul da Península. Foram construídas nova muralhas, mais sofisticadas do que as antigas. Este foi o primeiro ato para a chamada Reconquista. Entre muitas disputas internas de poder real, Toledo foi crescendo e mantendo seu status de produtora de armas, armaduras e ferramentas de aço. Vale destacar também que desde os tempos romanos, Toledo prosperou na produção de aço, abastecendo exércitos com armaduras e espadas de muita qualidade.

Em 1162 a cidade foi conquistada pelo Rei Fernando II de Leão, durante o período turbulento de Alfonso VIII de Castela, que permaneceu no poder até 1166, quando foi recuperada pelos castelhanos.

Ao longo da Idade Média, a cidade foi crescendo, especialmente a partir do século XIV. Nos últimos anos da Idade Média, a Rainha Isabel I de Castela (1451–1504) ampliou a cidade, e na Catedral de Toledo os reis católicos proclamaram Joana como herdeira à coroa espanhola em 1502, e assim a Espanha se tornava o primeiro Estado oficialmente unificado. Isabel tinha construído em Toledo o Mosteiro de San Juan de los Reyes, para comemorar a batalha de Toro e ser enterrada lá com o marido, mas, depois decidiu enterrar-se na segunda cidade, onde seus restos mortais hoje descansam.

Rainha Isabel I de Castela e seu marido Fernando de Aragão

A cidade atinge seu máximo esplendor na época de Carlos I (1500 – 1558), um dos maiores herdeiros da história. Ele era neto, por parte de mãe, dos Reis Católicos, e, assim, era rei da Espanha. Por parte de pai, ele era neto de Maximiliano I, imperador do Sacro Império Romano Germânico da dinastia Habsburgo, e de Maria de Borgoña, herdeira de territórios nos Países Baixos e na França de dinastia Valois-Burgundy.

Quando assumiu o trono do Sacro Imperio Romano Germânico, em 1519, passou a ser conhecido também como Karl V ou Charles V.

Foi ele quem expandiu as conquistas espanholas nas Américas. E a prata trazida do continente foi fundamental para a manutenção do seu vasto império, sediado em Toledo.

A cidade perdeu muito de seu peso político e social na segunda metade do século XVI, com a mudanças da corte para Madrid em 1561. A ruína da indústria têxtil acentuou o declínio da cidade, embora mantivesse a sua importância como centro de poder eclesiástico.


Mas vamos ao que interessa!!! Conhecer as melhores atrações de Toledo!!! E para isso, nada melhor do que caminhar pelas portas e pontes antigas ou pelo centro histórico descobrindo os principais monumentos, igrejas e museus e também algumas atrações imperdíveis que ficam um pouco fora do circuito turístico.

Ruas do Centro Histórico

Quinto Dia - Tarde - Puertas e Puentes de Toledo

Como só temos o período da tarde para desfrutar, vou começar fazendo um percurso pelas portas e pontes da antiga cidade de Toledo. Na minha programação pretendo alugar uma scooter, que vai me permitir uma maior agilidade e rapidez na locomoção. Para esse percurso, como as distâncias são grandes sugiro o uso de taxis ou uber, para não ser necessário perder muito tempo nos deslocamentos.


Mapa do percurso das Puertas e Puentes de Toledo

A Puerta de Alcántara é a principal porta de entrada da cidade para os visitantes que chegam de trem, vindos de Madrid. Dá acesso ao interior do centro histórico da cidade, passando pelo lado oriental da muralha que a envolve. Fica em frente à ponte também denominada Puente de Alcántara, que atravessa o rio Tejo e que por sua vez é protegida por duas portas fortificadas nas suas extremidades.

De origem árabe, data por volta do século X, embora tenham sido feitas modificações importantes durante a era cristã. Teve grande relevância na defesa da cidade durante a Idade Média, por ser o lugar por onde entravam pessoas e bens. O portão é um portal em curva, típico da engenharia militar hispano-muçulmana, e sua parte principal consiste em um arco em forma de ferradura localizado entre duas torres quadradas e com ameias com fendas de setas nas laterais.

Registros históricos apontam para a existência da construção desde o domínio romano. Entretanto, ao longos dos séculos ela precisou ser reconstruída, ganhando elementos barrocos e muçulmanos.

Puerta de Alcántara

A Puerta de Alcántara fica próxima da Puente de Alcántara, um dos cartões postais da cidade e que fica situada ao pé do castelo de San Servando.

Originalmente a ponte possuía três arcos, um arco central maior e dois arcos menores. Há indícios de que a sua construção date da época romana no século III quando da fundação de Toletum. Ela foi seriamente danificada e reconstruída no século X, quando foi necessário eliminar o terceiro arco e o espaço foi preenchido por uma viga para reforçar a estrutura. Hoje ela apresenta somente o arco central e um dos arcos menores. Era uma das pontes que davam acesso à cidade e na Idade Média era uma entrada obrigatória para todos os peregrinos.

Sob o reinado de Alfonso X, sofreu graves danos devido a uma grande inundação que a destruiu parcialmente e foi novamente reconstruída. 

Originalmente existiam duas torres nas extremidades da ponte. A torre ocidental, também conhecida como El Torreón del Puente de Alcántara, pertence ao período do reinado de Alfonso X, e posteriormente foi modificada e decorada sob o reinado dos Reis Católicos. Permaneceu praticamente inalterada desde 1590 e é um verdadeiro “marco” visual volumétrico da cidade de Toledo. É uma torre executada externamente em cantaria de granito, com uma altura acima do seu nível inicial na margem que ultrapassa os 30 metros em alguns pontos.

Na parte oriental, havia uma torre de proteção também mas que desapareceu. Infelizmente não consegui descobrir na internet o que aconteceu. Só há menções sobre uma nova porta que foi erguida no mesmo local, dessa vez em puro estilo barroco. Em 1721, na época de Filipe V, decidiu-se substituir a torre defensiva externa que existia por este portão em arco em um estilo completamente diferente mas que era muito em uso na época. Um dos nomes pelos quais esta porta é conhecida é Puerta de Felipe V.

Todo o conjunto, juntamente com a Puerta de Alcántara foi declarado monumento nacional em 1921.

A Puente de Alcántara
e ao fundo o Palácio de Alcazár
Vista da ponte e ao fundo
a Puerta de Alcántara e a muralha

Os dois arcos restantes

Castelo de San Servando
 
El Torreón del Puente de Alcántara
 
O Portão de Felipe V ou o Portão Barroco

Não muito longe da Puente e Puerta de Alcántara fica a Puerta de los Doce Cantos, uma porta de origem árabe, construída no século X, e que se encontra na parte oriental das muralhas da cidade. Estava inserida em um complexo defensivo conhecido como Corachas del Alficén, que protegiam a primitiva cidadela em torno do Alcázar na época muçulmana. Com o tempo, perdeu sua utilidade, que somada às suas pequenas dimensões, fez com que a parede adjacente fosse demolida no século XVIII para abrir a atual ascensão à Calle Cervantes, deixando a Puerta de Doce Cantos relegada ao ostracismo e esquecimento.

O nome da porta é atribuído por alguns historiadores ao fato de possuir doze grandes silhares na sua fachada (pedras grosseiramente lavradas, geralmente em forma quadrada), embora outros acreditem que o nome provenha de um chafariz com doze fontes, ou de um tanque do Aqueduto Romano que existia nas proximidades.

