*** MEDINA AZAHARA *** 9° dia da viagem |
No final da tarde do 9° dia da viagem, nos despedimos de Córdoba e seguimos viagem para
Sevilha... porém, antes de pegar estrada para lá, vamos fazer uma parada
para conhecer a Medina Azahara que fica no caminho a cerca de oito quilômetros da capital da Andaluzia.
Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2018, a cidade de
Medina Azahara é um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo e
uma visita é imprescindível para compreender a história de
Córdoba.
É difícil ter uma ideia da magnitude dessa cidade palatina, que já
apenas 10% da sua superfície original foi escavada. Apesar disso, os restos visíveis de Medina Azahara refletem o esplendor
do califado cordobês e o desejo de Abderramán III de refletir seu poder no Ocidente.
Para conhecer a história de Medina Azahara, ou Madinat al-Zahra, é preciso voltar ao século VIII, quando a dinastia omíada foi
expulsa do califado de Damasco. Abderramán I, originalmente Abd al-Rahman I, membro da dinastia omíada, foge para Al-Andalus, estabelecendo o
Emirado de Córdoba. Anos depois, seu sucessor Abderramán III
proclamou-se califa de Córdoba e decidiu construir a Medina Azahara em
936, uma cidade palaciana para expor o poder de seu califado ao
mundo. Seguindo a tradição oriental, seu novo status como califa exigia a
construção de uma cidade que refletisse a superioridade ante os inimigos
e que simbolizasse a dignidade de sua condição como monarca.
Cerca de dez mil pessoas trabalhavam diariamente na construção dessa
cidade que, segundo conta a lenda, deve seu nome à favorita do califa:
Azahara. Essa nova cidade palatina se assentou como sede principal do
governo do califa e como lugar de recepção de políticos estrangeiros,
principalmente chegados dos reinos cristãos vizinhos.
Após a morte de Almazor em 1002, que era o primeiro-ministro do
Califado Omíada na época, uma série de guerras internas se seguiram
para a sucessão. O que mais surpreende aos amantes da história antiga
é que a bela Medina Azahara teve uma vida efêmera de apenas setenta
anos. Entre os anos 1010 e 1013, com a guerra civil que acabou com o
califado omíada, a cidade palatina foi saqueada e destruída. Medina
Azahara seria abandonada, exposta a saques constantes até que vários
anos depois foi destruída pelos almóadas.
Em 1236, quando Fernando III "o Santo" conquistou Córdoba, Madinat
Al-Zahra eram apenas algumas ruínas cujos materiais, desde a sua
destruição no início do século XI, tinham sido utilizados para
ornamentação de edifícios em capitais almóadas como Marrakech ou
Sevilha; em catedrais como a de Braga, Gerona ou Tarragona; nas
igrejas castelhanas e no palácio do rei castelhano D. Pedro I nos
Reales Alcázares de Sevilha. Ao final só restaram as silhares e até
isso foi retirado, utilizando-as em diferentes edifícios de Córdoba ou
no vizinho Mosteiro de São Jerónimo, estabelecido no século XV.
A cidade-palácio, com o passar dos séculos, vai caindo no
esquecimento e a sua história e a origem do local foram apagadas.
Durante vários séculos, acreditou-se que os vestígios arqueológicos
eram de origem romana, de fato, até muito recentemente, o local era
chamado de “Córdoba la Vieja”. Foi só a partir do final do século XIX
e início do XX, quando várias investigações confirmaram que o que foi
encontrado lá era Medina Azahara, a cidade que o califa Abderramán III
construiu. Em 1911, começaram as obras de recuperação arqueológica,
obras que continuam até hoje sob a direção do "Conjunto Arqueológico
de Madinat al-Zahra".
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Escavações de silhares na esquina nordeste
da Plaza de Armas em Junho de 2021 |
O lugar escolhido por Abderramán III para levantar sua cidade foi
a encosta de uma montanha aos pés de Sierra Morena e em
contato com o vale do Guadalquivir.
As obras começaram em 936, a cargo do mestre alarife Maslama ibne
Abdalá. Em 945 ocorreu o translado da corte a esta cidade, que já
contava com a
Mesquita Aljama construída em 941, embora a casa da moeda só se transladasse para o
local em 948. Porém, as obras prolongaram-se até o reinado de Aláqueme
II, o que explica as similaridades estilísticas entre esta cidade e a
ampliação da mesquita de Córdoba, levadas a cabo por este filho e
sucessor.
A topografia em ladeira deste lugar explica a sua disposição em
terraços ou níveis, o primeiro dos quais corresponde à zona
residencial do califa, seguido pela zona oficial onde ficavam a Casa
dos Vizires, o Corpo de Guarda, o Salão Rico, dependências
administrativas, jardins… para finalmente albergar no terceiro nível a
cidade propriamente dita com as moradias da população e as oficinas
dos artesãos… e a Mesquita Aljama, separadas dos dois terraços
anteriores por outra muralha específica para isolar o conjunto
palatino.
Frente à ideia labiríntica e caótica característica do urbanismo
muçulmano, Medina Azara apresenta uma planta retangular de
aproximadamente 1500 metros por 750, com traçado ortogonal e uma
rede de esgoto e abastecimento de água perfeitamente planejada. É
considerada a maior superfície urbana construída de uma vez só no
Mediterrâneo.
Embora os restos arqueológicos de Medina Azahara não estejam completos,
graças às diversas campanhas de restauração é possível ter uma ideia da
magnitude original da cidade palatina. Passeando pelas ruínas da Medina
Azahara, você poderá ver os restos da imponente muralha defensiva e de
algumas partes da antiga cidade. lembrando que até os dias atuais,
somente 10% da antiga cidade foram revelados pelas escavações.
É importante saber que embora tenha havido escavação em todos os três níveis, apenas alguns dos níveis superiores podem ser acessados pelos visitantes justamente por se encontrarem ainda em obras de escavação ou restauro. Abaixo, depois de todas as minhas pesquisas, fiz um mapa completo com todas as localizações das edificações e/ou ruínas de Medina Azahara.
A visita começa quando passamos pela Puerta Norte que é a porta de acesso à fortaleza Medina Azahara. Como o
próprio nome indica, localiza-se aproximadamente no centro da
parte norte da muralha que circunda a cidade palatina, sendo a via de
entrada mais frequente que liga a Córdoba. Este portão é alcançado pelo
Caminho de los Nogales, cujo ponto final é ladeado por uma torre que
possui uma latrina e escadas de acesso ao caminho da muralha.
Pela sua disposição, seria uma porta de acesso curva, seguida de uma
sala com portas viradas, onde se localizaria um pequeno corpo de guardas
que controlava a passagem pelo interior e garantia maior segurança no
acesso à fortaleza em caso de perigo.
Acredita-se que a Puerta Norte era o local por onde a fortaleza era
abastecida tanto pelos materiais para a construção do palácio como
pelos produtos e matérias-primas destinados à população. Atualmente,
são poucos os vestígios originais da Puerta Norte, devido à pilhagem
de material das paredes durante os anos de declínio da Medina Azahara.
Ao entrar no complexo da Medina Azaraha, um dos primeiros edifícios
que podem ser vistos é a Basílica Superior, construído por volta dos anos 955-960
Sua função não é clara, razão pela qual tem muitos nomes, como Casa
Militar ou do Exército que em árabe seria Dar al-Yund, Casa dos
Vizires que em árabe seria Dar al-Wuzara, ou mais genericamente, Edifício da Basílica Superior.
Acredita-se que este grande salão deve ter sido destinado a acomodar a sede dos órgãos
administrativos do Estado Califal, embora até hoje não foi possível
atestar com precisão sua funcionalidade específica. De acordo com
alguns escritos da época, a também a possibilidade de ser um local
destinado de espera para as pessoas que seriam recebidas pelo
Califa.
De planta basílica, tem cinco naves longitudinais sendo três centrais
que constituem o núcleo e duas exteriores que as ladeiam, orientadas
Norte-Sul e uma transversal que ocupa toda a largura das anteriores,
terminando em cada extremidade com um salão. A nave central tem um
arco de ferradura triplo e o restante com arcos duplos. O edifício
praticamente conserva seu pavimento original de tijolos. Por sua vez,
o revestimento das paredes foi realizado com argamassa pintada com
almagra no plinto e branco no restante. Essa mesma alternância
cromática também poderia ser utilizada na ornamentação das
arcadas.
O salão é ladeado a poente por salas de serviço e a nascente por uma
importante habitação organizada em torno de um pátio. No lado sul
deste terraço existem outros edifícios importantes, embora menos
conhecidos devido à intensa pilhagem de suas estruturas. O jardim para
o qual o edifício se abre era originalmente uma praça sem vegetação.
Em seguida inicia-se uma rua conhecida como Calle en Rampa, cujo
percurso é em duas partes descendentes
e que se conecta ao Gran Pórtico, e imagina-se que fazia parte do itinerário seguido nas visitas protocolares que se
realizavam por ocasião da recepção de embaixadas e outros atos
solenes.
A rua é composta por dois lances dispostos em rampa, com bancos fixados
em ambos os lados ao longo de toda a sua extensão e segmentados por
várias portas ao longo do seu percurso. O seu pavimento original,
baseado em quadrados de pedra escura emoldurados por silhares de
calcário, era especialmente adequado para o trânsito de cavalaria.
Ao final da Calle en Rampa encontra-se o Gran Pórtico que era a entrada leste do recinto da fortaleza, situado em frente à praça principal. Esta grande arcada constitui a entrada emblemática, simbólica e cerimonial do coração do Alcázar, dando acesso à sua área administrativa e política.
Era originalmente constituído por quinze arcos, sendo o central em ferradura e os outros catorze arcos segmentados. O pórtico tinha dimensões aproximadas de 111,27 metros de comprimento por 2,92 metros de largura e 9,46 metros de altura. Posteriormente foi remodelado, eliminando vários dos arcos mais a norte do pórtico.