Este é o mais modesto de todos os portões desta cidade e servia para dar passagem às tropas a pé, em direção à Plaza de Armas de Alcántara. Foi murada por séculos, mas com as reformas cívicas na década de 1920 foi restaurada e declarada monumento cultural, embora parte de sua estrutura árabe tenha sido removida. Em 2010 houve um desabamento de parte da parede que se encontra à sua frente, o que fez com que essa porta saísse temporariamente do esquecimento, a que costuma ser condenada pela abundância de monumentos que Toledo guarda.

Puerta de los Doce Cantos

Seguindo pela avenida que margeia o Rio Tejo e onde estão localizadas as principais portas e pontes, você vai chegar nas proximidades do Paseo de San Cristóbal, parque bem próximo onde há um mirante que oferece visão para o Tejo e montes que cercam a cidade. Não é um passeio essencial para conhecer Toledo e só vale a pena se você tiver tempo sobrando.


Paseo de San Cristóbal

Bem pertinho do Paseo de San Cristóbal, existe também um museu especialmente dedicado ao pintor, único em toda a país. Domenikos Theotokopoulos, nasceu em Creta, mas viveu a maior parte de sua vida em Toledo e suas obras estão espalhadas em várias igrejas, conventos e centros culturais de Toledo, além do próprio museu.
 
O Museo El Greco foi criado em 1911 pelo Marquês de Vega Inclán, famoso patrono das artes na Espanha, que se propôs reunir várias de suas obras que se encontravam dispersas pela cidade, com o grave risco de perderem-se. Com estas finalidades, o Marquês de Vega Inclán adquiriu algumas casas em ruínas dos séculos XV e XVI e realizou uma extensa reforma do imóvel para adequar os espaços ao museu. O marquês, ao adquirir o imóvel, supôs equivocadamente que se tratavam das casas onde viveu o pintor, em pleno bairro judeu da cidade. Na realidade, El Greco viveu no Palácio do Marquês de Villena, destruído depois de sofrer um incêndio que situava-se bem em frente onde hoje é o jardim do museu.

Depois de reformada as casas, a intenção do Marquês foi recriar os ambientes domésticos e mostrá-los como a verdadeira residência do pintor, evocando em seus espaços o tipo de vida e sua personalidade, como observamos na cozinha de época e uma de suas salas. Este trabalho foi pioneiro em Espanha, contribuindo para o desenvolvimento do “Estilo Espanhol” na decoração de interiores. Durante as obras de construção do museu, foram descobertos banhos judaicos do mesmo período histórico da Sinagoga do Trânsito, situada bem próxima ao Museo El Greco. Atualmente, o museu pertence ao estado, sendo administrado pelo Ministério da Cultura. 

Endereço: Paseo del Tránsito, s / n
Entrada: € 3,00
Funcionamento: 
 01/03 a 31/10Terça a sábado, das 9h30 às 19h30 e Domingos das 10:00 h às 15:00 h
 01/11 a 28/02: Terça a sábado, das 9h30 às 18h e Domingos das 10:00 h às 15:00 h

O Museo El Greco
A entrada
As Exposições
Os ambientes da casa do pintor

Continuando o caminho, bem próximo ao museu fica a Sinagoga Santa Maria la Blanca, e provavelmente você vai se decepcionar quando a encontrar porque é uma estrutura muito simples e que passa até despercebida pelo transeunte mais distraído. Mas a decepção vai durar pouco, porque apesar da fachada rústica e sem graça, o interior é desbundante e de tirar o folego.

Remonta ao século XII e seu estilo é o mais puro mudejar. O interior é composto por cinco naves, separadas por arcos em ferradura sobre pilares octogonais, onde se destacam os capitéis decorados. Nas suas paredes, um belo trabalho de fitas, medalhões e rosetas com vieiras, atauriques e estrelas tecem uma bela renda que contrasta com a sua alvura lisa. É de notar o profundo contraste que se faz patente entre a humildade exterior e o luxo que se aprecia dentro, conforme a tradição oriental de "todo fazia o interior". 

Construída no princípio como sinagoga, foi convertida na segunda metade do século XV numa igreja da Orden de Calatrava. Em 1550, o cardeal Siliceo converteu-a numa refúgio penitencial para mulheres de vida duvidosa arrependidas. No século XVIII foi ocupada como quartel para as tropas da guarnição de Toledo. A meados do século XIX, o edifício foi declarado monumento nacional. Depois da guerra civil espanhola, um decreto real do governo entrega Santa María la Blanca à Igreja Católica.

Endereço: Calle Reyes Católicos, 4 - Bairro Judeu
Funcionamento: Todos os dias da semana 
 No inverno das 10:00 às 17:45 e no verão das 10:00 às 18:45 horas

Interior

Fachada da Santa Maria La Blanca

Um pouco mais adienta, fica outra grande atração de Toledo que é o Monastério de San Juan de Los Reyes, um exemplo magnífico da arquitetura gótica-isabelina. É considerado como uma das amostras mais valiosas deste estilo, também denominado de Reis Católicos, e que nasceu durante o reinado de Fernando e Isabel representando a transição entre o gótico final e o princípio do Renascimento, absorvendo influências da Arte Mudéjar, dos Países Baixos e da Itália. A estrutura das edificações possuem influências flamenga e castelhana. Já os elementos decorativos se inspiram a arte islâmica.

Monastério de San Juan de Los Reyes

Foi construído pela Ordem dos Franciscanos entre os séculos XV e XVI, em uma demonstração de gratidão a Deus pela vitória na Batalha de Toro durante a Guerra de Sucessão Castelhana, entre D. Afonso V de Portugal e Isabel de Castela, em 1476. Depois da Reconquista e das descobertas na América, a Rainha Isabel I patrocinou várias construções que espelhassem todo o poder e riqueza conquistados e, uma delas, foi o Monastério de San Juan de Los Reyes.

O interior do edifício consta de uma ampla nave, em cuja cobertura destacam-se a cúpula e as denominadas bôvedas de crucería, típicas do gótico. São marcantes também o presbitério, o coro alto e capelas laterais entre os contrafortes, destacando a abundante decoração que adorna o cruzeiro e a capela-mor.

Cúpula
Bovedas de Cruceria

Através de uma pequena porta, você pode acessar o claustro em estilo gótico, que rodeia um jardim com roseiras e laranjeiras, a Igreja de São João e o quadro Fuente el Fresno que retrata a morte de franciscanos fuzilados na Guerra Civil Espanhola, em 1936. 

O quadro Fuente el Fresno é uma homenagem aos monges que perderam suas vidas. A Ordem Franciscana de Consuegra era formada por sacerdotes e estudantes de Teologia e ao todo, 28 deles, considerando 9 sacerdotes, foram mortos a mando do Governo da República, em Fuente el Fresno, Cidade Real.

Claustro
Bovedas de Cruceria


Fuente El Fresno


O claustro é considerado uma obra-prima de Enrique Egas e é composto por quatro asas abertas para um pátio, através de grandes janelas de rendilhado extravagante, cercada por um friso com decoração de plantas e animais. No piso superior, encontra-se o belo telhado policromático que repete, como um motivo ornamental, emblemas, armas e iniciais de Isabel e Fernando, feitas no estilo mudéjar.

No segundo piso, o teto em estilo mudéjar com arcos decorados e o telhado e gárgulas completam essa maravilha arquitetônica.