Em frente a ela há um grande espaço, que seria usado como uma "Praça de Armas" onde supõem-se que eram realizados os desfiles militares presididos pelo Califa, com uma série de salas localizadas ao norte e ao sul. A galeria em pórtico suportava um terraço, do qual não existem vestígios, pavimentado com argamassa de cal pintada com almagra. No seu centro, no arco axial, haveria um pequeno templo, de onde o califa passaria a rever a cavalaria, e que também não foi preservado.
É uma construção dramática, puramente cenográfica, mas que infelizmente com o passar do tempo, sofreu com o desgaste natural, as remodelações e os saques sobrando somente quatro de seus arcos originais.
Continuando nosso caminho, encontramos as ruínas da Mesquita Aljama, que em português seria a Mesquita Principal, a primeira de Al-Andalus cuja orientação para Meca é correta. As obras de construção da Medina Azahara começaram no ano de 936 mas a Mesquita só foi concluída no ano de 941. A cidade foi dividida em duas partes distintas: em um nível ficava a cidade em si ou como era chamada Medina, e em outro nível mais elevado a área do Alcázar. Acabaram optando por construir a Mesquita em um espaço intermediário, em uma parte mais baixa que o próprio Alcázar, deixando claro que o poder religioso estava sujeito ao poder político.
A Mesquita de Aljama foi construída no terraço localizado a leste do Jardim Alto da Medina Azahara, adjacente ao palácio, embora fora dele, e permitia o uso compartilhado do edifício para os moradores da cidade e os habitantes do alcázar. A data de conclusão da sua construção é variável sendo que algumas fontes escritas indicam o ano de 941, enquanto os restos de uma principal lápide comemorativa o atrasam até ao ano de 944 ou 945. Quase não existem vestígios do edifício, que foi um dos que sofreu a maioria da pilhagem de seus materiais.
Ruínas da Mesquita Aljama
Bem orientada para Meca ao sudeste, o plano da Mesquita é retangular, e seus três elementos principais (pátio, sala de oração e minarete) respondem ao esquema "clássico" seguido em outras mesquitas do Ocidente Islâmico. O Pátio apresentava galerias cobertas em três de seus lados, com canos de água ou fontes, que os muçulmanos usavam para realizar suas abluções, que consistiam em purificar corpo e alma, antes de entrar na sala de oração. Eles o faziam, lavando as mãos, até o pulso ou cotovelo, os pés até o tornozelo ou joelho, e o rosto, dependendo do tipo de poluição diária.
Havia também um minarete ou torre muçulmana, situado no interior do pátio, com planta quadrada no exterior e octógono no interior. Usado pelo assistente do Imam, o al-muédano, para chamar os fiéis para o Jumu'ah, a oração de sexta-feira. E a Sala de Oração com cinco naves perpendiculares à parede Qibla, separadas por arcadas de oito arcos de ferradura. Dentro da Sala de Oração podemos destacar a parede Qibla voltada para Meca, com um nicho ou sala chamada Mirhab, onde os muçulmanos se orientavam para realizar suas orações e onde se concentra a mais rica e colorida decoração, mas que na Mesquita Aljama quase não existem vestígios que indiquem a sua forma e motivos decorativos. E também a Maqsura, área reservada ao Califa que tinha seu espaço reservado na mesquita, e que ele alcançava a partir do Alcázar por uma passagem coberta, chamada "sabat".
Reconstrução em 3D da Mesquita Aljama
Quanto à decoração, os indícios das escavações mostram que foram utilizados capitéis quase sem relevos, bem como ameias como elemento ornamental, seguindo o estilo do Alcázar.
Mas esta não seria a única mesquita existente em Medina Azahara. Embora esta fosse reservada principalmente para as orações de sexta-feira, havia mais três templos, chamados de "mesquitas de bairro", dos quais apenas o próximo à muralha sul foi trazido à luz em escavações realizadas em 2008: uma pequena mesquita do século X que estava inicialmente fora da cidade, a menos de um quilômetro do Salón Rico.
Também merecem nossa atenção algumas ruínas entre a Mesquita e o Sabat, a nordeste, onde encontramos as fundações de uma série de salas com quartos e pátios com pequenas piscinas, identificadas com uma área de residência para o pessoal que estava ao serviço da mesquita, talvez a casa do Imam e seu assistente o muezzin. As ruas que circundam a mesquita, originalmente tinham uma largura de mais de dez metros, o que evidencia um intenso trânsito de pessoas.
Depois da visita à Mesquita Aljama, vamos passar por toda a extensão do Alcázar de Medina Azahara, que fica na parte mais elevada da cidade e é onde se localizava a residência privada do califa, os jardins e os órgãos governamentais espalhados em 20 hectares de terra.