Teto em estilo mudéjar

Terminado em 1495, o monastério de San Juan de los Reyes foi duramente bombardeado pelas tropas de Napoleão, que devastaram sua valiosa biblioteca e decapitaram várias estátuas do claustro. Depois de efetuadas restaurações, o monastério foi declarado Monumento Nacional em 1926.

Para visitar o mosteiro, é preciso pagar um ingresso de 3,00 euros. Há ainda opções de desconto para alguns grupos de pessoas por 2,40 euros, além de gratuidade para crianças.

Não muito longe do Mosteiro de San Juan de los Reyes fica a Puente de San Martín, uma das pontes históricas e monumentais mais importantes da cidade sobre o rio Tejo, e que fica localizada no sentido completamente oposto à Puente de Alcántara que liga a cidade ao leste. 

Neste local, durante a dominação árabe e nos primórdios da colonização cristã, havia uma ponte para barcos que foi destruída por uma inundação. Em 1368, durante a guerra entre Pedro I e seu meio-irmão Enrique de Trastámara foi praticamente destruída e foi ordenada a construção de uma nova ponte mais reforçada pelo arcebispo Pedro Tenori, que só foi finalizada no final do século XIV.

Puente de San Martin

Construída inteiramente com silhares de granito, é constituída por cinco arcos ligeiramente pontiagudos, destacando-se o central pela sua dimensão, com um vão de quarenta metros e mais de vinte e seis metros de altura acima do nível do rio. Ambos os lados da ponte foram fortemente fortificados com torres defensivas de planta poligonal irregular, uma em cada extremidade. A torre que melhor preservou a sua estrutura medieval é a exterior, onde ainda se avistam uma abóbada em tijolo e vários arcos pontiagudos e em ferradura, bem como uma ameia com merlões muçulmanos.

É muito provável que o construtor que a projetou tomou como referência a vizinha ponte de Alcántara, embora a maior largura do Tejo neste ponto do seu curso obrigasse a aumentar o seu número de arcos para cinco. 

Torre Externa
Torre Interna

Já nos séculos modernos, as reformas e mudanças seguiram seu curso. Por exemplo, durante o reinado do último dos Habsburgos, Carlos II, os acessos foram alargados, a torre interior foi modificada e como elemento comemorativo foi adicionada uma placa com o escudo imperial e duas figuras de monarcas.

Finalmente, deve-se acrescentar que até a data recente de 1976 a Puente de San Martin teve que resistir ao tráfego rodoviário. Mas depois dessa data apenas o tráfego de pedestres foi permitido para conservação de sua estrutura.


Abóbada em tijolos e os arcos duplos das portas

Uma lenda sobre a ponte conta que quando o arquiteto estava inspecionando a ponte um dia antes da inauguração, ele ficou horrorizado ao notar que havia cometido um erro de cálculo perigoso e que a ponte desabaria assim que seus suportes fossem removidos. Ele foi para casa e disse à esposa que a ponte iria desabar, com ele nela e que ele cairia em desgraça. Naquela noite, enquanto ele dormia, sua inteligente e amorosa esposa, para evitar a desgraça e o castigo do marido, secretamente caminhou até a ponte e provocou um incêndio para garantir que toda a construção fosse queimada. Seu marido foi salvo da desgraça e a ponte foi reconstruída sem os erros de cálculo estruturais originais.

Independentemente da veracidade de uma lenda tão bela, não há dúvida de que esses tipos de histórias confirmam a enorme dificuldade de construir essas obras de engenharia sobre rios caudalosos da Idade Média com arcos de dezenas de metros.


Placa com Escudo Imperial
 
Voltando um pouco pelo mesmo caminho, nas proximidades do mosteiro, os turistas chegam à pequena Plaza de San Juan de Los Reyes, e bem pertinho fica outra porta de acesso à Toledo conhecida como Puerta del Cambrón também conhecida no passado como Portão dos Judeus ou Portão de Santa Leocádia. Tem se especulado a possibilidade de que o nome do portão, del Cambrón, tenha sua origem no crescimento de um arbusto espinhoso no topo das ruínas de uma das torres, antes da última reconstrução do portão, em 1576.  Foi declarado Monumento de Interesse Cultural.

De estilo renascentista, possui dois pares de torres e dois arcos, sendo construídos em pedra e tijolo. Sofreu duas reformas no início da década de 1570 e em 1576. O portão foi pouco danificado durante a Guerra Civil Espanhola.

Cruzando o portão fica o Paseo de Recaredo, um parque na parte oeste da cidade de onde é possível observar os rochedos e construções que compõem este lado do município. O mais interessante do Paseo de Recaredo são as escadas rolantes que facilitam o acesso ao centro velho, que é sempre fechado ao trânsito. As escadas estão situadas em um promontório e vai do Paseo Recaredo às muralhas de Toledo. Como elas têm algumas paredes externas de vidro, a vista pode ser magnífica sobre a grande Toledo e as planícies além. O acesso é gratuito e há também um enorme estacionamento gratuito nas proximidades.

Mas não se engane, o Paseo Recaredo é bem extenso e a caminhada entre a Puerta del Cambrón e as escadas rolantes é bem longa... mas se tiver tempo sobrando, vale a pena conhecê-lo.

Puerta del Cambrón

Paseo de Recaredo e no canto superior esquerdo pode-se ver as escadas rolantes

Continuando em frente, chega-se à Puerta de Bisagra, que separa o centro histórico de Toledo da parte nova da cidade e é considerada a porta monumental do centro histórico, de inspiração árabe e cujo acesso é o mais utilizado por quem entra na cidade vindo da rodoviária ou estação de trem de Toledo. 

Na verdade existem dois portões de Bisagra... o antigo e o novo e estão localizados bem próximos um do outro. Na maioria das vezes quando se indica a Puerta de Bisagra, estão se referindo à nova. Chama a atenção o fato dos portões combinarem diferentes estilos arquitetônicos. 

A Puerta de Bisagra Antiga também é conhecida como Puerta de Alfonso VI, pois segundo a tradição o rei entrou por ela ao reconquistar Toledo em 1085. Desta forma também se distingue da Puerta Nueva de Bisagra, que fica bem perto.

Recebeu o seu nome original Bab al-Saqra, de acordo com textos do século XII, que significa Porta do Santo. Foi a entrada principal da cidade e é de origem muçulmana, do século IX. Conserva a sua estrutura frontal praticamente como na origem, uma vez que esteve murada durante muitos anos, quando foi inaugurada a nova Puerta de Bisagra na época de Carlos V.

Corresponde a um prolongamento das muralhas da cidade e é um bom exemplo da arquitetura militar árabe e é o único resto da muralha árabe que foi preservado. Apresenta uma forma retangular com um arco de entrada ladeado por quatro arcos salientes.

A fachada exterior apresenta um arco em ferradura de estilo califal, onde se notam influências bizantinas. Os silhares de granito mal ajustados sugerem que correspondem a demolições e materiais retirados de obras anteriores. 

Puerta de Bisagra Antigua

A Puerta Nueva de Bisagra é a porta mais famosa das duas e é reconhecível por suas enormes torres circulares. A sua origem é muçulmana, período em que se preserva o núcleo central, mas foi reconstruída por Alonso de Covarrubias no século XVI.

É constituída por dois corpos separados, com duas paredes altas que se unem, formando um pátio entre eles, onde se encontra uma estátua de Carlos V. 