Como já disse anteriormente, devido à topografia inclinada do terreno, a cidade foi construída sobre três terraços sobrepostos, separados por muralhas. A residência do califa dominava toda a área desde o terraço superior localizado ao norte. A esplanada do meio abrigava a administração e as casas dos mais importantes funcionários da corte. O inferior destinava-se aos cidadãos e aos soldados, e era onde ficava também a mesquita, os mercados, os banhos e também os jardins públicos.
Há também uma separação perceptível entre os espaços públicos e privados, embora ambos os setores ofereçam um esquema semelhante: um espaço aberto, em pórtico que funciona como uma fachada monumental onde há uma pequena porta na qual começa uma rua ou corredor quebrado que vai até os diferentes cômodos.
O passeio pelo setor oficial do Alcázar culmina na Sala de Abderramán III, ou Sala Oriental ou como é mais conhecido Salón Rico, e constitui a parte mais valiosa de todo o complexo arqueológico, tanto pela sua qualidade artística como pela sua importância histórica, sendo considerado sem qualquer discussão o símbolo autêntico e emblema de todo o complexo califal de Medina Azahara.
Ninguém duvida hoje que esta sala foi o eixo central do complexo palaciano, unanimemente considerado pelos especialistas como a sala das grandes cerimónias palatinas, festas, cerimônias, recepções de embaixadores estrangeiros e sala do trono. Isso sem falar na riqueza de sua decoração, da qual derivou o nome de Salón Rico.
Abderramán III, amante da pompa da corte, gostava de impressionar seus visitantes, que geralmente recebia aqui, razão pela qual o luxo e o virtuosismo da arte califal atingem seu ponto mais alto nessas salas.
O Salón Rico constitui o núcleo principal de um complexo composto por um extenso jardim de transepto alto, um pavilhão central completamente ausente, rodeado por quatro piscinas, e uma série de ricas salas abertas na plataforma norte do jardim que culminam em um banho (hamman). Infelizmente, estes majestosos salões atualmente estão fechado para obras de restauração desde 2009 e não há data oficial para sua reabertura.
A construção da sala durou apenas três anos, como os investigadores puderam constatar pelas inscrições epigráficas que apareciam nas bases e pilastras no interior, que nos dão uma cronologia que vai do ano 953 ao ano 957. Por outro lado, a vida efêmera de cidade certifica que estamos perante um conjunto decorativo e arquitetônico único e original, sem acréscimos posteriores, o que nos permite admirar nesta sala e sua arte califal em todo o seu esplendor.
O Salón Rico não é exatamente um único espaço amplo e diáfano, como o próprio nome pode nos levar a crer, mas na realidade é um conjunto de salas compartimentadas, todas juntas formando a morfologia de uma única sala dividida por arcadas. Estruturalmente, a sala tem planta basílica com três naves longitudinais com outra transversal na entrada que serve de pórtico. As cabeceiras destas três naves longitudinais aparecem encimadas por arcos cegos de ferradura, sendo que no arco central, supõe-se que se situaria o trono de onde o califa dirigia o cerimonial palatino. O eixo central do conjunto é a nave central longitudinal, separada das demais naves laterais por um conjunto de seis arcos em ferradura de ambos os lados, enquanto da transversal, é separada por três arcos em ferradura. Junto a estas três naves centrais e paralelamente, ladeando ambos os lados, encontram-se duas naves exteriores divididas em três câmaras de dimensões desiguais.
Uma das coisas que mais se destaca no Salón Rico é a sua luxuosa decoração. Em primeiro lugar, é de realçar a utilização constante do arco de ferradura califal com policromia bicolor e com a característica alternância de aduelas em tons avermelhados e carnudos da pedra arenosa original destinada à construção, muito semelhantes às existentes na Mezquita-Catedral de Córdoba. Os arcos, por sua vez, são suportados por colunas de mármore de alta qualidade que alternam tons de rosa com azul claro, produzindo assim um curioso jogo de cores. Os fustes das colunas aparecem encimados pelos característicos capitéis dos ninhos de vespas.
O resto da superfície da parede era inteiramente coberto com finos painéis decorativos esculpidos em mármore. O tema escolhido para os painéis tinha um elevado simbolismo cosmológico, combinando com o teto de madeira que cobria a sala, onde as estrelas eram representadas numa clara alusão ao firmamento. O motivo esculpido nos painéis representava a árvore da vida, um motivo exportado do Velho Oriente.
Saindo do Salón Rico para o Jardín Alto, existem algumas salas do lado oeste que passaram a ser chamadas de Salas Adjacentes ao Salón de Abderramán III. Este conjunto limitava-se à área residencial de uso exclusivo do califa e dividia-se em duas partes unidas pelo Patio de la Pila, que está localizado no centro das salas adjacentes e leva o nome da fonte com o chafariz que existe no centro. Sua pavimentação é de mármore branco e é cercada por um corredor que percorre seu perímetro. Em cada uma das suas quatro paredes existe uma porta que a comunica com algumas das divisões que a rodeiam. Na sua parte oeste existem vários quartos, incluindo uma latrina, e a leste existe uma pequena casa de banho.
O Banheiro Individual localizado a leste do Salão de Abderramán III mantém o luxo dos materiais utilizados nas salas do Salón Rico, destacando a decoração com seus painéis esculpidos no mármore. A sua planta é característica dos banhos andaluzes, sendo composto por três salas localizadas uma após a outra. Inicia-se na Câmara Fria, também utilizada como balneário, passando pela Câmara Morna e, finalmente, até chegar à Câmara Quente, a única que possui uma pia para o banheiro. Este último situa-se junto à divisão que contém o forno para melhor aproveitar o calor que este emite.
O Salón Rico abre-se para duas áreas ajardinadas com planos diferentes mas dispostas lado a lado, denominadas Jardim Alto e Jardim Baixo.
O Jardim Alto, situa-se em frente e à mesma altura do Salón Rico. No seu centro encontrava-se um edifício conhecido como Pavilhão Central, do qual só existem as ruínas e que era rodeado por quatro piscinas de uso decorativo e funcional para a rega dos jardins. Este jardim é cercado por muros em seus lados leste, sul e oeste.
Já o Jardim Inferior localiza-se a oeste do Jardim Superior e embora todo o seu espaço original ainda não tenha sido recuperado, é possível observar como existem semelhanças entre os dois. Entre as ruínas é possível observar que também existe uma estrutura em frente e no centro, como o Salón Rico no Jardim Alto. Esse edifício porém ainda permanece inexplorado e com pouquíssimos dados a seu respeito.
Tanto o Jardim Alto como o Jardim Inferior são os mais antigos da Península Ibérica e embora a sua vegetação atual não corresponda à original, foram encontrados grãos de pólen que nos informam da existência prévia neles de árvores de frutas, flores e murta, bem como de plantas aromáticas, ornamentais, ou temperos como manjericão, hortelã, orégano, alecrim, tomilho, etc.
Separando os dois jardins existe uma muralha conhecida como a Muralha do Jardim Alto, com 134 metros de comprimento e 12 metros de altura, e que servia como divisa entre os dois jardins e não especificamente como um elemento defensivo.
A parede tem silhares colocados com corda e tição e as torres quadrangulares são fixadas à parede com uma separação constante entre elas. Durante a década de 1960, a altura da muralha foi aumentada até subir vários metros acima do Jardim Alto nas cinco torres localizadas na sua parte norte, atingindo a mesma altura do referido jardim na parte sul.
Deixando o Alcazár e quase em frente ao Salón Rico, ficam localizadas as Cabbalerizas, em português cavalariças, construídas para albergar cerca de 30 cavalos que estariam ao serviço dos ministros e altos funcionários da administração municipal.
Dividida em duas partes, a zona leste cumpria uma função própria de guarda dos animais, com um espaço superior construído provavelmente como palheiro. Por seu lado, a zona oeste era exterior e o chão de pedra, e nota-se a presença de ralos, o que sugere que era usado para limpar os cavalos e as próprias instalações.
Seguindo o caminho do tour da visita, vamos encontrar a Casa de Ya´far, que foi a residência do primeiro-ministro do Estado Califal, entre 961 e 971, chamado de Ya'far ibn Abd al-Rahman, que deu nome à casa. Considerado um dos mais luxuosos da cidade palaciana de Medina Azahara, podemos perceber diferentes tipos de espaços, dependendo da função de cada um deles. Assim, de um lado, temos a área pública ou oficial, um local destinado ao trabalho e que teve um uso representativo do cargo político que ocupou. Construído com um plano de basílica, acede-se a esta parte através de um grande portal cuja decoração é em pedra lavrada em que aparecem motivos vegetalistas. Esta ornamentação ataurique, assim como o mármore usado nos pisos das diferentes salas, é a prova de que Ja'far pertencia à classe política do estado omíada.
Por outro lado, estão os espaços da área íntima e privada, localizados nos fundos da casa e cuja parte principal é um grande quarto com quatro armários dentro. Para chegar até ela, é preciso atravessar um pátio pavimentado com piso de pedra calcária e uma bacia de mármore no centro, na qual havia uma fonte, provavelmente em forma de animal, que derramava água.
Por fim, havia também uma área de serviço, na qual viviam e trabalhavam as pessoas que atendiam às necessidades do Primeiro-Ministro. Esta parte foi amplamente reformada, reduzindo o tamanho do pátio com a construção de um alpendre coberto em seu lado leste.
Continuamos percorrendo a área residencial e chegaremos à Vivienda de la Alberca, construída a oeste da Casa de Ya'far, na parte privada da cidade palaciana. Desconhece-se a cronologia do edifício, embora se supõe que tenha sido construído em data anterior com base em critérios de natureza artística e arqueológica, critérios que servem também para fundamentar a sua identificação como residência do califa Alhaken II, filho e sucessor de Abderramán III, embora esta hipótese não tenha sido confirmada por comparação com restos epigráficos ou fontes documentais.