Na verdade, escavações arqueológicas descobriram que a Puerta Nueva é mais antiga que a Puerta Antigua... como assim??? Em 1999, por ocasião do restauro das muralhas e portões de Toledo, documentou-se que a estrutura renascentista da Puerta Nueva foi erguida sobre um antigo acesso em cotovelo, hoje apreciável no pequeno pátio anexo ao pátio principal denominado "pátio da reunião". Embora algumas das aberturas originais estivessem cobertas, durante a escavações foi possível exumar vários materiais que datavam claramente esta porta antes da conquista da cidade por Afonso VI em 1085. Sendo assim, é certo afirmar que a Puerta Nueva tem partes de sua estrutura claramente anteriores à vizinha Puerta Antigua. 

Puerta de Bisagra Nueva

O pátio interno e a estátua de Carlos V

No início do século XVI, a antiga estrutura onde hoje se encontra a Puerta Nueva estava em péssimas condições, seus materiais foram até roubados pelos próprios vizinhos para construir suas casas. Em 1548 foi pensado em se fazer uma reparação, mas decidiu-se construir uma porta totalmente nova. Foi utilizado um estilo classicista para modelar os símbolos imperiais que se materializaram ao longo da obra, especialmente na fachada principal, o que confere um aspecto sólido e militar muito alinhado com a ideologia imperial.

Um dos episódios históricos menos conhecidos da Puerta Nueva de Bisagra é o colapso de uma de suas torres externos, ocorrido após um episódio de fortes chuvas, em 1946. Este é assim que a ABC a intitulou: «Em Toledo, a torre da Puerta de Bisagra desaba. Não houve infortúnios.


A queda de uma das torres em 1946

Bem pertinho da Puerta de Bisagra, ficam 3 atrações turísticas um pouco fora do roteiro convencional, mas que vale super a pena dar uma passada se você for ficar dois dias em Toledo. A primeira é a Puerta del Sol, um portão construído no final do século XIV pelos Cavaleiros Hospitalários. O nome do portão vem do sol e da lua que uma vez foram pintados de cada lado do medalhão localizado acima do arco do portão. Este portão foi nomeado devido à sua orientação para o leste, onde o sol sempre nasce. O portão não está mais lá, mas a entrada está.

A Puerta de Valmardón cujo nome original era Puerta Bab al-Mardum, foi construído no século X e é um dos portões mais antigos da cidade. Seu nome 'mardum' em árabe significa "bloqueado", talvez porque a sua função foi assumida pela Porta do Sol. O nome espanhol Valmardón é uma imitação fonética grosseira do árabe. 

Ao lado fica a Mesquita de Cristo da Luz, ou Mesquita Bab al-Mardum, da época califal, aproximadamente do ano 1000 d.C, e permanece intacta desde a sua construção. Na época de sua construçao, era um pequeno oratório orientado à Meca, para uso daqueles que chegavam ou saiam da cidade. Com a reconquista de Toledo, a mesquita foi adaptada ao culto cristao, quando o rei Alfonso VI cedeu o monumento aos Cavalheiros da Ordem de San Juan, que estabeleceram uma ermita que passou a ser conhecida pelo nome Ermita del Cristo de la Luz, graças a um Cristo crucificado que foi colocado e substituído posteriormente por uma imagem da Virgem da Luz.

De planta quadrada, a fachada é em tijolo decorada com arcos que lembram a Mesquita de Córdoba. No interior os arcos em ferradura suportam nove abóbadas, sendo a sua configuração diferente nas diferentes secções da nave. Quando foi consagrada ao culto cristão, foram acrescentados o transepto e uma abside de estilo mudéjar decorada com arcos cegos.

Puerta del Sol
Puerta de Valmardón
Mesquita de Cristo da Luz

Bom, assim chegamos ao final do roteiro das Puertas e Puentes de Toledo. O jeito é ir jantar alguma delícia gastronômica local (sugestões no final da página) e ir descansar bastante, porque amanhã tem mais!!!


Sexto Dia - Centro Histórico

A idéia é acordar bem cedo e visitar todas as atrações do Centro Histórico... Lá vamos nós de scooter, que é o melhor e mais rápido meio de deslocamento... O mapa abaixo dá uma idéia dos percursos a fazer, mas na minha opinião, nem tudo vai dar tempo de ver... talvez no máximo uma passada na frente pra tirar uma foto rapidinho!!!


Mapa do percurso do Centro Histórico

Vamos começar o dia visitando um dos principais pontos turísticos de Toledo, o Palácio Alcázar de Toledo, que é um palácio fortificado sobre rochas, construído para ser o palácio real e que se encontra situado na parte mais alta de Toledo, de onde domina toda a cidade. Ao longo da história esse edifício majestoso teve várias funções: foi tribunal, palácio romano, prisão, academia de infantaria, palácio real e museu. Foi destruído e restaurado várias vezes, mas essa longa e atribulada história o torna um dos mais importantes pontos turísticos de Toledo.

A história das construções começou na época romana, com a existência de um palácio do século III. Foi continuamente restaurado ao longo dos séculos, principalmente nos reinados de Alfonso VI e Alfonso X e modificado sob o mandato de Carlos V em 1535 que decidiu converter a antiga fortaleza medieval em uma residência digna de um monarca, para isso destruiu quase que completamente o antigo castelo medieval. Como residência oficial dos Reis de Espanha foi utilizado em múltiplas ocasiões.


Panorâmica do Palácio Alcazár, com as muralhas
e a Puente de Alcantára abaixo

Devido à contínuas paradas nas obras se tornou em 1643 uma prisão e quartel militar antes de sediar a Academia de Infantaria da cidade. No início do século XVIII sofreu um grande incêndio proposital durante a Guerra de Sucessão e no século seguinte dois outros incêndios na Guerra da Independência desta vez por acidente. Durante a Guerra Civil Espanhola converteu-se num ponto defensivo e de resistência da Guarda Civil, sendo quase completamente destruído pelas tropas republicanas. Algumas salas ainda se apresentam como àquela época, depois de serem severamente bombardeadas durante o cerco que durou 70 dias. Quando foi finalmente liberado, recebeu a visita de Franco e a propaganda franquista converteu o episódio num mito e símbolo político do Nacionalismo Espanhol.

Depois da guerra foi reedificado, atualmente abriga a Biblioteca de Castilla-La Mancha e desde 2011 o Museu do Exército. O museu é muito completo, mas também muito grande e é possível passar um dia inteiro visitando-o. Mas se mesmo assim quiser visitar uma das coisas mais interessantes para ver é o sitio arqueológico. As escavações arqueológicas iniciadas em 1999 atestam as origens da construção durante a idade de bronze. Posterior ocupação na idade de ferro e na época romana e medieval.

Palácio de Alcazár

Ao visitar o complexo, percorra o entorno e conheça pontos como o Paseo del Carmen, um parque com mirantes que oferecem lindo visual do rio Tejo e da região de Toledo. 

As visitas ao palácio acontecem de 10h às 17h diariamente, exceto às segundas-feiras.

Curiosidade:
- As quatro fachadas do Alcázar são diferentes. Com cada uma delas determinando o período que foi feito dentro das várias fases do Renascimento espanhol.
- Serviu como uma inspiração para o grande trabalho do Mosteiro de El Escorial.