Caracteriza-se por ser a única casa conhecida até agora na Medina Azahara cujos quartos se organizam em torno de um jardim central, no qual existia uma piscina que deu nome ao edifício. Era abastecida com água por uma fonte e ligada a uma vala de irrigação por meio de dois transbordamentos.
Na fachada norte, uma escada coberta servia para comunicar a casa com a rua proveniente das Viviendas de Servicios, enquanto no extremo sul, o espaço do jardim era delimitado por um muro, do qual não há vestígios. Com esta disposição, o espaço ajardinado reforçou o seu isolamento do exterior e o seu carácter privado e intimista. Os quartos da casa estão dispostos em blocos de dois e abrem-se para os lados menores do jardim através de arcadas, decoradas com atauriques. Tem ainda uma casa de banho anexa numa das suas laterais, casa de banho que inicialmente era de uso privado e que viria a ser renovada para ser partilhada pelos quartos vizinhos da casa de Yafar.
Bem perto da Casa de Ya´far e da Vivienda de la Alberca ficavam as Viviendas de Servicios, um edifício no qual viviam e trabalhavam as pessoas que atendiam às necessidades do Primeiro-Ministro. Esta parte foi amplamente reformada, reduzindo o tamanho do pátio com a construção de um alpendre coberto em seu lado leste.
De modo semelhante aos Edifícios Superiores que veremos no final do roteiro, aqui também existem duas habitações de serviço, ao leste e a oeste, e que têm a mesma organização com os quartos e latrinas dispostos em torno de um pátio central.
A casa no lado oeste pode ter sido utilizada como armazém ou espaço de trabalho, enquanto os dois quartos provavelmente eram a moradia dos funcionários. A outra casa, a do lado leste, apresenta uma diferença com a anterior e é a presença de uma cozinha entre as diferentes divisões. Este era usado principalmente para a preparação de alimentos para as altas personalidades que viviam na área residencial do sul. Os quartos dos fundos do pátio formavam uma área de estar unificada e nela morava aquele que atuaria como Chef. Quanto aos restantes espaços, destaca-se o que albergava o forno, uma cúpula de tijolo construída sobre base quadrada de silhares, bem como uma latrina dupla que sugere a ideia de que o trabalho nesta casa foi feito por pessoas de ambos sexos.
Perto da zona das casas já vistas, encontramos o Cuerpo da Guardia, de onde se vigiava a entrada para as casas dos aristocratas da zona Sul. Este espaço foi inicialmente concebido como uma estrada que conduzia à ala oeste da cidade, embora posteriormente tenha sido dividido em duas partes. Ao fundo, à esquerda, foi construída a chamada habitação de serviço, destinada a abastecer o próprio Cuerpo de Guardias, onde havia um forno e uma escadaria quase desaparecida por onde se acessava as Casas Altas.
Ao longo dos anos, a ocupação na cidade palaciana aumentou, para o que se tornou necessário dividir o espaço em várias dependências, levantando também as paredes e construindo uma galeria alta sustentada por pilares, dando-lhe o aspecto que vemos hoje.
Continuando o percurso encontra-se o Pátio de los Pilares, que é uma construção datada de meados do século X e cujo papel que desempenhou dentro da cidade palaciana é desconhecido. Acredita-se que teve um uso residencial, motivado por essa valorização por estar próximo das residências califais e ser, do ponto de vista arquitetônico, um dos conjuntos mais destacados entre as construções da Medina Azahara.
O pátio é cercado por pilares quadrados de formas quadrangulares e, exceto no lado sul, ao seu redor existem salas retangulares com alcovas nas extremidades. Em frente às duas salas localizadas dentro da baia existe um antigo sarcófago romano, reaproveitado como fonte de água, onde aparece a história mitológica da caça ao javali de Meleager e Atalanta. Estes dois quartos têm um piso diferente feito com placas de mármore branco, o que pode indicar sua maior importância em comparação ao outros quartos que são em placas de calcário violeta.
Saindo do Patio de los Pilares e a oeste da área residencial, fica o Dar al-Mulk ou Casa Real, a residência privada do califa Abderramán III. Foi o primeiro palácio construído em Medina Azahara e numa clara demonstração de hierarquia e autoridade, Abderramán II colocou seu palácio na parte mais alta da cidade, permitindo ao soberano contemplar o resto do complexo palaciano do seu desaparecido terraço frontal, e também observar uma grande extensão da paisagem cordobesa e do vale do Guadalquivir.
Embora as casas islâmicas tenham pátios e não tenham fachada exterior, esta residência segue um padrão totalmente ao contrário, sem pátios e com uma grande fachada exterior, o que permitia ser reconhecida e identificada como a casa do governante supremo de qualquer ponto da cidade. A planta do edifício se estabelece em um centro formado por três corredores paralelos onde existem grandes salas que levavam aos aposentos do califa que tinha também um banheiro de uso exclusivo. O acesso aos outros quartos e aposentos também era feito através dos corredores. A comunicação com o terraço frontal era feita por meio de dois conjuntos de escadas, das quais restam apenas alguns vestígios. Tinham mais de 10 metros de altura, o que nos pode ajudar a perceber o magnífico belvedere que formava o terraço frontal que hoje não existe mais.