Interior do Palácio de Alcazár

Bem perto do Alcazár, localizado na pequena Plaza Mayor fica o Teatro Rojas que é o principal teatro de Toledo. Foi inaugurado em 1879 no antigo "corral de comedias", uma espécie de teatro ao ar livre típico da Espanha, denominado Mesón de la Fruta e na sua construção participaram vários arquitetos. É assim denominado em homenagem ao dramaturgo toledano Francisco de Rojas .

O primeiro projeto de construção do teatro foi do arquiteto municipal Luis Antonio Fenech, que começou a desmontar a antiga construção em 1866. Com a morte de Fenech, foi nomeado o arquiteto municipal Ramiro Amador de los Ríos, que continuou o projeto com a planta já definida por Fenech com a ideia de mostrar à praça a fachada principal e partindo para o longo eixo do local o desenvolvimento do salão e do palco. Mas De los Ríos introduziu algumas novidades como multiplicar as escadas, melhorar o layout do corredor, dando-lhe uma ferradura mais aberta, modificar o layout dos diferentes andares e favorecer a ventilação pelo teto do corredor. O teatro foi inaugurado em 19 de outubro de 1879, com a representação da obra de Francisco de Rojas, no drama de honra Del Rey abajo ninguno .

Nas pinturas do teto estas aparecem Thalia, a musa do teatro, e uma série de medalhões nos quais vemos grandes autores do Teatro na Espanha, como Tirso de Molina, Calderón de la Barca ou Francisco de Rojas, que dá nome para o teatro.

Teatro Rojas
Interior

Não muito distante, fica a Catedral de Santa Maria de Toledo e é impossível não se impressionar diante dela, dada suas enormes dimensões, de 120X60m e é com certeza uma das mais ricas da Espanha, tal a quantidade de obras de arte que ali se encontra. Também conhecida por Catedral Primada, é a segunda maior da Espanha e sua arquitetura conta com outras influências, com destaque para o barroco.

Construída entre 1226 e 1493, a Catedral de Toledo é uma das estruturas históricas mais impressionantes da Espanha. Gótica e com toques mudéjar, é bastante diferenciada de outras catedrais contemporâneas europeias. O estilo mudéjar, desenvolvido na Península Ibérica dos séculos XII ao XVI, combina elementos e materiais ibero-muçulmano. Ou seja, em uma única edificação observamos estilos gótico, românico, renascentista e islâmico e o resultado dessa mistura de estilos arquitetônicos é surpreendente em suas formas e cores.

A Catedral de Toledo

A Catedral de Toledo foi erguida com pedras de Olihuelas, que foram retiradas onde hoje é um sítio arqueológico na cidade de Olías del Rey distante seis quilômetros de Toledo. Neste sítio arqueológico há presença de assentamento romano e pelo que parece foi uma pedreira de pedras brancas.

O interior é formado por 5 naves e um duplo deambulatório, espaço que designa a continuação das naves laterais e que contorna o presbitério. 

O altar-mor da Catedral de Toledo é chamado de El Transparente, construído por Narciso Tomé. O banho de luz que vem de uma apropriada fenda no teto, faz com que o altar, por alguns minutos, pareça estar se elevando aos céus, o que originou seu apelido.

O Altar El Transparente

Com seus 750 vitrais, a iluminação no interior da Catedral de Toledo faz com que qualquer um que esteja lá dentro sinta uma incrível energia espiritual e como todo templo cristão erguido na Idade Média, nota-se a sua grandiosidade, sua importância histórica e a força da religião católica em toda sua essência.

Os vitrais

Na entrada principal existem três portas, finamente entalhadas, e que levam nomes por si só sugestivos: a Puerta del Inferno que abre apenas no Domingo de Ramos, a Puerta del Perdón que abre somente em algumas datas especiais e a Puerta del Juicio Final que é a entrada principal.

Foi palco de acontecimentos importantes, como a coroação de Joana I,  rainha de Castela, Leão e Aragão. E como a maioria dos templos católicos, é o local do sepultamento de ilustres personalidades como por exemplo o Rei Sancho II, que foi Rei de Portugal entre 1223 até sua morte em 1248.

Puerta del Inferno
Puerta del Perdón
Puerta del Juicio Final

A Sacristia é considerada quase como uma sala de museu. A pintura principal El Expolio está no altar e é uma de suas mais famosas obras de El Greco (Domenikos Theotokopoulos, 1541-1614) encomendada para a Sacristia da Catedral de Toledo.

Mas há também quadros de Caravaggio, Ticiano, Goya, Van Dick e outros. O teto também foi todo decorado pelo pintor Luca Giordano, e há várias relíquias religiosas expostas.  Outra sala que se tem acesso pela sacristia expõe 70 peças entre vestimentas e tapeçaria do século 16 e 17.


Sacristia

A obra El Expolio de El Greco

Vale também visitar a Sala do Tesouro e o Grande Ostensório de Toledo que como o nome já diz, essa sala foi feita para guardar as joias da Catedral. Uma das peças de maior destaque é o Custódio de Arfe, é um ostensório de ouro que leva outro ostensório menor, este relíquia da Rainha Isabel, a Católica, que dizem ter sido feito com o primeiro ouro que chegou aqui desses lados da América.

Feito por Enrique Arfe em 1520, são 200 quilos de ouro coberto de pedras preciosas como esmeraldas, safiras, diamantes e pérolas que saem nas ruas de Toledo todo ano na Procissão de Corpus Christi.

Outras peças importantes expostas nessa sala são a Cruz de madeira pintada por Fra Angélico e três volumes da Bíblia de St. Louis datadas entre 1226-1234 e decorados com 4.887 imagens com detalhes em ouro claro.

Custódio de Arfe
Bíblia de San Luis

Horário de funcionamento:  Segunda a sábado das 10:00 às 18:30
Domingo e feriados: das 14:00 às 18:30
Valor da entrada: A entrada custa € 8 e € 11 com guia. 
Há visitas guiadas nos seguintes horários: 10:30, 11:15, 12:00, 16:00 e 16:45.

A Catedral está localizada ao lado da Plaza del Ayuntamiento, que poderia ser chamada de Praça do Município e é um dos centros mais agitados da velha Toledo, onde se situam outros três dos edifícios mais importantes e representativos da cidade: a Câmara Municipal, o Palácio do Arcebispo e o Palácio de Justiça, além da própria catedral.

Esta praça nasceu da necessidade de se criar um espaço livre em frente à Catedral de Toledo e foi encomendada pelo Cardeal Gil Álvarez de Albornoz em 1339. Para isso, foram demolidas as casas pertencentes ao município, incluindo um celeiro pertencente à Sé Catedral.


Plaza del Ayuntamiento - vista da catedral

Plaza del Ayuntamiento - vista da Câmara Municipal

Esta praça é sem dúvida a mais monumental de todas as praças de Toledo, e também é conhecida como Três Poderes e um lugar obrigatório para se visitar.

Esta praça integra as três grandes potências: o poder político representado pela Câmara Municipal de Toledo, o poder religioso com o palácio arquiepiscopal e o poder judicial representado pelo Palazzo de Justicia. São os três grandes edifícios, juntamente com a catedral, que presidem a esta praça.

O Palácio da Justiça destaca-se pela fachada gótico-mudéjar. Esta cobertura é reaproveitada, proveniente de um antigo palácio pertencente à família Peromoro. Aqui está localizado o Tribunal Provincial Seção 1 Civil e Criminal.

Palazzo de Justicia

Do outro lado da praça fica o Palácio do Arcebispo, sede do arcebispo de Toledo considerado primaz de Espanha. Doação do Rei Afonso VIII ao Arcebispo Jiménez de Rada que foi o arcebispo que ordenaria a construção da Catedral de Toledo. 