A decorar as suas paredes, tanto exteriores como interiores, encontram-se placas de pedra esculpida presas às suas paredes. A mesma rica decoração também aparece nas incrustações de calcário branco em alguns dos tijolos do piso dos quartos. Durante o califado de al-Hakam II entre 961 e 976, esta casa foi modificada e ampliada para permitir que seu filho e sucessor, Hisham II, fosse educado em tarefas governamentais.
Ao final do passeio, voltamos praticamente ao ponto inicial, passando ao lado da Puerta Norte, e podemos visitar as ruínas das Viviendas Superiores, que são compostas por dois edifícios semelhantes caracterizados pela distribuição de seus cômodos em torno de grandes pátios quadrados e que constituem os espaços mais importantes das casas. O fato dessas duas casas terem sido construídas tão perto da Puerta Norte sugere que poderiam ter sido a residência da guarda do palácio. Em ambas podemos ver como os diferentes cômodos da casa estavam dispostos em torno de um pátio central, embora em um deles alguns cômodos foram eliminados para construir a rua da rampa que liga a parte superior ao nível inferior.
Na casa do lado leste, podemos ver o pátio da foto abaixo. Os quartos ficavam ao fundo e à direita, e aqui ficavam também duas latrinas, que vou detalhar mais adiante. Havia também uma cozinha e uma sala auxiliar para o preparo das comidas instaladas no pátio. A casa do lado oeste é a mais importante, pois a sua função era essencialmente residencial. O acesso era feito por uma escada localizada na parte sul e que atualmente está desaparecida. No centro, vemos o grande pátio, enquanto ao fundo havia uma grande sala com quartos nas laterais. Nos outros três lados, uma série de cômodos de menor dimensão e importância foram dispostos, tanto que os materiais utilizados eram de qualidade inferior.
Viviendas Superiores
Como referimos anteriormente, as casas tinham algumas latrinas, espaços destinados a serem usados como urinóis e lavabos. O chão era revestido de pedra calcária, enquanto o sulco que vemos no centro é conectado diretamente ao canal de drenagem. A água limpa vinha de uma pia de mármore, enquanto a água suja corria pelo sistema de canalização de alvenaria que passa sob o piso do palácio.
- Localização: Carretera Palma del Río, a 8 quilômetros de Córdoba.
- Horários:
- Segunda-feira: fechado
- De 1º de janeiro a 31 de março:
- De terça a sábado: das 9:00 às 18:00 horas.
Domingos e feriados: das 9:00 às 15:00 horas. - De 1º de abril a 30 de junho:
- De terça a sábado: das 9:00 às 21:00 horas.
- Domingos e feriados: das 9:00 às 15:00 horas.
- De 1º de julho a 15 de setembro:
- De terça a domingo e feriados: das 9:00 às 15:00 horas.
- De 16 de setembro a 31 de dezembro:
- De terça a sábado: das 9:00 às 18:00 horas.
- Domingos e feriados: das 9:00 às 15:00 horas.
- Preço:
- Cidadãos da União Europeia: entrada gratuita.
- Cidadãos de outros países: €1,50 (R$8)
- Visita guiada à Medina Azahara €17 (R$90,40)
Nos arredores das ruínas arqueológicas está o Centro de Interpretação
da Medina Azahara. Em 2009, o museu abriu suas portas ao público, programada para o início do passeio pela cidade palaciana de Medina Azahara. Com a sua construção procurou-se resolver um dos maiores problemas que um sítio com tais características apresentava desde o início da sua recuperação em 1911, que era o condicionamento em um espaço único para albergar tudo o que vinha da investigação arqueológica que estava sendo realizada na Medina, bem como sua exposição no museu. Desta forma, o primeiro edifício construído para este fim tornou-se rapidamente pequeno, e somente o atual prédio e seus quase 7.300 metros quadrados de superfície, conseguiu resolver o problema da falta de espaço.
Uma vez que o Museu tenha sido visitado, os visitantes devem guardar o bilhete que lhes foi entregue, e poderão ir ao sítio arqueológico exclusivamente através dos ônibus que o complexo arqueológico coloca à disposição, com viagens constantes dentro do horário de funcionamento do centro. Este mesmo sistema de ônibus é o que funciona para retornar os visitantes ao estacionamento do museu, uma vez concluída a visita ao sítio arqueológico.
Quer o façam com carro particular, quer de autocarro ou outros meios, os veículos não pertencentes ao museu ficarão estacionados no parque de estacionamento. A duração aproximada da visita completa é de 2 horas e meia a 3 horas.
Os Passeios Guiados são a forma mais cômoda de ir até lá, reservando a
visita guiada à Medina Azahara de acordo com as suas possibilidades de
tempo. O tour inclui guia oficial, ingresso do sítio turístico e transporte
saindo do centro de Córdoba. Alguns destes passeios são oferecidos por
várias empresas locais e você pode garantir seu ingresso diretamente nos
sites:
Ou você pode optar por visitar a Medina Azahara por conta própria, que
provavelmente vai ser o meu caso, já que devo passar em um horário que não
tem visita guiada programada, pois a maioria parece ser no período da manhã. Nas minhas pesquisas descobri várias
informações importantíssimas no
site oficial
do Conjunto Arqueológico da Medina Azahara, voltado justamente para quem
quer visitar a Medina sem guia...
Inclusive no próprio site, existe a opção de se fazer o download de dois
mapas com os itinerários para o museu e o sítio arqueológico, que
certamente o ajudará a planejar sua visita. O roteiro sugerido começa no Centro de Interpretação que foi concebido como
ponto de partida para uma visita ao local, com apresentação e exposição
museográfica sobre a Medina Azahara. O roteiro de visita recomendado no
museu inclui as seguintes paradas:
- Auditório: O audiovisual "Medina Azahara: a cidade brilhante" é projetado, com duração de cerca de 15 minutos.
- Sala de Exposições Permanentes: Está dividido em 4 blocos inter-relacionados com as seguintes exposições: a fundação da cidade e seu contexto; a construção da medina; a cidade e seus habitantes; e a destruição e recuperação da Medina Azahara.
- Armazéns visíveis: Armazém de materiais arquitetônicos e armazém ataurique.
Além destas três paradas, o edifício dispõe ainda dos seguintes
serviços complementares como: banheiros adaptados, ponto de informações na bilheteria, cafeteria-restaurante (temporariamente fechado), loja-livraria, biblioteca Manuel Ocana, aula didática e sala do seminário.
Abaixo, copiei o PERCURSO NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO do próprio site para
facilitar a vida do turista quando estiver em viagem, fazendo somente alguns
ajustes no portunhol... e também o mapa do percurso propriamente dito,
disponível no site.
Na entrada do local há um mirante e uma série de painéis explicativos
sobre a configuração da cidade e seu entorno territorial. O roteiro de visita inicia-se no passadiço ao redor da parede Norte. O
acesso ao Alcázar, que é a zona palaciana, faz-se por uma porta curva, a
Porta Norte (1), de onde começava uma das estradas que
ligavam Medina Azahara a Córdoba.
A partir desta porta, acede-se ao setor administrativo do Alcázar,
através de uma rua paralela à muralha, onde se encontra primeiro o
Edifício Basílica Superior (2), constituído por cinco naves paralelas e
uma transversal, muito austero na sua decoração.
Através da Calle en Rampa, uma rua dividida em duas rampas (3) acede-se a um Grande Pórtico (4), que constitui a entrada
monumental e formal do Alcázar. Esta arcada forma um esplêndido cenário
arquitetônico, organizado como a fachada de uma enorme praça onde, entre
muitos outros eventos, provavelmente se realizavam desfiles
militares.
Da descida até à esplanada seguinte, numa zona não acessível ao
público, avista-se a Mesquita de Aljama, situada no piso inferior da
cidade e orientada a sudeste. À sua frente existem várias casas que
podem ser relacionadas com o pessoal ao serviço da mesquita.
O passeio pelo setor oficial do Alcázar culmina no terraço dominado
pelo Salão de Abderramán III, um dos majestosos salões utilizados para recepções políticas
realizadas na cidade e atualmente fechado para obras de restauração.
Constitui o núcleo principal de um complexo composto por um extenso
jardim de transepto alto, um pavilhão central, completamente ausente,
rodeado por quatro piscinas, e uma série de ricas salas abertas na
plataforma norte do jardim que culminam num banho (hamman).
Regressando à praça que se estende até ao pé do Edifício Basílica
Superior, continuamos o nosso percurso em direção às Cavalariças (5),
situadas entre a zona administrativa e a parte mais privada do Alcázar.
Precisamente, iniciamos a visita pelo setor residencial através da
chamada Casa de Yafar (6), um bom exemplo de residência de um alto
funcionário da administração califal. Separadas desta grande casa por um
corredor ou beco, encontram-se as Viviendas de Serviço (7), onde existe um
forno para a preparação dos alimentos. Outras grandes residências são a Vivienda de la Alberca e o Patio de los Pilares, ambos atualmente em processo de
consolidação e não abertos ao público.
Ao norte das Viviendas de Serviço encontra-se o Corpo da Guarda (8), que
controla o acesso às grandes residências particulares do califa, e está
ligado aos Edifícios Superiores (9) por meio de uma rua de rampa que
separa as duas construções. Esses espaços organizam seus ambientes em
torno de grandes pátios quadrados.
No ponto mais alto do Alcázar, fora do roteiro de visita e atualmente
inacessível ao público por problemas de conservação, existe outra
construção de singular importância: a Casa Real (Dar al-Mulk), que
podemos identificar com a residência privada de Califa Abderramán III.
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