Destaca-se a sua fachada maravilhosa, obra de Alonso de Covarrubias, do século XVI, encomendada pelo Cardeal Tavera e também o portal renascentista do arquiteto Alonso de Covarrubias, datado no ano de 1543

Este palácio, ao longo da história, sofreu diferentes remodelações, como a realizada no século XVIII pelo Cardeal Lorenzana. A fachada é formada por um grande arco semicircular e é todo feito de pedra de granito.

Palacio do Arcebispo

Entre o Palácio do Arcebispo e o Palácio da Justiça fica a Câmara Municipal de Toledo, localizado em frente à Catedral Primada. A sua origem remonta ao século XIV, mas só no final do século XVI é que se realizaram as obras que lhe deram o seu aspecto atual.

A sua construção foi levada a cabo por Juan de Herrera mas pode-se dizer que houve uma maciça intervenção de Manuel Theotocópuli, o único filho de El Greco.

No século XVII, Teodoro Ardemans realizou a última reforma que consistiu em dotar as torres de mais um piso, de forma a que ficassem mais altas e não tão planas como no início.

Câmara Municipal

Em frente à prefeitura fica a fonte Cristina Iglesias. É uma homenagem ao rio Tejo e foi inaugurada em 2014. Quando a fonte está cheia, pode-se tirar uma foto capturando o reflexo da catedral nela.

Esta praça é testemunha de muitos atos da cidade. Por exemplo, aqui passam as principais procissões da Semana Santa em Toledo. Também nesta praça começam as festas do Corpus Christi de Toledo, como o desfile de gigantes e a famosa Tarasca. Durante o Natal, um mercado de Natal com seu famoso carrossel é montado nesta praça.

Fonte Cristina Iglesias
O reflexo da Catedral

Pertinho da Plaza del Ayuntamiento fica localizada a Igreja e Centro Cultural de San Marcos, uma igreja paroquial moçárabe e que antigamente era a igreja de um convento da ordem dos Trinitarios Calzados. É em estilo barroco espanhol em seu interior e em estilo Toledan Mudéjar em seu exterior.

Fundada inicialmente pelos trinitários no século XIII como parte de um Mosteiro da Santíssima Trindade, com seu amplo interior aberto de três naves, sua configuração arquitetônica evoluiu até atingir sua expressão final entre os séculos XVII e XVIII. Pouco depois, foi despejado por sucessivas apreensões estaduais, até ser convertido em quartel de infantaria e, posteriormente, em dependências municipais secundárias.

Após os danos causados ​​à sua estrutura pela guerra civil, incluindo o desaparecimento das estátuas dos santos fundadores que se encontravam nos nichos que ainda existiam na fachada principal, a degradação e o abandono tomaram conta do imponente edifício. Seus últimos usos foram como oficina de carpintaria municipal e armazenamento de mercadorias e carros alegóricos. Também foram encontrados nas ruínas restos de uma antiga fábrica abandonada. 

Foi reconstruída no século XVII. As obras tiveram início em 1628, segundo registros de Jorge Manuel Theotocópuli, filho do pintor El Greco e que na época foi também responsável por trabalhos na Catedral, do Alcázar e da Câmara Municipal de Toledo. 

No final do século XX foi modificado e ampliado pelo arquiteto Ignacio Mendaro Corsini para abrigar a sede do Centro de Artes de San Marcos e do Arquivo Municipal de Toledo. O centro também possui uma galeria de exposições e auditório para eventos.

Iglecia San Marcos
Centro Cultural San Marcos

Seguindo o caminho do mapa, no centro histórico e bem pertinho umas das outras, ficam três igrejas que são muito representativas da evolução das religiões em Toledo.

A primeira delas é a Iglesia de San Román, localizada em um dos pontos mais altos da cidade e as primeiras estruturas datam do século XII e a igreja seria consagrada em 1221 pelo arcebispo Rodrigo Ximénez de Rada. A tradição indica que nele Alfonso VIII foi coroado rei de Castela em 26 de agosto de 1166. Neste local havia uma antiga estrutura visigótica e provavelmente um antigo edifício romano. Ao longo do século XIII foi construída uma nova abside e construída a robusta torre de estilo Mudéjar. Atualmente alberga um museu visigótico, o "Museu dos Concílios e da Cultura Visigótica".
 
A segunda delas é a Iglesia Del Salvador que apesar de ser uma igreja pequena, trata-se de uma edificação excepcional, pois foi palco de 4 construções sucessivas, uma sobre a outra e assim sucessivamente. É uma igreja do século XII construída sobre uma mesquita taifa do século XI, que era uma expansão de uma mesquita omíada do século IX e antes disso era um edifício religioso visigótico. A igreja atual foi construída na mesquita e portanto está orientada para sudeste em direção a Meca. Para essa construção foram reaproveitados diversos elementos do anterior edifício visigótico, sendo o mais característico uma pilastra visigótica, com intrincados entalhes em relevo. A igreja sofreu um incêndio no século XV, o que obrigou a uma importante restauração. 

E por fim, a terceira delas é a Iglesia de San Tome, fundada após a reconquista da cidade pelo Rei Afonso VII de Castela. A igreja aparece citada no século XII, como tendo sido construída sobre o chão de uma antiga mesquita do século XI. Esta mesquita, assim como outras da cidade, foi usada como igreja cristã sem grandes alterações, já que na tomada da cidade não houve destruição de edifícios. No entanto, em inícios do século XIV, por encontrar-se em estado ruinoso, foi totalmente reedificada tendo-se transformado o antigo minarete da mesquita em campanário ao estilo mudéjar. A sua fama deve-se sobretudo por albergar no seu interior o quadro O Enterro do Conde de Orgaz de El Greco, que pode ser contemplado acedendo pela parte posterior da igreja.

Iglesia de San Román
Iglesia de San Tome
Iglesia del Salvador


Continuando pelo percurso do roteiro, vamos encontrar os Banhos Romanos de Toledo ou as Termas Romanas de Amador de los Ríos que são ruínas de termas romanas e correspondem a um período compreendido entre finais do século I e meados do século II dC. Já ocuparam quase 2.500 metros quadrados no centro histórico da cidade. Eles serviam como uma espécie de clube social onde acordos legais e negócios de todos os tipos eram fechados. 

Os banhos termais foram usados ​​até o século VI. Em 1500, eles foram parcialmente destruídos pelo povo de Toledo, que retirou as pedras dos banhos para usar em outras construções. Hoje, mármores e esculturas do local podem ser vistos nas casas vizinhas, incluindo uma escultura de um sátiro dançando nu, do qual só existe um outro conhecido no mundo, na Grécia . 

Uma pequena parte dos banhos reapareceu em 1986 durante a reabilitação de uma casa, dando origem a uma escavação arqueológica, que revelou toda a estrutura dos banhos que faziam parte do sistema de abastecimento de água potável da cidade e supõe-se que fossem instalações públicas pelos estudos feitos na infraestrutura remanescente. O uso do concreto de cal ou do arco formado por aduelas de pedra, significou verdadeira revolução na engenharia daquela época e inclusive havia um inovador sistema de armazenamento com grandes cisternas.

Além das ruínas que você pode ver no local, existe um trecho das termas exposto abaixo de uma igreja antiga, o Oratório de San Felipe de Neri, outra parte foi descoberta embaixo do piso da famosa loja de roupas Koker e inclusive o piso foi reformado e feito todo em acrílico para que possa ser visível para todos. Os banhos estão localizados no coração da cidade velha, não muito longe da catedral.

Endereço: Plaza Amador de los Ríos, 3
Entrada: gratuita
Funcionamento: 
 De terça a sábado das 10h às 14h e 17h às 20h e aos domingos das 10h às 14h

Termas Romanas

E bem pertinho, fica a Caverna de Hércules, em espanhol Cueva de Hércules é um espaço subterrâneo abobadado que remonta à época romana, localizado na Callejón San Ginés. A caverna fica sob um prédio localizado onde ficava a Igreja de San Ginés de Toledo até 1841. 

A estrutura foi provavelmente construída na época do Império Romano, provavelmente em meados do século I. Parece ter sido um reservatório de água abastecido através da ponte do aqueduto que trazia água para o outro lado do rio Tejo .

É provável que na época visigótica existisse uma igreja visigótica no local e mais tarde, durante o período Al-Andalus, desenvolveram-se outras construções, provavelmente uma mesquita, em cujas paredes estavam embutidos relevos visigóticos. As primeiras referências a esta propriedade como a igreja de San Ginés datam de 1148. No final desta época medieval tardia, ou no início da Idade Moderna, uma série de mudanças foram feitas, como a criação de cinco capelas individuais.

Abandonada e fechada ao público durante o século XVIII, a igreja foi demolida em 1841. A parede da entrada, onde estão embutidos vários relevos visigóticos, foi parcialmente preservada, assim como os restos da sacristia. O lote do terreno foi colocado à venda e dividido entre vários vizinhos.

A entrada das Grutas conduz o visitante por um amplo espaço com estrutura em metal e vidro que alberga o Museu das Grutas de Hércules, onde podem ver exposições de artistas contemporâneos, organizadas pelo Consórcio de Toledo.


Cueva de Hércules

Saindo da Cueva de Hércules, é só seguir o mapa para chegar ao convento de Santa Clara la Real que é um mosteiro de freiras Clarissas, fundado em meados do século XIV pela senhora María Meléndez e composto por dois dos mais antigos e completos palácios mudéjar de Toledo. Assim como a sinagoga de Santa María la Blanca, o monastério também traz muitas características da arquitetura árabe em sua estrutura, como as colunas, portas com design lobulados, entre outros.

Chama a atenção o fato do claustro do monastério ter características diferentes das típicas dos prédios árabes e isso se deve ao fato do claustro pertencer à parte mais antiga do monastério, do século X, duzentos anos antes da chegada dos árabes. A Igreja é constituída por duas naves paralelas cobertas por alfarjes, nas quais se conservam importantes obras de Jorge Manuel Theotocópuli, Luis Tristán, Diego de Aguilar, Pedro de Cisneros ou Juan Bautista Monegro.

O coro preserva restos de pinturas murais do século XV, esculturas do século XIV e bancas de nogueira entalhadas do século XVI. 

A fachada na Plaza Santa Clara
O interior

Seguindo sempre em frente pela Calle Alfileritos, fica localizada a praça Zocodover que é considerada a praça principal de Toledo. Antigamente já foi o ponto que concentrava a venda de animais, corridas de touros, atos de fé e mercados ao ar livre. Hoje é um ponto clássico de encontro em Toledo, com diversas opções gastronômicas e próxima de lojas de artesanatos e souvenirs. Nela fica localizado a Oficina de Turismo onde você pode conseguir informações turísticas e mapas de Toledo.

Plaza Zocodover

É nessa praça também que você encontra o Arco de La Sangre, um enorme portal árabe onde encontra-se uma estátua em bronze de 2 metros de altura de Miguel de Cervantes, o escritor da famosa obra “Dom Quixote” que tinha vários vínculos familiares, de amizade e amorosos na cidade de Toledo.

Sem pedestal, foi pensada para que a estátua se misture com as pessoas que cruzam as ruas de Toledo. Acabou virando uma tradição para o turistar tirarem fotos abraçados com a estátua.

Estatua de Cervantes e Arco de La Sangre

E bem pertinho da Plaza Zocodover fica o Museo de Santa Cruz que é um museu de arte, arqueologia e etnografia localizado no centro histórico da cidade e exibe coleções pertencentes à província de Toledo, incluindo obras pintadas por El Greco.

O museu está instalado em um edifício arquitetônico do século XVI, o Hospital de Santa Cruz, e foi considerado Bem de Interesse Cultural, desde 1902.

O museu foi criado pela Comissão Provincial de Monumentos Artísticos em 1844, com uma coleção inicial consistindo em itens obtidos das desamortizações, bem como da coleção arqueológica pessoal do Cardeal Lorenzana. 

Em 1919, o museu de arqueologia também foi transferido para a localização atual no Hospital Santa Cruz, um exemplo notável da arquitetura civil renascentista na Espanha. Uma seção de Belas Artes foi criada em 1961, e o museu foi renomeado como Museu de Santa Cruz.

O museu possui seções de Arqueologia, Belas Artes e Artes Decorativas. As obras de Belas Artes estão distribuídos no primeiro e segundo andares do edifício, e as de arqueologia, no Claustro Nobre e no subsolo. As Artes Decorativas apresentam uma amostra do artesanato folclórico Toledano, que também está localizado no piso do porão.

Endereço: Calle Miguel de Cervantes, 3
Funcionamento: Todos os dias da semana 
 De segunda a sábado das 9h30 às 18h30 e aos domingos das 10h às 14h

Museo de Santa Cruz

Abaixo, um mapa para localizar melhor as duas atrações fora do circuito do Centro Histórico: a Estação Ferroviária de Toledo e o Mirador del Valle. Vale a pena a visita, principalmente em um final de tarde.


Mapa de atrações fora do Centro Histórico

A Estação Ferroviária de Toledo é o ponto de chegada de muitos turistas que vem à cidade, e por si só já uma atração turística que deve ser apreciada mesmo se você não chegou de trem. 

É uma verdadeira jóia do estilo neo-mudéjar, que busca uma valorização do antigo mudéjar, reconhecido como um estilo arquitetônico essencialmente espanhol. A estação foi construída entre 1916 e 1920, substituindo uma anterior que datava da época em que os trilhos chegaram a Toledo, em 1858. Foi projetada pelo arquiteto Narciso Clavería e nela participaram os melhores profissionais da cidade, que a embelezaram com elementos inspirados na arquitetura e decoração mudéjares.

O interior da estação foi projetado para lembrar um palácio mudéjar, com ladrilhos e vitrais que dão um ar misterioso e encantador ao salão. O exterior também impressiona, com seus belos arcos e uma exótica torre de relógio também em estilo mudéjar, que apesar de pouco convencional em uma estação de trem faz referência aos campanários das antigas igrejas espanholas.

Em 2005, a estação foi restaurada para receber a chegada do trem de alta velocidade e é importante saber que a estação de trem fica fora dos muros da cidade. 


Estação de Trem

Bom, a visita a Toledo chegou ao fim, e olha que tem muita coisa para ver e curtir em Toledo... Para nos despedirmos, acho que a melhor opção é ir ver Mirador del Valle, um ponto de observação que fica no topo de uma colina, do outro lado do rio Tejo, fora das muralhas da cidade. Toledo tem alguns mirantes muito bonitos. Mas de todos, o Mirador Del Valle é imperdível.

Para quem vai andando, são 2,5km de caminhada desde a estação de trem até o mirante. A subida é leve e agradável, margeando a estrada que contorna a cidade, ganhando perspectivas e ângulos diferentes ao longo do caminho.

Inclusive, nesse caminho você vai passar ao lado das ruínas do sítio arqueológico de Cerro del Bu, que marca a primeira ocupação na região de Toledo. Continue subindo.

O Mirador del Vale realmente oferece um cenário encantador. Lá de cima, você vai ter uma bela vista da colina onde está Toledo, abraçada por três lados pelas curvas do Rio Tejo. Um belo jeito de se despedir da cidade...

Mirador Del Valle


Dicas de Compras e de Onde Comer:

O que comprar em Toledo:

- Espadas e Artigos Medievais: desde a Idade Média, Toledo ficou conhecida pela excelente qualidade do seu aço. As espadas toledanas trouxeram fama e riqueza para a cidade. Até hoje, é possível encontrar artesãos trabalhando o aço em suas oficinas, além de inúmeras lojas vendendo facas, espadas e até armaduras. Se você admira ou mesmo coleciona armas brancas, em Toledo você vai encontrar um pequeno paraíso. Impossível não ficar curioso pelas raridades que você encontra nas lojas de espadas de Toledo.

- Damasquinado: técnica que tem origem dos mouros e virou sinônimo de arte de Toledo. Quem gosta de artesanato vai adorar se perder pelas lojinhas e ver as bijus e artigos decorativos que usam a técnica que teve origem em Damasco e por isso ganhou seu nome. Consiste em desenhos pequenos e detalhados, com um certo padrão, e geralmente são feitos com fios de ouro ou prata em cima de um aço ou metal escuro. 

- Cerâmicas: desde a segunda metade do século XI, Toledo fazia uso e produção da atividade de olaria, principalmente para uso das comunidades religiosas. Entre os séculos XV e XVI houve uma aumento na produção de peças para armazenamento de água, vinho, azeite e grãos em decorrência do aumento do comércio na cidade. No início do século XXI, algumas oficinas de artesanato em cerâmica voltaram sua produção para o crescente setor de turismo na cidade das Três Culturas. E do lado artístico belíssimos exemplos da cerâmica toledana podem ser vistos na arquitetura interna e externa de edifícios históricos como o Mosteiro de San Juan de los Reyes, a Escola de Artes e Ofícios Artísticos, o Museo Del Greco, a Sinagoga de Santa María la Blanca ou o mercado de Abastos, bem como nos fundos do Museu de Santa Cruz .

- Gordices: toda cidade tem algum produto típico que só é feito naquela localidade e em Toledo não são poucas as opções que você pode comprar para levar durante a viagem ou para presentear algum familiar. Os queijos e vinhos toledanos são bem famosos, e até existe um Museo do Queijo que tem salas expositivas e audiovisuais, onde poderá conhecer mais sobre a história e a produção do autêntico Queijo Manchego e também degustação e loja (https://www.museodelquesomanchego.com/). Uma das gordices mais tradicionais de Toledo são as "mazapáns", doces típicos do Natal, parente dos marcipans, e diz-se que são originários de Toledo e foram trazidos pelos árabes. E não podemos deixar de comprar o famoso açafrão de Toledo, especiaria muito usada em pratos da culinária espanhola como a paella, risotos, peixes, frutos do mar, arroz e pães, cultivada na região de Toledo e considerada uma das melhores do mundo.

Espadas
Damasquinado
Cerâmicas

Queijos e Vinhos

Mazapáns

Açafrão

Onde e o que comer:

Na região do centro histórico ficam alguns bares e restaurantes com boa indicações na internet, então fiz um mapa com as localizações dos que foram citados abaixo, para a gente ter uma opção bem legal, dependendo do local onde a gente estiver na hora que bater aquela fome!!!

Mapa de alguns restaurantes bem famosos de Toledo

Um dos mais tradicionais é o Bar Ludeña, onde foram inventadas as Carcamusas, um prato típico de Toledo que é um ensopado de carne de porco com legumes.

Carcamusas

O Restaurante Palacios é simples e bem justo, já o El Trébol é mais descolado e ótimo para uma cervejinha no final do dia. Outra opção bem charmosa mas um pouco mais cara é o requintado restaurante La Orza, recomendado pelo guia Michelin.

Também no centro histórico fica a bucólica Taberna El Botero, super bem recomendada pelos internautas. Se a vontade for de um café com algum acompanhamento, a opção é o Café de las Monjas, razoavelmente bem avaliado no Tripadvisor.

Há também o Mercado de San Agustin, que reúne vários restaurantes e especialidades gastronômicas diversas em quatro andares, um verdadeiro espaço gourmet. Mas vi algumas referências na internet de que o local se encontra fechado, pode ser por causa da pandemia do covid-19.

Taberna El Botero
Mercado de San Agustin
Restaurante La Orza

Mas se gastronomia é uma parte importante da sua viagem, você vai gostar de conhecer dois restaurantes fora do centro histórico e que são mais chics e refinados. Um é o Restaurante Adolfo, de culinária tradicional, um clássico em Toledo e o outro é o Restaurante Iván Cerdeño, com uma estrela Michelin e localizado em um lugar lindíssimo, em uma casa de campo construída em cima de ruínas romanas! O ciervo assado é uma de suas especialidades.

Endereços: 
- Bar Ludeña: Plaza Horno de La Magdalena 10 - Telefone: +34 925 22 33 84
- Restaurante Palacios: Calle de Navarro Ledesma 4 - Telefone: +34 925 22 34 97
- Restaurante El Trébol: Calle de Santa Fe, 1 - Telefone: +34 925 28 12 97
- Restaurante La Orza: Calle Descalzos 5 - Telefone: +34 925 22 30 11
- Taberna El Botero: Calle Ciudad 5 - Telefone: +34 925 28 09 67
- Cafe de las Monjas: Calle Santo Tome 2 - Telefone: +34 925 22 26 03
- Restaurante Adolfo: Calle Hombre de Palo, 7 - Telefone: +34 925 22 73 21
- Restaurante Iván Cerdeño: Carretera de la Puebla, s/n - Telefone: +34 925 22 36 74
- Mercado de San Agustin: C/ Cuesta del Aguila, 1e3 Plaza de San Agustín - Telefone: +34 696 10 43 08

Dicas:

A Pulseira Turística é uma ótima opção para economizar. Com ela, você entra em sete monumentos turísticos específicos sem pagar nada além do próprio custo da pulseira. O valor é de € 9 e é gratuita para crianças de até 10 anos. Mas só vale a pena se você efetivamente for visitar 4 das 9 atrações que ela oferece.

Ela te dá o direito de visitar os seguintes pontos: Real de Doncellas Nobles, Iglesia de los Jesuitas, Monasterio de San Juan de los Reyes, Mezquita Cristo de la Luz, Iglesia de Santo Tomé, Iglesia del Salvador e a Sinagoga Santa Maria La Blanca, que separadamente custam cerca de 2,80€ cada. 

Existe também o Toledo Card, que é mais complexo e envolve até passagem de trem, e existem 4 opções que reúnem diferentes atrações.

Para maiores informações:
- Pulseira Turística: https://toledomonumental.com/
- Toledo Card: https://toledocard.com/




É expressamente proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site,
dos textos e imagens disponíveis sem autorização por escrito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário